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A metodologia é, basicamente, a ferramenta principal de um consultor.

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Desde que comecei a brincadeira de tentar entender a Internet para ajudar meus clientes, que tive aqui que montar uma verdadeira oficina de carpintaria teórica, pois sou um consultor compositor e não intérprete, (veja definição mais abaixo).

Quem resolve fazer uma mesa será, ao mesmo tempo, um estudioso das ferramentas para fazer a mesa.

Todo problema pede um ferramental para ajudar a resolvê-lo, seja ele tangível (tecnologias) e/ou intangível (metodologias)

Ou seja, qualquer profissão tem as suas ferramentas, que fazem parte direta da qualidade e do resultado que um profissional que resolve problemas terá.

Eu sou um consultor que se dedica a resolver problemas a partir da chegada do mundo digital e quando procuro ajudar meus clientes tive diante de mim, na primeira fase, problemas metodológicos e depois quando tive que inventar uma metodologia, questões teóricas-filosóficas.

A metodologia é, basicamente, a ferramenta principal de um consultor.

E metodologia é basicamente um conjunto de encadeado de prescrições de ações que fazem chover em algum lugar.

Assim, pode não parecer, mas as ferramentas do consultor são conceitos que precisam ser bem dominados para que se possa atuar.

E aí temos dois diferentes tipos de consultores:

  • consultores intérpretes – os que seguem metodologias prontas e apenas implantam, através de treinamento ou de ação direta, geralmente o pessoal mais inexperiente ou com um perfil mais executivo e menos abstrato;
  • os consultores compositores – que criam novas metodologias ou revisam as atuais, geralmente o pessoal mais experiente com um perfil mais abstrato do que executivo.

São dois mundos completamente diferentes, pois:

  • os intérpretes vão interagir da parte teórica-filosófica para baixo, com quem vai atuar diretamente no problema. Tentar garantir que a metodologia seja implantada sem problemas.
  • já os compositores vão interagir da parte teórica-filosófica para cima, pois vão ver os problemas que podem estar ocorrendo em uma dada metodologia para arrumá-la, ou mesmo criar uma nova metodologia do zero, quando for o caso. Seu papel é criar/revisar metodologias.

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O trabalho do consultor compositor é o de se debruçar cada vez mais em uma “banca” teórica-filosófica, pois vai precisar analisar metodologias e não problemas de implantação de metodologias.

Geralmente, quando a metodologia deixa de dar resultados evidentes é que há alguma força que foi super ou sub-utilizada.

Um exemplo típico, por exemplo, é um antibiótico que funcionava, mas o vírus aprendeu com ele e se sofisticou exigindo um novo ou uma dose diferente.

Quem se habilita a mudar metodologias é um consultor teórico e em alguns momentos filosófico, pois precisa, basicamente, rever as forças para depois rever a “dose” dos “remédios”.

Toda metodologia vem resolver um dado problema que não é estático e sempre muda.

Uma metodologia sem revisão constante tem tudo para causar o, caos.
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Assim, um consultor compositor é alguém que vai mais e mais lidar com questões teóricas e filosóficas, tendo estas como as suas ferramentas principais para poder agir e analisar a metodologia.

Ou seja, um consultor compositor vai, aos poucos, deixando de usar a metodologia como ferramenta: é a metodologia que passa a ser o seu problema.

Ele migra do uso da ferramenta metodologia (que passa a ser o problema que ele procura minimizar) e não mais a sua ferramenta de trabalho.

Começa, assim, a usar as ferramentas teóricas-filosóficas como instrumentos para analisar as metodologias e ver que problemas elas podem conter.

Ou seja, um consultor compositor passa a ser um teórico ou um filósofo, dependendo da nova metodologia a ser criada e seus instrumentos mais e mais serão os conceitos teóricos e filosóficos para criar novas ou rever metodologias com problema.

O que era ferramenta passa a objeto do problema.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 03/12/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Tenho feito um esforço para criar uma corrente de pensamento que trabalha em quatro instâncias, como detalhei no triângulo do conhecimento.

Filosofia -> Teoria -> Metodologia -> Ação

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Quando lidamos com problemas e algo deixa de funcionar a contento, a partir de mudanças de cenários, há algo que precisa ser repensado.

Quem age na ponta, sente que precisa rever algum procedimento.

Qualquer procedimento seja ele registrado ou intuitivo, se constitui em uma metodologia para solução do mesmo.

  • Uma metodologia pode ser mais ou menos estruturada.
  • Uma mais estruturada é registrada.
  • Uma metodologia, entretanto, trabalha com forças que foram definidas por uma teoria.

Um processo químico, por exemplo, define uma teoria de como um reagente atua com o outro e as suas diferentes variações (temperatura, condições, recipientes, etapas, etc), o que acaba dando uma fórmula.

É em cima desta fórmula e de estudos de laboratório que se chega a uma metodologia para resolver um dado problema quando se mistura agentes químicos para se chegar a um dado resultado, tal como fazer um shampoo.

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Ou seja, a metodologia tem a teoria como base para juntar as peças.

Se há algum dado de algum elemento que não foi suficientemente testado, na hora da implantação vai aparecer o equívoco e precisa se ajustar a teoria e, só então, a metodologia.

Uma metodologia pode ter problemas:

  • – de implantação, na operação mesmo, que é sanada com capacitação para o uso;
  • – de peso das forças atuantes, que exige, neste caso, uma revisão dos preceitos;
  • – quanto maior o impasse mais para cima (teoria ou filosofia) deve se fazer a revisão.

O problema é que quando vivemos em o final de uma contração cognitiva, com ideias fechadas na sociedade, as ações começam a se repetir, pois, de maneira geral, o mundo dá uma estabilizada principalmente nas teorias sociais.

A sociedade ganha uma certa regularidade e as metodologias de ação nas organizações, que usam teorias sociais, vão se acomodando e ficando cada vez mais metodológicas.

A regularidade pede que analisemos cases e quando uma metodologia tem problemas, alguém, geralmente firmas de consultoria ou gurus-consultores, inventam novas teorias que deixa todo mundo contente.

Nossas mudanças são de baixa abstração e nos viciamos nisso.

Quando entramos em um processo de expansão cognitiva nossa visão metodológica começa a ter problemas, pois as teorias que funcionavam, até então, começam a ratear.

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Surgem forças novas na sociedade, que pedem revisões teóricas e muitas vezes filosóficas, que nos levam a revisar como vemos, pela ordem:

  • – o próprio ser humano (filosofia);
  • – as forças que regem a sociedade (teoria);
  • – as ações que precisam ser modificadas (metodologias);
  • – a implantação destas novas metodologias.

