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Eis o triângulo do conhecimento:

(Recomento ler mais sobre este assunto nessa discussão sobre dicotomia entre teoria e prática.) (E esse sobre a anatomia das teorias.)

(Ver uma aplicação prática na comparação de dois vídeos, aqui.)

 

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Podemos dizer que cada patamar discute questões distintas, a saber:

  • Filosofia – o que eu posso conhecer? E quem somos nós? Quais são meus limites e possibilidades?
  • Teoria – quais as forças estão em movimento em um dado fenômeno? Como se relacionam em cada contexto? Qual tem mais força e quando?
  • Metodologia – técnicas para administrar as forças, a partir das teorias e filosofias adotadas nas metodologias escolhidas. 

A metodologia é sempre aquilo que toca no mundo. A teoria baliza a metodologia. E a teoria é condicionada pelo pensamento filosófico.

  • Filosofias e teorias não tocam no mundo.
  • Filosofias ajudam a fazer teorias.
  • E teorias ajudam a fazer metodologias;
  • As metodologias são, no fundo, o teste para sabermos se as teorias e filosofias escolhidas e adotadas fazem sentido.

Quem não vê as filosofias e teorias embutidas nas metodologias terá muita dificuldade nas grandes crises, pois ficará com um anzol pequeno tentando pescar baleias.

Ou seja, quanto maior ou desconhecida é a crise, mais teremos que subir, pois pode ter algo de como vemos o ser humano que está equivocado e precisa de uma revisão.

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Quando temos problemas de implantação de metodologias, podemos ter, o que é sentido por crises, pois a vida não se adapta à metodologia, mas a metodologia deve se adaptar à vida:

  • – erro de aplicação da metodologia;
  • – ou erro de visão teórica, embutida na metodologia;
  • – ou erro de visão filosófica, embutida na teoria.

Dependendo da crise, temos que ir subindo no triângulo para depois descer no caminho inverso.

  • Quando subimos da metodologia para cima, chamamos isso de método indutivo, pois organizamos o pensamento de baixo para cima;
  • Quando descemos da filosofia/teoria para baixo, chamamos isso de método dedutivo, pois organizamos o pensamento de cima para baixo.

Como vemos na figura abaixo:

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Note que não podemos dizer que nem o método indutivo e nem o dedutivo é o mais adequado. O que existe é a necessidade de criar um caminho contínuo, tendo em vista que toda teoria e filosofia é colocada à prova em uma metodologia e vice-versa.

Assim, teríamos um método circular indutivo-dedutivo.

O que podemos representar nessa figura:

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  • Porém, em momentos de contração cognitiva, a tendência maior é nos fixarmos na indução o que nos leva à problemas.
  • E na expansão, a tendência maior é nos fixarmos na dedução, o que também nos leva à problemas.

É isso, que dizes?

  • Veja aqui a aplicação do triângulo do conhecimento no estudo das mudanças cognitivas.
  • E aqui como a filosofia é o topo de todas as montanhas do conhecimento.

Versão 1.2 – 12/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

Comecei de baixo, mas a filosofia me achou. Ou melhor, eu achei a filosofia. Note que a filosofia, já disse isso aqui, é o último armário do saber humano.

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Fica lá no fundo da casa e está lá para ser usado nas grandes crises.

Filósofo é aquele que resolve estudar assuntos que não interessam a ninguém do seu tempo. Que abre mão da fama, riqueza, de resultados mais imediatos para se dedicar ao estudo, com a menor taxa de interesse possível, para que possa trabalhar de forma “limpa” diante de um determinado problema.

Disseca-se os temas para que seja útil no tempo.

Um filósofo é aquele que quer bater um recorde no tempo.

Talvez, jogue todo o seu medo da morte em apostar que será lembrado séculos depois.

É um tipo de relação com o medo da morte mais eficaz.

A filosofia é, assim, o topo de todas as montanhas do saber, pois é feita de:

  • –  pessoas com grande capacidade de abstração, que trabalham apenas em macro-conceitos;
  • – que abrem mão de fama, riqueza para se dedicar a um tema para a posteridade, o que nos dá uma espécie de “água mais limpa” do pensamento humano.

Filosofia (amor à verdade) é o diamante das ciências, que nos ajuda a cortar qualquer vidro teórico.

(Ver mais sobre a relação de filosofia, teoria e metodologia aqui no triângulo do conhecimento.)

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Bom, quando nos aprofundamos em qualquer tema, na linha de Aristóteles, precisamos ir nas causas, “conhecer é conhecer as causas”, disse ele.

E note que ao analisar um determinado tema, seja ele qual for, sempre vamos esbarrar no ser humano. E quando fazemos isso entramos na velha discussão filosófica, do “Quem somos?” e o que, de fato, podemos ou não podemos fazer, tal como a noção de realidade:

Mesmo nas ciências naturais e exatas? Sim, pois a realidade é sempre a realidade que nós conseguimos ver, pois há uma realidade não observável pelos humanos que sempre estará lá e não conseguimos ver.

Se há fantasmas, por exemplo, digamos que há, um cachorro pode vê-lo e nós não, a não ser que inventemos máquinas de observação de fantasmas e, para isso, precisamos de mentes brilhantes e tecnologias, o que leva tempo.

Quando Marcelo Gleiser, no seu livro, Criação Imperfeita (ver o resumo que fiz aqui), questiona a teoria das cordas, da física, que seria a teoria final da humanidade, ele argumenta, usando a filosofia/epistemologia, de que a ciência é sempre uma ciência humana e sempre terá limites humanos de ver a realidade.

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Já não discuto mais em sala de aula a questão se a realidade existe, ou não, se é algo palpável, ou não, pois isso é uma falso-problema que não nos leva a lugar nenhum. Facilmente, entretanto, todos concordam, com poucos argumentos que o ser humano não conseguirá nunca chegar a tal realidade, exista ela, ou não, o que nos resolve o problema.

A realidade existe ou não existe, pouco importa, nós não conseguiremos chegar nela, nunca, pois sempre teremos uma ciência histórica, limitada na nossa capacidade de observação.

Assim, qualquer estudo humano nos leva à filosofia, quando o aprofundamos.

Se não leva, é por que o problema foi resolvido dentro dos paradigmas que temos hoje e a crise que ele vem ajudar a resolver é de baixa intensidade, ou talvez, você não tenha ido ainda mais fundo nele.

A filosofia está aí para qualquer um usar, como um desodorante.

Quem imagina que é preciso ser filósofo para fazer uso dela, tenha certeza, não o é.

Por aí, que dizes?

 Neste outro post, faço a relação de como o estudo das mudanças cognitivas me levou para as redes filosóficas.

E neste falo do triângulo do conhecimento.

Versão 1.1 – 31/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Desaprendemos a conversar. Isso é um fato real e concreto que aprendi ao longo dos últimos sete anos com meus mais de mil alunos e na vida do dia a dia no uso cotidiano de tentativa de diálogo nas diferentes mídias sociais sociais que uso (Facebook principalmente).

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Era Aristóteles que dizia que conhecer é se dedicar ao estudo das causas.

Muitos dizem que são as mídias sociais as responsáveis por essa babel de vozes desconexas.

Eu, que estudo história, digo que é o resultado do fim de uma contração cognitiva que nos tira, finalmente, de uma ditadura cognitiva e nos leva à uma expansão cognitiva, um momento similar ao fim da baixa idade média, até 1450, com o surgimento da prensa – outra nova mídia descentralizadora, quando surgiu os  novos “canais dos livros impresso” e voltamos a ter novas vozes a oxigenar a sociedade em um fenômeno de macro-canalização.

Um dos efeitos da fase final da contração cognitiva é justamente essa gigantesca incapacidade de diálogo.

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Note que vivemos, até aqui, durante décadas, a comunicação vertical de alta intensidade e a comunicação horizontal de baixa intensidade.

Interagimos muito pouco e criamos o que chamei de condomínios das verdades.

Cada um só conversava com quem estava próximo e não com percepções da realidade distantes da sua.

E isso criou um fenômeno de cada um achar que é o dono da verdade, na ideia de que a verdade existe, eu consigo vê-la e qualquer um que tenha algo diferente da que eu vejo só pode ser completamente maluco, quando a loucura está em mim, que não consigo compartilhar a minha percepção da realidade.

Isso se deve aos efeitos de uma contração cognitiva, na qual vivemos uma baixa capacidade de abstração e não conseguimos separar percepção de realidade.

Sem a noção de que tudo é percepção, fica impossível dialogar. Quando, entretanto, tenho percepções incertas, abro-me para o diálogo.

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A mudança, entretanto, não é simples, pois envolve uma alteração importante, a nossa relação com o ego. Diria que estamos querendo nos livrar hoje de uma aproximação muito grande do ego com o superego.

Nossa noção da realidade vem de fora, da moral, das verdades hegemônicas da realidade, mas de forma invisível.

Não sabemos que fizeram nossa cabeça.

Temos pouca prática de questionar o que nos disseram e, para conviver com isso, empacotamos e fizemos o que é do outro a nossa verdade.

O aumento da taxa do diálogo passa pela separação da noção de realidade com o ego que estão indivisíveis e isso impede que se converse, pois são dois egos endurecidos, que não conseguem trocar impressões. E isso é a base para a incapacidade da troca, geradora forte de neuroses, pois todo mundo é um neurótico sem saber.

O diálogo baixa essa taxa de neurose!

O ego, assim, deixou de trabalhar e ser musculado, para uma comparação do que nos dizem com o que posso pensar diferente, que é uma ação ativa diante da verdade.

Nosso ego foi infantilizado e é repetidor e não criador.

Charles Chaplin - Modern Times (1936)

 A sociedade hoje tem como marca a repetição, pois a produção da verdade e a tomada de decisões está fechada em pequenos certificadores da verdade,

Uma expansão cognitiva implode esse modelo e começa a abrir nova frentes, o que torna todo o ambiente muito mais instável e pede um novo modelo de Governança da Espécie que vai lidar com um grau de novidade muito maior.

Assim, o esforço de todos é de sair do mundo da falta de diálogo para o diálogo, da continuidade para a criação, do ego repetidor para o ego criador.

Isso faz parte do espírito do tempo e pode ser visto em todas as áreas da sociedade na mesma direção em uma grande macro-tendência em direção a suprir as faltas que a ditadura nos legou.

Esse é o grande desafio político-educativo que temos pela frente.

Que dizes?

Versão 1.0 – 31/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

  • Moral é o que a sociedade ou o grupo que você está inserido acha que é a sua postura adequada. A moral pode já ser uma lei, ou não.
  • Ética é o que você considera adequado, apesar da moral.

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A moral, geralmente, já é um menu pronto a ser seguido.

Porém, há situações de moralidade em que você tem que tomar decisões difíceis. E isso exige o exercício da prática da ética.

Exemplo:

O país pode estar em guerra e você ser obrigado a ir. A moral indica que você deve ir, mas você se recusa e vai preso, alegando preceitos éticos.

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Mas há questões éticas que não vão contra a moral.

Por exemplo os mais gerais:

  • Como você vai dedicar a sua vida?
  • Como vai se envolver no seu trabalho?
  • De que forma vai enfrentar problemas contemporâneos, vai se engajar neles ou se omitir?

Ou coisas da pressão:

  • Um guarda vê um cidadão passando mal no carro com excesso de velocidade e sem carteira, o que faz?

O mundo é o mundo por causa da combinação moral e da ética.

  • Pessoas apenas com preceitos morais, entretanto, são rígidas e têm dificuldade de lidar com problemas complexos, que exigem uma postura mais ética. Geralmente, precisam de alguém que as oriente, um líder-alfa, um grande outro, que lhe diz como proceder. Elas lidam com o conhecimento. Aqui há baixa musculação do ego.
  • Pessoas éticas tem mais flexibilidade para lidar com problemas complexos e mais autonomia. Elas lidam com sabedoria, trabalham na conversa horizontal com pequenos outros, sem a necessidade de um guia que o encaminhe. Aqui exige um ego mais musculado.

Quanto mais complexidade tivermos e liberdade, ainda mais agora com a macro-canalização da sociedade, mais éticos teremos que ser.

  • A moral trabalha com a informação e o conhecimento, que você acaba sabendo para se enquadrar na sociedade.
  • A ética trabalha com a sabedoria, pois você tem que tomar decisões em que os preceitos morais não são suficientes, pois são decisões que vão modificar a sua vida e estão dentro da moral vigente.

Decisões apenas morais são de baixa sabedoria e vice-versa.

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Em um mundo cada vez mais mutante, precisamos cada vez mais da ética e da sabedoria, pois precisamos rever nossos preceitos morais muito mais vezes e estaremos expostos a cada vez mais problemas novos e diferentes, que exigirão sabedoria e ética.

Para isso, precisaremos de egos mais maduros e mais musculados.

É isso, que dizes?

Versão 1.1 – 30/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

Ok, já posso dizer que estou mais amadurecido. Note que no ano passado, eu defendi a ideia de que só há saída para implantação da participação de massa nas organizações tradicionais, criando áreas de inovação radical fora do ambiente vigente pra proceder a migração.

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Abandonei a ideia de que é possível conciliar a atual governança impressa-eletrônica com a governança digital, que estamos entrando. (ver mais sobre governança da espécie aqui.)

Propus a criação de laboratórios de migração para ajudar a fazer essa inusitada passagem.

Consegui, com o apoio da IplanRio, tornar esse sonho realidade.

E estou completando 15 meses de trabalho com eles, com 3 turmas realizadas, mais duas em andamento e mais três programadas para o ano que vem.

O que aprendi?

Que os meus alunos, não só da IplanRio, mas os 1000 que contabilizei nos últimos sete anos aparecem em sala de aula de maneira geral:

  • baixa abstração, com dificuldade de separar o que é percepção da realidade;
  • baixa capacidade de escolha – dificuldade de separar o que é moral da ética;
  • baixa capacidade de diálogo, com pouca prática de falar em público e expressar opiniões.

Um projeto de inovação radical, que vai propor o que não existe precisa lidar e trabalhar com esses problemas, pois se não houver uma mudança na maneira de sentir e pensar, dificilmente o projeto terá sucesso.

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Assim, estruturei o laboratório, até o momento, em três áreas:

O trabalho é de intensa participação e os resultados de mudança de pensar e agir estão saindo.

Que bom!

Versão 1.1 – 30/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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Ok, todo mundo sabe o que é zona de conforto.

E tem gente que está lá, mas podemos dividir em dois perfis:

– os que estão lá e gostariam de sair;

–  e os que estão lá e querem ficar.

Pior, os que querem ficar ainda podem ser dividido em mais dois:

– quero ficar, mas não me incomodo que outros saiam;

– quero ficar e vou boicotar qualquer iniciativa dos que querem sair.

Em projetos de mudanças é preciso ter muito cuidado para começar pelos que gostaria de sair, pode-se contar com pessoas que até querem ficar, mas nunca, nunca, deve ter pessoas que querem boicotar, pois esse boicote é algo que pode criar sérios problemas para o projeto, pois é um movimento de resistência interno.

Há vai haver tanto movimento a qualquer mudança externa que o pessoal que vai promover a mudança deve ter uma unidade, que não pode ser quebrada se tiver um guerrilheiro pró-zona de conforto radical.

Um blackblock da não mudança. 🙂

Que dizes?

Versão 1.0 – 30/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Desde que o ser humano é ser humano, ele é inovador. Não me venham agora com o papo que agora é a sociedade da inovação. Já vivemos o papo furado da sociedade  do conhecimento, da rede (que criaram os problemas gestão de conhecimento e gestão de redes), e agora vem mais essa (gestão da inovação). Para!

(Veja mais minhas críticas sobre isso aqui.)

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Se não tivéssemos inovado, estaríamos nas cavernas, comendo capim.

O que temos hoje é sim uma mudança na maneira e no aumento do tempo da inovação que se encurtou, o que é bem diferente de fazer uma gestão da inovação eunuca, sem sal e sem conceito.

Costumeiramente, os projetos que desenvolvemos dentro de qualquer organização são projetos de inovação incrementais.

Qualquer projeto dentro de uma organização é, portanto,  inovador, pois é feito do jeito “a” e vai passar a ser feito do jeito “b”. Tirando possíveis maracutaias, os projetos sempre visam algo melhor do que está sendo feito.

Toda equipe de projeto de uma organização é uma equipe de inovação. Ponto final!

Ou seja, papo de inovação, para mim, é muito mais marketing do que científico.

Sempre fizemos inovação, sempre faremos e sempre vamos fazer.

O que temos que fazer agora é inovação mais rápida, diferente e de forma a mudar o foco de empresas mais conservadoras para mais modificadoras. E isso é basicamente uma mudança de GOVERNANÇA e não de gestão. Temos que pensar em uma Governança mais dinâmica, que pense que amanhã tudo pode ser diferente, mudando o método de tomada de decisões e produção da verdade!

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O que existe agora é uma necessidade de uma NOVA GOVERNANÇA:

  • – mais aberta, com mais diversidade e interação interna e externa;
  • – mais dinâmica, que seja constante e que passe a ser mais problematizada, menos engessada;
  • – e um bom pedaço desse esforço deve se dedicar a inovação radical, pois as organizações precisam se antecipar a possíveis guinadas do ambiente externo.

Quando me falam de gestão de inovação sinto um arrepio, pois é mais um pacotinho bem embalado para vender papo furado com baixo resultado, pois quer se modificar a gestão sem mudar a governança, o que já vimos o mesmo com a comunicação.

O que precisamos é de empresas mais dinâmicas, mais interativas, mais abertas para se relacionar com o ambiente externo que é mais mutante.

Se isso você chama gestão de inovação, ok, mas não perca esse foco e essas metas, que é um projeto estratégico de mudança da GOVERNANÇA, que se não acontecer não haverá o aumento do fluxo das mudanças.

Versão 1.1 – 30/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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Cuidado, muito cuidado.

A nossa tendência é de procurarmos pensar em novos projetos de inovação radical com o modelo que temos na nossa cabeça de inovação incremental.

Não vai funcionar!

Porém, é bem comum trabalharmos como projetos incrementais.

(Veja o que acho da gestão da inovação como puro marketing, aqui.)

  • Já disse aqui que projetos incrementais, exigem um trabalho de um tipo de consciência, de lado do cérebro ligado às emoções, aos sentidos, pois observa-se, critica-se para mudar.
  • A inovação radical, entretanto, não usa esse pedaço do cérebro. Trabalhamos com outra área, a da abstração.

Uma inovação radical vai procurar criar algo que não existe e talvez nunca tenha existido.

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Vai construir uma hipótese filosófica-teórica de algo que deve ser feito, a partir de:

  • – um problema real que está incomodando, que os métodos tradicionais não estão mais ajudando a resolver;
  • – com uma nova abordagem que vai criar uma nova solução.

Assim, o método de prototipação de uma inovação radical não é feito do mesmo jeito, pois se houver influência do cliente no início do processo ou de alguém que não tenha passado por um “lava-jato paradigmático“, ele continuará vendo o problema da mesma maneira.

Aí dirão: então, não se conversa com ninguém?

Claro que se conversa.

Deve-se procurar os sofredores, aqueles que estão sendo mais atingidos pelo problema insolúvel para conhecer melhor a sua realidade para aferir melhor o problema a ser resolvido e os pontos iniciais a serem atacados.

Essa informação deve voltar para o laboratório, basear um protótipo rápido, apresentável, voltar à ponta, refazer, melhorar, e ir construindo, através do método ágil.

O que não pode ocorrer é:

  • – discutir o projeto com quem não tem interesse que vá para frente, pessoas que são até afetadas negativamente por ele, já que todo projeto beneficia alguém e prejudica alguém;
  • – não ir no sofredor, aquele que verá o seu problema com possibilidade de solução, mas com algo concreto, pois ele não passou pelo lava-jato e não consegue entender coisas muito abstratas.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 30/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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Explore os dois tipos de arrogância: a criativa que defende opiniões com coragem e a falsa que impõe sem mérito. Leia e reflita sobre esse debate.

Hoje, vivemos um momento de questionamento das verdades e da moral vigente.

Há uma macro-canalização humana e muita gente questiona o direito de alguém de fora do ciclo dos certificadores da verdade poderem expressar suas opiniões.

Aí surge a acusação negativa da arrogância, que é vista, conforme o Wikipédia abaixo:

 Arrogância é o sentimento que caracteriza a falta de humildade. É comum conotar a pessoa que apresenta este sentimento como alguém que não deseja ouvir os outros, aprender algo de que não saiba ou sentir-se ao mesmo nível do seu próximo. São sinônimos, o orgulho excessivo, a soberba, a altivez, o excesso de vaidade pelo próprio saber ou o sucesso.

Hoje, conforme o contato com meus alunos, percebo que as pessoas têm medo de serem arrogantes, de falar “besteira”, da não ter consistência. Deixam assim de arrogar o direito de ter opinião para não parecerem arrogantes.

Mas vejam que a arrogância não aparece como um pecado capital, pois ela TAMBÉM tem uma conotação positiva, pois denota arrogar um direito de algo, ainda usando o Wikipédia:

A arrogância pode igualmente ser sinônimo de coragem, de assumir as suas próprias opiniões, identidade ou personalidade. Provém do latim arrogare, logo o verbo arrogar aplica-se, sendo o sentido negativo, muito mais em voga no discurso informal, provavelmente iniciado pela inveja. A arrogância, ou o arrogar, não é, com efeito, pecado mortal ou até mesmo pecado de todo no sentido religioso. 

A mudança que temos hoje é a de que estamos passando de modelo de certificação mais vertical para uma certificação mais horizontal.

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É preciso analisar que essa passagem a pessoa pode estar arrogando um dado direito e estar conseguindo ser compreendido e se ver lógica nos argumentos pelos pares em rede e não mais pelo certificador da verdade que está hoje no topo com baixa interação.

Ou seja, ele vai ser chamado de arrogante pelo GRANDE OUTRO, mas não pelo pequeno outro.

Ou seja, haverá o direito de arrogar aquelas ideias, pois o topo o achará arrogante, pois quebra o seu domínio sobre a certificação da verdade, mas os que o acompanham podem achá-lo super-pertinente com argumentos válidos.

Assim, é preciso ter cuidado com o uso da arrogância em um processo de expansão cognitiva, pois passará, como já tem sido feito, como uma arma daqueles que estão se sentindo perder o poder da certificação.

Podemos, assim, falar de arrogância criativa – aquela que tem coragem e propriedade de questionar a ordem vigente. E a falsa arrogância que apenas quer se destacar sem mérito. A base para ter a sabedoria entre as duas, a meu ver, é a força dos argumentos e comprovações.

Versão 1.0 – 30/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

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A coisa mais fácil do mundo ao vermos algo extremamente violento é atribuirmos aquele gesto a não-humanidade.

Algo fora da nossa espécie.

Inaceitável.

É bom colocarmos como algo DE FORA, pois tira de nós o espelho do que nós podemos também fazer em menor escala, ou em situação similar.

Conforme nos mostrou Hannah Arendt depois da II Guerra o ser humano é capaz de matar crianças de manhã e ir jantar com as suas crianças de noite, como se nada tivesse acontecido.

A banalidade do mal é algo que pode ocorrer não por que a pessoa deixou de ser humana, pois ela se deixou levar pela vida, se ausentou de ser uma pessoa e isso não só acontece em algo tão dramático durante aquela guerra, mas acontece todos os dias.

