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Vivemos o controlismo, digamos a fase mais aguda e perversa do hiper-controlismo quando o pêndulo cognitivo está no ponto máximo de contração.

Muitos dizem que o problema do mundo é o capitalismo e eu diria que é o hiper-controlismo da verdade, seja em qualquer sistema social, político e econômico. Podemos defini-lo como o ponto maior de concentração das verdades, que nos leva a adorar ( e isso é fortemente estimulado), de forma hegemônica, tudo que, do ponto de vista da vida, de longo prazo não faz o menor sentido.

Nós deixamos chegar a esse ponto por causa do nosso cérebro preguiçoso e precisamos aprender com nossos erros, pois o aumento do sofrimento humano é enorme.

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O atual hiper-controlismo, sem dúvida, nos ajudou a crescer enquanto tamanho da espécie, mas não de forma sustentada, pois no processo deixamos de lado princípios importantes, pois vivemos de forma hegemônica uma massiva objetivação da vida e estamos (e vamos) pagar um preço muito alto por isso.

O poder como sugere Foucault, não vem de um centro que controla, mas de toda a sociedade que, aos poucos, se auto-controla, pois cada um precisa assumir um naco do hiper-controlismo, estabelecendo-se uma relação sado-masoquista.

Eu sou o objeto da sua objetivação, deixando de lado nossa subjetivação. Eu abro mão da minha singularidade para poder sobreviver em um mundo que não quer diversidade, mas unicidade consumidora. Não querem que você tenha seu próprio canal, mas apenas consuma o canal daquele que detém a grande rede.

Dizem que com a Internet podemos chegar ao Big Brother e eu vou dizer, meus amigos, que vivemos hoje nele e estamos tentando sair dele com a Internet!

Há um prazer em transformar cada humano, coisa, animal em um objeto perverso da minha objetivação, reduzindo, ao longo do tempo, a qualidade humana, que está na singularidade de cada um e na procura do aumento da taxa da subjetivação.

O mundo está enterrando seus mortos, sem que eles possam conseguir trazer para nós o seu potencial. Vivemos o desperdício, antes de tudo, de diversidade humana.

E isso tem tornado, entre tantas outras coisas, nossa vida cada vez pior.

Há um prazer perverso tanto de quem pseudo-controla e de quem é pseudo-controlado e um pacto por uma dedicação, sem conceito ou princípios, a uma vida com baixa qualidade ética, conjugando o verbo em todos os canais:

  • Eu topo tudo por dinheiro;
  • Você topa tudo por dinheiro;
  • E a sociedade, assim, faz tudo por dinheiro;
  • Tirando da vida toda a subjetivação possível.

Mas não se iludam tudo isso tem um custo!

(Ética aqui entenda-se não por moralismo, mas por valores que procuram combater a objetivação da vida em nome de objetivos de baixa qualidade.)

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O movimento humano de expansão cognitiva (no qual os antes sem-canal ganham canais) visa construir uma nova governança da espécie, que precisa de sustentação filosófica de uma nova ética baseada em alguns princípios de mais qualidade que passam, de forma central, em um movimento conceitual contra a objetivação da vida.

Não estamos falando aqui de movimentos tradicionalistas que querem nos levar para um mundo utópico das tribos primitvas, mas uma nova bio-ética, que possa dar conta da nossa atual complexidade, um politeísmo digital.

Isso se dá, inicialmente, na conscientização do papel de cada um nesse novo momento como dono de seu próprio canal da verdade (em cada um de seus perfis em todas as mídias sociais) quando saímos do papel de tele-espectadores, aqueles que esperam a mídia de massa para tele-produtores, aqueles que produzem a nova mídia de missa.

Este movimento implica necessariamente em uma questão que não estava colocada: o que eu vou produzir para o mundo, já que tenho meu canal? E o que eu vou incentivar que seja produzido pelos outros, curtindo, assistindo, compartilhando?

Temos, portanto, novas questões éticas, que não estavam colocadas!

Isso me tira de uma passividade sado-masoquista de que eu não sou/era responsável por nada que estava aí, pois era/sou apenas um espectador do mundo diante da televisão.

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É preciso, assim, agora apostar no descontrolismo, aproveitando o máximo a macro-canalização do indivíduo, onde todos de telespectadores passam a ter seu próprio canal.

Essa é a principal mudança que uma expansão cognitiva traz: nos coloca, de novo, como foi com a chegada do papel impresso diante de uma tela branca, que pede que nossa subjetividade e diversidade volte para resolver as crises que criamos.

O problema é que estamos entrando nesse novo mundo ainda impregnados do hiper-controlismo passado e precisamos começar a ter consciência do que mudou e como mudou para assumir um novo papel de micro-protagonista do processo, a cada dia, a cada post, a cada curtida que nos leva, na sequência, a nos questionar a vida que levamos, nosso papel enquanto consumidores e, vou além, de profissionais.

O que estou fazendo no meu trabalho está reduzindo, mantendo ou minimizando o sofrimento alheio? Se não posso mudar o trabalho que tenho, o que estou fazendo para que possa ter um mais conceitual dentro em breve? E, se não há nenhum perspectiva nessa direção, o que faço nas horas vagas para trazer minha subjetividade diversidade para o mundo?

Que dizes?

Versão 1.0 – 03/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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