É o caso do esforço que tenho feito para recolocar a mudança que a Internet traz para o mundo, que veio da ação, pois eu tenho uma empresa de consultoria, até a revisão filosófica no topo, a saber:

  • – Não é a governança que determina a comunicação, mas é a comunicação, turbinada por novas tecnologias cognitivas que define a governança;
  • – As forças latentes na sociedade, que estavam invisíveis precisam ser de novas levadas em conta, a saber: a insatisfação do consumidor/cidadão, empoderada por uma nova mídia;
  • – a migração necessária da atual governança para a nova, o que nos leva para uma metodologia de mudança radical e não incremental;
  • – e colocar a metodologia para rodar, com todos os seus desafios.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 03/12/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

O principal erro do futuro é não conseguirmos ver a força principal da mudança: o empoderamento do ser humano com novos canais cognitivos.

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Note que estamos tateando no escuro.

Sociedade do conhecimento, da informação, da inovação, pós-industrial, pós-moderna.

E vamos embora tentando acertar no ponto para, só então, tentar definir metodologias para agir.

O problema é que não temos uma boa base da futurologia para agir, pois estamos diante de uma mudança inusitada: a chegada de uma tecnologia cognitiva reintermediadora, que traz algo muito esquisito: consegue mudar MUNDIALMENTE a co-relação de equilíbrio da injustiça.

Isso faz com que entremos em uma verdadeira panela de pressão, na qual mudanças inesperadas em todos os campos da sociedade estão prestes a ocorrer.

Muitos dirão que é por causa da Internet. Não é.

Ela apenas é o peso final que faltava para colocar uma injustiça que era evidente à prova e isso vai fazer com que entremos, como já estamos, em um macro período de ruptura.

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Pensar o mundo sem esse fator disruptivo como o ponto central das análise e todos os outros conjugados é fundamental para praticar uma boa futurologia.

Porém, os futurólogos de plantão estão intoxicados com suas bolas de cristais antigas.

É isso, que dizes?

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Bom, brincando de futurologia, vamos agora mostrar como as forças da sociedade se colocam e podem se mover, a partir das tecnologias cognitivas, que é uma novidade para os futurólogos de plantão.

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A base para pensar o futuro, aqui na minha linha de raciocínio (cada um tem a sua) é dizer que a sociedade vive em um desequilíbrio/equilíbrio entre a taxa de justiça/injustiça e a capacidade de mobilização/imobilização da sociedade.

Se a maioria ou uma parte da população se sente suficientemente injustiçada e consegue, de alguma forma, ter forças para mudar essa injustiça, ou se a injustiça chegou a tal ponto que não há nada mais a perder, temos aí um ponto de inflexão.

Podemos dizer que potencialmente há uma possibilidade de mudança.

Essa é a base principal para analisar a situação de cada país, de regiões e do mundo como um todo.

Podemos chamar isso do equilíbrio das injustiças.

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Movimentos de mudanças sociais ocorrem nessa direção, sejam eles:

  • de ordem política – mudanças na forma do regime, na derrubada de reis, presidentes, ditadores;
  • na ordem econômica – com o surgimento de novos players mais dinâmicos, ou menos dinâmicos, através da concentração.

Há muito que já se escreveu sobre tudo isso.

Porém, a futurologia precisa ter um banho de loja com a chegada da Internet, uma tecnologia cognitiva reintermediadora que é um novo fenômeno e tem – para quem pensa o futuro – algo de extrema relevância.

Podemos dizer que vivemos hoje uma alta taxa de injustiça na sociedade, pois houve um forte concentração de poderes (econômicos, sociais, políticos e cognitivos), que estabeleceu um equilíbrio frágil.

Há movimentos em vários países, incluindo do chamado clube dos mais ricos, que aponta um forte descontentamento.

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Podemos dizer que há alguns fenômenos encadeados:

  • – forte aumento populacional (de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos);
  • – forte concentração de poderes sociais, políticos, econômicos e cognitivos;
  • – aumento da sensação de injustiça, porém sem ainda poder de transformação.

O que temos hoje com a chegada da Internet é justamente o início da capacidade que os que se sentem injustiçados começarem, ainda que timidamente, a perceber o poder que passaram a ter, pois há um descontrole de ideias na sociedade, com a macro-canalização humana.

Todo o desequilíbrio das injustiças trabalham com dois parâmetros:

  • – a redução objetiva da taxa de injustiça, através de atos e fatos;
  • – ou o aumento da taxa de manipulação das percepções, marketing, sofismos e versões.

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O que há hoje quando pensamos no futuro é que não conseguimos ver o quanto há de insatisfação acumulada e o quanto o novo ponto de equilíbrio está distante do que está se propondo na sociedade pela ordem estabelecida.

E isso não é localizado, regional, mas global.

Deve-se, assim, analisar como eixo principal de qualquer futurologia depois da chegada da Internet, mudanças que virão a partir das tecnologias cognitivas como força principal sobre o futuro, pois elas empoderam injustiças, desequilibrando o que estava fragilmente equilibrado.

O que nos leva, no que venho estudando, a chegar ao ponto de falar da necessidade de criar uma nova governança da espécie para que se possa chegar a um novo equilíbrio.

Os futurólogos que não colocam isso na mesa, estão que nem os dinossauros.

Achando que são os donos do mundo sem conseguir ver o meteoro que se aproxima.

Que dizes?

Versão 1.0 – 01/12/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Pode parecer meio bobinho, mas a futurologia existe e é bem útil, pois se temos a possibilidade de analisar o futuro com mais rigor, podemos tomar decisões mais acertadas.

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O problema é que não temos muitas ferramentas para pensar o futuro de forma mais consistente. E para isso é preciso trabalhar com o conceitos de forças.

Podemos pensar em duas ações.

Algo que está em uma certa estabilidade, digamos o presente, e o futuro que chega trazendo taxas de mais ou menos estabilidade ou instabilidade. Ou seja, podemos trabalhar com taxas de instabilidade, maior ou menor.

Ao longo do tempo, a humanidade foi registrando forças que modificam o presente com mais ou menos intensidade. Podemos dizer que acima de tudo, mudanças na natureza, mais frio ou calor. Possibilidades de sermos atingidos, como fomos na época dos dinossauros, por algo que vem do espaço.