Nas aulas que dou para meus alunos percebo uma baixa abstração, uma falta de discussão sobre ética e moral. Nada disso nos leva para o holocausto, mas é algo que precisa ser combatido quando tempos uma nova Governança da Espécie a ser construída em um movimento de expansão cognitiva.

Podemos dizer, assim, que se o holocausto nazista ou tantos outros pequenos holocaustos que vieram depois ao longo da história foram ações de baixa humanidade.

Hoje, vivemos um momento, pós-ditadura cognitiva, de baixa humanidade no mundo.

Estamos muito mais no âmbito do que Espinoza chama de primeiro estágio do gênero do conhecimento.

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A baixa humanidade se agarra a uma dada moral e não tem capacidade ética para questioná-la.

Os humanos que seguem essas normas não tem um ego ético desenvolvido.

Seguem a moral como se não houvesse alternativa.

A baixa humanidade é fruto de um ego extremamente moral, que aceita um contexto vigente, mesmo que ele fuja de padrões humanos.

Que me desculpe o Zeca Pagodinho, mas cantarolam: “Deixa a vida me levar”.

Quando você tem que ter uma visão sobre a vida para que você possa direcioná-la.

Por isso, que a ética é algo tão importante.

A ética atua sobre a moral, questionando-a e vendo no que a moral, mesmo que aceita, tem de baixa humanidade.

A ética é, assim, o equilíbrio entre o que POSSO fazer e o que QUERO fazer como o que DEVO fazer, baseando-me no Cortella no Jô.

A ética sempre coloca o DEVO em destaque, que é papel do EGO:

  • Posso, mas devo?
  • Quero, mas devo?

Aumentar a taxa de humanidade é cada um estar sempre atento para o que eu devo, apesar da oportunidade do POSSO (superego) ou do desejo irrefreável do QUERO (ID).

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 29/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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Meus filhos estão para decidir o que farão no vestibular.

E acho que a decisão agora é bem diferente do que foi no passado.

Motivo?

Estamos vivendo uma expansão cognitiva, o fim de uma longa ditadura cognitiva  e prevejo que a sociedade como um todo vai dar uma grande guinada em direção aos propósitos ao invés das profissões, dos problemas ao invés dos assuntos, da inovação no lugar da repetição. (Fiz um mapa aqui com as macro-tendências para as décadas vindouras.)

E isso vai afetar o como devemos escolher profissões.

Vai ter mais valor no mercado um profissional que esteja envolvido profundamente no problema que se propõe a resolver no mundo. Será uma missão que vai estar acima da empresa em que trabalha.

Ele vai escolher a missão (que tem que ser relevante para a sociedade para gerar valor) e a organização vai escolhê-lo por causa da dedicação e do conhecimento que tem ao trabalhar com ela.

Ou seja, será valorizado aquele que é um apaixonado por um dado problema e quer mais e mais aprender com ele e procurar reduzir sofrimento daqueles que vai ajudar.

As organizações vão caminhar nessa direção não por que querem, mas por que serão obrigadas em um mundo mais transparente e de alta interação.

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 Assim, tenho dito aqui para meus filhos que eles devem escolher uma missão no mundo muito mais do que uma profissão e ver como essa missão se encaixa nas opções de carreira que existem, pois o importante é a missão –  a carreira é apenas a estrada para que ela possa ser exercida.

Muitos dirão que isso é o ideal, mas o mundo não é assim.

Concordo, e digo que talvez em vários setores ainda isso não seja exatamente assim, mas estes setores estarão mais e mais perdendo valor na sociedade. Serão lugares em que o trabalho será de baixa qualidade e isso deve ser evitado.

Uma boa missão é aquela que possa aliar demanda da sociedade com setores inovadores, ou criar uma organização inovadora, hoje uma opção muito mais viável.

Acredito que mais e mais isso vai passar a valer, pois a Revolução Cognitiva vai ganhar mais exigir organizações abertas e inovadoras.

Os profissionais devem ser estudantes apaixonados do problema que querem ajudar a resolver, pois é isso que fará que possam estar o tempo todo estudando e aprendendo, criando uma relação muito mais humana com os clientes que irão tentar ajudar.

Por aí, que dizes?

Versão 1.0 – 29/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

(Aviso: não acho que os conceitos do Espinoza possam ser usados de forma integral hoje em dia, o exercício aqui é apenas para fazer a ponte entre a discussão atual sobre inovação e ideias tão antigas, que, com ajustes, se mantêm completamente atuais.)

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Bento Espinoza

 

 

Achei bem interessante este vídeo para pensarmos a inovação.

Note que os três níveis de consciência de Espinoza marcam bem o que vejo em sala de aula.

Geralmente, os alunos estão na primeira ou na segunda consciência e a expansão cognitiva atual pede o esforço do terceiro nível. que está ligado à inovação radical, que é para onde temos que ir para criar um novo mundo, veja abaixo um resumo dos gêneros:

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Sugiro para os mais curiosos dar uma olhada também na parte I do vídeo do Cláudio Ulpiano.

Tem mais este aqui para aprofundar o tema:

Versão 1.0 – 29/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

(Lacanianos de plantão, o conceito de grande outro aqui não é o de Lacan!)

Um dos pontos centrais a ser enfrentando no pós-ditadura cognitiva é o nosso ego infantilizado.

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Há vários problemas decorrentes desse ego pouco musculado.

Um das principais que batalho dentro de mim e com meus alunos é a luta inglória pela aceitação do GRANDE OUTRO.

Uma ditadura cognitiva ao concentrar as verdades e a tomada de decisão, faz com que todos precisem de seu aval para sobreviver e existir existencialmente falando. O trágico desse processo é que o GRANDE OUTRO com os longos anos de ditadura cognitiva passa a cada vez ser mais narciso, só gosta daquilo que o imita. E assim, todos passam a imitá-lo para ser aceito e se violentam por causa disso.

O GRANDE OUTRO no final de uma ditadura cognitiva só vai ver espelho, o que nos leva, em um ciclo perverso, a cada vez menos diversidade no mundo, todos procurando aceitação objetiva e subjetiva dos centros de tomada de decisão e produção da verdade.

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O que vai gerando mais e mais frustração, pois você não será aceito na sua singularidade e por causa disso você abre mão dela, aderindo ao que é aceito pelo ambiente para sobreviver objetiva e subjetivamente.

O trágico é que ao final de uma ditadura cognitiva vivemos justamente a crise da falta de diversidade.

Precisamos urgente estimular a diversidade em um mundo em que fomos educados para sermos mediocrizados.

Precisamos estimular, assim, urgentemente a singularidade para tomarmos decisões de melhor qualidade.

Ou seja, a luta educativa-política do próximo século é justamente quebrar essa relação simbiótica extremamente neurótica entre os egos infantilizados e o GRANDE OUTRO que exerce ainda uma forte influência na nossa maneira de ser.

Isso é bem percebido quando você aparece em um programa de televisão, por exemplo.

Nem que seja em poucos minutos.

Muitos já começam a te olhar diferente ou dizer para os outros que te conhecem.

É uma forma de cada um se sentir importante, mesmo que seja apenas na proximidade do que apareceu por lá.

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O interessante que essa dependência pelo reconhecimento do GRANDE OUTRO é até aceitável em uma sociedade concentrada, pois, de fato, sem ele você está condenado ao que nossa moral viciada chama de anonimato. Nesse ambiente, sem dúvida, a chamada “procura da fama”  passa  necessariamente pelo carimbo do GRANDE OUTRO.

Com a abertura dos canais cognitivos, vivemos um paradoxo nessa distorção, pois agora você pode também ser reconhecido pelos pares, por pessoas da sua rede horizontal, reduzindo o poder de sedução do GRANDE OUTRO.

O problema, entretanto, é que o nosso ego infantilizado não precisa amadurecer para se alimentar do elogio do pequeno outro.

O curtir que vem de baixo muitas vezes é classificado como baixo reconhecimento, pois você já acha que a pessoa que te elogiou tem menos força do que o GRANDE OUTRO.

Só o GRANDE OUTRO alimenta o teu ego infantilizado, de fato.

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E isso precisa vir à tona, se tornar consciente para que possa ser melhor trabalhado e, quem sabe, aos poucos ir superando interação por interação, na qual você vai aumentando a sua singularidade e sendo reconhecida por ela.

E agradecendo pelo elogio pelo que você é mais você e não por que você procurou imitar o GRANDE OUTRO.

Sim, eu sei é um luta difícil e árdua, mas extremamente necessária.

Que dizes?

Versão 1.0 – 25/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Um dos efeitos do fim da atual ditadura cognitiva é a infantilização do nosso ego.

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Nosso ego está sub-desenvolvido, pois não exercitou um conjunto de exercícios importantes:

Temos um ego pouco musculado, muito infantil.

E quando começamos a enfrentar uma expansão cognitiva, começamos a ver uma incompatibilidade entre a demanda de um mundo com mais liberdade para lidar com a complexidade versus uma incapacidade do nosso ego de viver nesse ambiente.

Todo o trabalho necessário que tenho feito já na preparação dos meus alunos para enfrentar esse novo mundo passa por fortalecer esse ego, tornando-o mais consciente e preparado para viver essa complexidade.

Um dos pontos centrais é a superação do reconhecimento doentio do grande outro e a passagem e a procura da aceitação do pequeno outro, através da constante interação, ver mais sobre isso aqui.

Versão 1.0 – 25/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Fizemos uma boa discussão da diferença entre ética e moral em sala de aula na preparação da equipe do Laboratório de Inovação Colaborativa Digital – Linc – da IplanRio.

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Ver o vídeo aqui.

Temos dificuldade de entender a diferença enter ética e moral.

  • Moral é o que a sociedade aceita como correto.
  • Ética é a minha capacidade de optar agir dentro dessa moral  e até questioná-la ou mesmo não aceitá-la se considerar que pode prejudicar os meus valores éticos-humanos.

E observei algo interessante na discussão com o pessoal.

  • Quanto mais percepção da realidade você tem;
  • Mais passa a ver a realidade como uma percepção e não a própria realidade;
  • E com isso você tem maior liberdade de escolha;
  • E quanto mais liberdade de escolha passa a ter, mais questões éticas vão aparecer na sua vida.

Ou seja, deixa de adotar a filosofia Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar”.

Quando sabemos, quando paramos parar pensar, que a vida nunca nos leva, pois há alguém que pensa por você e te leva.

Vivemos  hoje no fim da ditadura cognitiva a crise das vidas objetivadas por alguém, que nos leva como se fôssemos peças de uma engrenagem.

Perceber a realidade é, assim, entender que a vida pode ser levada mais a seu jeito.

Nunca somente do jeito que você gostaria, mas muito menos do jeito que alguém determina que ela fosse.

É uma tensão constante, que é um jogo, do qual você tem que cada vez saber mais e mais aprender a praticar, musculando o seu ego entre o ID e o superego.

Quando começamos a ter liberdade de ver, começamos, ao mesmo tempo, a ter a liberdade de escolher e aí precisamos de mais e mais ética, um ego ético, como discuti aqui.

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E toda escolha é uma opção ética.

  • Qual melhor caminho a ser seguido?
  • O que posso fazer com minha vida?
  • Qual o verdadeiro sentido dou para ela?
  • Quais são as minhas escolhas?
  • Devo pensar só em mim ou na sociedade?
  • Quando só em mim? E quando pela sociedade?

Exemplo:

Numa sociedade onde a escravidão é aceita posso lutar contra e não ter nenhum escravo, apesar de ser lei. Isso é uma decisão ética em cima de uma moral vigente.

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Quando vivemos uma expansão cognitiva como agora, no qual as pessoas passam a ter seus canais, saímos de um mundo fortemente moral, no qual seguimos todos na mesma direção, pois as verdades e tomadas de decisão estão concentradas e começamos a ter liberdade e por isso temos o aumento radical da necessidade ética.

Liberdade significa que temos opções que não tínhamos.

E isso nos traz desafios éticos, pois começaremos em todos os lugares a ver a abertura de espaços para participar e ter que escolher.

Vamos precisar ter uma outra cabeça e outro ego para viver em um mundo mais livre, portanto, mais complexo.

Por isso, tal discussão foi feito e precisa ser feita em espaços de migração da governança da espécie atual para a governança digital.

Por aí, que dizes?

Versão 1.0 – 25/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

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(Vou fazer uma palestra no Colégio Pedro II mês que vem e esse é um papo preparatório.)

Podemos, como vimos aqui, ver que ética é um trabalho individual de cada um de pensar suas atitudes em relação ao mundo.

Peguemos um exemplo prático.

No Brasil, até o final do século XIX, a escravidão era moralmente aceita, através de leis, inclusive.

Do ponto de vista moral, ninguém podia criticar o outro por ter um escravo (e até bater nele).

Era moralmente aceito.

Porém, começou na sociedade uma discussão ética sobre se era moralmente aceito ter escravo, pois partia-se do questionamento da filosofia aceita de que o negro não tinha alma, ou seja não era tão humano assim e, por causa disso, por ser meio-humano podia servir de escravo.

Ou seja, o questionamento contra a escravidão foi um questionamento ético sobre uma moral dominante.

Assim, o mundo é feito de morais constituídas que podem ser questionadas pela ética. Portanto, é importante que haja espaço de liberdade de expressões para que as morais passem por uma revisão ética o tempo todo, pois a moral é histórica e a revisão ética nos permite alterá-la.

Os valores éticos são mais permanentes e trabalham sempre de uma visão do que deve ser aceito como um alta taxa de humanidade e questionar as morais que nos impede de manter essa taxa lá em cima.

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(Bom lembrar que toda filosofia grega, que é a base da discussão ética, foi feita em uma sociedade escravagista.)

E para isso é importante que haja um espaço de liberdade de expressão para que novos discursos éticos possam questionar a moral vigente na sua base, o que nos leva a revisão moral e posteriormente a novas leis, tais como o fim da escravidão. Assim, o fim da escravidão se inicia com uma discussão ética em cima de uma moral estabelecida.

Uma nova moral só é criada quando pessoas conseguem transformar sua insatisfação com a moral  em algo que possa modificá-la. E há, obviamente, vários questionamentos possíveis em relação a ela:

  • –  Questionamento da moral SEM argumentos – extravasar o ódio/raiva de diferentes maneiras, violentamente, anonimamente;
  • Questionamento da moral COM argumentos – procurar criar argumentos para questioná-la e construir uma nova moral.

E aí, se formos pedir ajuda para o Freud teríamos três atores em ação, como falei mais aqui.

  • O superego atua com um representante da moral dentro de nós;
  • O ID como o nosso lado que quer extravasar sem parar para pensar;
  • E o ego é um regulador entre os outros dois.

Exemplo.

Tenho raiva de uma professora, o que é natural em qualquer escola.

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O que faço?

  • Reclamo na direção sobre a prática dela em sala de aula, o que me exige argumentos, um trabalho, uma evolução do meu ego?
  • Xingo-a na porta do banheiro ou através de um panfleto anônimo na escola?

Note que a chance de haver mudança na primeira opção é muito maior do que a segunda, se houver espaço social para a revisão das morais existentes.

Não é a toa assim que na Constituição brasileira de 1988 o item que fala da liberdade de expressão vem junto com o veto ao anonimato. Ou seja, se eu permito que todos possam questionar a moral, eu exijo uma atitude ética para que os defensores da moral, ou os que estão nas instituições que seguem essa moral (a escola é uma delas) de qualquer moral, possam contrapor o novo questionamento ético.

Do ponto de vista do ID é mais fácil destruir, quebrar e se ocultar, porém não se tira dessa discussão nada que possa colaborar para uma nova moral, muitas vezes é o contrário, fortalece quem defende uma dada moral, ate injusta, tal como um professor agressivo, que continuará agressivo, talvez até com raiva.

Ou seja, o anonimato passa a ser imoral, pois vai contra o que todos aceitam como válido, mesmo que tenha alguma coisa ali, de injustiça não problematizada.

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Portanto, quando estamos na sociedade há diversas injustiças e elas nos incomodam.

As injustiças muitas vezes são moralmente aceitas, seja pelas leis, ou pela falta de cumprimento das mesmas.

  • Toda luta política é, assim,  uma luta contra uma determinada moral (seja uma lei ou a falta dela, ou o não cumprimento da mesma);
  • Mas nem toda luta política é uma luta ética.

Pois podemos ter uma luta política de uma moral contra outra moral.

Ou algo imoral contra uma moral injusta.

  • Um exemplo de algo moral x moral considerada injusta:

Eu não acho que os negros devem ser escravos, que tal os índios?

  • Um exemplo de algo imoral x moral considerada injusta

Eu não concordo com a sua visão moral, por isso vou jogar uma bomba na sua casa para você ver como tenho raiva e ódio da sua moral e vou matar você e seus filhos.

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A ética política é, a meu ver, a tentativa de combater uma moral injusta  que não use nem a imoralidade e nem a imposição de outra moral (sem argumentos) para se colocar no lugar, pois não seria uma ética que partiria de um ego mais amadurecido, apenas do ID ou do Superego, o que não aposta na sabedoria.

Cabe a ética apresentar argumentos que mostre o quanto uma determinada moral está causando sofrimento e pouca felicidade para a sociedade.

Para que possamos ser éticos, temos que amadurecer nosso ego e criar argumentos para que outras pessoas, igualmente éticas, possam, com seus egos amadurecidos, refletir sobre aquela moral e procurar questioná-la, o que eleva a taxa da humanidade.

A ética, portanto, é a tentativa que temos de refletir sobre um dado preceito moral e propor mudanças sociais, que consigam transformar o ódio/raiva, até moralmente aceitos, em algo que possa mudar a sociedade em direção a  novos preceitos morais.

Quando os Blackblocks, por exemplo, saem para a rua para quebrar vidraças, eles tem um discurso moral convincente, pois eles estão sendo oprimidos pelo sistema e querem mostrar o quanto estão com raiva.

Porém, do ponto de vista ético não estão colaborando para uma reflexão mais amadurecida por um conjunto de morais existentes. É uma expressão apenas do ID.

Eles estão usando fortemente o ID para expressar a sua raiva, o que nos leva para que o outro lado use o mesmo ID para revidar em um ciclo vicioso, do chamado dente por dente e olho por olho, gerando mais e mais uma baixa humanidade.

Os ativistas éticos que querem criar uma nova moral saem perdendo com isso.

Tais atos, digamos tão extremos, só se justificam eticamente se torna-se impossível a expressão para questionar morais em uma ditadura, por exemplo, o que não quer dizer que vá se matar gente por causa disso.

Há uma baixa sabedoria ética nessa ação, pois não há uma proposta que venha questionar a atual moral, apenas um registro, impulsionado pelo ID de querer expressar um ódio, que existe, é válido, inegável, mas eticamente é ineficaz, pois quer se destruir algo sem ter o que colocar no lugar.

Isso é moralmente inaceitável, pois nos leva a uma baixa taxa de humanidade.

Vamos continuar a reflexão depois.

Versão 1.0 – 24/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. – See more at: http://nepo.com.br/2013/10/24/ego-do-professor-e-aula-participativas/#sthash.AHsjnKks.dpuf

Discuti aqui minha experiência com aulas participativas e agora quero falar da mudança da relação do professor com o seu ego.

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Acredito, apesar de ainda ser um estudante iniciante da psicanálise, que o ego é um regulador entre o Id (o que queremos fazer) e o Superego (o que não podemos fazer).

Duas palestras me ajudaram a pensar assim.

Não é à toa que a rede dos anônimos, que tem ajudado milhões de pessoas, via uma rede descentralizada presencial, com problema de distintas adicções inicia e termina com o mantra da serenidade:

Serenidade para o que não posso mudar,
coragem para o que eu posso,
sabedoria para perceber a diferença.

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Note que é uma aposta no fortalecimento da sabedoria do ego para lidar com a realidade, criando uma sinergia entre a impotência (coisas do mundo que eu sozinho não mudo) e a potência, coisas que eu posso e devo (eticamente) tentar mudar.

O nosso ego, assim, precisa ser “musculado”, através da reflexão constante, mas não da aceitação moral, do estabelecido, das regras, mas daquilo que, através da minha reflexão da vida, pode ser diferente.

Não é algo que se estabelece SÓ de fora para dentro, mas também de dentro para fora.

Um aprendizado de criar uma membrana ética cada vez mais consistente entre o Eu e a sociedade.

Não farei isso por que posso, por que quero, mas por que devo.

Algo assim.

Reforça essa ideia do eu-outro a palestra de Goldenberg  sobre a impossibilidade do auto-conhecimento e de que não há muita separação entre o eu e o outro, eu me conheço em relação.

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Podemos dizer, portanto, que ser ético é amadurecer a nossa relação com o mundo e aprender a lidar melhor com meus impulsos com as limitações externas.

Podemos moralmente ter algumas práticas aceitas, mas é preciso analisar se aquilo me faz bem, faz bem para as outras pessoas e se gera felicidade ou sofrimento.

 Viver não é fácil, mas se não muscularmos nosso ego para que ele possa lidar de forma mais madura com o mundo, a coisa fica ainda mais difícil.

Versão 1.0 – 24/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Há sete anos ministro aulas participativas.

  • Acredito que passei dos mil  alunos em sala de aula com turmas menores e grupos de estudos presenciais ou pela Web.
  • E dos 5 mil se for somar palestras em que participação não é tão intensa ou continuada.

O que é uma aula participativa?

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Uma roda de alunos, na qual exponho minhas hipóteses sobre o mundo digital e discutimos para que eles questionem, tragam sugestões e avancemos juntos em o que achamos e o que devemos fazer para aumentar a eficiência destes projetos.

Na minha didática, todos, absolutamente todos, são chamados a opinar várias vezes em sala de aula para que possam comentar o que está sendo dito.

Eu passo a ser um professor compositor e não intérprete.

Sou  obrigado a ser um pesquisador de um dado problema e desenvolvo minhas hipóteses junto com ele.

 Não vejo como ter uma aula participativa sem um professor pesquisador.

Ou seja, minha aula não é apresentar o estado da arte do tema, mas o que eu pesquei do estado da arte, o que é bem diferente, pois trata-se de uma aula posicionada.

Não digo apenas o que os outros pensam, mas como eu penso, pois o foco da aula – e isso é fundamental – é um problema, para o qual devo ter as minhas hipóteses.

É uma pesquisa participativa, ativa coletiva em torno de um problema e suas possíveis soluções.

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Assim, o que defendo é um olhar sobre o tema, mas que está aberto e em construção.

O que aprendi ao longo desse tempo é de que a aula participativa nos ensina como os alunos pensam sobre aquele problema, as resistências, as dificuldades, o que não foi ainda questionado.

Poderia dizer que criamos um diálogo no qual eu vou mostrando:

  • – que é preciso apresentar argumentos para poder dialogar;
  • – que os argumentos devem ser analisados de vários ângulos para ver se são sustentáveis;
  • – que ambos os lados não podem trabalhar com o certo ou o errado;
  • – e que estamos diante de nossas percepções e nunca da realidade, pois ela sempre será algo inatingível;

Deve haver a humildade de todos de que estamos em um estágio melhor que ontem e pior do que o amanhã.

O objetivo da conversar é ficarmos menos ingênuos e deixar menos ideias, conceitos, visões sem problematização.

Uma aula participativa, como tenho feito, dispensa o uso de novas tecnologias, ficamos apenas com as antigas: quadro negro, giz, cadeiras, luzes, fala e escuta.