E, além disso, ou por causa disso, o que estuda muito a economia, o conceito de excesso ou escassez, o que gera mudanças de valor. Quando temos escassez, algo sobe de valor e vice-versa. E ainda questões ligadas à pandemias.

O que esgota a nossa análise não-humana.

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Seriam forças da natureza, ou fora da intervenção humana.

Depois, aprendemos a lidar com as forças da sociedade, que basicamente se resume a mudanças que podemos trabalhar com satisfação ou insatisfação da sociedade diante de sues desígnios. E a capacidade de revolta/mudanças ou incapacidade de procedê-las.

Há sociedades que se estabelecem para sobreviver e viver com a maior taxa de qualidade possível, que estabelece justiças e injustiças e isso se dá diante de um dado equilíbrio.

Se algo aumenta a taxa de injustiça em uma dada sociedade, que se gera um dado descontentamento aliado a uma possibilidade de capacidade de revolta/mudanças, certamente que algo está para acontecer. Além disso, brigas entre sociedades diversas, que vão mais ou menos na mesma direção, com possibilidade de guerras.

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Assim, acho que o trabalho do futurólogo seria analisar estes dois fatores:

Naturais e sociais para procurar o que poderia ocorrer para se chegar a um dado equilíbrio ou desequilíbrio.

Diria que o ser humano procura a bonança, pois é mais confortável, sempre voltando para algum tipo de estabilidade para retomar seus velhos e bons hábitos.

Dessa maneira os tempos de equilíbrio seriam maiores do que os de rupturas, em um processo de continua-continua-continua-quebra- continua-continua-continua, quebra, etc…

Se pudesse traçar uma linha das mudanças sociais, diria que a principal para análise da sociedade é compreender que se vive uma tensão entre forças que se sentem mais ou menos à vontade no todo.

Criando uma gangorra dupla:

  • justiça versus injustiça;
  • capacidade da sociedade em aceitar ou não aceitar as injustiças.

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Assim, podemos dizer que:

  • Não há sociedade justa ou injusta, mas taxas.
  • Não há sociedade controlada ou descontrolada, mas taxas.

Qualquer futurólogo e o pessoal que trabalha com estratégia precisa ter uma base filosófica para trabalhar para, só então, poder apontar macro tendências.

Eu proponho as que estão acima.

Seriam as forças principais a serem analisadas para se poder colher os dados.  E vou aplicar esse método para apresentar a ruptura que a Internet traz nesse equilíbrio, ligando os dois pontos Futurologia e Internet.

Que dizes?

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Estava ouvindo este vídeo, que é só um trecho de uma palestra maior.

E dois conceitos/relações entre eles me chamaram a atenção.

A primeira delas a briga dentre duas visões de mundo, que aparecem em dois filósofos da Grécia Antiga: Parmênídes e Heráclito.

  • Parmênides representa bem um perfil comum diante de mudança. Ele diz: nada muda, apesar de tudo. São os que podemos dizer que são os resistentes às mudanças.
  • E, por outro lado, Heráclito é aquele que diz justo o contrário, que tudo muda, mais conhecido pela imagem que ninguém entra no mesmo rio nunca, pois o rio nunca é o mesmo e a pessoa idem.

Acredito que as duas pontas se encontram em algum lugar e isso vai depender do contexto histórico que vivemos.

Há momentos na história em que há macro-mudanças e instabilidade e Heráclito vai bombar. E vice-versa há momentos em que há estabilidade e consolidação e é a vez do Parmênides.

Acredito que toda mudança precisa de um tempo para assentar e nestes momentos há uma necessidade de estabilização e vice-versa.

Ou seja, que tudo muda com o tempo concordo, mas há algo que não muda, que é a própria mudança.

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Outro ponto do vídeo que gostei, que pode nos ajudar é quando ele faz uma separação entre macro tendência e moda.

  • Moda seria criada por alguém para os outros, de forma vertical.
  • E macro tendência é criada de todos para todos, de forma horizontal, a despeito das estruturas estabelecidas.

Acredito que a futurologia, ou a criação de cenários, que é chave para quem faz estratégia de médio e longo prazo precisa incorporar esse balanço entre estes dois filósofos.

O mesmo digo para o pessoal que hoje se chama “gestor de inovação”.

Assim, podemos dizer que há ciclos de expansão e contração de mudanças em que em cada momento um filósofo destes passa a ser o rei da cocada preta.

Mas é preciso para o exercício da futurologia entender as forças que provocam mudanças, o que vou chamar de filosofia da futurologia, para a qual dedico o outro post.

Que dizes?

Versão 1.0 – 01/12/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Muitos nos perguntamos qual é a melhor forma de resolver problemas.

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E aí temos que diagnosticar o problema.

Diria que um problema incremental é aquele:

  • – que é corriqueiro;
  • – que já há muitas soluções disponíveis.

Diria, entretanto, que um problema radical é aquele:

  • – que é incomum;
  • – e não há soluções disponíveis.

Isso não quer dizer que um problema incremental é de fácil resolução, pois pode-se adotar uma solução conhecida, mas que não se encaixa, ou está desgastada.

Mas, de maneira geral, o método indutivo é o melhor para ser usado em problemas incrementais, pois parte-se do problema, de cases similares, de uso de uma dada metodologia já testada.

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O método indutivo, entretanto, não é o mais adequado quando lidamos com problemas radicais, pois é preciso pensar sobre a natureza do problema.

  • É parecido com que tipo de problemas conhecidos?
  • Como posso adaptar métodos similares para tentar resolvê-lo?
  • Que forças estão ali envolvidas, como agem, como se relacionam?

O melhor método para problemas radicais é do dedutivo, que nos leva para filosofar e teorizar antes de metodologizar, pois não há um livro para Dummies naquele caso.

Hoje, o principal método de soluções de problemas na sociedade com baixa capacidade de abstração é o método indutivo, que muitas vezes é usado em todas as situações, incluindo problemas radicais.

O que acontece é que o custo/benefício para resolver problemas radicais com o método indutivo é muito, mas muito maior do que o dedutivo e muitas vezes, dependendo do caso, não se soluciona.

É preciso antes de ir a campo saber se estamos lidando com algo incremental ou radical e, só, então, escolher o método de análise.

Por aí, que dizes?

Versão 1.0 – 29/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Existem três instâncias que têm que procurar a harmonia para evitar as crises.

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Note que temos que trabalhar em um projeto humano, qualquer projeto com algumas instâncias de governança:

  • – governança econômica – como o valor gerado é compartilhado pelos membros;
  • – governança política – como os membros são escolhidos e retirados dos cargos de tomada de decisão;
  • – governança da comunicação – como os membros se comunicam entre si, através das suas redes cognitivas (informação, comunicação, relacionamento).