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O que destaco em uma aula participativa, a partir da conversa com os alunos é que em sala de aula aprendo como eles pensam, que é algo meio difícil em uma aula não-participativa, ou de discussões de assuntos fechados, do qual o professor é um conteudista, que já chega pronto e sai pronto.

Ou seja, crio um campo de estudo que é o seguinte:

  • – as coisas que percebo da realidade fora da sala de aula (livros, experiências, vídeos, áudios, conversas);
  • – as coisas que absorvo e escrevo do que eu percebi, geralmente nos meus diferentes canais (Youtube, blog e Facebook, Twitter).
  • – e como os alunos pensam e reagem sobre estas percepções.

A percepção dos alunos é fundamental, pois é o parâmetro que tenho para entender como as verdades hegemônicas são absorvidas, até que ponto tem argumentos mais consistentes.

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É um jogo, um aprendizado no qual como os alunos:

  • – aprendo coisas que não conhecia;
  • – sou questionado por argumentos que não estão ainda tão consistentes;
  • – vejo novas formas de apresentar meus argumentos, na ordem, no jeito, para cada turma.

Acredito que na prática da aprendizagem participativa é fundamental, talvez o mais importante, é conhecer como meus alunos pensam e não deixá-los sair depois dos nossos encontros sem a problematização de vários pontos.

Note bem que não é um encontro de convencimento, mas de coo-vencimento, em que ambas as partes discutem o que pode ser melhorado nas percepções, pois a realidade continuará lá misteriosa.

Estamos apenas deixando de vê-la de forma mais bobinha.

Por fim, depois de ouvir esta entrevista (ver abaixo):

Diria que esse ciclo em que me coloquei:

pesquisa <-> aula participativa <-> registro em mídias sociais <-> volta para pesquisa

Tem aumentado algum campo de percepção no meu cérebro, pois tenho visto as coisas com mais clareza, pois é uma massagem constante do pensamento. É algo motivador que me coloca no que o Clóvis de Barros Filho chama muito bem de eudaimonia.

Assim, um professor de aulas participativas precisa ser um agente de mudança realmente interessado em ajudar a minimizar o sofrimento de um dado problema da sociedade, pois está em eterna construção, junto com os alunos, em uma luta contra a nossa ignorância, por percepções mais consistentes e problematizadas, que nos levem a melhorar a qualidade de trabalho diante daquele fenômeno específico.

É isso,

Que dizes?

Versão 1.0 – 24/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Veja abaixo as variações que encontrei até aqui dos efeitos que a contração e a expansão cognitiva tendem a provocar como tendência na sociedade.

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Tabela viva. Pode ser aprimorada a cada instante e vai crescer.

Versão 1.2 – 22/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

É cada vez mais gente para menos canais.

  1. (Física) medida da quantidade de desordem que há em um sistema

Uma entropia cognitiva se caracteriza por alguns fenômenos encadeados:

  • – o avanço gradual de uma contração cognitiva, que permite a consolidação de um modelo econômico-político, que vai ficando cada vez mais concentrado, fechando os canais de expressão da sociedade, no que podemos chamar de ditadura cognitiva;

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(Note que a população aumenta em função da concentração dos canais, pois consolida os modelos e sente necessidade para manter a máquina produtiva funcionando desse aumento, o que nos leva a uma entropia evidente, pois é cada vez mais gente para menos canais.)

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Há uma contradição evidente, pois quanto mais gente no planeta, mais inovação será necessária e as organizações passam a viver a doença do narcisismo organizacional, tornando-se conservadoras em um mundo que tem crises que exigem fortes mudanças.

O gráfico abaixo apresenta a figura:

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Como o fator aumento populacional não é passível de controle ou de eliminação de pessoas para reduzir a pressão da entropia, toda a pressão cai por sobre o aumento dos canais.

Opta-se, assim,  por uma abertura dos canais, através de um movimento coletivo de expansão cognitiva.

É preciso detalhar a relação entre aumento populacional, inovação e governança da espécie, da seguinte maneira:

  • – a complexidade demográfica cria uma latência por aumento da taxa de inovação;
  • – a latência por uma maior taxa de inovação cria uma pressão por ambientes cognitivos mais dinâmicos, com a abertura de canais cognitivos;
  • – o que leva uma pressão por tecnologias cognitivas inovadoras, que permitam criar estes canais de forma massiva;
  • – quando surgem estes canais, ampliam os canais de interação entre os habitantes;
  • – que nos leva a uma demanda por mais participação e uma mudança na governança da espécie;
  • Objetivo: superar a entropia cognitiva.

 Versão 1.1 – 23/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Desconfie de qualquer um que fale da natureza humana.

Se existe algo que o ser humano não é, é natural.

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Somos uma espécie cultural, que tem a capacidade de reinventar a sua própria natureza.

Agora, com as mudanças genéticas ainda mais.

Poderão dizer que há coisas que não podemos mudar, tal como comer, reproduzir, beber, se vestir, morar.

Mas podemos dizer isso enquanto espécie geral, como tantos outros animais, o que não é natureza do ser humano, mas de qualquer ser vivo.

Em nome da natureza humana, se estabelece relações fixas de poder.

Se isso é da natureza humana, não podes ser mudado.

Não pode?

Talvez hoje, nesse contexto e no de amanhã?

Tenho me arrepiado ao ouvir natureza humana, pois considero um conceito supersticioso, que nos leva a acredita em algo conjuntural.

Que dizes?

 Versão 1.0 – 22/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 A atual concentração cognitiva nos leva à crises constantes, pois há na sociedade um contração da diversidade humana, criando um movimento perverso de interesses de poucos sobre o de muitos. 

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Bom a ideia está clara.

Vivemos o movimento de expansão cognitiva, conforme o conceito de pêndulo cognitivo.

Na expansão cognitiva, temos a chegada de uma nova tecnologia cognitiva que tem como característica a macro-canalização da sociedade, o que permite uma macro-oxigenação, criando um movimento global de reformulação da governança da espécie.

O movimento de aceleração da expansão cognitiva é um esforço consciente de perceber e atuar sobre os efeitos danosos do ciclo de contração e trabalhar com ele de forma global e consciente.

Trata-se de uma ação ética que visa reduzir sofrimento e procurar aumentar a felicidade na sociedade (entendendo felicidade do ponto de vista filosófico/euidaimonia).

Podemos apontar como efeitos danosos da contração cognitiva:

Individualmente:

  • Baixa abstração;
  • Baixa auto-estima;
  • Baixa singularidade.

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O que se reflete coletivamente em:

  • Tomada de decisões de baixa qualidade;
  • Verdades produzidas de baixa qualidade;
  • Baixa taxa de meritocracia.

O que nos leva a crises constantes, pois há na sociedade um contração da diversidade humana, criando um movimento perverso de interesses de poucos sobre o de muitos.

O processo de aceleração visa atuar individualmente e coletivamente para superar estas crises.

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Individualmente é preciso atuar:

  • Baixa abstração – trabalho filosófico, separando a realidade da percepção e engajamento ético;
  • Baixa auto-estima – trabalho de grupo, ampliando interação, capacidade de comunicação;
  • Baixa singularidade – estímulo para procura da felicidade/eudaimonia.

Coletivamente:

  • Tomada de decisões de baixa qualidade – ampliar a participação;
  • Verdades produzidas de baixa qualidade – criar novos canais de produção da verdade;
  • Baixa taxa de meritocracia – novos critérios de meritocracia mais horizontais.

Eis os desafios do próximo século.

Que dizes?

Versão 1.0 – 21/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

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Não existe sociedade sem um ambiente bem definido de produção de verdades.

A sociedade precisa das verdades para tomar decisões.

Quanto mais qualidade tiver a verdade e a tomada de decisões menor ser a taxa de sofrimento para todos.

Uma sociedade mais justa é aquela em que as verdades e a tomada de decisão conseguem ser mais diversificadas com a participação maior de vários segmentos e vice-versa.

Vivemos hoje o tempo da Baixa Idade Mídia, na qual estamos saindo de uma ditadura cognitiva, com consequências objetivas e subjetivas, entre elas, a tomada de decisões de baixa qualidade, com pouca participação e, portanto, pouca diversidade.

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É preciso mudar o modelo de certificação da verdade que hoje é mais vertical para um mais horizontal.

Em uma sociedade, qualquer uma, estabelece-se, assim, os certificadores da verdade que são as autoridades de plantão, que passam a estar nos centros de certificação da verdade e de tomada de decisões.

  • Quanto mais fechado forem os canais cognitivos, entretanto, mais estes centros estarão concentrados e acabam só reconhecendo as suas verdades. Há uma baixa diversidade, um estímulo a uma baixa singularidade.
  • Quanto mais abertos forem os canais cognitivos, mais estes centros estarão dispersos e reconhecendo uma verdade mais qualificada. Há um aumento de diversidade, um estímulo a uma maior singularidade.

Uma sociedade de baixa qualidade de verdade e de tomada de decisões será aquela em que se tem poucos canais, pois mais e mais os certificadores ficarão cada vez mais voltados para si e, por tendência, baixando a taxa de diversidade social, gerando mais e mais crises, pois teremos verdades e tomadas de decisão de baixa qualidade.

Que dizes?

Versão 2.0 – 30/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

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(Pessoal, permitam chamar o Facebook aqui de sinônimo de mídias sociais. Meu desejo é que no futuro não muito distante tenhamos uma plataforma desse tipo distribuída, sem ninguém no controle, mas enquanto isso, usemos a metáfora.)

Muito se critica hoje a atuação das pessoas nas mídias sociais.

Afirmam que as mídias sociais estimulam o narcisismo e nos levaria à idiotice.

Pelo que tenho estudado e visto, diria o contrário.

Estamos saindo de um mundo sem-canal para um mundo dos com-canal (ver mais aqui.)

Vivemos a fase inicial das mídias sociais e a tendência é nos afastar cada vez mais dessa fase, digamos, primitiva.

O que temos hoje nas mídias sociais é, entretanto, o efeito retardado, ou mais nítido, do que a Idade Mídia trouxe ao ser humano, onde se inclui o papel das organizações monocêntricas, escola inclusive.

  • Uma incapacidade completa ao diálogo, à argumentação, à troca.
  • Uma baixo auto-estima.
  • Uma baixo-abstração.

Desaprendemos a conversar e isso é nítido em quem procurar dialogar nas mídias sociais.

Porém, esse processo pode ser alterado e acredito ser esta a função principal da nova escola: ensinar de novo as pessoas a se comunicar e a pensar por conta própria, a perceber que a realidade é sempre uma percepção em construção interativa.

Muitos dizem que o Facebook é um causador de doença.

(Entenda-se aqui Facebook como expressão maior das mídias sociais)

Eu diria que ele é o início da cura, mas não ocorrerá sozinha, é preciso que haja um esforço dos educadores para estimular esse diálogo, reensinar a conversar.

Que dizes?

Um novo aprendizado baseado em problema/solução visa dar autonomia às pontas para começar a criar novas saídas para antigos e novos problemas que o atual ensino não favorece.

 

 

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Não haverá nova escola que não tenha seu aprendizado (e não ensino) baseado em problemas/soluções.

Não problemas escolhidos de cima para baixo, mas de baixo para cima.

Não há como termos um novo modelo de escola sem esse fio condutor.

Tenho feito esta experiência por aqui agora com filosofia.

Não me importo muito em uma didática, em uma ordem, uma sequência.

O meu problema é definido há tempo:

O que é a Internet? Causas e consequências? E como usá-la para aumentar a felicidade/eudaimonia e reduzir o sofrimento?

Tudo que estudo de filosofia vai na direção desse campo de estudo/problema e a minha medição é o resultado que tenho, pois um problema naturalmente me leva a uma personal metodologia.

O meu parâmetro se estou no caminho adequado não vem de fora, de cima para baixo, mas de baixo para cima, pois eu estou atuando na sociedade e o que estou aprendendo está servindo para piorar ou melhorar a vida das pessoas.

Pergunto para as pessoas que eu influencio na minha atuação:

Há menos sofrimento e mais felicidade com esse aprendizado que apresento e ações que sugiro? As ações estão melhorando a vida das pessoas?

E vamos em frente, ou mudamos, conforme a interação.

O aprendizado por problema/solução nos leva necessariamente a intensificação da interação, leia-se do maior diálogo e da verdadeira comunicação.

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Note que um assunto não tem metodologia, pois um assunto pode não tocar no chão.

Quando lido com assuntos, sou dependente de quem o conhece, pois eu tenho que ser uma cópia melhorada deste e não um criador.

  • O aprendizado por problemas/soluções é aberto e vem de baixo para cima, o que dá autonomia a quem está no processo. É independente do alto e transformador do que já se sabe.
  • O ensino por assunto é fechado e vem de cima para,  o que impede a autonomia a quem está no processo. É dependente do alto e conservador do que já se sabe.

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Uma pessoa pode saber tudo sobre Napoleão e daí pergunto eu?

Isso é um assunto que tem que tocar em algum lugar.

A pessoa pode saber tudo sobre Napoleão e ter como um problema:

Ajudar as pessoas a refletir melhor sobre o poder, a partir do que conhecemos sobre Napoleão, para evitar erros, aumentando a felicidade e reduzindo os sofrimento.

No fundo, estuda-se o poder, via Napoleão.

Aprender tudo sobre Napoleão por aprender é um hobbie e não deveria ser encarado como um problema-guia de um ser humano no mundo.

Apesar de hoje em dia ser super valorizado, tende a perder valor, pois é, do ponto de vista humano, um conhecimento eunuco e até anti-ético se encarado como profissão, pois só rende frutos para o possuidor do mesmo. Passa de uma ferramenta de transformação à dominação  e poder e não de redução de sofrimento da sociedade.

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Pior: gera sofrimento, pois é algo que desestimula o estudo, pois nunca vais se saber tanto sobre aquele assunto. O que ser quer é uma dependência daquele que sabe por quem aprende e não a sua independência.

Um novo aprendizado baseado em problema/solução visa dar autonomia às pontas para começar a criar novas saídas para antigos e novos problemas que o atual ensino não favorece.

Mais efeitos da atual revolução cognitiva na escola podem ser visto aqui.

Versão 1.0 – 17/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a par

rtir da interação. 

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Sentei com uma amiga e a filha para discutir profissões.

E do alto da minha vaidade, resolvi dar meus conselhos.

Disse que não temos profissões, mas problemas.

E quando nos damos conta disso, é um salto quântico em termos de eficiência de uma vida mais feliz (eudaimônica).

  • Um médico que faz ultrassonografia lida com imagens computadorizadas.
  • Resolve problemas de diagnósticos específicos.
  • Não pode se ver como um médico, mas um profissional especializado em imagens para chegar a diagnósticos.

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Quanto mais rápido, assim, chegarmos a um problema que nos motive, para o qual podemos fazer a diferença, ajudar a minimizar sofrimentos, mas rápido seremos profissionais melhores e mais chances teremos de ser pessoas mais felizes.

Um problema é um fio terra no mundo, como detalhei aqui.

Versão 1.0 – 21/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Vi este vídeo:

Este é um vídeo importante, pois abre um novo leque de reflexões.

A base de defesa de Oswaldo Giacóia é de tudo que fazemos está baseada no medo.

Tudo que nos dá medo é mal.

E a história do homem e das ciências, da religião é baseada no medo.

Se tememos o desconhecido, amamos o conhecido, ou nos agarramos ao conhecido, pois ali nos sentimos ilusoriamente seguros.

Porém, a segurança é baseada em uma ilusão, pois a vida lá fora é feita de fatos desconhecidos, que vem quebrar nossa capa de proteção.

Assim, quem teria mais capacidade de viver melhor é aquele que é capaz de lidar melhor com os seus próprios medos, não negando-os, mas aceitando-os como algo natural da nossa espécie.

Tenho medo, logo existo, logo sou humano.

Os outros animais sentem medo, mas quando são atacados.

Não vivem o medo existencial de saber que algo nos matará – um dia.

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E que ser humano é a nossa capacidade de encarar esse medo de frente, lidando com ele e o administrando e não ignorando-o.

Uma regulação entre aquilo que temos medo fora de nós tudo que o outro, incluindo a natureza, pode nos agredir.

E o nosso medo interior, aquilo que nós podemos fazer conosco e com os demais se não conseguirmos dominar nossos instintos mais animais.

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Diria que a superação do medo se dá ao assumir queprecisa ser administrado, mas nunca vencido.

Quem sabe podemos citar alguns medos:

  • O medo de passar fome, de não conseguir ter onde morar, dormir, vestir;
  • O medo de morrer;
  • O medo de não ser amado;
  • O medo de não deixar um legado;
  • O medo de enlouquecer, de não controlar nossos monstros.

A fuga dos medos nos leva a nos esconder e a aceitar a mediocridade, pois ela é a certeza de que, estando invisível e seguindo a receita da multidão, conseguiremos dominar todos estes medos.

O medo não é superado coletivamente, mas apenas individualmente.

Cada um consigo, solitariamente, sim, podemos ter ajuda, mas ninguém entra dentro de nós para lidar com nossos fantasmas.

Nos mediocrizar é uma forma de esconder os medos debaixo dos tapetes.

Teremos, no bolo geral, a falsa sensação da imortalidade.

Há muito de medo quando aceitamos uma sociedade injusta, pois é melhor do jeito que está por algo que eu não conheço.

Ser medíocre e viver em um mundo pseudo-não mutante é criar a ilusão da imortalidade.

Tudo nos leva a crer que tudo é para sempre, pois coletivamente somos estimulados a isso.

Porém, nada disso vai resolver o problema da realidade que é mais forte do que combinamos.

A realidade combinada  alimenta nossa ilusão, que nos faz aplacar o medo.

Mas a realidade não combina com a realidade ficar parada, ela se mexe e isso faz com que fiquemos cada vez mais com dificuldade para lidar com ela, pois ela se mexe, sempre.

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Lidar com mudanças.

Ainda mais mudanças que vêm com a expansão cognitiva exige que lidemos com esse medo atávico humano.

Que dizes?

Versão 1.0 – 21/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

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Por que na crise agarramos filosofia?

A filosofia é o amor à sabedoria.

É a dedicação de alguns malucos, com alta taxa de abstração, a temas permanentes e relevantes da espécie.

É uma espécie de última estante de um longo corredor de uma biblioteca, na qual precisamos ir para resolver crises “irresolvíveis” ou resolvê-las mais rápido e com mais eficiência.

É o anti-biótico do pensamento humano, que funciona, pois é a junção de dois fatores difíceis: menor taxa de interesse possível no conhecimento versus a maior taxa de abstração possível.

Normalmente, podemos ter uma baixa taxa de abstração, mas com alto interesse ou vice-versa.

Por isso, a filosofia ajuda tanto.

Os amantes da sabedoria (filósofos) são aqueles que fizeram a diferença, conseguiram superar as demandas do seu ego carente de reconhecimento, de uma vida mais confortável para se dedicar ao estudo, sem grandes ambições de retorno, para legar à humanidade alguns ensinamentos.

É uma espécie de tesouro que fica para balizar todo tipo de crises que temos, desde as pessoais, quanto às coletivas.

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Temos visto, entretanto, que nem todo tempo é tempo de filosofia.

Quanto mais tivermos contração cognitiva, menos filosofia e vice-versa: quanto mais expansão cognitiva, mais filosofia.

Agora, com a atual macro-crise da espécie, pós-Revolução Cognitiva, é tempo de filosofia.

De velhos e novos filósofos.

Que dizes?

Versão 1.0 – 17/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

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  • Já combati aqui a ideia que estamos em uma sociedade do conhecimento.
  • E agora vou questionar que estamos entrando em uma sociedade em rede.

Os motivos da crítica são as mesmas.

Ambas as conclusões são mais “achismos”, sensitivismos, percepcionismos, do que uma visão científica, que vai se agarrar em algo mais racional e reflexivo, tendo como ferramentas a filosofia, a história e algumas teorias. As sensações sem aprofundamento não nos levam à verdade (entenda-se verdade sempre como algo provisório.)

Note que muitos entendem ciência, ou estudo científico, como algo que feito dentro da academia e com publicações aprovadas por pares. Isso é a visão conjuntural da ciência, regida pelo atual modelo impresso-eletrônico. A filosofia, entretanto, procura os conceitos mais permanentes, aponta a ciência como a tentativa humana de estudar as causas dos fenômenos para poder compreendê-los e dominá-los.

Vou, assim, de Augusto Comte:

Saber para prever;
Prever para prover.

O importante são métodos que funcionam e não aqueles que sejam aceitos em um determinado contexto, muitas vezes viciado, principalmente em uma forte contração cognitiva.

(Vejam mais sobre Comte, medo, verdade e de onde tirei a frase acima daqui deste vídeo de Oswaldo Giacóia.)

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Podemos questionar tanto a ideia da sociedade do conhecimento como da sociedade em rede na sua base com  algumas perguntas:

  • Por que elas vêm agora para serem constitutivas da sociedade e não antes ou não depois?
  • Há fatores/causas que nos levam a viver essas duas sociedades?
  • Quais são eles?
  • E, por fim, se são fenômenos humanos, por que não ocorreram no passado depois de tantos mil anos vividos?
  • E se ocorreram quando ocorreram e qual a comparação entre aquele do passado e o agora?

E o que é mais grave.

  • Se vivemos hoje a sociedade do conhecimento temos que admitir que antes não vivíamos em sociedades do conhecimento. Eram sociedades de pré-conhecimento. Isso faz sentido?
  • Se vivemos hoje a sociedade da rede ou em rede temos que admitir que antes não vivíamos em sociedades de rede. Eram sociedades pré-rede. Isso faz sentido?

Os dois conceitos nos levam naturalmente a essa visão exclusivista de que agora sim é a do conhecimento ou a da rede. Os termos, a meu ver, nos levam a um equívoco histórico com consequências preocupantes, pois todo diagnóstico, chama um prognóstico e este a um receituário de intervenções na sociedade.

Quem acha que diagnosticar não nos leva a lugar nenhum deve fazer arte e não ciência!

Vou dizer mais os conceitos de sociedade do conhecimento ou de rede me parecem quase religiosos, baseado em crenças, um tanto metafísicos e não resistem a uma problematização científica filosófica.

Valem e se disseminam, pois são percepções melhores do que aquelas que ignoram as atuais mudanças, mas não ajudam muito a ir muito adiante.

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Quando se afirma que vivemos a sociedade do conhecimento ou em rede, sim denota-se mudanças e isso faz parte do que podemos chamar de Zeitgeist, o espírito do tempo, em que se capta algo que muda, mas não podemos ficar apenas no achismo.

O achismo é o primeiro degrau da ciência e não o último!

Há mudanças VISÍVEIS em curso e alguns observam e querem interpretá-la e mitos querem ignorá-las.

De qualquer forma, todos acabam dando um sentido, procuram uma explicação razoável para o que está acontecendo, o quanto isso irá afetá-los, o quanto isso é uma ameaça, o quanto devo temê-la e o que devo fazer para dominá-la.

Porém, há visões diferentes sobre o diagnóstico da mudança o que nos levará, conforme cada caso, a diferentes prognósticos e, por fim, a prescrições do que deve ser feito.

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A base do questionamento é quem muda a história afinal?

E isso tem impactos na visão que temos do ser humano.

Somos uma tecno-espécie ou uma econimicus-espécie?

Note que Castells, por exemplo, defende a sociedade em rede, mas acredita que é um movimento das forças econômicas. Ou seja, é sociedade em rede por causa da economia. Tem a percepção da mudança, mas não deixa de acreditar na força da economia como o principal motor da história, onde surge o termo informacionalismo.