Note que os três aspectos devem ter harmonia.

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Hoje, o atual modelo das organizações é feito com os três modelos fechados, porém há uma nova governança alternativa do lado de fora.

Notem que coloquei a comunicação como vértice embaixo, pois, a despeito da nossa tradicional análise, o que muda para valer o mundo é a governança da comunicação que arrasta todas as outras, como detalhei aqui.

Um pequeno grupo detém a governança política, econômica e de comunicação concentrando poder e recursos, criando percepções e tomando decisões.

(Isso gera crises, como comentei aqui.)

Quanto mais gente estiver do lado de fora e mais concentrado forem as percepções e decisões menor será a taxa de qualidade de ambas as ações.

Como vimos aqui, não é a governança que define a comunicação, mas é a comunicação que define a governança.

Ou seja, a sociedade é o que é conforme os canais de comunicação que as pessoas tenham disponíveis. Se os canais se abrem, a governança muda, não só a comunicação, mas a governança política e econômica.

Quando vivemos uma ruptura radical na governança da comunicação em boa parte da sociedade haverá um forte movimento para tornar a governança econômica e política compatível com o novo modelo!

É isso, que dizes?

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Temos acompanhado a venda de participação de ações dos principais players das mídias mais participativas (Facebook, Youtube, Twitter) para os investidores do mercado financeiro. Há, entretanto aí, uma incompatibilidade de governanças que vai definir o futuro destas organizações, pois aposta-se na concentração algo que tem que ser aberto.

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A Internet vive assim a sua segunda etapa.

A primeira, até 2004, foi de consolidação da rede física.

A segundo, até os dias de hoje, está sendo a de consolidação de sua nova governança da comunicação, com a chegada de plataformas que deram canais para os usuários.

(Veja mais as três instâncias da governança aqui.)

Mas note que, apesar dos novos canais, o modelo da plataforma, tanto do Facebook, Youtube, Twitter é o mesmo da governança econômica e política concentrada.

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Quando houve a venda destas plataformas no mercado financeiro, a lógica da governança econômica e política começa a ficar mais e mais incompatível, com a nova governança.

Isso aparece quando os acordos de camaradagem do Facebook, por exemplo, com a sua rede de quem desenvolveu aplicativos ou fez páginas, esbarra no aumento de retorno financeiro que os novos investidores exigem.

Ou seja, estas plataformas criam uma governança político-econômica incompatível com a rede que foi criada em torno dela.

Note que todos precisam, além de usar as plataformas fazer negócio para sobreviver desse novo mundo e isso tem que ser pulverizado.

Ao criar um critério cada vez mais concentrado,  as plataformas vão se isolando dos micro-empreendedores que a fizeram o que são.

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Quem criou aplicativos e páginas agora quer também ser recompensado, mas as plataformas resolveram se voltar de costas para os micro-empreendedores.

Ou seja, prevejo uma crise de incompatibilidade as três governanças, o que abre espaço para novas plataformas que terão com bandeira uma governança da rede político-econômica compatível com a governança da comunicação.

Se me perguntarem o futuro das plataformas das mídias participativas, arriscaria dizer que esse será o pano de fundo.

Que dizes?

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O grande erro de visão que temos em relação à Internet é achar que é a comunicação que está atrelada à governança e não o contrário.

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Note que a comunicação é uma ferramenta de poder.

Uma comunicação mais aberta, permite mais participação e vice-versa.

A comunicação é limitada pelas tecnologias cognitivas que temos disponíveis.

Assim, há uma relação entre comunicação-tecnologias cognitivas e governança.

A governança será definida pelo potencial de participação das tecnologia cognitivas disponíveis.

Se as tecnologias cognitivas precisam de centralização, a governança rumará para essa direção e vice-versa.

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Por isso, não podemos falar em implantar projetos de nova comunicação na velha governança, pois a tecnologia cognitiva mais aberta define um modelo de nova governança.

Projetos que pretendem usar as novas tecnologias cognitivas digitais, portanto, são projetos de migração de governança mais fechada para uma mais aberta e não projetos de comunicação.

Que dizes?

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 Note que uma teoria é a análise de forças que se movem. Analisa-se cada força, a relação entre elas e os diferentes contextos. A partir de uma regra que se estabelece, faz-se um prognóstico e um diagnóstico para lidar com um dado problema. Quando se apresenta algo como se fosse uma teoria sem prognóstico e sem diagnóstico não é teoria. Podemos chamar de arte, de viagens mentais, do nome que você quiser, menos de teorias.

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Uma teoria geralmente tem algo parecido com uma fórmula.

Tal coisa, tal coisa e tal coisa quando se juntam em tal situação provavelmente ocorre tal coisa.

Uma teoria só é comprovada – de fato –  quando sai de um ambiente controlado e cria uma metodologia para interferir em um dado problema na sociedade.

O objetivo de uma teoria é gerar uma metodologia tangível (tecnologia) ou intangível (procedimentos para agir).

Obviamente, que uma teoria que não gera metodologia não serve para nada, pode jogar no lixo, pois não conseguirá ajudar a sociedade. É uma teoria, no máximo, de baixa qualidade.

Teorias vêm para reduzir sofrimentos na sociedade e quanto mais conseguirem realizar isso, através de metodologias, mas qualidade terão – vide a psicanálise, por exemplo.

Quando não chegam a esse objetivo são teorias de baixa qualidade, ou são falsas teorias, pois não geram metodologia.

Uma teoria surge, assim, de um dado problema/sofrimento que precisa ser mimimizado e que uma dada metodologia atual não consegue resolver e precisa de outra melhor.

Uma teoria é, portanto, uma fazedora de metodologia, que serve para os que vão utilizá-la resolver um dado sofrimento.

Quanto melhor a teoria, melhor será a metodologia que nela está baseada e vice-versa.

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E como podemos melhorar uma teoria?

Revisando as forças e isso quem pode ajudar é a filosofia.

Quando há forças que estão super ou sub avaliadas é que falta uma reflexão mais profunda sobre elas e aí entra a filosofia.

O papel da filosofia é se dedicar a estudar essas forças de forma ainda mais aprofundada.

A filosofia é quase a teorias das teorias que leva mais tempo de reflexão e se dedica a questões mais profundas, que serão úteis para os teóricos melhorarem seus estudos.

  • O filósofo, assim, conversa mais com teóricos;
  • E os teóricos conversam mais com os metodológicos;
  • E estes dialogam com os que vão fazer de metodologia uma realidade.

Se essa cadeia não é feita, algo está equivocado na ciência praticada.

Note assim que quem toca no chão é quem vai implantar a metodologia, mas é uma cadeia que cada um tem a sua cota de responsabilidade na minimização do sofrimento em questão

O ideal é que o filósofo, o teórico, o metodológico e quem parte para operacionalizar a metodologia entendam essa cadeia de relações, o que geralmente não ocorre. 

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Muitos dizem que teoria e filosofia são pouco práticas.

Acho que quem diz isso deve adorar aquela música do Zeca Pagodinho:

“Deixa a metodologia me levar” (com todas as teorias e filosofias que estão ali embutidas.)

Na verdade, não é que a teoria ou a filosofia são pouco práticas, mas a pessoa que está querendo resolver seus problemas não sabe usá-las e não entende que tudo é uma cadeia de relações – o que é algo bem diferente.

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Hoje, normalmente a sociedade não trabalha com teorias, pois a nossa taxa de abstração está muito baixa.

Trabalhamos praticamente com metodologias que têm teorias e filosofias embutidas, que nós não vemos e por causa disso insistimos em metodologias furadas, pois não temos capacidade de rever as filosofias e as teorias que nelas estão encapsuladas.

Uma análise de um tipo de fracasso em reduzir sofrimentos passa, assim, por esse diagnóstico:

  • – há algo equivocado na implantação da metodologia?
  • – há algo equivocado na teoria que gerou a metodologia?
  • – há algo equivocado na filosofia que gerou a teoria que criou a metodologia?

Há pouco espaço de discussão teórica-filosófica-metodológica e isso é muito ajudado pela  pouca praticidade da academia em realmente FAZER ciência e das organizações em USAR ciência. Não é à toa que as organizações estão resolvendo assumir o papel da academia.

A academia finge que faz teorias, mas ela apenas ou repete teorias existentes ou finge que teoriza. Um artigo, uma dissertação ou uma tese acadêmica que não faz relações de forças e aponta novas sugestões para pensar e/ou agir sobre um dado problema é acadêmica apenas na forma e origem.

É, portanto, feita dentro da academia seguindo regras, mas não no conteúdo científico, pois se não há sugestões e recomendações para aprimorar filosofias, teorias ou metodologias é algo que não serve para a sociedade.

Um teórico, assim, é aquele que se arrisca a dar prognósticos e apontar diagnósticos, pois o teórico é um incentivador e um revisor das metodologias de plantão.

Uma teoria é, assim, criadora de oceanos de cenários nos quais as metodologias vão nadar.

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Diria até que:

  • – o filósofo tem o papel de ajudar a quantificar e qualificar as forças;
  • – o teórico em juntá-las e colocá-las em contextos;
  • – o metodológico em organizá-la em um método de ação;
  • – o operacional em colocá-la para rodar.

Se algo deu errado na hora de rodar, é preciso ir subindo mais e mais até ver aonde houve o equívoco.

Assim, a ciência pura não existe, pois a ciência pura é a dedicação do estudo das forças de forma mais aprofundada. O que temos aí é filosofia ou no geral ou filosofia de cada problema.

Não seria filosofia da ciência, que estuda o fazer científico, mas a filosofia (um estudo mais aprofundado das forças) de um dado problema.

Que serão mais adiante usadas pelos teóricos para criar metodologias.

Estudos filosóficos que não ajudam teóricos também são de baixa qualidade ou não são filosofia, mas digressões.

E um estudo de problemas que não entende e não percorre essa relação entre todas estas instâncias é de baixa qualidade e, é, infelizmente, a ciência, em sua grande maioria, que temos hoje.

Por aí, que dizes?

Versão 1.0 – 28/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Não se pode implantar projetos com mudanças radicais de governança como se fosse a introdução de uma nova forma de trocar memorandos!!!!

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Eu montei minha empresa de consultoria em Internet nos idos de 1995 e hoje posso me orgulhar de ter participado em mais de 400 projetos de todos os tipos, principalmente fazendo sites, sistemas, intranets e mais recentemente na área de projetos colaborativos-participativos.

Lembro que os projetos de implantação da Internet nas organizações começou com um singelo e-mail, que venho substituir os memorandos que circulavam pelas organizações e depois implantou-se os portais para substituir os folders. Na sequência, vieram as Intranets pista substituir murais e vários sistemas internos migraram para ela, facilitando o acesso e padronizando as páginas no formato web (html e similares) como ambiente de acesso aos dados.

Todas estas mudanças foram incrementais no que já vinha sendo feito, digamos informatizando procedimentos internos da organização.

A partir de 2004, a coisa mudou de figura.

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A chegada das mídias mais participativas, turbinadas pelo acesso mais barato e melhor da banda larga, criou um novo ambiente, uma mudança radical do lado de fora das organizações.

As mídias mais participativas ofereceram canais para o cidadão e consumidor e criou um nó para as organizações, pois começaram a aparecer modelos de negócio e propostas de governança para resolver problemas completamente diferentes do modelo praticado, até então. O consumidor/cidadão ganhou poder e isso tem impactado os negócios.

Ou seja, até 2004 podemos dizer que a Internet era algo novo mais incremental e a partir de 2004 criou algo diferente, radicalmente diferente do que estávamos acostumados.

Este é o impasse que estamos vivendo até o momento.

Se analisarmos a curva de adesão ao surgimento do e-mail, aos portais e a intranet a sua implantação pelas organizações foi algo quase imediato. Digamos que demorou no máximo uns dois três anos para que todas pudessem já os estar utilizando.

Note, entretanto que as mídias mais participativas surgiram ou melhor explodiram em 2004 e até hoje, passados quase 9 anos, os esforços para incorporar tais projetos nas organizações ainda são muito tímidos.

E pior: os que tentaram não conseguiram como constata a pesquisa da Gartner explicitada no livro “Mídias sociais na organização” (ouça o áudio).

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A explicação me parece que é justamente a diferença de uma inovação incremental (Internet fase 1) para uma radical (Internet fase 2 com mídias mais participativas), a tal, por causa disso, Web 2.0.

As organizações trabalham sob a égide de uma governança que segue o modelo geral da sociedade, com canais centralizados e verticalizados. Essa é a cultura, que define a governança piramidal que temos hoje.

Toda a criação de percepções e tomada de decisão das organizações e da sociedade de maneira geral são estruturadas e parte desse modelo de governança da espécie: poucos analisam e decidem e a maioria segue os líderes de plantão.