Já Lévy, filosoficamente, defende que são as tecnologias cognitivas o epicentro da mudança,, o que é um salto na maneira que pensamos o ser humano.

Lévy propõem uma mudança em como vemos o ser humano, Castells, não.

Castells, assim, é conservador filosoficamente, apesar de estar antenado com as mudanças, mas não vai tão fundo filosoficamente como sugere Lévy, embalado pela Escola de Toronto, que já vem dizendo isso há mais de meio século, baseado em mudanças em tecnologias cognitivas (mesmo que não chamassem assim) no passado.

(Falei mais sobre a visão de Castells x Lévy, aqui.)

Ou seja, temos no epicentro do diagnóstico do novo século uma discussão filosófica.

As atuais mudanças questionam a maneira que respondemos uma das perguntas centrais da filosofia:

Quem somos?

  • Quem acha que sim, adere a ideia de que somos uma tecno-espécie e estamos migrando da influência das tecnologias cognitivas impressas-eletrônicas para as digitais.
  • Quem mantém a ideia de que somos uma espécie econômica centrada tenderá a analisar todos estes fenômenos ignorando a chegada do digital como a grande força da mudança. 

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Parece-me promissor aliar o estudo das tecnologias cognitivas com a complexidade demográfica para que possamos ter tanto a história como um campo de estudo, como uma causa mais tangível para a necessidade/adesão à grandes mudanças.

Por fim, diria que é possível usar os conceitos de sociedade do conhecimento em rede ou do conhecimento, desde que a revisão filosófica seja feita, incluindo o digital como o grande fator de inflexão.

Ou seja:

  • – sociedade em rede digital para se contrapor à sociedade em rede impresso-eletrônica;
  • – sociedade do conhecimento digital para se contrapor a  à sociedade do conhecimento impresso-eletrônica.

O que acredito que é que há, pela ordem, as seguintes revisões a serem feitas:

  • Quem somos? Uma tecno-espécie.
  • O que está mudando? A chegada de um novo ambiente digital, que modifica a nossa governança;
  • Por quê? Somos agora 7 bilhões de pessoas.

Assim, prefiro chamar de Sociedade dos 7 bilhões de habitantes com um ambiente tecnológico-cognitivo Digital ou Sociedade da Governança Digital, que se contrapõe a Sociedade da Governança impresso-eletrônica. O que nos dá espaço para um debate mais profícuo, não como um fim de conversa, mas justamente para um início mais promissor e menos achista.

Que dizes?

Versão 1.0 – 21/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

 

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Podemos dizer que é podemos tentar procurar taxas de consciência e de presença nas pessoas do mundo.

Consciência é a capacidade da pessoa se rever. A da presença é, a partir da revisão, sendo causadora de sofrimento, mudar.

  • Uma baixa taxa de consciência é não se rever, o que nos leva a propor que é uma consciência mais fechada, que implica em uma presença menor no mundo, pois haverá pouco desenvolvimento da singularidade;
  • Uma alta taxa de consciência é se rever permanentemente, o que nos leva a propor uma consciência mais aberta, o que implica uma presença maior no mundo, pois haverá mais desenvolvimento da singularidade.

Entende-se aqui singularidade como a capacidade de estar consciente e presente no mundo de uma forma que só uma pessoa, com todo seu passado cultural e carga genética é capaz de praticar.

Há uma relação entre as taxas de consciência e de presença no mundo é movimentos de controle e descontrole da informação, como chamei de pêndulo cognitivo.

Quando temos um maior controle as taxas de consciência tendem a baixar e vice-versa.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 17/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

 

Conceitos são a células onde estão embutidos os códigos genéticos da teorias e das filosofias.

Tivemos uma boa discussão no laboratório de inovação colaborativa digital da IplanRio esta semana.

O debate girou em torno de dois conceitos.

Linguagem na Internet e mundo virtual.

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Muitos dirão que discutir conceitos é perda de tempo, pois não tem nenhum resultado prático.

Sim e não. E aí teríamos a criação de um conceito sobre a discussão dos conceitos. 🙂

  • Debate relevante sobre conceitos – que é aquele no qual o conceito interfere e/ou impede que problemas que causam sofrimento sejam melhor trabalhados;
  • Debate irrelevante sobre conceitos – que é aquela na qual o conceito NÃO interfere e/ou impede que problemas que causam sofrimento sejam melhor trabalhados.

(Obviamente, que o que você considera que causa mais ou menos sofrimento é o seu ponto de vista de como está vendo o cenário e, para isso, foi criado argumentos lógicos e comprovações no campo.)

No termo virtual, que discuti aqui, não me incomoda o uso, por exemplo, que Silvio Meira deu ao conceito virtual. Ele usou “suporte virtual” e todo o discurso que teve em torno do tema era de que a Internet veio para mudar e ajudar o mundo a ir adiante. O uso virtual era um sinônimo ao digital, indolor. Numa mesa de bar poderia discutir com ele que digital, a meu ver, era mais preciso, mas nada grave.

Não incomodou aos MEUS ouvidos, a partir das problematizações que já fiz sobre o conceito Virtual, que tem história e inclusive livros (vide Pierre Lévy).

O que analisamos da realidade é algo parecido, os conceitos são quase sinônimos.

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Discutir com Silvio Meira seria algo de egos, um debate irrelevante sobre conceitos, pois a estrada em que se caminha está indo na mesma direção, com, digamos, gostos diferentes.

Não é um conceito que me incomoda, pois não tenho nada a colaborar em uma possível problematização.

No uso do termo virtual, entretanto, usado por Marilena Chauí é diferente. Ela usa o virtual, como algo irreal, como algo que vem de forma anti-natural prejudicar o ser humano. É uma abordagem nostálgica, do tipo, bons tempos aqueles antes da Internet. A problematização do virtual com ela é um debate relevante, pois o conceito virtual tem uma conotação negativa, de algo que não conhecemos e devemos ter medo.

Na discussão da linguagem da Internet tivemos algo interessante também.

Minha defesa é diferente, pois com Chauí eu rejeito o uso do virtual.

Acho que é inadequado para falar de efeitos de tecnologias cognitivas.

Já no da linguagem e das técnicas de comunicação sugiro uma atualização e chamo a atenção para a ênfase de importância que atribuímos a ele antes e o cuidado que devemos ter agora.

Procurei demonstrar que os dois conceitos se referiam a algo que foi marcado por um ambiente midiático mais fixo e pré-determinado e que precisam ser revistos no novo ambiente digital, pois não se pode mais saber como o receptor recebe a mensagem, além de todo o potencial que ele tem agora de lidar com ela de formas distintas, parando, baixando, pulando, etc. Há uma mudança significativa entre o velho conceito de emissor-receptor que moldou o conceito linguagem de comunicação e técnicas de comunicação.

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Ao defender a atualização destes dois conceitos e a relativização hoje do peso excessivo (que teve no passado) das técnicas e da linguagem, quero libertar os novos donos de canais de algumas amarras recorrentes hoje na Internet, do tipo:

  • um vídeo se faz assim, com tanto tempo, pois é isso que o povo gosta;
  • ou um blog deve ter textos curtos, assim, assado, com frases assim ou assado.

Além disso, quero chamar a atenção para um autoritarismo que existe do atual receptor de querer impor ao emissor, dono independente do seu canal, uma norma como se fosse feito para ele. É um pouco, mas é muito mais para quem é dono do canal, que deve aceitar com cuidado sugestões, que podem ser danosas para a sua singularidade.

Claro que há algumas cascas de banana para que uma mensagem seja melhor vista por mais gente, mas o que ser quer ao questionar e procurar problematizar os conceitos de técnicas de comunicação e linguagem é justamente tirar o peso que tiveram no passado para que as pessoas possam se sentir mais livres para procurar o seu próprio caminho.

Muitas vezes ao problematizar um conceito é necessário radicalizar a crítica para tirar aquele conceito de uma zona de conforto de uso para que as pessoas lembrem, de algo do tipo: “eu já discuti sobre isso”, “tem gente que não gosta deste termo por causa disso e daquilo” o que acaba por criar uma ponta de reflexão, impactando na prática, pois se traz à luz o DNA filosófico-teórico do que está por trás.

Vai se usar o conceito, mas com cuidado de ver se a prática continua, tirando uma dada conotação do uso.

Discutir conceitos que provocam práticas pouco eficazes, que causa sofrimento, é, a meu ver,  um dos papéis dos teóricos e dos filósofos, no fazer da ciência.

Por aí,

que dizes?

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Geralmente, associamos a inovação radical às mudanças necessárias em produtos e serviços.

Nunca, talvez nunca tenhamos imaginado pensar em inovação radical na governança ou na gestão.

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Isso tem se colocado como algo presente depois da Revolução Cognitiva.

O esforço intelectual que tenho feito nos últimos 20 anos tem sido compreender as novas forças e as suas relações pós-mundo digital e o esforço de adaptação das organizações a elas.

Depois de sete anos tentando em vão criar projetos de conhecimento em rede (conceito inicial que trabalhei) e mais recentemente a colaboração ou participação digital percebi que algo precisava ser repensado.

Uma defesa oral desse conceito, pode ser visto neste vídeo:

Há dois problemas sérios para os gestores quando se fala em Revolução Cognitiva.

Diria, pela experiência:

  • – Que alguns gostam de ouvir falar sobre ela;
  • – Que ninguém acha que é hora de fazer algo em relação a ela.

A ideia de projetos de inovação radical na gestão e governança é algo praticamente impossível de ser admitido, mesmo que o gestor se convença de que é preciso, pois a inércia organizacional e todas as suas prioridades acaba sendo maior do que algo que é ainda incerto e distante.

Porém, pode-se trabalhar com um pacote misto, que é mais tangível e viável.

  • Hoje, qualquer organização já fala em projetos de inovação;
  • Muitas gostaria de projetos de inovação radical;
  • E hoje não faz sentido pensar em projetos de inovação radical sem pensar em colaboração.

Podemos imaginar, assim, que dentro da ideia corrente de isolar a inovação radical dos muros da empresa, como vimos aqui, podemos pensar que se esse novo ambiente puder ser feito com outra cultura e essa cultura passar a ser a dominante no futuro das organizações, qual o problema, se já estamos nela?

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Por isso, defendo que projetos de inovação radical devem ser projetos de inovação radical participativa/colaborativa, pois um não existe sem o outro.

Mesmo que haja dúvidas se aquele laboratório vai criar a nova organização fazendo a migração, nada deve impedir que seja tentado, pois os resultados com a inovação radical com colaboração intensa têm dado mais resultado do que a inovação radical fechada.

Se tiver este bônus, ótimo, se não der, vale pelos novos produtos e serviços que serão lançados.

Por aí,

que dizes?

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Como vimos aqui, a inovação radical é aquela para criar produtos/serviços completamente diferentes ou para lidar com crises atuais e futuras desconhecidas.

As organizações não costuma promover a inovação radical dentro de seus muros.

A Harvard Business Review de outubro de 2013 dá uma pista nessa direção.

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Nos dois artigos que publicou, a filosofia, notem bem, é criar espaços fora da organização, com dois modelos.

Um laboratório independente ou com o incentivo de startups, através de investimento financeiro.

Veja os dois modelos.

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Note que estamos falando aqui de inovação radical de produtos e serviços.

No caso dos laboratórios de inovação colaborativos estamos falando de inovação radical da governança e gestão, que vai, a partir dessa, criar soluções para antigos problemas.

Isso se dá pelo casamento dos conceitos de inovação radical e revolução cognitiva.

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Do Wikipédia:

  • Inovação – significa novidade ou renovação. A palavra é derivada do termo latino innovatio, e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. 
  • Inovação radical (ou disruptiva)Este tipo de Inovação caracteriza-se pela incessante busca, por parte da organização que a leva a cabo, de rutura e quebra de paradigmas. 
  • Radical – (Wikidicionário) relativo à essência de algo.

A inovação radical se contrapõe a inovação incremental.

Inovação Incremental ou Inovação por Processo de Melhoria Contínua.

  • A inovação radical, assim, é algo que será feito a partir de novos paradigmas e por rupturas.
  • A incremental trabalhará com algo que já existe, mas precisa ser aperfeiçoado.

Podemos dizer que a inovação radical, assim, quebra processos existentes criando novos e a incremental mantém os processos existentes, aperfeiçoando.

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Como veremos, a inovação radical é eficaz em alguns casos e a incremental em outros.

Ligamos normalmente a inovação como algo opcional, pois nossa cabeça se habituou a um mundo estável, nos quais a inovação era exceção e não a regra.

Vários fatores colaboraram para a instabilidade do mundo, desde a globalização, a velocidade tecnológica, o surgimento de mais e mais competidores e, por fim, como uma cereja do bolo a Internet, que altera objetiva e subjetivamente o cidadão consumidor.

Temos também a tendência de acreditar que a inovação é sempre algo planejado, porém quando temos crises, a saída da mesma exige mudanças que podem ser radicais ou incrementais, conforme o tamanho da crise.

O uso de cada uma (incremental ou radical) vai depender do diagnóstico da crise que está se lidando ou com a projeção sobre o futuro, que pode vir a gerar crises.

  • Se for uma crise conhecida ou a necessidade de uma melhoria de  baixa novidade, recomenda-se a inovação incremental.
  • No caso de ser uma crise desconhecida ou necessidade de uma melhoria de alta novidade, recomenda-se a inovação radical.

Por aí, que dizes?

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Vou criar meus critérios, a seguir:

  • Ensino – transmissão de conhecimento.

  • Aprendizado – mutação de conhecimento.

Note bem que são necessidades distintas, pois quando criamos o processo de contração cognitiva, queremos consolidar as ideias da Revolução Francesa, desde 1800.

Viemos, de lá para cá, consolidando esta nova sociedade e mais e mais fechando um ciclo.

Tal contração nos levou a um mundo cada vez mais fechado na tomada de decisões e construção das verdades, que ficaram cada vez mais com baixa qualidade.

Agora, começamos o novo ciclo de expansão, no qual vamos tentar criar uma nova Governança da Espécie e o movimento é diferente, é hora de recriar um novo ciclo para resolver os problemas da nova complexidade demográfica, que a governança atual não permite.

  • Na contração cognitiva, teremos, assim, ensino.
  • Na expansão, cognitiva, teremos o retorno do aprendizado.

Quando falamos aprendizado estamos necessariamente precisando de interação e de participação.

É a sujeitação do indivíduo versus a objetivação do ensino.

E o processo parte de pontos de partidas diferentes.

No ensino, quem escolhe o problema é o grande outro, que tem lá seus problemas e precisa que alguém se capacite a operar alguns botões quando precisar de ajuda. O ensino prepara o aluno para ser um objeto do projeto alheio.

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No aprendizado, quem escolhe o problema é o próprio aprendiz, que tem lá seus problemas e precisa ser capacitado para solucioná-los. O aprendizado prepara o aluno para ser um sujeito dos seus próprios projetos.

Todo o sistema educacional, entretanto, no fundo, se baseia em problemas.

No ensino o problema não aparece, gramaticalmente brincando é um problema oculto, do outro, enrustido, quando no aprendizado o problema passa a ser explícito.

Por isso, no aprendizado, como estamos começando agora, não importa muito a quantidade de dados, assuntos que o cidadão tenha, mas a qualidade do problema, a abertura que tem para aprender na tentativa e erro e na capacidade de interagir com aqueles que querem uma melhor solução.

Não se trabalha com a lógica da certificação, em que se está pronto, depois de alguns anos para só então começar a ajudar a resolver o problema do outro.

O problema explícito é a base do aprendizado que é feito não pela quantidade do conteúdo ou do assunto que se estudou, mas por uma capacitação gradual em interagir e mais e mais melhorar na capacidade de resolver o problema escolhido.

Por fim, quanto mais sofrimento minimizar, mais o aprendizado será relevante para a sociedade.

Por aí,

que dizes?

Versão 1.0 – 16/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

A partir da discussão que fiz sobre linguagem, me ocorreu uma inversão dos papéis do individuo com a sociedade pós-revolução cognitiva, na qual o pêndulo cognitivo migra para expansão..

Vejam o desenho abaixo:

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Note que começamos agora um movimento inverso da massificação, de transformação do sujeito em objeto, que é típico do movimento de contração cognitiva.

Agora, se incentiva o contrário, que o humano hiper-objetivado volte a virar sujeito para ajudar a resolver as crises que foram criadas.

A estrutura de poder da sociedade precisava de um sujeito objeto para que pudesse vender seu conceito da verdade e garantir uma tomada de decisão de baixa participação.

Houve uma queda brusca da diversidade humana na tomada de decisões, o que acarreta baixa qualidade de vida, pois menos gente está, a partir de seus interesses, decidindo por muitos.

Veremos agora a reversão desse projeto.

No qual a diversidade e a singularidade passa a valer ouro, pois será capaz de ajudar a trazer nova luz para os velhos problemas.

É isso, que dizes?

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Ouvi esse vídeo no meu celular (uso o You2load para isso e recomendo).

A palestra não cai nas armadilhas da cobertura tradicional, pois vê na manifestação algo conceitual, que é o questionamento que chamamos aqui de monocentrismo.

Falta a Magnoli, a meu ver,  leitura da Escola de Toronto, na qual vamos entender os efeitos das tecnologias cognitivas no cérebro, modificando a história de forma radical.

Gostei muito do termo que ele criou para o Brasil de “Supercorporativismo”, que é a base para o monocentrismo na política, sendo as manifestações um movimento expresso por algo novo.

A meu ver não foi uma luta apenas contra o conteúdo da política no Brasil, principalmente, mas radicalmente na forma, típico de uma revolta pós-Revolução Cognitiva, igual a que vimos pós-papel impresso, como a Reforma Protestante, só que nesta com um líder e uma pauta definida.

Recomendo.

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Estive debatendo com a turma do Laboratório de Inovação Colaborativa da IPlanRio um tema interessante que é qual é a melhor linguagem a ser usada na Internet nos seus diferentes canais.

E eu diria que quanto menos técnica vinda de fora para dentro melhor. Devemos procurar a linguagem da diversidade, a procura da singularidade de cada um, na qual as melhores técnicas vem de dentro para fora e não de fora para dentro. O outro se adapta a você e não você ao outro.

E vou explicar.

Todo o aparato de técnicas de comunicação que desenvolvemos até aqui tinha como referência dois pontos fixos.

  • Eu tenho um canal transmissor e um aparelho fixo.
  • Havia um controle sobre a saída e a entrada;
  • Pouca possibilidade do receptor em interferir na recepção (parar, voltar, ir, quebrar).

A TV Globo sabia, até bem pouco tempo, que o outro lado vai assisti-la em um aparelho de televisão.

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Com o longo período que durou a contração cognitiva (de 1800 para cá), houve uma certa pasteurização do público, que passou a ser dividido não mais por seus gostos específicos, necessidades, singularidades, mas apenas por faixa etária e classe social, sexo.

Era impossível ir mais além.

Vimos aqui que essa concentração de canais provocou problemas objetivos e subjetivos na humanidade, principalmente a perda de singularidade dos indivíduos, que passaram a ter uma alta taxa de de massificação. A crise atual é a crise da baixa diversidade na construção da verdade e na tomada de decisões, como falei aqui.

A chegada da Internet marca a macro-canalização humana, como ocorreu com a chegada do papel impresso, em 1450.

Muitos canais se abrem, ao mesmo tempo, em vários lugares, que é o que chamamos de Revolução Cognitiva, que permite uma oxigenação da sociedade com novas verdades e empoderamento do cidadão/consumidor, que exige mais participação nas tomadas de decisão.

Diferente do papel impresso, porém, a Revolução Digital traz uma novidade que é a diversidade de canais emissores e receptores, o que se agudizou bastante com a chegada dos celulares.

Um vídeo no Youtube pode ser visto pelo espectador:

  • pelo computador, com ele sentado, ouvindo e/ou vendo;
  • por um tablet, com ele deitado, ouvindo e/ou vendo;
  • em um celular, com ele andando na rua ou em pé dentro do ônibus, ouvindo e/ou vendo.

Hoje há leitores de voz para textos, que permitem que um blog seja escutado em um celular dentro de um ônibus lotado por um ouvinte em pé com um headphone.

Anne Hathaway with headphones!!!

Como discutir linguagem e técnicas de comunicação neste caso?

Além disso, há um controle muito maior do receptor que havia antes.

Eu posso parar o que estou recebendo, deixar para depois, pular.

Ou seja, o receptor é muito menos passivo do que era.

Ou seja, todo o conceito de técnica de comunicação adotada pela mídia de massa tem problemas nesse ambiente de multi-canais, multi-recepções e multi-interesses com um receptor cada vez mais empoderado e diverso.

Além disso, o público está se “despasteurizando” e não podemos mais falar em público-alvo, pois as pessoas hoje não querem mais ser alvos de nada, pois também são setas com poder de decisão e de controle sobre o que consomem.

  • Há pessoas que querem saber algo rápido sobre um determinado tema;
  • Outras querem aprofundamento.

E isso nos leva a um desafio e uma questão mais funda e filosófica sobre linguagens, técnicas de comunicação e produção de conteúdo nos novos canais dos cidadãos/consumidores.

Se tudo é fluído que linguagem devo usar?

Eu acredito que é justamente fugir da técnica vindo de fora para dentro e apostar na diversidade e na singularidade, criando uma técnica adaptada a esta e não ao contrário.

Detalho.

A expansão cognitiva hoje tem como base a necessidade de diversidade no mundo.

O que se pede hoje é que novas vozes surjam para nos trazer oxigenação de um mundo preto e branco. O que se quer é mais cores, mais tons de cinza e para isso precisamos tomar cuidado para não cair na armadilha da técnica monocentrada, que quer atingir a um determinado alvo.

Nossa crise tecno-ecológica é justamente que temos 1% tomando decisões e produzindo verdades pelos outros 99%. De nada vai adiantar criar canais que vão procurar chegar a um público-alvo que não existe mais!

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Normalmente, tendemos a querer ser e falar para aqueles 1% e ser aceitos por eles, como falei aqui do grande outro.

O que temos, ao contrário, é estabelecer novas interações com os 99% que estão por aí.

E só há um caminho.

Procurar a sua singularidade e só esta busca te guiar para chegar a a melhor forma para que seja passada.

É a personal-técnica de cada um, que pode receber sugestões e ajustes, desde que não corra o risco de brecar a singularidade.

  • Se alguém acha que um vídeo de 30 minutos atende bem o que queria passar.
  • O melhor vídeo para aquela pessoa naquele momento é um vídeo de 30 minutos.

Quem quiser ouvir a singularidade daquela pessoa, no novo ambiente, vai se adaptar aquela singularidade e não o contrário, pois é algo único e não massificado.

É aceitar que a cada canal estamos entrando em um lugar sagrado da singularidade do outro, que não está lá para te atender, mas para atender ao desejo do outro em ser singular!

Ou seja, hoje é mais fácil o ouvinte se adaptar e filtrar do jeito que quiser a singularidade do outro, com tantos recursos, parar, continuar, ver depois, NÃO ACESSAR, ouvir no celular, em pé, sentado, deitado do que pedir para o outro abrir mão da singularidade dele, pois você não quer se adaptar ao jeito que ele está publicando.

Quanto mais diferente for o mundo e você se adaptar também a ele, é melhor para todos.

Vamos parar de querer que as pessoas atendam nossas personal-umbigo estéticas!!!!!