Nosso modelo cognitivo-afetivo foi moldado para trabalhar nesse modelo.

O impasse, ou quase sinuca de bico atual,  é de que a fase participativa da Internet introduziu, a partir de 2004,  na sociedade uma nova forma mais dinâmica de governança para resolver problemas que é diferente, bem diferente, do modelo atual de governança das atuais organizações.

(Diga-se de passagem mais compatível com a atual complexidade demográfica e com o novo estágio participativo da sociedade.)

Ou seja, diferente da fase inicial da Internet que não tivemos que parar para pensar para analisar o que estava acontecendo, agora chegou o momento (que até está passando), mas estamos “viciados” com o que fizemos até então, que eram mudanças incrementais e não radicais.

A forma que nos habituamos a “colocar a Internet para dentro” foi operacional, feita por setores específicos, mas agora o desafio é outro, pois estamos tomando o mesmo xarope, apesar da doença ser outra bem diferente!

Não se pode implantar projetos com mudanças radicais de governança como se fossem a implantação de uma nova forma de trocar memorandos!!!!

E é justamente isso que está se fazendo com resultados pífios e, em alguns casos, desastrosos, quando aparece um concorrente externo (veja o caso das cooperativas de táxi, Indústria da Música, Mídia, etc..)

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Ou seja, temos o seguinte problema:

  • – não colocamos as mídias mais participativas no radar estratégico;
  • – não dedicamos nenhum tempo para fazer um diagnóstico mais aprofundado;
  • – adiamos, por não entender e não ver resultados, o uso desse novo modelo de governança;
  • – e quando se tenta, opta-se por algo híbrido: uma nova tecnologia horizontalizante em uma governança verticalizada, o que, obviamente, tem tudo para fracassar, como, de fato, está ocorrendo.

Eu me dedico há mais de 10 anos para entender e ajudar organizações a se adaptar a esse novo mundo. Vivi um forte impacto no meu trabalho, pós-2004, pois tive que entender o que estava acontecendo e por que os projetos pararam de funcionar.

Note que eu tive que fazer uma migração de uma consultoria ou desenvolvimento de projetos incrementais para radicais, o que me levou a muito estudo, entrando pela teoria e filosofia, boa parte no meu doutorado, reduzindo a freguesia em nome de uma coerência de resultados.

Não foi à toa que vivi profundas crises profissionais, até depressões, para chegar a conclusão que estávamos lidando com algo bem maior e que estávamos diante de algo inusitado: a migração de uma governança da espécie para outra, o que muda radicalmente o modelo organizacional que passa a ser um novo e será hegemônico neste novo século.

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O problema é que como estávamos acostumados com uma Internet passiva e não transformadora, as organizações se acostumaram a ela, quando não deveriam.

E, obviamente e isso é normal, ninguém em sã consciência vai admitir que seu modelo de governança que tem, pelo menos, 200 anos começa a mudar por causa de uma nova mídia, pois nos parece algo fora de propósito. Eu levei 10 anos para chegar nesse difícil diagnóstico!!!

Diria, entretanto, que o futuro de muitas organizações será jogado em função desse diagnóstico e do tratamento que pode ser feito, através de uma migração gradual, organizada, com baixa taxa de conflito e custo para o novo modelo.

Todo o esforço que tenho feito é apresentar esse diagnóstico de forma clara e objetiva. E procurar ser coerente com o que a realidade nos diz a olhos vistos. Depois disso, é preciso superar o receio e atacar de forma mais madura e com mais racionalidade o problema.

Esta passou a ser a minha missão profissional e, por que não dizer, de vida.

Conto com o seu discernimento e apoio.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 28/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

Note que estudamos assuntos. Somos viciados em estudar assuntos, que são alienantes.

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Assuntos nos permitem estudar algo a vida toda e ninguém vai nos incomodar, pois assunto não tem métrica, cheiro, impacto na sociedade.

Assuntos são típicos de um momento em que a sociedade vive uma época de contração das ideias, estável, em que as pessoas vivem seus sofrimentos de formas isolada e sem canais para criar alternativas e protestar.

Os assuntos são uma forma de criar uma fumaça na sociedade para deixar problemas de alta qualidade de lado. Problemas de alta qualidade são aqueles que geram mais sofrimento.

Uma organização que se dedica a assuntos é uma organização morta e pouco preparada para um mundo mutante.

Nossas escolas hoje são assuntológicas.

Imagina-se algo como uma montanha.

Os problemas estão no topo e você tem que subir uma montanha inteira para só quando chegar lá em cima, já com todos os assuntos dominados, começar a ter contato com problemas.

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Um exemplo cruel e escandaloso é, por exemplo, o ensino de português, uma língua burocrática, difícil, feita para nobres dizerem para a plebe que eles nunca vão conseguir chegar lá.

O português é uma língua, portanto, de berço autoritária.

E aí temos dois caminhos para ajudar as pessoas com o português:

  • Método assuntos – ensina-se todas as regras para quando a pessoa sair da escola poder conhecer as regras e, só então, estar preparada para usar o idioma;
  • Método problemas – vais direto no que pega, que é aprender a ler, falar e escrever e as regras são ensinadas, a partir das dificuldades.

Note que o ensino por assuntos puxa pela memória e pela alienação.

O aluno aprende as regras e depois tem dificuldade em se expressar. E tem que fazer ele mesmo a ponte entre uma ponta e outra.

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A problemologia visa atacar o problema e trazer as regras, a partir de sua necessidade para que o aluno saiba o benefício da regra para que ele fale, escreva ou compreenda melhor.

Assim, ele vai se capacitando para entender que as regras não são para atrapalhá-lo, mas uma necessidade para que haja um entendimento e elas só serão usadas e aprendidas na necessidade.

O problema é que o ensino de português visa que o aluno seja um pequeno professor de português e não um usuário da língua.

O resultado é que temos anos perdidos para regras que são esquecidas e pessoas saindo da escola sem capacidade de receber e produzir informação, seja escrita e oral.

É um exemplo típico do problema da assuntologia para a problemologia.

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O que se dá no português ocorre em todo o resto.

Esquecemos que as ciências, como diz Popper, não é feita de assuntos, mas de problemas.

O primeiro ser humano quando pensou em desenvolver uma metodologia ou uma tecnologia tinha um problema para resolver.

A ciência nasce justamente nesta sequência:

Sofrimento -> Problema -> Solução

O problema que hoje, por causa da contração cognitiva, fomos deixando os sofrimentos de lado, os problemas passaram a ser de baixa qualidade e a solução foi sendo fechada a sete chaves.

Ou seja, as organizações de ensino se voltaram para assuntos, que são problemas empredados.

Por aí,

que dizes?

Versão 1.0 – 27/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

Ontem discutimos sobre a incapacidade das atuais organizações em resolver problemas. E houve questionamento da generalização e eu concordo, aqui vou detalhar melhor e estar mais afiado.

Quando afirmo que as organizações perderam a capacidade de resolver problemas, acho que podemos melhorar essa afirmação dizendo que elas perderam a capacidade de resolver problemas relevantes, ou problemas com uma taxa de maior qualidade.

A base para essa afirmação parece clara para quem acompanha o blog.

Saímos de um mundo sem canais para um repleto de canais.

O principal vestígio desse processo é que a sociedade perdeu espaço de reconhecer, diagnosticar, reclamar, propor e exigir soluções para seus principais sofrimentos.

O que gera um problema é um determinado sofrimento.

Quanto maior o sofrimento, de maior qualidade é o problema.

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Sofrimentos que acabam com a vida são mais relevantes do que os que não acabam.

E pode ir se graduando os principais sofrimentos e problemas.

Como temos visto no blog, um mundo com poucos canais e cada vez mais gente vai criando uma crise cada vez maior de falta de comunicação entre quem sofre e quem recebe para resolver os sofrimentos, seja na área pública ou privada.

Sim, considero que produtos e serviços são redutores de sofrimento.

Assim, a principal crise das organizações atuais é a sua incapacidade de conversar com as pessoas e priorizar os seus sofrimentos.

Diria até que é um problema dos dois lados:

  • – Nem as organizações querem ou conseguem detectar os sofrimentos;
  • – Nem a sociedade sabe diagnosticar e apontar as suas prioridades;

E mais, aqueles que geralmente sofrem mais são aqueles que menos têm essa capacidade.

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Assim, o principal desafio é fazer com que os problemas que serão atacados sejam de alta qualidade e não mais apenas do interesse de quem está do lado de cá das organizações meio surdas, meios cegas para os sofredores,  ainda meio mudos.

Quando falamos em solução de problemas, temos antes nesse novo século um aumento radical da expressão de sofrimentos, vide Junho de 2013, e o que não era prioridade vai ganhando cada vez mais espaço.

Quebra-se o narcisismo organizacional de organizações voltadas cada vez mais para seus problemas de baixa qualidade, ou seus auto-problemas.

Organizações que ser servem da sociedade e não servem a elas.

Estamos entrando em uma mudança radical nessa taxa de quem serve a quem.

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A base da nova governança é a de abrir canais para melhorar a qualidade dos problemas que vai se dedicar, criando canais com seus clientes, mas com capacidade, de fato, de atendê-los, pois a uma migração de foco de dentro para dentro, voltando-se de novo de fora para dentro.

Quando falo, portanto, que as organizações não sabem mais resolver problemas da sociedade, preciso melhora isso.

Acho melhor e mais preciso dizer que as atuais organizações resolvem muito mais hoje os seus próprios problemas, porém não são problemas de alta qualidade, que minimizam maiores sofrimento, aqueles a sociedade quer ver atacados e agora, com os novos canais, estão começando a apontar, saindo da mudez em que foram colocadas pela falta de canais.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 27/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

Vamos supor que o diagnóstico é aceito: que estamos saindo de uma governança para outra.

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Sim, eu sei que é difícil, inusitado, parece maluco, mas é assim que eu vejo e muita gente começa a chegar a mesma conclusão, através não de palestras com fogos de artifício, mas pela simples e pura articulação de argumentos lógicos.

Vamos supor, então, que estamos em um longo ciclo de mudança de governança:

  • – saindo da governança impressa-eletrônica dos líderes-alfas espelhada nas redes dos mamíferos, que conseguiram gerenciar um mundo até 7 bilhões de habitantes, com ideias muito controladas;
  • – e indo para uma nova governança digital espelhada nas redes dos insetos para dar conta de gerenciar um mundo com mais de 7 bilhões de habitantes, agora com as ideias descontroladas.

Se isso é fato há que se preparar a organização para essa migração e isso não é fácil.

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Tenho feito esse trabalho experimental, pela primeira vez, na IplanRio, empresa da prefeitura do Rio, através da criação de um laboratório de inovação digital colaborativo.

O objetivo – e isso tem ficado mais claro a cada discussão – é de que é preciso experimentar uma nova governança interna e externa, na forma de conceber e executar os projetos e se relacionar com os colegas e clientes.

Percebo claramente que nós NÃO fomos educados para o novo modelo de governança.

Desde que saímos da barriga das nossas mães nosso ego-mente foram formatados para serem compatíveis com a atual governança impresso-eletrônica.

Estamos em um processo de mutação de um humano impressus-eletronicus para um digitalis.

É outra espécie!

Ou seja, temos hoje:

  • baixa capacidade de abstração, pois não foi incentivada a criatividade, mas a repetição, somos bons de memória e ruins de invenção;
  • não desenvolvemos nossa capacidade de expressar (falar, escrever,  compreender), pois a prática era mais de aceitar do que questionar. Não conseguimos trocar argumentos;
  • defendemos verdades absolutas e não percepções provisórias;
  • baixa capacidade de interagir, pois acreditamos que resolvemos tudo sozinhos;
  • culpamos os outros, pois não encaramos a vida como se fosse nossa, com nossas decisões, um baixo conceito ético em relação a nossa missão na vida.

Ou seja, nossas mentes e egos estão saindo de maus tratos absolutos.

Estamos com grande dificuldade de dar a volta por cima, pois precisamos assumir as consequências de uma governança que está acabando. É mais fácil reclamar dela e se acomodar, do que ter coragem de dar a volta por cima e ser agente para criar uma nova!

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Uma nova governança vai questionar esta base que está completamente sedimentada na atual geração, formada na atual escola, com a atual família e nas atuais organizações.

  • Mudar para um novo ambiente exige um esforço muito grande por parte da organização em aceitar a migração e dar recursos para que seja feita;
  • Por parte do incentivador da mudança que vai provocar discussões de tal forma a ir tocando nestes pontos frágeis, problematizando-os e fazendo o grupo amadurecer, não só falando mas mostrando na prática o seu esforço (o que exige um envolvimento ético no projeto);
  • E dos envolvidos que têm que se dedicar de forma intensa, pois é uma passagem que exige da pessoa e não do crachá.