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Obviamente, que há ruídos que podem ser evitados, tais como evitar som baixo, ter boa qualidade de vídeo, quando for o caso, repetição indevida, mas nada, nada, absolutamente nada que vá atrapalhar aquilo que é o mais precioso que é a sua singularidade, que todos estamos tão carentes.

O que estou dizendo é que na Internet dos multi-canais e multi-públicos você deve se render a singularidade do canal do outro e não ele a você.

VOCÊ NÃO É O PUBLICO-ALVO DE NINGUÉM, ASSIM COMO O DONO DO CANAL NÃO FEZ O VÍDEO PARA VOCÊ. ELE FEZ PARA RESPEITAR A SINGULARIDADE DELE E VOCÊ TEM QUE INCENTIVAR E RESPEITAR ISSO.

O conteúdo do outro não é obrigatório (são milhares/milhões de opções) e se deve deixar que ele vá procurando a sua singularidade, pois o objetivo não é atingir você, mas que ele consiga mais e mais ser singular.

Repito, isso não é um dogmatismo, mas é o que vai ser relevante agora: menos técnicas empacotadas de fora para dentro e mais, muito mais, algo que seja cada vez mais compatível entre forma e conteúdo sempre a partir da singularidade do dono do canal e não de quem o acessa.

Ou seja, a lógica é a seguinte.

  • Se você for singular isso vai ser raro.
  •  E essa raridade vai atrair a quem possa ajudar.
  • E será tão singular que pouco importa a técnica, pois a pessoa estará disposta a se adaptar a você, pois sabe que é ali ou em mais nenhum outro lugar. 

É isso que vai fazer a diferença no médio e longo prazo de quem realmente for fundo na sua diversidade, que é o que todos nós, nessa expansão cognitiva, precisamos MUITO.

Por aí,

que dizes?

Falei mais disso neste vídeo:

Versão 1.0 – 16/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

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Hoje, vivemos no Brasil um momento novo.

Temos três movimentos distintos:

  • – o início massivo de luta por uma democracia digital, expressa nos movimentos de junho de 2013 ;
  • – a tentativa de criação da Rede sustentabilidade (o primeiro partido a unir ecologia e nova política, onde se discute intensamente a democracia digital);
  • – Marina Silva uma candidata competitiva para presidente com um clareza grande sobre o atual momento histórico, incluindo a complexidade dos desafios tecno-políticos.

Vamos situar um pouco o contexto de atuação que ajudam as três frentes que são independentes entre si.

O primeiro aspecto que temos que entender para ter clareza do cenário é que o ser humano não vive, como os outros seres vivos, em ecologias, mas tecno-ecologia. E a tecno-ecologia humana passa por uma sociedade que possa tomar decisões e produzir verdades de melhor qualidade.

Hoje, vivemos um desequilíbrio tecno-ecológico, pois temos muito pouca gente produzindo verdades e tomando decisões, a partir de critérios de baixa qualidade, justamente pela pouca diversidade.

Isso é resultado da fase final de contração cognitiva, que criou a democracia do conteúdo, mas não dos canais.

O capitalismo é o que é e tomou o rumo que tomou pelo controle das verdades. Pode mudar completamente de rumo se mudarmos como produzimos verdades e tomamos decisões. É o que defendem os teóricos do capitalismo social, por exemplo.

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Como dizem os americanos que foram para as ruas, em 2011, existe 1% decidindo e 99% sem voz. Obviamente, que o poder quase absoluto, fruto de uma continuada ditadura cognitiva, nos leva para um mundo cheio de crises, pois todo poder absoluto leva a ganância. Isso ocorreu ao longo da Idade Média com a Igreja/monarquia e está ocorrendo o mesmo com as atuais organizações no que podemos chamar, como sugere o Luli, final da Idade Mídia.

A nova política, ou como prefiro a democracia digital, vem, através da tecnologia, restabelecer um equilíbrio tecno-ecológico na sociedade humana para produção de verdades e tomadas de decisão de mais qualidade, que será fator fundamental para a ecologia geral, na qual vivem outros seres vivos.

A ganância é característica do ser humano individual, mas se torna um problema coletivo, quando não temos forças para que mais gente possa participar das decisões relevantes, que acabam sendo tomadas sempre no auto-interesse dos 1%.

Este é o quadro em que as limitações da atual tecno-ecologia nos legou.

Simples assim.

Sem questão moral, ou ódio, apenas que o tempo das decisões com pouca gente está chegando ao fim. Estamos aprendendo, com a Internet, que o ser humano é muito mais tecnológico do que sonhava nossa vã filosofia.

Não podemos , enfim, pensar nesse reequilíbrio tecno-ecológico sem poderosas plataformas digitais participativas, nas quais os 99% poderão ter mais voz reduzindo a força atual dos 1%, em um reequilíbrio similar ao que tivemos nas Revoluções liberais de 1800, quando os reis e papas perderam seu monstruoso poder, por causa da chegada do papel impresso 350 anos antes.

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Assim, não podemos ver o movimento ecológico (aí incluindo os outros seres vivos) se não conseguirmos restabelecer um equilíbrio tecno-ecológico, pois são os humanos os que, infelizmente, mandam nos rumos ecológicos do planeta.

A luta  ecológica, assim, não faz o menor sentido sem uma luta tecno-política para um reequilíbrio tecno-ecológico, que poderá garantir verdades e decisões mais diversificadas do que temos hoje.

É para lá que o movimento de democracia digital, a Rede e a candidatura da Marina (de vice, ou não) deve apontar.

Faz sentido?

Que dizes?

Versão 1.0 – 16/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Tecno-ecologia

Somos uma tecno-espécie, vivemos em uma tecno-sociedade, em uma tecno-política, dentro de uma tecno-economia. Se analisarmos tudo isso sem o tecno na frente não conseguimos ver com clareza a sociedade, pois quando muda-se o tecno, mudamos todo o resto, principalmente quando se trata do tecno principal: as tecnologias que são a ferramenta do nosso cérebro, as cognitivas. 

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Do Wikipédia:

A Ecologia é a ciência que estuda as interações entre os organismos e seu ambiente, ou seja, é o estudo científico da distribuição e abundância dos seres vivos e das interações que determinam a sua distribuição. As interações podem ser entre seres vivos e/ou com o meio ambiente. A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos”, que significa casa, e “logos”, estudo. Logo, por extensão seria o estudo da casa, ou, de forma mais genérica, do lugar onde se vive.

Quando pensamos em ecologia nos vemos no mato. Nunca pelados, é claro, mas cercados de bichos, árvores, se possível, dentro de uma casa confortável, com algum acesso à Internet de vez em quando e uma bebida quente ou fria, dependendo do clima.

Se existe algo que vamos rever nesse século é o conceito de ser humano e como ele se insere na natureza.

Tem um programa que passa no Discovery e na TV aberta que se chama “A prova de tudo”.

É um americano jogado no meio do nado para sobreviver.

Ele nunca é jogado pelado, vai de roupa, com uma bota especial e uma mochila pequena.

Sim, é uma proeza, mas para provar que somos naturais deveria ir pelado, já que a roupa é uma tecnologia.

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A prova de tudo???

Não precisamos de muito tempo para perceber que não vivemos na ecologia como outros animais, mas em uma tecno-ecologia, isso aparece bastante no livro do Pierre Lévy, Cibercultura.

Há uma revisão filosófica, como disse aqui, na maneira que pensamos o humano, na resposta básica que os filósofos fazem: “Quem somos nós?”.

Somos uma tecno-espécie, vivemos em uma tecno-sociedade, em uma tecno-política, dentro de uma tecno-economia. Se analisarmos tudo isso sem o tecno na frente não conseguimos ver com clareza a sociedade, pois quando muda-se o tecno, mudamos todo o resto, principalmente quando se trata do tecno principal: as tecnologias que são a ferramenta do nosso cérebro, as cognitivas.

Desse ponto de vista, temos que inverter radicalmente nosso pensamento, pois quando pensamos em tecnologia, vemos algo anti-natural. E quando vemos uma pessoa com pouca tecnologia, vemos algo natural.

Muitos olham para o novo século e acreditam que estamos nos desnaturalizando por causa das tecnologias, quando justamente é o contrário.

Quanto mais gente houver no planeta, mais tecno-ecológicos seremos!

Deve haver um equilíbrio entre oferta-demanda da sociedade em todos os aspectos, um uso adequado das tecnologias para que possamos ter vidas de melhor qualidade.

Ou seja, dependendo do contexto, o equilíbrio tecno-ecológico é adequado em alguns outros não é.

  • Ou seja, há momentos que temos tecnologias demais sem necessidade.
  • E há momentos que temos tecnologias de menos.

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Dou exemplos.

  • Em sala de aula, em que temos um modelo de aprendizagem participativa com muito diálogo qualquer tecnologia que atrapalhe o diálogo será demais, bem como o uso do celular quando estamos entre amigos conversando.
  • Porém, imaginar que vamos construir uma política sem plataformas digitais colaborativas é impossível, pois precisamos delas para nos ajudar a tomar decisões com mais participação.

Em ambos os casos, procura-se o equilíbrio tecno-ecológico.

Mas note bem que o humano precisa ter recursos e capacitação para usar ou não usar em casa situação a melhor tecnologia.

Não ter condições de usar ou não querer usar por dogmatismo é algo anti-tecno-ecológico.

Sugiro aprofundar com a discussão e a relação da tecno-ecologia com a tecno-política.

Que dizes?

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Existem três fatores que nos levam a macro-desequilíbrios cognitivos:

  • – aumento da população;
  • – tempo de uso de um determinado ambiente cognitivo;
  • – obsolescência das tecnologias frente às novas demandas.

Podemos dizer, por exemplo, que um ambiente cognitivo impresso-eletrônico poderia ser compatível com uma espécie que não crescesse, mas é algo contraditório.

Um ambiente mais sofisticado nos leva ao crescimento, que nos leva a uma crise demográfica, que tem na sua base uma crise cognitiva.

Precisaremos sempre ter uma relação mais equilibrada entre as demandas da complexidade demográfica com as tecnologias cognitivas.

Quando isso não acontece, entramos em crise.

Versão 1.0 – 15/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

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Diria que o novo paradigma da filosofia cognitiva come tudo que é discussão sobre conhecimento.

Peguemos Kant sobre o seu texto clássico “O que é o iluminismo/esclarecimento?”.

O ser humano teria a menoridade e a maioridade, com o uso, ou não da razão.

Mas como pensar o conhecimento, já com alguns séculos depois sem falar das tecnologias do conhecimento que influenciam como pensamos a troca de ideias.

Hoje, podemos repensar estas questões, pois teremos mais menoridade, conforme tivermos um desequilíbrio cognitivo.

Outras áreas da filosofia já não me incomodam tanto.

Versão 1.0 – 15/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

A não presença da Internet estava nos desumanizando!

Ouvi três palestras recentemente de pessoas que admiro, mas que as três defenderam que a Internet cria, com escalas diferente, algo virtual.

São eles: Marcelo Gleiser, Marilena Chauí e Sílvio Meira.

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Cabe a filosofia problematizar o que não está devidamente problematizado.

Lévy escreve um livro inteiro sobre isso defendendo que o que temos na Internet é apenas comunicação a distância e de que o virtual não existe.

O virtual é um espaço real como indica Pierre Levy e nossa própria experiência do cotidiano no uso destas ferramentas comprova isso. (como está no Wikipédia).

Muitos perguntarão: ok, qual problema?

Muitos, pois ao chamarmos a Internet de virtual estamos, na verdade, querendo desumanizar o que aqui/lá acontece, como se fosse algo novo, como se não houvesse ocorrido na história e, de certa forma, anti-natural para nossa espécie – irreal – nos afastando e criando um estranhamento, dificultando as análises.

E, a partir dessa visão,  vamos passar a estudar esse ambiente como algo que nunca pisamos, algo estranho e que nos trará problemas.

O que é algo pouco eficaz.

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A meu ver não existe nada mais natural do que ir para um ambiente que possibilita a comunicação a distância, nos tornando mais humanos, diante da atual complexidade demográfica.

  • Na palestra de Chauí o virtual é trazido como algo que trará problemas, com um tom nostálgico pessimista, como defendi aqui.
  • Na de Gleiser, procura-se um equilíbrio, mostrando pontos positivos e negativos;
  • No de Meira é apenas um sinônimo para digital. Ele chama de suporte virtual, o que é digital, o que acaba embolando com o que diz Chauí ou Gleiser. A correção é menor.

Porém, em todos os casos, acredito, que o conceito está pouco problematizado e nos leva e tem levado a problemas.

Como vimos aqui, a filosofia discutiu pouco a questão da tecnologia.

Há a cada tecnologia que chega uma necessidade de acostumar o cérebro e a cultura, pois ambos são modificados por ela.

  • Existe, assim, o mundo dos que nascem depois da tecnologia que para estes a tecnologia é algo natural, pois sempre esteve aqui desde que nasci.
  • E aqueles que são migrantes que viram a tecnologia chegar e a estranham como algo diferente da nossa “naturalidade”, daí vem a nostalgia e, em alguns casos, a expressão virtual – não real, quando se trata de tecnologias cognitivas, reações similares à chegada da prensa, do rádio e da televisão, por exemplo.

Além disso, há outro problema sério ao lidar com o tema tecnologia, pois chamamos de tecnologia no singular algo que é plural e diverso.

Não existe tecnologia que chega, mas diferentes tecnologias com provocações de  “deslimitações” diferentes para a espécie humana.

No meu novo livro detalho isso, pois não podemos colocar no mesmo saco o alimento transgênico (tecnologia alimentar), o avião que agora vai à lua (tecnologia de transporte aéreo)  e a Internet (tecnologia cognitiva).

As tecnologias cognitivas são tecnologias de representação das nossas verdades, que precisam para circular na sociedade de instrumentos que vão além da nossa voz (uma tecnologia biológica incorporada).

Ao fazermos o primeiro desenho humano em uma caverna estávamos criando um símbolo fora de nós.

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Aquele símbolo não é virtual, mas apenas uma representação daquilo que pensamos/sentimos, que pode, ou não, ser acessado por alguém, dependendo das tecnologias disponíveis.

A representação é real, pois é uma expressão de uma realidade que houve, que há. É algo que pode ser distante do tempo ou do lugar, mas é real, pois é uma expressão humana registrada. O fato de acessarmos depois não a tira de uma realidade.

Ao longo do tempo e como o aumento da complexidade demográfica, tivemos necessidade de sofisticar estas tecnologias cognitivas.

A escrita, portanto, é uma ferramenta que nos permite transmitir verdades a distância. Um livro impresso não é virtual, mas apenas um conjunto de códigos transmitidos fora do tempo e lugar.

Assim como o telefone, o rádio, a televisão.

Não há nada de virtual ali, apenas verdades circulando, conforme as características das tecnologias.

O que há quando chamamos a Internet de virtual é a expressão do nosso estranhamento de chamar de estranho algo que é novo.

Virtual, podemos dizer, que  é a comunicação a distância estranhada.

Muitos dirão que há pessoas que fingem ser o que não são na Internet, que entram em sala de chat com nomes diferentes do seu.

Mas isso é algo tão humano como quem escrevia cartas anônimas no passado, tal como Cyrano de Bergerac.

Ou não?

Muitos dirão, como até Gleiser sugere, que criarmos uma holografia para darmos palestras a distância seria a criação de uma virtualidade, tanto quanto, acho eu, é darmos um telefonema pelo Skype, só que uma tecnologia diferente, mais sofisticada.

O que há é uma comunicação mais sofisticada a distância, pois nada tem de diferente de um telefonema.

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Talvez, possamos dizer que virtual seria tudo aquilo que não existe, que é criado, mas toda a literatura está baseado naquilo que imaginamos, inventado.

Os filmes hoje, cada vez mais sofisticado em criar cenários, são todos uma extensão da literatura e do avanço do cinema.

Simuladores também não são virtuais, pois são como vídeo-games que simulam realidades por mais emoções reais que criem. São rodas gigantes digitalizadas.

Será que inventamos os jogos só agora ou os parques de diversão?

Nossa dificuldade em encarar a Internet como algo real é, talvez, assumir nossa tecno-espécie como ela é.

  • Quanto mais membros da espécie, mais tecnológicos seremos;
  • Há, assim, relação de humanidade, demografia e tecnologias disponíveis;
  • Quanto mais formos no planeta, só poderemos ser humanos com tecnologias adequadas;
  • Arrisco a dizer que o mundo sem Internet era um mundo desumano, pois crescemos em tamanho sem as tecnologias necessárias para nos expressarmos.

Estamos fazendo agora a reparação do que estamos chamando de virtual.

Não há nada mais real para 7 bilhões de habitantes, desse ponto de vista, que a Internet, a não ser para os nostálgicos que querem congelar o passado.

Deixemos o virtual, portanto, fora da tecnologia.

Algo como – você queria um beijo, mas ele não veio e você escreveu um poema. O beijo que você não deu, mas pensou este é virtual, enquanto esteve dentro de você, sem expressão, pois só aconteceu na sua imaginação, quando fez o poema ele virou real.

O virtual, ao contrário, do que dizem é tudo aquilo que não sai da nossa imaginação dentro de nós, em silêncio, saiu, se realizou, mesmo que em representação – é real!

Que dizes?

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Tecno-ética

Importando a discussão de ética bem sintética do Mario Cortella, do vídeo abaixo, vou aplicá-la à tecnologia.

 

Podemos dizer que temos três estágios ao se desenvolver uma tecnologia:

  • Quero – uma tecnologia que resolva uma dada limitação, clonar, por exemplo;
  • Posso – consigo desenvolver essa tecnologia e começar a clonar outros seres humanos;
  • Devo – agora que posso clonar, devo fazer isso? O que isso vai ter de impacto para a espécie, é ético?

Uma tecnologia que chega, portanto, vem para acabar com um determinado processo e criar um novo, pois vem para:

  • –  terminar com uma limitação;
  • – criar um novo ambiente pós-limitação;
  • – e criar uma nova limitação, a partir das impossibilidades da nova tecnologia – em um ciclo contínuo.

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O interessante é que toda a discussão tecno-ética passa por estes estágios e há nesse momento três grupos que se apresentam sempre:

  • os nostálgicos pessimistas – aqueles que não querem o novo e só conseguem ver as perdas;
  • os entusiastas otimistas – aqueles que não querem ver o antigo e só conseguem ver os ganhos;
  • os equilibradores dos outros dois – que procuram ponderar e problematizar mais fundo a questão.

Note que uma tecnologia que se massifica vem resolver um dado problema humano que era impossível resolver com as tecnologias anteriores.

O aumento da complexidade demográfica, por exemplo, é algo que nos leva mais e mais a procurar novas tecnologias para resolver novos e velhos problemas. Não olhar para essa mudança na espécie é não compreender a base da latência das novas tecnologias que chegam.

Assim, não se pode pensar em analisar a chegada de novas tecnologias sem observar o problema latente que ela vem resolver, criando uma relação de custo/benefício.

Não adianta querer parar o mundo e pedir para descer. Ou defender a volta para as primitivas aldeias que já se foram.

Hoje, temos que pensar em tecno-megalópolis de milhões de habitantes.

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Esta tensão pode ser visto bastante no uso do alimento transgênico, que cria a seguinte dicotomia:

Se colocar faz mal, mas se não colocar ninguém come.

O papel ético sobre a tecnologia é procurar, a meu ver, compreender os dois lados, pró/contra, sem perder de vista a relação de custo/benefício do problema que a tecnologia se propõem a “deslimitar”.

Procurando fugir do dogmatismo dos otimistas e dos pessimistas, sendo dialético e propositivo, ao tentar, ao mesmo tempo que avança o uso, ter ações que minimizem as perdas.

Clóvis de Barros Filho em um dos vídeos que vi na Internet, vou ver se acho, disse que quanto mais tecnologia tivermos mais a ética vai se tornar complexa e não o contrário como alguns tem propagado.

Fecho com ele.

Por aí,

Que dizes?

Versão 1.0 – 15/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

 

Do que tenho estudado, posso dizer que, ao contrário do senso comum, quanto mais tecnológico somos e formos mais humanos seremos.

  • Tem muita gente que fala de tecnologia e não é filosofo.
  • E tem muito filósofo que não gosta de falar de tecnologia (com algumas exceções, tal como Marx e Heidegger).

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A filosofia tem como missão problematizar fenômenos para que não os tratemos de forma superficial.

Filosofia, como disse aqui, é o estudo do que não é permanente, ou do que pode durar um pouco mais, além das micro-conjunturas.

Filosofia é a procura de super-conceitos, que não morram na primeira kriptonita que aparece pela frente.

Você fala de amor na mesa do bar, mas já há livros e livros escritos sobre o que é amor, que pode ajudar a você aprofundar mais e mais o tema.

Você sairia do senso comum para um senso incomum, acumulando o tempo de reflexão de vários pensadores antes de você.

Conhecer filosofia é economizar tempo com estradas sem saída.

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Como apresentei nesse personal mapa filosófico, separei questões centrais, éticas e aplicadas na filosofia.

Geralmente a tecnologia é tratada pela filosofia como um tema secundário e não como uma questão central.

Do que tenho estudado, posso dizer que, ao contrário do senso comum, quanto mais tecnológico somos e formos mais humanos seremos.

Normalmente, pensamos o contrário, pois vemos as tecnologias como algo anti-natural.

Tecnologias, entretanto,  são ferramentas anti-limitantes da espécie, ou nos potencializam para fazer aquilo que o “animal ser humano pelado” não pode.

Assim, se queremos superar barreiras por curiosidade ou necessidade, teremos que, inapelavelmente, desenvolver tecnologias.

E quanto mais gente tivermos no planeta, mais tecnológico teremos que ser, pois criamos uma complexidade demográfica só minimizada com mais e mais tecnologias.

Assim, na pergunta “quem somos” precisamos incluir a resposta “somos seres tecnológicos” ou uma “tecno-espécie”, como discuti aqui.

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E isso é algo tão vital e importante, pois é o que nos possibilita perceber que vivemos em tecno-sociedades e quando há determinadas mudanças tecnológicas (principalmente nas tecnologias cognitivas) toda a sociedade muda.

O que nos coloca a questão vital e fundamental dentro da ruptura epistemológica-paradiigmática do século XXI.

Só vamos entender as mudanças sociais, políticas e econômicas se fizermos esse ajuste nas questões centrais da filosofia.

Não somos naturais como achávamos que éramos somo uma espécie tecnológica e mudamos, conforme demanda, principalmente pelo tamanho da espécie, alterando nossa tecno-sociedade.

Que dizes?

 

Versão 1.0 – 15/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Fiz aqui um mapa que resumo o que vi nestes últimos meses de estudo intenso sobre o tema:

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Nem sempre uma se relaciona com a outra, mas qualquer pensamento pode se enquadrado e ser analisado, a partir destes itens.

Se você acredita em vida após a morte, a sua atitude ética vai ser influenciada por isso e vice-versa.

E de alguma forma a sua visão de quem somos vai nos direcionar para uma visão da aplicação de conceitos.

  • As questões centrais seriam, assim, a filosofia da filosofia.
  • As questões éticas são a teoria aplicada da filosofia das filosofia.
  • E as questões aplicadas são as metodologias filosóficas da filosofia.

As teorias da ciência vêm do resultado de tudo isso, que estão um nível abaixo, a saber filosofia, teorias e metodologias.

Dentro desse mapa geral, destaco a questão do quem somos?

Pois se desdobra e é relevante para pensarmos o tecno-ser.

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Há sempre uma dicotomia sobre o que é natural do ser humano.

Querer casar é cultural ou natural?

O que é cultura e como ela nos influencia?

O que nos influencia? As tecnologias nos influenciam? Como? De que maneira?

Por fim, há uma discussão sobre se eu sou um ou muitos.

O muitos vêm dos dualistas, eu tenho um corpo e uma alma, que se relacionam.

Ou eu só tenho um corpo + mente + cérebro + inconsciente + impulsos em relação?

Aqui desenvolvo a ideia de taxa de consciência que abrange tudo isso, como algo regulador da capacidade que temos de nos ver e rever, que é algo que o humano tem de diferente dos outros animais.

Por aí,

que dizes?

 

Versão 1.1 – 17/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

Um filósofo, no fundo, é um garimpador daquilo que dura mais tempo! 

  • Filosofia trata problemas do humano no atacado.
  • Filósofos profundam temas sem ninguém ter encomendado.

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Ficam lá com suas ideias abstratas na prateleira para uso nas grandes crises, sejam elas micros (localizadas) ou macros (generalizadas).

Ficam lá esperando, pois procura-se o que é mais permanente dentro da superficialidade das épocas.

Não existe um conceito, tema, ou problema humano que não tenha sido ainda decupado pela filosofia. Fiz aqui um personal mapa filosófico para ajudar a entender melhor as questões.

Dito isso, podemos dizer que é tempo de filosofia, já que a contração cognitiva que estamos, finalmente, saindo nos levou à uma radical superficialização na abordagem dos problemas, pois a sociedade está ainda controlada:

É/era muito conteúdo para muito poucos canais.

Hoje, nossa capacidade de aprofundamento dos problemas é baixíssima. É uma das características, aliás, do fim de uma contração cognitiva e o início de uma expansão.

Procuramos soluções rápidas, pois tudo era/estava dominado por um grupo pequeno que tudo decidia e criava a verdade a seu bel prazer.

O mundo caminhava a passos de tartaruga com baixa taxa de inovação.

Muita fumaça para pouco fogo.

A inovação, as verdades, as ideias, a tomada de decisões eram para poucos e disseminadas para o resto.

Uns poucos ativos e o resto passivo.

Nesse ambiente controlado, filosofia só ia atrapalhar, pois o que se queria era algo superficial para um mundo aparentemente estável e controlado.

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Na expansão cognitiva, há uma revisão de todos os problemas, pois tudo recomeça, já que os canais estão abertos e cada um pode agora incluir no mundo a sua micro-verdade e compartilhá-la com os outros. Está aberta, de novo, a temporada das diversidades perdidas na contração.

O descontrole e o desconhecido passam a ser a regra e não mais a exceção.

E isso é tudo aquilo que a filosofia precisa para sair das cinzas.

Todos os temas da filosofia precisam ser revistos, pois não se sabe mais o que era oriundo do controle, da verdade imposta.

E digo isso sem arrogância, pois há algo que muda na base da pergunta principal, que dá origem a todas as outras: “quem somos?”.

A base principal, a meu ver, dessa revisão é SOMOS uma tecno-espécie.

É preciso uma mega-revisão filosófica, igual a que tivemos pós-papel impresso na Europa, a partir de 1450, que nos leva a rever todos os conceitos, pois temos que incluir no horizonte que tivemos:

  • Os filósofos pós-Gutemberg trabalharam na primavera do mundo impresso-eletrônico.
  • Os novos filósofos vão trabalhar na nova primavera da Internet, pós digital;
  • Assim com os gregos trabalharam – estimulados pela chegada do alfabeto.

Queremos bússolas e quem as tem é a filosofia, pois a filosofia (amor à sabedoria) é um ramo do pensamento que está acima das brisas mais passageiras.

A filosofia vê do alto as grandes tempestades.

Ama a sabedoria, pois procura rejeitar o que é da hora.

Na filosofia, a moda é um veneno.

Um filósofo, no fundo, é um garimpador do que dura mais tempo!

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Na expansão cognitiva será necessário chamar novos filósofos para revisar o trabalho daqueles do passado para atualizá-los diante da nova complexidade demográfica, em que o digital é a cura e não a doença, tendo como chave da porta a filosofia tecno-cognitiva.

Novas macro questões estão em aberto e só os filósofos podem nos ajudar a resolvê-las, através da oxigenação de novos canais (mídias sociais) e a diversidade de olhares (verdades) e participação (tomada de decisões) que isso implica.

Dessa nova primavera tecno-filosófica teremos a base das novas teorias, que nos levarão a novas metodologias e nos trarão mais adiante a nova governança da espécie mais compatível com 7 bilhões de habitantes.

Que dizes?

Versão 1.1 – 15/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Toda vez que tivermos um poder absoluto teremos uma apologia do dinheiro sem significado.

A rede centralizada da verdade irá fazer da sociedade o seu espelho.

A rede centralizada da verdade se caracteriza por uma alta taxa de controle das organizações de plantão sobre a sociedade e não o contrário.

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Quanto mais absoluto é o poder e sem controle, mais ganancioso ele fica.

A ganância pelo poder precisa de um instrumento de reconhecimento e esse instrumento é o dinheiro e tudo que ele permite.

Terá sucesso e será reconhecido como celebridade quem ostentar elementos desse norte.

Espalha-se, assim, na sociedade a verdade da ganância e do dinheiro sem significado como o propósito das organizações e de toda a sociedade.

A  velha luta dentre ganância e princípios humanos tende a ser ganha, de forma radical, pela primeira.

É o que caracteriza o fim de uma fase de contração cognitiva, que podemos chamar de ditadura cognitiva.

Há uma adoração pelas imagens criadas pelo aparato do controle das verdades, que precisa ser quebrada.

As imagens são criadas para que a sociedade aceite de forma passiva a ganância que o centro de controle das verdades difunde.

Olhe para o que eu lanço de fumaça (verdades de baixa qualidade) e não para o que eu faço (tomada de decisões de baixa qualidade).

Há dois elementos que quebram com isso:

  • – novos canais que surgem, a partir das novas possibilidades das tecnologias cognitivas;
  • – novos filósofos que surgem para resgatar os valores perdidos, que ocupam a nova rede descentralizada da verdade sugerindo novas formas de participação na tomada de decisões. 

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Note que tivemos essa luta quando:

  • Moisés desceu das montanhas com os dez mandamentos e quebrou o bezerro de ouro;
  • Cristo atacou os mercadores que comercializavam no templo em Jerusalém;
  • Lutero quebrou todos os santos da igreja para retornar ao texto da bíblia;
  • Cortaram a cabeça do rei para criar a democracia contemporânea.

Todos tiveram o apoio de aparatos tecnológicos cognitivos, pela ordem, escrita e escrita impressa para que houvesse essa oxigenação da sociedade com ideias novas, quebrando o discurso da ganância como fim em si mesmo, típico do poder absoluto.

Não temos noção, mas estamos saindo de uma ditadura cognitiva, com décadas de forte controle sobre os canais de expressão da população.

O big brother não vem com a Internet, ele já existe com a mídia de massa!

Vivíamos uma tênue democracia de conteúdo centralizado, que gerou, ao longo dos últimos anos, um forte discurso do dinheiro sem significado, com o cidadão/consumidor vivendo o movimento dos sem-canal.

Todo o movimento social, político, econômico, filosófico que teremos pela frente no novo século será, pela ordem:

  • – conscientização dos danos que a ditadura cognitiva teve sobre a sociedade (individual e coletivamente);
  • – procura de novos parâmetros que nos permita continuar produzindo, mas baseado em outros paradigmas com verdades e tomadas de decisão de mais qualidade, com mais participação social.

Resgatando, assim, o valor do dinheiro com princípios mais éticos.

Não se trata de utopia, mas apenas de cálculo do que uma Revolução Cognitiva tende a trazer para a sociedade.

Que dizes?

Versão 1.0 – 14/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

(Lacanianos de plantão, o conceito de grande outro aqui não é o de Lacan!)

Quanto mais temos a concentração dos canais, mais essa necessidade de reconhecimento estará ligado a um centro e menos às pontas, criando uma neurose coletiva de querer um reconhecimento de cima que não virá, pois a contração torna o grande outro cada vez mais narcisista, criando uma macro relação sado-maosquista.

Podemos dizer que desde pequenos queremos que alguém nos aplauda pelos nosso atos, desde subir uma escada, dar um mergulho na piscina a uma boa nota na escola.

Queremos ser amados e temos medo de não sermos.

Tenho medo, logo existo.

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Somos animais sociais extremamente carentes e dependentes do grupo, da sociedade.

Em uma taxa de equilíbrio melhor na sociedade, temos o mérito como algo relevante, pois quem tem algo a colaborar na sociedade será reconhecido por esta e vice-versa.

Para quem tenhamos uma sociedade meritocrática, entretanto, temos um problema de distribuição de canais e complexidade demográfica.

Se tivermos poucos canais e muita gente, começamos a ter uma concentração dos centros emissores da verdade e de tomada de decisões, que passam a ser os “carimbadores do mérito“, o que nos leva a um desequilíbrio do reconhecimento.

Será reconhecido, em um mundo de baixa meritocracia, aqueles que se renderam à verdade e aceitarem à tomada de decisão dos centros carimbadores do mérito.

E temos aí um movimento de baixa diversidade, da sociedade abrindo mão da singularidade de cada um e da diversidade social, gerando crises de tomada de decisão, pois cada vez mais as decisões serão tomadas por cada vez menos pessoas, criando uma espécie de poder absoluto.

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Individualmente, isso nos leva a procurar ser aceitos por esse grande outro para continuarmos sendo amados (e sobrevivermos) por causa disso.

Há, assim, a internalização de um grande outro (conceito importado e adaptado de Lacan) que está ali como uma fantasma na platéia que esperamos que nos aplauda ao longo da nossa vida.

E isso nos influencia o pensamento e ação, pois queremos ser aceitos por ele.

“Ter sucesso” passa a ser ser reconhecido pelo grande outro, ser aplaudido por ele.

O problema é que mais e mais o grande outro reconhecerá apenas aqueles que o espelham, criando uma neurose coletiva de rejeição de singularidade pela aceitação, criando um movimento massivo de objetivação dos sujeitos.

A neurose individual de não conseguir ser singular na sociedade será cada vez mais coletiva.

E isso vai variar de cada pessoa, mas sempre vai esbarrar nas baixas taxas sociais de singularidade, violentando a singularidade geral.

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Sim, queremos ter aceitação, mas precisamos ser aceitos por algo que seja singular e não nos violentarmos, evitando ser uma biruta de aeroporto, pelo vento alheio, no qual muda-se à procura do aplauso do grande outro.

Há muito de dominação nesse não reconhecimento singular, pois podemos notar que muito do que evitamos de procurar ser diferente é em função da dúvida desse aplauso. É preferível ser aceito pelo que querem que eu seja do que ser aceito pela minha singularidade existencial.

E, por causa, disso eu me adapto para ser aceito pelo outro, mesmo que não seja aceito por mim mesmo.

(Note que quando falo de singularidade não estou falando de uma pedra em que você definiu como singular, mas é algo líquido em que você trabalha o tempo todo para identificar seus talentos. Singularidade, assim,  não é algo fechado, mas é algo que é uma eterna procura e, como sugere Clóvis de Barros e Filho passa pela procura filosófica da felicidade/eudaimonia)

Tais dramas humanos e universais, estamos descobrindo agora, variam conforme o pêndulo cognitivo.

  • Na contração cognitiva – teremos a centralização do grande outro, aumentando a taxa de dependência, reduzindo a diversidade e o estímulo das singularidades, pois há um centro cada vez mais forte e a aceitação vem desse lugar que só aceita aquele que se render a esta singularidade central, cada vez mais narcísica. O que nos leva a crise da baixa diversidade.
  • Na expansão – teremos a descentralização do grande outro, reduzindo a taxa de dependência, aumentando a diversidade e o estímulo das singularidades. O que nos tira da crise da baixa diversidade.

Hoje, estamos vivendo o fim do grande ciclo de contração cognitiva.

E é justamente por isso que vivemos em um mundo cada vez menos diversificado e mais massificado, pois estamos saindo da ditadura cognitiva do grande irmão, do grande outro, que só te aplaude se você se encaixar naquilo que ele determinou.

O movimento que visa acelerar a expansão cognitiva com qualidade deve promover o resgate da singularidade.

É isso,

Que dizes?

Versão 1.2 – 21/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

 

Uma solução nunca vale para o mesmo problema, pois o problema sempre muda, bem como a solução, por isso só o diálogo salva. 😉

O maior desafio que teremos neste próximo século é resgatar nossa capacidade interativa.

Vivemos a crise da ditadura cognitiva que nos colocou com um déficit interativo.

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Não conseguimos interagir, pois não tínhamos canais e isso nos levou a uma baixa estima e uma baixa abstração.

Não nos achávamos/achamos capaz de produzir verdades e tomar a vida em nossas mãos.

Bem como pensar diferente do que já vem pronto.

Nosso ego é fechado para interação.

O objetivo agora é abri-lo para a troca.

Precisamos da Psicanálise 3.0.

Quando interajo com pessoas posso diagnosticar a sua capacidade de interação.

Posso separar assim:

  • Quem tem ideias originais, mas um ego fechado;
  • Quem repete ideias, mas tem um ego aberto;

E o pior:

  • Quem repete ideias e tem um ego fechado.

Um caminho para ampliar a interação é sair do modelo utilitário do diálogo.

A interação pede, assim, a eudaimonia.

Que é o fim em si mesmo, a plenitude do ser.

O prazer do encontro e de na troca avançar na solução do problema-chave (aquele que dá sentido a sua vida).

A eudaimonia é o prazer de estar cada vez mais apto para ajudar a resolvê-lo (sempre parcialmente) de forma mais eficaz, pois quem quer resolver, de fato, de forma honesta, problemas precisa interagir, pois se não fica no mesmo lugar.

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Ou seja, deve-se trazer aquilo que você procura melhorar e acreditar que qualquer encontro trará do outro algo.

  • Seja uma nova maneira de dizer o que você já conhece;
  • Algo que você não conhece;
  • Uma pergunta que te faz ter prazer em ter algo para ajudar;
  • Que te fará ao redizer repensá-la melhor.

Assim, um diálogo deve ser visto com um fim em si mesmo, no qual se procura, independente do outro, sair diferente.

O diálogo pela eudaimonia é diferente do diálogo pela hegemonia tão comum hoje em dia.

Para praticar um diálogo eudaimônico é preciso um ego aberto, que procure de forma sincera:

  • – procurar a solução mais eficaz para um dado problema;
  • – que o tal problema te ajude a reduzir sofrimento (o teu) e de alguém que enquanto profissional (aquele que sabe fazer) tem como missão ética tratar.

Tolo é aquele que quer tirar do diálogo algo além da eudaimonia, pois sempre se frustrará.

  • Quando dois procuram a eudaimonia o diálogo se estenderá por um bom tempo.
  • Quando é a eudaimonia encontra a tentativa da hegemonia (diante de um ego fechado) o espaço é curto, sendo que o eudaimônico sairá mais repleto, pois nada esperava e algo aprenderá com a dificuldade do outro.

É isso, que dizes?

O que muda para valer com a chegada das mídias sociais?

Passaremos a mudar radicalmente o modelo de tomada de decisões.

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Esqueçam a ideia de que haverá apenas mais conversa com o consumidor/cidadão. Sim haverá, mas isso é uma parte do processo.

A chegada de uma rede mais descentralizada denota a demanda latente por mais participação, como tratei aqui.

E isso nos leva a procurar entender o modelo das duas verdades:

  • – a interna – que é a que realmente vale para a tomada de decisões;
  • – a externa – que é a que é divulgada para justificar a tomada de decisões.

Em um ambiente de redes centralizadas, ainda mais com bastante tempo de uso das mesmas, há uma tendência cada vez maior de haver uma separação entre a verdade interna, que denota os interesses das autoridades de plantão e a externa que serve para muitas vezes para camuflar e justificar as ações tomadas.

Tal fenômeno, podemos chamar de hipocrisia cognitiva que podemos definir como a distância entre a verdade interna e externa, ou no popular, o que se diz e o que se faz, o como se pensa e como se diz que pensa e faz.

A chegada de redes descentralizas que empoderam o cidadão/consumidor combatem fortemente esta hipocrisia cognitiva, pois questionam todo o processo, como se pensa, o que se faz e o que se divulga, a partir do novo cenário com mais informação disponível e o novo empoderamento cognitivo/afetivo.

A tendência, assim, é reduzir a hipocrisia cognitiva, aproximando a verdade interna da externa, procurando organizações menos neuróticas e mais coerentes.

Podemos dizer que é um dos fenômenos do início da expansão cognitiva, no pêndulo, que dura até que uma nova rede centralizada consiga se impor.

Que dizes?

Hoje, caminhei ouvindo a entrevista de Augusto de Franco sobre educação, aqui neste link (http://www.youtube.com/watch?v=tuPvOifsXqI). 

A conversa acabou rolando, “ao vivo”, no Facebook.

Várias coisas me passam pela cabeça, já fiz um primeiro post e este é o segundo.

Como disse lá no primeiro, Augusto já está do outro lado da rebentação.

Peça fundamental para entender o mundo que estamos vivendo.

Porém, tem coisas que são diferentes nas nossas abordagens e eu gostaria de pensar um pouco sobre discordâncias aqui para incorporar mais o que ele diz e sedimentar aqui no meu discurso e tentar provoca-lo.

Talvez tenha sido o William James que problematizou que pouca gente estudou os filósofos naquilo que tinham de temperamento humano. E que muito do que pensaram se deve ao seu próprio jeito de ser, formação, cultura, etc.

Assim, conforme entro nesse mundo da interação, percebo que criamos uma espécie de colcha de retalhos paralela em que vários perfis, singularidades, vão complementando um cenário maior, ora se complementando e ora se questionando em uma tensão em que quanto mais cada um for singular melhor para os outros.

Pelo que conheço dele e isso é reforçado nessa entrevista de cima, sua abordagem é baseada fortemente na análise da rede e sua configuração, topologia, que lhe permite fazer essa análise, porém muito fortemente baseado no fenômeno atual e pouco no passado.

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Talvez a minha crítica principal a seu pensamento.

Eu já tendo mais a “beber” da Escola de Toronto, com uma abordagem mais histórica de estudos comparativos entre rupturas similares a essa que estamos passando, oral, escrita e digital, na linha inicialmente de Pierre Lévy (do livro Cibercultura) e depois do pessoal de Toronto, do qual Lévy é filho meio bastardo, tal como McLuhan, Innis, Havelock e Ong, principalmente.

Por isso, chamo de Revolução Cognitiva e, como Lévy, considero que não é a primeira.

Na entrevista, para mim, a grande novidade foi a sua problematização sobre estados-nação e o questionamento sobre seu futuro. Já tinha lido algo sobre isso em um livro pouco badalado do Lévy sobre isso “Ciberdemocracia”, em que ele defende a necessidade de uma governança mundial diante da rede e dos problemas que perpassam fronteiras.

Mas isso não é/era algo que está/estava presente no meu pensamento, no discurso do dia-a-dia. Achei que faz bastante sentido. E me inquietou a discussão sobre termos no futuro diferentes mundos. Sobre isso, não pensei muito. Talvez haja uma nova configuração, pensar, pensar, pensar.

O que me incomodou foi o fato de Augusto defender a ideia de que agora estamos em uma sociedade em rede e antes não era rede, era pirâmide, era hierarquia.

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Aqui faz falta, a meu ver, a Escola de Toronto, pois com eles aprendi que temos redes diferentes tal como a rede oral, que era mais horizontal, mas limitada ao mesmo tempo e lugar. A rede escrita depois impressa e depois eletrônica, que liberou a mensagem do tempo e lugar, mas a empacotou e a fechou. E agora a rede digital, que é um mix de tudo, de forma completamente diferente.

Note que, com isso, não estamos analisando apenas o presente, mas ganhando mais elementos para a análise com o passado.

No que tenho visto, a atual passagem, como até diz Lévy, é um resgate do mundo oral na sua troca, agora no digital, criando uma espécie de parênteses cognitivo (tem um pessoal na Dinamarca que lida com isso, da escrita impressa principalmente).

Ou seja, tivemos o oral mais horizontal, quebrado há 6 mil anos pela escrita e agora uma volta a algo oral, mas com outro perfil completamente diferente.

Não consigo, assim, ver a rede impressa-eletrônica como não rede, como ele defende.

Acredito que é uma rede centralizada, sem liberação de canais, assim como foi o pré-papel impresso.

Assim, não estaríamos entrando para uma rede e saindo da não rede. Mas saindo de uma rede centralizada para uma rede descentralizada (como o Facebook e o Youtube) e algumas experiências de redes distribuídas (tal como o P2P).

Porém, notem bem, para outro modelo de rede completamente diferente, pois as tecnologias digitais são outra coisa. É possível comparar, mas com muitas ressalvas.

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A história nos ajuda, assim, a ver outras passagens, pois quando tivemos a chegada do papel impresso, houve justamente essa abertura de novos canais de expressão, que foi de uma rede mais centralizada para uma menos centralizada, o que nos levou ao final de tudo a Revolução Francesa, passando pela renascença e iluminismo.

Por isso, que meu otimismo com a chegada da Internet é mais parcial, pois acho que há um movimento circular de abre e fecha.

Fiz, assim, uma relação entre a complexidade demográfica e os movimentos de abertura e fechamento das redes para algo mais ou menos centralizado ao longo do tempo, pois sempre há alguém que se destaca, que acaba organizando melhor as novas estruturas de poder e passa a dominar, de alguma forma, o novo meio.

Chamei isso de pêndulo cognitivo, que vai para a contração e a expansão. Na contração, a rede tende a ser mais centralizada e na expansão mais aberta, independente da tecnologia cognitiva disponível, pois sempre se encontrará um jeito de cooptá-la para os interesses particulares.

Isso pode ser uma regra?

Assim, não vejo uma expansão contínua. Isso só me veio por comparação histórica.
Percebo hoje, por exemplo, que nem bem já inauguramos a Internet e já temos os usuários todos concentrados em novas redes descentralizadas com seus canais individuais, já com um conjunto grande de problemas, tal como no Facebook e Youtube.

Mudando de assunto, gosto bastante quando ele coloca de forma limpa a crítica de que hoje temos escolas certificadoras (que ensinam de forma fechada) versus os ambientes de aprendizagem. É cristalina a ideia que ele apresenta de que a escola hoje cada vez mais será uma certificadora e não mais um espaço de aprendizado que se dá fora dela.

Fato.

Augusto me esclarece, finalmente, a diferença entre ensino (algo que vem fechado) para aprendizagem (algo que tem que ser criado) e vai na linha do espírito do tempo que está por aí em vários lugares.

Fala de algo novo que vou pesquisar mais sobre educação “interativista” ou algo assim, que é que o aprendizado tem que se dar na interação. Isso bate bem com as discussões que o psicanalista Ricardo Goldenberg fez sobre terapias abertas.

Critica a abordagem do aprendizado por problemas. Eu concordo com ele se entendermos problemas como algo que quem escolhe é alguém de cima, mas se pensarmos problemas como algo que vem debaixo e juntar isso com o interativismo, temos algo interessante.

Ele cita Manuel de Barros e saca uma frase preciosa que vou usar daqui por diante: “Tudo que eu não invento é falso”.

E coloca essa relação incestuosa que é a questão evidente de que o papel da escola atual é preparar mão de obra para a empresa atual. E digo eu: se a empresa atual pede apertadores de botões, que venham os apertadores de botões.

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Porém, não acho que é esta escola. Toda sociedade terá a escola igual aos meios produtivos. Por isso, acho que os meios produtivos vão mudar e, por sua vez, a escola.
Faria, por fim, uma única ressalva sobre as tecnologias de maneira geral.

Augusto defende que elas não provocam mudança, mas que se inserem dentro de mudanças que já estavam na sociedade. A sociedade pede que cheguem, usa a expressão “permite”.

Eu teria discordância nisso, pois não podemos falar de tecnologias de forma geral, mas separar em várias e destacar o papel das tecnologias cognitivas que são elas que dão a base para nosso cérebro criar as redes humanas.

Quando mudam, o cérebro muda e a sociedade muda, dentro da ideia da tecno-espécie. Ou seja, não podemos ver o humano como um ser sem tecnologia. Nós vivemos em uma tecno-sociedade condicionados pelos limites e possibilidades que elas oferecem a cada época, pois moldam nossa maneira de pensar e agir. Claro que com uma margem para atuarmos sobre isso.

Assim, no caso particular das tecnologias cognitivas, e isso sigo a escola de Toronto, há algo de condicionante no nosso cérebro, que não é apenas algo que a sociedade permite, sim permite também, mas há algo de independente nas tecnologias de maneira geral e nas cognitivas em particular, pois elas acabam por moldar e limitar ações por suas características.

Ou seja, é uma relação mais dialética de toma lá dá cá.

É isso.

Bom, passear com Augusto vendo o Cristo Redentor.

Hoje, caminhei ouvindo a entrevista de Augusto de Franco sobre educação, aqui neste link (http://www.youtube.com/watch?v=tuPvOifsXqI).

A conversa acabou rolando, “ao vivo”, no Facebook.

Várias coisas me passam pela cabeça.

O primeiro ponto é perceber que podemos separar o joio do trigo do ponto de vista epistemológico (da análise do conhecimento) de diferentes pensadores sobre o mundo digital.

Perguntei-me:  por que o Augusto é tão preciso na sua análise sobre educação e em vários outros aspectos?

Minha hipótese é de que Augusto tomou, lá atrás, na encruzilhada epistemológica do século XXI o caminho da sociedade em rede ao invés de pegar o da sociedade do conhecimento.

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Este caminho diz não para:

  • – ignorar o papel das tecnologias (como uma força a ser considerada) em grandes mudanças humanas;
  • – questionar o peso da economia, das forças produtivas, em todas as mudanças da sociedade.

Este caminho diz sim para:

  • – analisar as topologias das organizações, sua estrutura e poder coloca-las como o ponto focal principal das mudanças.

A clareza de Augusto de Franco está nessa opção pelo sim (rede) e pelo não (sociedade do conhecimento/economicismo).

 

É o que chamamos de corte epistemológico de análise e, a meu ver, podemos separar os pensadores hoje que procuram analisar os novos fenômenos sociais entre os que ainda não pegaram a encruzilhada da sociedade em rede daqueles que já o pegaram.

Muitos dirão que isso foge da “pós-modernidade”, pois dentro do conceito pós-moderno todo mundo pode pensar o que quiser, quando quiser e onde quiser. Sim, sou completamente aberto a esse raciocínio, desde que encaremos a ciência como arte.

A ciência, meus amigos, não vem passear e nem brincar de gangorra na sociedade.

O objetivo de um pensador que se preze é ser um farol para quem precisa tomar decisões práticas.

Assim, cabe ao teórico analisar fenômenos, forças, relação entre as forças para poder ajudar a organizar o pensamento e possibilitar ações. Se é apenas para bater papo e tomar cerveja depois, não é ciência é outra coisa.

Se estivermos em uma sociedade em rede em uma guinada civilizacional, como defende Augusto de Franco, Pierre Lévy, em certa media Castells precisamos agir e pensar o futuro para preparar as pessoas para esse novo cenário,  que nos leva para um determinado tipo de mudança topológica das organizações na sua forma de tomar decisões, produzir verdades, produtos e serviços.

É algo profundo que exige um grande fôlego.

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Se estivermos, por sua vez, em uma sociedade do conhecimento como vários pensadores defendem o caminho a ser percorrido é outro, bem mais light, com outras metodologias, capacitação, etc.

Seriam mudanças cosméticas na mesma topologia atual.

Ou seja, não se trata de dois quadros na parede em que vamos degustar com os olhos no fim de semana, mas de visões filosófico-teóricas que nos levam para metodologias distintas.

São pontos de inflexão mais profundos, tais como foram a visão de Darwin sobre evolução e Freud sobre o inconsciente, ou ainda Galileu sobre a terra girar em torno do sol, ou não.

São encruzilhadas fundantes, definitiva, profundas, que marcam uma mudança de como o ser humano olha a si próprio. Por isso, não estamos aqui falando de digressões, mas de algo que muda completamente a análise do cenário futuro.

É disso que se trata.

Grande parte das organizações, por exemplo, não problematizaram essa questão.

E no piloto automático já decidiram pela estratégia menos dolorosa da sociedade do conhecimento, mudanças pontuais na comunicação, que não exigem grandes mudanças na maneira de tomada de decisões ou da produção da verdade.

O pensamento de Augusto de Franco nesse vídeo, que é tão límpido, em vários aspectos (depois falarei de pontuais discordâncias) vem justamente colocar a chegada de uma nova topologia de rede como o fator principal da mudança.

O resto depois vai ficando mais fácil, pois o caminho tomado é profícuo, lhe dando mais e mais margem para passear pelos fatos, pois vai se mostrando coerente.

Quem estuda o fenômeno e adora o vídeo,  nem sempre percebe por que é tão claro.

Digo-lhes: para ele chegar lá teve que jogar na lata do lixo algumas ideias circulantes que não faziam mais sentido. É o que todos nós precisamos fazer para dar o salto que ele já deu.

Ele é um dos surfistas teóricos brasileiros que já está do outro lado da rebentação.

Que dizes?

 

 

 

Ontem, caminhei ouvindo a entrevista de Augusto de Franco sobre educação, aqui neste link (http://www.youtube.com/watch?v=tuPvOifsXqI).

A conversa acabou rolando, “ao vivo”, no Facebook.

Várias coisas me passam pela cabeça, já fiz um primeiro post e este é o terceiro.

Augusto topou a conversa e logo depois ele questionou o termo “concordância e discordâncias” que propus e sugeriu algo diferente: ecologia de diferenças coligadas.

Na verdade, no dicionário teríamos:

  • Diferença – Falta de igualdade ou de semelhança;
  • Discordância – Opiniões contrárias; falta de acordo; divergência ou desacordo. Ausência de compatibilidade; sem harmonia; desarmonia;
  • Concordância – Opiniões similares; acordo;  convergência ou acordo.  Presença de  compatibilidade;  com harmonia; harmonia;

Assim, ao discordar aponto que tem algo que para mim não está harmônico, me soa mal, me é estranho, me incomoda. E ao concordar, o contrário, digo que algo está mais harmônico, me soa bem, me é familiar, me agrada.

Acredito que é natural quando nos aproximamos de um novo discurso sobre qualquer tema algo desse tipo. Hoje, por exemplo, li no Valor um artigo sobre os problemas dos governos diante das manifestações em toda a América Latina e em nenhum momento aparece a chegada da rede como elemento detonador do processo.

Não é um diagnóstico que eu concorde, ou que eu tenha “semelhança coligada”.

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O que me aproxima da análise do Augusto é justamente partimos, como já disse, da mesma estrada lá atrás, na encruzilhada epistemológica do século XXI, quando optamos por eleger a chegada das redes descentralizadas (eu uso mais este termo) e distribuídas (o Augusto vai direto para este) como o fator principal das mudanças.

É preciso nesse caso dizer que eu e provavelmente o Augusto ao ler o artigo do Valor que discordemos do diagnóstico aplicado. Há uma desarmonia, uma discordância, uma não concordância com um diagnóstico deste tipo.

Não é, a meu ver, certo ou errado, apenas ineficaz e trará dificuldade na hora que tiver que agir diante deste cenário, pois não vai perceber a causa principal do desequilíbrio em curso.

Assim, podemos separar hoje os pensadores que analisam os fenômenos sociais tendo a rede como o principal fator de mudança (minoria – 1%) e os que ainda atribuem as mudanças a fatores clássicos, tais como sociais, políticos e econômicos (grande maioria – 99%).

Assim, temos uma divisão importante e relevante para que se possa abrir debates públicos sobre o tema. E nisso posso admitir que temos uma “ecologia de (pequenas) diferenças coligadas entre aqueles que colocam a chegada das redes (centralizadas e distribuídas) como a principal força de mudança do século XXI.

Já aí, entretanto, começamos outra etapa, já que a principal está vencida. Digamos que já se atravessou a rebentação e está se esperando ondas em águas calmas e fundas.

O que é possível trocar entre quem já NÃO TEM DÚVIDAS sobre o diagnóstico: redes – fator principal de mudanças?

Há  – e isso é importante e natural – abordagens diferentes, por formações, históricos, que nos levam a outros diagnósticos e, por fim, a metodologias de abordagem.

Talvez a grande diferença entre a minha visão e do Augusto é do desdobramento que vem depois. Há, assim, a concordância da mudança radical da sociedade daqui por diante.

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O que estamos agora analisando é se haverá uma nova centralização mais adiante. Se esse movimento é algo que tem uma continuidade e estaremos em um mundo cada vez mais descentralizado. Ou teremos, como ocorreu no passado, uma capacidade de um novo grupo dominar as novas redes e estabelecer, em um patamar completamente novo, um retorno a redes, de novo, centralizadas.

Eu confesso que tenho dúvidas sinceras, mas tendo a achar que haverá centralização não pelo que vejo hoje, mas no que vi lá atrás.

Se olharmos o passado, com a chegada da prensa, por exemplo, eu diria que sim, teremos centralização. Porém, é preciso admitir, que a prensa foi uma mudança incremental da escrita e não uma mudança radical como estamos tendo agora.

O mundo tinha muito menos gente, não estava tão hiperconectado, não havia algo tão poderoso como o capitalismo.

Por outro lado, já podemos perceber que a rede descentralizada, se descentralizou, mas na sua primeira etapa acabou por se fixar em torno de alguns poucos nós: Facebook, Youtube e Twitter, por exemplo.

Hoje, estar nestes ambientes, com cada um tendo o seu canal, é um salto gigantesco e muda toda a sociedade, vide protestos de Junho de 2013, mas nossos novos canais contemporâneos ficam submetidos a um novo modelo de concessão privada que pode, como já faz, criar limites que não são os que queremos.

Podemos dizer, assim,  que já começamos a ter problemas por causa disso, o que reforçaria a minha tese do pêndulo cognitivo de que a todo processo de expansão cognitivo vem um de contração.

Não é à toa, que o Augusto é um defensor radical das redes distribuídas, que seria a luta política do próximo século, para fugir do domínio das redes descentralizadas atuais, que já estão nos limitando.

A grande maioria não sente, mas quem já é cobra criada percebe isso claramente.

E aí vem o que podemos ter de interessante quando duas pessoas que estudam de forma honesta e profundamente um assunto podem ganhar.

O Augusto se aprofundou muito no fenômeno Rede e seus autores, no qual eu não fui tão fundo. E eu percorri um caminho histórico, na aba da Escola de Toronto, comparando fenômenos similares ao longo da história, motivado pelo Pierre Lévy que não aparece muito no discurso do Augusto.

Por fim, há ainda a questão do “Que fazer?” “Como migrar?”. Estou ouvindo agora uma outra palestra dele e sobre isso vou falar depois.

 

 

 

 

Existem dois tipos clássicos de inovação, baseados na ideia de Schumpeter.

  • Inovação incremental – aquela que se modifica um serviço/produto aprimorando-o de forma contínua;
  • Inovação radical – aquela que se modifica um serviço/produto aprimorando-o de forma abrupta, através de ruptura, sendo criada por aqueles que a estão implementando, partido do zero.

Vou acrescentar mais uma:

  • A inovação incremental radical – é aquela que muda um serviço/produto de forma radical, mas que vão copiar de alguém que já fez, ou seja tem um grande desafio, mas não são os primeiros a enfrentar o problema.

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Existe dois tipos de perfis para liderar e/ou realizar esses dois projetos.

  • A inovação incremental é feita através do uso dos sentidos, daquilo que pode ser visto e percebido, pois vai se melhorar algo que já existe;
  • A inovação radical, entretanto, demanda outro tipo de área do cérebro/afeto, pois vai atuar em algo que não existe, que precisa ser inventado;
  • Já a inovação incremental radical algo entre as duas de cima.

Assim, teríamos:

  • A primeira pede uma capacidade de baixa abstração, um pensamento indutivo, dos fatos para criar teorias.
  • A segunda, por sua vez, uma alta abstração, pois pede um pensamento dedutivo, das teorias/filosofia para os fatos;
  • A terceira algo no meio.

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  • Uma inovação radical, assim, pede que se tenha uma visão de futuro para que se possa chegar com algo que vai ter uma aceitação por pessoas que hoje ainda não conseguem ver.
  • Uma inovação incremental, pelo seu lado, apenas lidam com o presente.
  • E a inovação incremental radical com algo que é novo, mas não tão novo assim.

Por isso, que o trabalho de capacitação para promover a inovação incremental é um, que trabalha para aguçar os sentidos. E o da inovação incremental exige que se trabalhe para ampliar a abstração.

Uma organização que quer inovar de forma radical precisa de gestores de projetos que deem saltos de abstração e para isso é preciso um tipo específico de capacitação, como detalhe aqui.

Fala-se muito em inovação, mas já disse que se não adjetivarmos que tipo de inovação está se falando, estaremos jogando muita fumaça e fazendo pouco fogo.

Que dizes?

Uma ditadura cognitiva se caracteriza por um longo período de contração cognitiva. Cria um ambiente, geralmente global, no qual há poucos canais de circulação de ideias.

Tal concentração nos leva a diversas crises coletivas e individuais, que podemos chamar de crise cognitiva, que se caracteriza por uma baixa diversidade.

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(Sugiro entender melhor a diferença de rede, canal e conteúdo aqui.)

Ditadura?

Note bem o termo cognitiva.

Fomos até onde as tecnologias impressas-eletrônicas nos permitiram, mas chegamos a um limite e uma crise, pois com a complexidade demográfica vivemos uma crise de tomada de decisões, pois cada vez menos gente, baseada na sua verdade construída e difundida toma decisões cada vez menos representativas.

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Sim, pois apesar de termos o espaço para acessar o conteúdo, as tecnologias cognitivas eram caras, o que impedia que o cidadão tivesse o seu próprio canal.

Alguns alternativos eram tentados, via rádio piratas, ou jornais alternativos, porém sempre de circulação restrita, o que também dificultava a circulação de ideias, pois era preciso que organizações, tais como sindicatos controlassem tais veículos.

Uma Revolução Cognitiva se caracteriza justamente pela macro-canalização dos indivíduos, que passam a ter acesso a um canal que agora para existir é mais barato (como ocorreu com a chegada do alfabeto ou o papel impresso), aumentando o número de vozes, que produzem novas verdades, que oxigenam a sociedade, a partir de novos pontos de vistas, trazendo problemas e sofrimentos que estavam às margens, gerando cada vez mais crises.

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Isso faz com que se inicie um longo processo de reinvenção da Governança da Espécie para que haja um macro-ajuste sistêmico que possa equilibrar:

  • o número de pessoas do mundo;
  • com a qualidade das verdades produzidas;
  • que nos leva a tomada de decisões mais compatíveis com a nova complexidade demográfica em curso.

Assim, podemos dizer que vivemos em uma democracia política nos países ocidentais, mas saindo de uma ditadura tecno-cognitiva, na qual os cidadãos estavam sem canal, o que nos levou a uma crise cognitiva, o que nos leva, por sua vez, a uma crise de representação social, política e econômica, que se caracteriza de verdades e tomadas de decisão de baixa qualidade.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 09/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

Tenho que agradecer muito a oportunidade que tenho tido de poder estar trabalhando na IplanRio, montando meu primeiro laboratório de inovação colaborativa, que vai dentro da metodologia que desenvolvi com meus alunos ao longo dos últimos 7 anos, que está bem resumida aqui no meu novo livro.

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O trabalho de montagem do laboratório passa no que brincamos na turma por uma “lava-jato”, que é o processo de capacitação do ponto “A” para um ponto “B”.

Vou falar dessa passagem entre os dois pontos.

Recebo um aluno que está intoxicado pelo atual ambiente cognitivo, ( e isso vale para todas as turmas em todos os lugares) e preciso “apertar” alguns “nós” emocionais e cognitivos, como se fosse um do-in cognitivo/emocional para liberar determinadas “energias”.

O trabalho de liberação de energia visa lidar melhor, pela ordem:

  • – com uma inovação radical (e assim o método vale parcialmente para qualquer projeto de inovação radical) ver mais sobre isso aqui;
  • –  com a passagem de uma organização monocêntrica para uma policêntrica. Ou no popular, para uma empresa 2.0.

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Bom, vamos ver o cenário geral de de onde estamos vindo e para onde estamos indo.

A forma mais fácil de explicar os efeitos da Revolução Cognitiva Digital tem sido a passagem de um mundo sem-canal para um mundo dos com-canal, no fim do processo da democracia do conteúdo, mas a ditadura cognitiva dos canais.

Como o aluno chega?

  • Epistemologicamente ou cognitivamente:
    • – considera que a verdade é aquela que está aí;
    • – não consegue separar percepção da realidade.
  • Afetivamente falando: 
    • – eu sou uma engrenagem da organização sem voz e sem participação;
    • – a culpa por eu não viver uma vida melhor e mais feliz é do outro, normalmente uma autoridade qualquer.

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Isso nos leva para:

  • Baixa auto-estima;
  • Baixa capacidade de abstração.

 Tal cenário talvez permita um trabalho para inovação incremental, mas NUNCA, nunca para uma inovação radical e a promoção da passagem de um ambiente monocentrado para um policentrado, ou de ambientes 1.0 para 2.0. Ou de um mundo sem canal para um outro com canal.

 O que precisa ser feito?

Atacar estes nós de energia para preparar esse aluno para sair dessa passividade para um ambiente pró-ativo que possa promover a inovação radical, que exige abstração, veja mais aqui sobre isso.

Veja o roteiro a ser trabalhado aqui.

Que dizes?

Versão 1.0 – 08/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Antes que me joguem as primeiras pedras, quero deixar claro aqui que Youtube deve ser lido como band-aid.

Ou seja, Youtube é um site que aceita que pessoas tenham canais para incluir vídeos gratuitamente e que possam ser comentados, indicados.

Hoje, o sinônimo disso, como um band-aid, é o Youtube, pode ser o Videolog, ou ou Vimeo, ou tantos outros, como até o site de vídeo da RNP.

Antes que joguem as segundas pedras, vou defender a ideia abaixo o retorno da escola baseada no mundo oral, o que não é pior nem melhor que a baseada na escrita, mas é, para o atual contexto, mais eficaz e viável.

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O que quero dizer aqui que a saída da educação brasileira é oral e digital, sendo a escrita colocada como apoio e segundo plano e não mais o fator principal de repasse de educação.

Defendo esta ideias, a partir de algumas premissas na sociedade:

  • – a chegada de uma nova governança da espécie, baseada no digital, que procura lidar com a atual complexidade demográfica;
  • – a mudança do ambiente de produção das verdades com a macro-canalização da sociedade;
  • – a digitalização das verdades, colocando-as muito mais líquidas do que antes;
  • – a emergente necessidade de participação na construção das verdades para posterior participação efetiva na tomada de decisões.

Tais mudanças terão o seguinte impacto na área de ensino:

  • – Autonomia do aprendizado;
  • – Aprendizado baseado em problemas/sofrimentos;
  • – Aprendizado construído pela interação (aluno-aluno/aluno-professor/aluno-população) e tendo como métrica a efetiva minimização dos problemas/sofrimentos.
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Sala de aula do futuro – com fones de ouvido e cada um ouvindo seu tema de interesse.

Tal cenário educativo seria melhor explorado pelas condições dos brasileiros, pois:

  • – Maior facilidade de expressão e compreensão oral;
  • – Necessidade de cobrir mais rapidamente os “gaps” educacionais.

Como medidas baratas e eficazes nessa direção poderíamos ter:

  • – Apoio para compras de celulares que permitem baixar e transformar vídeos em áudios para escutar em qualquer lugar (tal como este aplicativo aqui.)
  • – Incentivo para professores gravarem e disponibilizarem suas aulas;
  • – Criação de metodologia do uso em sala de aulas escutadas fora dela, no modelo de sala de aula invertida.

O livro entra sempre como um complemento ao estudo e não como o fator principal, pois em um mundo sem tempo, em que a pessoa fica mais esperando do que fazendo coisas, o tempo de espera tem que ser a hora em que o cidadão está em sala de aula.

O livro é um luxo quando ele pode estar sentado e parado.

Por aí, o que dizes?

Versão 1.0 – 08/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Podemos trabalhar e articular estes dois conceitos.

  • Governança da Espécie, como detalhei aqui, é o conjunto de ações sociais que temos para sobreviver enquanto espécie com mais ou menos qualidade. Trata-se do modelo hegemônico que abrange várias regiões em todo o mundo.
  • Redes de tomada de decisão são modelos que estruturamos, a partir das tecnologias cognitivas disponíveis, para que possamos tomar decisões, a partir de verdades produzidas, (detalhe mais o conceito aqui.)

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A governança da espécie é moldada pelas redes de tomada de decisão, que não são fixas, como tendíamos a achar.

  • Elas variam do ponto de vista incremental por mudanças sociais, políticas e econômicas.
  • E do ponto de vista radical por mudanças tecno-cognitivas.

Há um longo ciclo que marca a passagem de uma governança para outra e isso pode ser notado quando há uma ruptura nas tecnologias cognitivas que permite, pela ordem:

  • – a disponibilização de novos canais produtores de verdades para o cidadão;
  • – que oxigena a sociedade por novas verdades, novos problemas/sofrimentos;
  • – que acaba por exigir um novo ambiente de tomada de decisões.

Neste momento da passagem de uma governança para outra, há um movimento a procura de mais participação, pois as decisões, as verdades produzidas e os sofrimentos/problemas atacados passam a ser de baixa qualidade, pois não representam mais o conjunto maior da população.

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O movimento de mudança de uma governança para outra, que se dá através de uma Revolução Cognitiva que podemos resumir, por enquanto em:

  • – o aumento de produtores da verdade na sociedade;
  • – que visam aumentar a qualidade das verdades produzidas;
  • – e, por sua vez, promover a melhoria da qualidade de decisões, tanto de forma qualitativa (nos sofrimentos e problemas que serão escolhidos e a forma como serão minimizados) quanto de quantidade, (de quem e quantos tomam as decisões).

É isso.

Que dizes?

Versão 1.0 – 08/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Narcisismo organizacional é um fenômeno do final de uma ditadura cognitiva.

As organizações aprendem a usar os canais e os vão os concentrando cada vez mais, consolidando um modelo econômico-político, permitindo, assim, o aumento demográfico.

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E há, assim, uma entropia cognitiva em curso, pois ao mesmo tempo que se concentra os canais, mais gente há no mundo e menos diversidade para produção das verdades e tomada de decisão.

A crise é certa.

Podemos citar que ocorre nesse narcisismo organizacional:

  • – baixa inovação;
  • – baixa motivação;
  • – consumidor/cidadão tem que se adaptar à organização e não o contrário.

As organizações passam, assim, a controlar a sociedade e não o contrário.

As autoridades de plantão das organizações passam a atuar para se manter no comando das organizações e se distanciam do objetivo principal que é servir a sociedade.

O narcisismo organizacional é um gerador de crise para a sociedade e vai ser fortemente questionado na expansão cognitiva, quando vai se procurar resgatar os objetivos iniciais das organizações, procurando resgatar o controle pela sociedade.

O narcismo organizacional cria critérios de entrada e de produção que reforçam a visão hegemônica com pouco espaço para o novo.

O narcismo organizacional favorece a busca por valores mais materiais e menos éticos, os que leva o fortalecimento de instituições financeiras que passam a ter mais poder do que as produtivas.

O fenômeno é conservador e não inovador.654px-The_Newest_Narcissus_-_Punch_cartoon_-_Project_Gutenberg_eText_14514

Esse movimento é um gerador de crises cada vez mais agudas, pois a verdade e a tomada de decisões vão se tornando de baixa qualidade, não sendo mais capazes de levar em conta os problemas da sociedade.

Uma Revolução Cognitiva é um fenômeno que vem quebrar esse narcisismo, procurando restabelecer um canal com a sociedade, através da criação de novas formas de construção da verdade e tomada de decisões, em um movimento de expansão do pêndulo cognitivo.

É isso,

que dizes?

Versão 1.1 – 23/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação

O conceito de redes de tomada de decisões me parece muito poderoso.

Pois ajuda a analisar o que realmente se altera com a chegada de uma Revolução Cognitiva: como tomamos decisões e, por sua vez, construímos a verdade para que elas sejam aceitas.

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Tal mudança que marca a passagem do movimento do pêndulo cognitivo de uma contração para uma expansão cognitiva terá fortes impactos em todas as organizações.

A mudança principal é que a tomada de decisões e a construção das verdades hoje são feitas em e a partir de  centros neuróticos e narcísicos, voltado para a sua reprodução para uma quebra desse modelo, no qual surgem multicentros que irão questionar esse poder e propor novas alternativas. 

Assim, uma sociedade policentrista se caracteriza pela passagem de monocentros para policentros de tomada de decisões e construção das verdades.

Versão 1.0 – 07/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação

 

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Muito se fala em rede.

Rede de que?

Podemos dizer que do ponto de vista sociológico o que é mais relevante, sob meu ponto de vista, são as redes de tomada de decisão.

Definiria como:

Redes tecno-cognitivas que são construídas em torno das tecnologias cognitivas disponíveis que condicionam e definem como as decisões são tomadas. Tais redes têm como elementos: a sua topologia, mais ou menos centralizadas, a opção de oferecer mais ou menos canais de difusão de verdades pela sociedade,  com mais ou menos tempo de uso pelas autoridades de plantão, todas condicionadas pelas possibilidades e impossibilidades tecnológicas disponíveis.

Vivemos hoje a passagem da:

  • Rede de tomada de decisão impressa-eletrônica – baseada no papel impressos e mídias eletrônicas, com um centro bem definido, sem possibilidade da alteração das mensagens enquanto circulam com um tempo de uso definido desde 1800, bastante dominada pelas atuais organizações, gerando um fenômeno de contração cognitiva;
  • Rede de tomada de decisão digital – baseada no computador em rede, com uma abertura de novos canais de difusão de verdades, com possibilidade da alteração das mensagens enquanto circulam, além de inclusão de diversos rastros digitais, tais como comentários, estrelas, curtir, com um tempo de uso ainda inicial,  sem o o domínio pelas atuais organizações, gerando um fenômeno de expansão cognitiva, que abre a possibilidade de uma nova Governança da Espécie baseada em outra rede de tomada de decisões.

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Vejamos abaixo como estas redes podem ser representadas em um desenho. Primeiro a Rede de tomada de decisão impresso-eletrônica:

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Agora a Rede de tomada de decisões digital:

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As novas redes criam uma passagem da tomada de decisões do monocentrismo para o policentrismo, que nos levou no passado a criar o monoteísmo e o politeísmo, por exemplo.

É isso.

Que dizes?

Versão 1.0 – 07/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 Quero abandonar o conceito de colaboração e trocar por participação, que me parece mais eficaz e coerente com o que está acontecendo com a chegada da Revolução Cognitiva.

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Hoje, aliamos o conceito de colaboração com a chegada das mídias sociais.

Passou a ser a meta de projetos desse tipo nas organizações:

“Vamos aumentar a colaboração!”

Co-laborar é trabalhar junto.

E do ponto de vista formal já se trabalha junto e já se colabora, pois quando alguém passa um documento para alguém na empresa está colaborando.

Podemos até falar de extra-colaboração aquela que os códigos da empresa não preveem que poderia ser medido pelo clima organizacional, com um ambiente mais propício ao apoio mútuo.

Isso é tratado como uma melhoria na comunicação entre colaboradores, mas tal conceito e visão tira o mais relevante da discussão, pois cria-se a ilusão que o modelo de tomada de decisão permanece igual, alterando apenas aspectos da comunicação.

Mas não é isso que está e o que vai acontecer para melhorar a competitividade das organizações. O que elas e toda a sociedade precisam para superar as atuais crises é de participação. Ou seja, não é mais colaboração que precisamos com a chegada da atual Revolução Cognitiva Digital mas mais participação.

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Notem que a maior crise que estamos passando é justamente de forma e conteúdo de como tomamos decisões na sociedade.

O atual aparato da verdade está cansado e obsoleto, pois foi estruturado há 200 anos, com a Revolução Francesa, que montou um modelo de tomada de decisões voltado para uma complexidade demográfica de 1 bilhão de pessoas.

Toda a nossa rede de tomada de decisões foi baseada em um modelo eletrônico-impresso, no qual algumas autoridades de plantão definem: os sofrimentos/problemas a serem atacados, como serão atacados, com que objetivo. 

Como temos visto, a concentração do aparato da verdade provoca uma contração cognitiva, que vai, aos poucos, cada vez mais concentrando a tomada de decisões em cada vez menos pessoas, que acabam agindo apenas para se manter como autoridades e não mais voltadas para o ataque dos problemas/sofrimentos da maioria da sociedade.

A crise atual é uma crise do resultado dessa concentração de verdades e de decisões desse pequeno grupo, que já não tem mais instrumentos para lidar com a crise, pois ela exige um novo paradigma de visão, que está sendo construído pelas novas lideranças que surgem ao longo do processo da Revolução Cognitiva Digital.

Uma Revolução Cognitiva, como temos visto na história, vem para aumentar e qualificar novas lideranças (em todos os campos), que irão oxigenar a sociedade com novas verdades, novas perguntas, novos problemas, procurando chamar a atenção para novos e velhos sofrimentos que estão fora do radar dos aparato da verdade atual.

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A nova rede de tomada de decisões, portanto,  não quer aumentar a colaboração entre as pessoas, mas aumentar a participação nas decisões que são tomadas, a partir do empoderamento emocional-cognitivo que  permite.

Demanda-se, assim, participação nas decisões e não colaboração, que é algo que não ataca as crises em curso, que precisa de novos olhares sobre novos e velhos problemas/sofrimentos.

Que dizes?

Versão 1.0 – 07/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

Como vimos aqui, as prioridades dos sofrimentos humanos variam conforme a conjuntura cognitiva. Na expansão, as organizações perdem força e na contração é a sociedade que perde força em definir prioridades. Isso nos leva a procurar entender o papel do setor de aprendizagem na sociedade, que faz parte do aparato da verdade.

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Na contração, o setor de aprendizagem não terá espaço para discussão de problemas, pois as organizações produtivas estarão muito empoderadas e vão ela definir quais são os problemas que devem ser resolvidos e precisam de uma escola mais preparadora de assuntos.

De gente que vai apertar os botões dos problemas definidos pelas organizações baseados nos critérios de prioridades de sofrimentos por elas escolhidos.

Essa concentração da produção da verdade faz com que cada vez menos pessoas definam quais são os problemas pertinentes e reduz a necessidade de que o setor de aprendizagem se prepare para formar gente capaz de lidar com problemas, pois eles serão resolvidos por outras pessoas.

Há um concentração de critérios de priorização de problemas que são fechados para alguns líderes de plantão. Não há necessidade de formação para esse fim. Quando há, a própria organização se encarrega da preparação. Não é algo massificado!

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Há, portanto, a necessidade de pessoas que possam ter dados, conhecer assuntos, para que, nos problemas definidos pelas organizações sejam úteis para servir aos problemas e as prioridades dos sofrimentos escolhidos pela organização cognitivamente empoderada.

Conforme temos o processo de expansão cognitiva, como estamos vivendo agora, por outro lado, há um empoderamento da sociedade e se inicia um ciclo de procura de novos problemas para lidar com sofrimentos que não eram considerados prioritários.

Dessa maneira, a escola focada em assuntos, ou dados não encadeados, sem lógica, com problemas não incorporados, como a base do aprendizado, começa a sentir vontade e ser cobrada para preparar seus alunos para que possam não só auxiliar na solução dos problemas das organizações, mas também que sejam capazes de lidar melhor com os problemas.

Há um processo social de descentralização da escolha dos problemas que serão tratados e, portanto, a necessidade da massificação da preparação para solução de problemas, voltando toda a linha filosófica-didática da autonomia, de aprendizado por problema, processo, criatividade.

Podemos dizer, assim que:

  • na escola que vive a contração cognitiva, iremos ter alunos voltados para assuntos desconexos, pois farão parte do exército que vai ajudar a apertar os botões das organizações definidoras de problemas;
  • na escola que vive a expansão cognitiva, iremos ter alunos voltados para problemas mais conexos, pois farão parte do exército que vai ajudar a resgatar sofrimentos esquecidos e se dedicar a solucioná-los.

Um ciclo que agora fica mais claro.

Que dizes?

Versão 1.0 – 04/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

A espécie humana se dedica a reduzir sofrimentos. Tudo que fazemos vai nessa direção. Essa, aliás, é a ética que podemos ter: agir para reduzir o nosso, evitar criar para os outros e, quando possível, atuar para reduzir o de alguém.

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Podemos ver na figura abaixo como a base da espécie humana é tratada pela sociedade. Ou o desenho tentativo de como nós – como sociedade – lidamos com os sofrimentos presentes:

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A produção do sofrimento será alterada com o pêndulo cognitivo, pois quando há um baixo empoderamento cognitivo da sociedade as prioridades do sofrimento se voltam de dentro das organizações para fora e vice-versa.

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Na figura 1 temos a contração cognitiva com o aumento do poder das organizações sobre a sociedade, sendo estas que definem com uma taxa maior as prioridades dos sofrimentos a serem tratados. Podemos dizer que até antes da chegadas das mídias sociais, era este o momento cognitivo que vivíamos na sociedade:

fig1

 

Na figura 2 temos a expansão cognitiva completa com o aumento do poder da sociedade sobre as organizações, sendo que estas passam a definir com uma taxa maior as prioridades dos sofrimentos a serem tratados. Um modelo como o de baixo pode ser visto em 1800 com as reformas liberais na França e Estados Unidos:

fig2

 

Podemos dizer que com a Revolução Cognitiva Digital em curso e a macro-canalização dos indivíduos estaríamos começando uma leve modificação no pêndulo, como podemos demonstrar na figura 3.:

fig3

 

Algo ainda bem sutil, mas que tende gradualmente a uma inclinação cada vez maior em direção à expansão.

Que dizes?

Versão 1.0 – 04/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Descubra os insights sobre neurose e pêndulo cognitivo neste artigo.

Wikipédia – O termo neurose (do grego neuron (nervo) e osis (condição doente ou anormal)) foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1787 para indicar “desordens de sentidos e movimento” causadas por “efeitos gerais do sistema nervoso”. Na psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer transtorno mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem mais severa.

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Para este blog, a neurose se caracteriza pela dificuldade de viver uma vida não repetida. Ou melhor, uma vida que ao se repetir nos leva a constantes sofrimentos já conhecidos, mas, inexplicavelmente, recorrentes.

A métrica da neurose seria, então, o sofrimento maior ou menor que uma pessoa vive na vida, a partir de suas próprias decisões, indecisões ou adiamento de decisões.

  • Uma enchente que arrasta uma casa não é uma neurose, apesar de causar sofrimento.
  • Optar por fazer uma casa no mesmo lugar, sem analisar se outra enchente é possível, talvez se caracterize por uma neurose.

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A neurose é um dos conceitos da filosofia-teoria epistemológica do inconsciente de Freud, que se divide em três campos epistemológicos:

  • Filosofia – o ser humano não é uno, mas duo, com uma subjetividade que ele não controla e nunca vai conhecer plenamente, que questiona o controle total da razão pelo humano;
  • Teoria – o Ego, o Id, o Superego e todas as forças que precisam ser analisadas para se conhecer melhor as doenças emocionais/cognitivas;
  • Metodologia – a psicanálise, que é a tentativa de, através do estudo do discurso do paciente poder identificar problemas e tentar ajudar a superá-los/administrá-los.

Podemos dizer, assim, que as teorias do inconsciente trouxeram ao mundo essa impotencialidade humana e, através da psicanálise, metodologia, destacou a necessidade do ser humano falar de si para o outro, seja um terapeuta, ou não, para se desconhecer menos, pois não haverá nunca o conhecimento completo.

Neste post, discuti um pouco a palestra de Ricardo Goldenbeg que defende que só é possível se desconhecer menos, através do diálogo com o outro. O conhecer passa sempre pelo outro, diz ele , pois o auto-conhecimento é uma ilusão, pois nunca vamos nos auto-conhecer sozinhos.

É como se precisássemos de uma parede externa para jogar nossa bola de desconhecimento subjetivo e, conforme a força, pressão, altura da volta da bola pudéssemos ter uma noção da nossa taxa de ilusão diante da vida.

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Isso vai um pouco na direção da discussão que fiz aqui que a realidade é uma verdadeira suruba, que não está em ninguém, mas na interação das diferentes percepções, que precisam entrar em contato para que possam se desiludirem mutuamente.

Assim, se ajuda muito:

  • ter o outro para nos conhecer;
  • trocar e conversar são elementos fundamentais para esse conhecimento (obviamente seguido de reflexão sobre essas interações).

Podemos dizer que uma sociedade que menos pode conversar é uma sociedade que tende a aumentar a sua taxa de neurose e de que o inverso também é válido: a ampliação da comunicação, não é suficiente, mas é um primeiro passo para que possamos reduzir a taxa de neuroses, pois teremos menos ilusões.

Assim, quando vivemos o ponto de maior contração do pêndulo cognitivo, na qual os canais se fecham, as pessoas passam de produtores a meros espectadores, podemos dizer que haverá uma taxa muito maior de neuroses coletivas.

E se estabelece uma relação entre o pêndulo cognitivo e as taxas de neurose da sociedade.

E isso vale para pessoas e organizações.

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Não existe nada mais significativo para a espécie humana que a macro-canalização humana. Entende-se macro-canalização a passagem de um indivíduo telespectador (sem canal) para um teleprodutor (com canal).

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Há mudanças individuais e coletivas.

Individuais:

  • potencialização da diversidade e subjetividade;
  • troca intensa com outros indivíduos, reduzindo isolamento;
  • empoderamento informativo;
  • e, por sua vez, aumento da taxa de auto-estima.

Coletivas:

  • Questionamento da verdade hegemônica;
  • Aumento da diversidade das verdades;
  • Aumento da anti-narrativa da verdade;
  • Reposicionamento dos problemas e nova luz sobre sofrimentos invisíveis;
  • Desneurotização corporativa, voltando-se de novo ao servir à sociedade.

Isso tem impactos no aparato produtor da verdade na sociedade, da seguinte maneira, afetando a mídia, a área educacional e produtiva, lidando com um cidadão que tem/deseja/quer:

  • indivíduo com canais;
  • participação intensa nos canais existentes;
  • formação de um teleprodutor e não mais um telespectador;
  • preparação para mais escolhas;
  • procurar solução para novos e velhos sofrimentos;
  • que lida com conhecimento líquido e não mais sólido;
  • mais horizontal do que vertical;
  • auto-aprendizado;
  • produtos e serviços customizados.

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Vivemos o controlismo, digamos a fase mais aguda e perversa do hiper-controlismo quando o pêndulo cognitivo está no ponto máximo de contração.

Muitos dizem que o problema do mundo é o capitalismo e eu diria que é o hiper-controlismo da verdade, seja em qualquer sistema social, político e econômico. Podemos defini-lo como o ponto maior de concentração das verdades, que nos leva a adorar ( e isso é fortemente estimulado), de forma hegemônica, tudo que, do ponto de vista da vida, de longo prazo não faz o menor sentido.

Nós deixamos chegar a esse ponto por causa do nosso cérebro preguiçoso e precisamos aprender com nossos erros, pois o aumento do sofrimento humano é enorme.

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O atual hiper-controlismo, sem dúvida, nos ajudou a crescer enquanto tamanho da espécie, mas não de forma sustentada, pois no processo deixamos de lado princípios importantes, pois vivemos de forma hegemônica uma massiva objetivação da vida e estamos (e vamos) pagar um preço muito alto por isso.

O poder como sugere Foucault, não vem de um centro que controla, mas de toda a sociedade que, aos poucos, se auto-controla, pois cada um precisa assumir um naco do hiper-controlismo, estabelecendo-se uma relação sado-masoquista.

Eu sou o objeto da sua objetivação, deixando de lado nossa subjetivação. Eu abro mão da minha singularidade para poder sobreviver em um mundo que não quer diversidade, mas unicidade consumidora. Não querem que você tenha seu próprio canal, mas apenas consuma o canal daquele que detém a grande rede.

Dizem que com a Internet podemos chegar ao Big Brother e eu vou dizer, meus amigos, que vivemos hoje nele e estamos tentando sair dele com a Internet!

Há um prazer em transformar cada humano, coisa, animal em um objeto perverso da minha objetivação, reduzindo, ao longo do tempo, a qualidade humana, que está na singularidade de cada um e na procura do aumento da taxa da subjetivação.

O mundo está enterrando seus mortos, sem que eles possam conseguir trazer para nós o seu potencial. Vivemos o desperdício, antes de tudo, de diversidade humana.

E isso tem tornado, entre tantas outras coisas, nossa vida cada vez pior.

Há um prazer perverso tanto de quem pseudo-controla e de quem é pseudo-controlado e um pacto por uma dedicação, sem conceito ou princípios, a uma vida com baixa qualidade ética, conjugando o verbo em todos os canais:

  • Eu topo tudo por dinheiro;
  • Você topa tudo por dinheiro;
  • E a sociedade, assim, faz tudo por dinheiro;
  • Tirando da vida toda a subjetivação possível.

Mas não se iludam tudo isso tem um custo!

(Ética aqui entenda-se não por moralismo, mas por valores que procuram combater a objetivação da vida em nome de objetivos de baixa qualidade.)

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O movimento humano de expansão cognitiva (no qual os antes sem-canal ganham canais) visa construir uma nova governança da espécie, que precisa de sustentação filosófica de uma nova ética baseada em alguns princípios de mais qualidade que passam, de forma central, em um movimento conceitual contra a objetivação da vida.

Não estamos falando aqui de movimentos tradicionalistas que querem nos levar para um mundo utópico das tribos primitvas, mas uma nova bio-ética, que possa dar conta da nossa atual complexidade, um politeísmo digital.

Isso se dá, inicialmente, na conscientização do papel de cada um nesse novo momento como dono de seu próprio canal da verdade (em cada um de seus perfis em todas as mídias sociais) quando saímos do papel de tele-espectadores, aqueles que esperam a mídia de massa para tele-produtores, aqueles que produzem a nova mídia de missa.

Este movimento implica necessariamente em uma questão que não estava colocada: o que eu vou produzir para o mundo, já que tenho meu canal? E o que eu vou incentivar que seja produzido pelos outros, curtindo, assistindo, compartilhando?

Temos, portanto, novas questões éticas, que não estavam colocadas!

Isso me tira de uma passividade sado-masoquista de que eu não sou/era responsável por nada que estava aí, pois era/sou apenas um espectador do mundo diante da televisão.

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É preciso, assim, agora apostar no descontrolismo, aproveitando o máximo a macro-canalização do indivíduo, onde todos de telespectadores passam a ter seu próprio canal.

Essa é a principal mudança que uma expansão cognitiva traz: nos coloca, de novo, como foi com a chegada do papel impresso diante de uma tela branca, que pede que nossa subjetividade e diversidade volte para resolver as crises que criamos.

O problema é que estamos entrando nesse novo mundo ainda impregnados do hiper-controlismo passado e precisamos começar a ter consciência do que mudou e como mudou para assumir um novo papel de micro-protagonista do processo, a cada dia, a cada post, a cada curtida que nos leva, na sequência, a nos questionar a vida que levamos, nosso papel enquanto consumidores e, vou além, de profissionais.

O que estou fazendo no meu trabalho está reduzindo, mantendo ou minimizando o sofrimento alheio? Se não posso mudar o trabalho que tenho, o que estou fazendo para que possa ter um mais conceitual dentro em breve? E, se não há nenhum perspectiva nessa direção, o que faço nas horas vagas para trazer minha subjetividade diversidade para o mundo?

Que dizes?

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Roteiro para a capacitação de um laboratório de inovação colaborativa:

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  • Nova visão filosófica:
    • O que é a realidade?
    • Eu sou apenas um crachá?
  • Nova visão teórica:
    • Vivemos na ecologia ou em uma tecno-ecologia?
    • Como muda a tecno-ecologia?
    • O efeito das mudanças das tecnologias cognitivas na história da espécie?
    • A complexidade demográfica e a governança da espécie;
  • Novos métodos de produção da verdade e tomada de decisão:
    • As organizações monoteístas;
    • O politeísmo digital;
    • As duas colaborações: tecnológica e a ideológica;
  • A plataforma colaborativa digital
    • O papel do novo gestor da plataforma;
    • O papel dos robôs;
    • O papel da colaboração de massa.
  • O laboratório de inovação colaborativo:
    • Conceito
    • Objetivo
    • Formas de trabalho

 

Podemos dizer que a história se repete?

Sim e não.

Há ciclos, a meu ver, como detalhei no pêndulo cognitivo de expansão e contração, mas a cada volta do pêndulo, temos momentos diferentes, pois a população cresce, há uma diferente conjuntura socio-política-econômica e, por sua vez, características específicas das novas tecnologias cognitivas, além do perfil singular das autoridades de plantão e das anti-autoridades de plantão.

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Sob este ponto de vista, podemos dizer que:

Já vivemos revoluções cognitivas como a atual;

Porém nunca vivemos uma Revolução Cognitiva com:

  • Sete bilhões de pessoas no mundo;
  • Em um sistema como o capitalismo;
  • Com uma tecnologia digital;
  • E com a singularidade das autoridades de plantão e das anti-autoridades de plantão.

São elementos que devem ser levados em conta na comparação com Revoluções Cognitivas do passado para que possamos comparar sem nos cegar.

Que dizes?

Versão 1.0 – 02/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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