Quando se fala sobre tudo isso, dá até medo e muitas vezes preguiça.

O ponto que tenho trabalhado como incentivo para as organizações e os envolvidos no laboratório é o de apontar que essa difícil migração está bem longe de um movimento opcional, de propostas de mudanças administrativas, tais como reengenharia, ou tantos outros.

A migração para a nova governança ocorre INDEPENDENTE DO DESEJO DAS ORGANIZAÇÕES, pois é uma macro-mudança da espécie, procurando se acomodar, agora que tem novos canais de expressão para reclamar e criar, a um novo mundo de 7 bilhões de habitantes, que vai usar o modelo da governança dos insetos para se auto-gerenciar.

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Os desafios e a dificuldade são evidentes.

Porém, se o diagnóstico é este quanto mais tempo uma organização se dedicar de forma consciente para esse processo, mas vai ganhar participação e liderança no futuro e vice-versa.

É preciso ir alterando o modelo afetivo-cognitivo para que se possa ter colaboradores abertos para essa nova governança e preparados para ela, o que implica em um amadurecimento coletivo que leva tempo.

Os resultados começam a aparecer de forma lenta e gradual, pois a nova governança vem para resolver problemas complexos de forma inovadora, mais barata, eficaz e com mais ética. E preciso ter olhos para ver o que melhora

Acredito que vivemos tempos difíceis, mas não menos, interessantes.

Que dizes?

Versão 1.0 – 27/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Gente, tá cansando. Antes era conhecimento, agora inovação. Hoje, começa-se um discurso e acaba-se com inovação. Inovação assim solta, sem adjetivos, não é nada, ao contrário, pode ser algo ruim, destrutivo, negativo. Mais fumaça para não se mudar nada e deixar o fogo da mudança bem baixo.

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Note que os nazistas quando resolveram matar mais judeus inovaram no modelo do campo de morte. Antes, eram fuzilados e enterrados.

Se pensar em termos de inovação pura, os nazistas com os campos de holocausto inovaram.

Ou seja, é preciso agregar a palavra ética quando falamos de inovação. Ou seja, nem tudo que melhora um processo é eticamente aceitável.

Além disso, temos uma questão de inovação eficaz e ineficaz.

Eu posso mudar um tipo de tratamento para o câncer e isso matar mais gente do que o anterior, apesar de ser uma inovação.

Portanto, temos que adjetivar a inovação, pelo menos, com duas palavras: inovação ética e eficaz.

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O que importa, portanto, é uma inovação ética e eficaz e aí temos que lidar com dois parâmetros diferentes, que muda muita coisa.

A inovação incremental e a radical.

A incremental é uma inovação de baixa abstração, de pouco tempo de reflexão, pois trabalha basicamente observando o que existe e vendo o que se pode melhorar

É um tipo de inovação que não exige trabalho teórico e nem filosófico, pois observa-se, experimenta-se, avalia-se, implanta-se e pronto.

É um tipo de inovação que está aí por todos os lados e que todo mundo, que sempre fez isso, pois nenhuma organização estava parada.

Ou seja, a inovação incremental tem uma taxa qualquer na organização e agora se quer que essa taxa aumente, pois o mundo lá fora está mudando mais rápido do que aqui dentro e não se pode aumentar mais e mais esse gap.

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Já a radical muda paradigmas, exige trabalho filosófico e teórico.

Inventa o que não existe.

Sim, é preciso, entretanto, já que estamos saindo de um mundo conservante para um mundo mutante, colocar a necessidade de mudança em pauta.

As organizações atuais foram feitas para repetir e as do século XXI para mudar, pois tem que ser compatíveis com o ambiente externo, turbinado pela macro-canalização do ser humano, via redes digitais.

Assim, fala-se em carteira de inovação, na qual a mudança precisa ser gerenciada.

Estamos muito mais para a gestão das mudanças constantes, ou seja, preparar as organizações para que se vejam como um verbo e não mais como um substantivo e isso implica em uma mudança radical de governança, pois hoje espera-se que os processo sejam consolidados e repetidos e não mudados constantemente. Isso implica em outro modelo de governança e no aparato afetivo/cognitivo de cada um, que nos leva a mentes e egos abertos e interativos.

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Tenho defendido que o novo ambiente cognitivo criado pela macro-canalização dos usuários, alterou a placa tectônica cognitiva e criou uma ruptura na governança da espécie que está em mutação.

Estamos tendo uma mudança radical na governança, que é o principal desafio de inovação que está colocado hoje e deve ser o centro das carteiras de inovação.

Deve-se, portanto,  procurar a força principal, ou o que está gerando as principais mudanças para se focar nela e depois ir atacando os outros pontos, a partir daí e não o contrário.

Ou seja, preparar a empresa para ser mutante e não conservante.

O resto vem gradualmente.

Não teremos empresas inovadoras com um modelo de governança conservadora!!!

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Assim, defendo a criação sim de uma carteira de inovação nas organizações, que passe por:

  • – diagnóstico adequado da necessidade de promover uma mudança radical de governança;
  • – ações, tais como, criação de laboratório da nova governança que tenha a missão de promover a migração gradual da atual para a nova;
  • – e ações de inovação radical e incremental para que essa passagem seja feita da forma mais ética e eficaz, já gerando novos produtos e serviços;
  • – isso pode ser feito, como temos experimentado no projeto da IplanRio, com uma dedicação parcial de colaboradores, que passarem por um curso preparatório.

Projetos de carteira de inovação que não levarem em conta a guinada da governança vão, a meu ver, gastar muito dinheiro e ter baixos resultados.

(Ver mais sobre o case da Iplan-rio aqui.)

Por aí, que dizes?

Versão 1.0 – 27/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Metodologias são tecnologias, pois não nascem conosco.

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Tudo que não nasce com o ser humano, tal como nossa capacidade de respirar, de ouvir, enxergar, comer e beber é aprendido e, portanto, cultural.

Toda cultura é desenvolvida em dois pilares:

  • Metodologias – que são ações intangíveis, que nos levam, em termos econômicos, a criar os serviços, que são a venda de metodologias de atendimento para terceiros;
  • Tecnologias – que são ações tangíveis que nos levam, em em termos econômicos, a criar os produtos, que são a venda de tecnologias para terceiros.

Note, entretanto, que tanto uma como a outra é fruto do que chamei de triângulo do conhecimento, que tem acima delas o pensamento, tanto teórico (forças, relações entre elas e contextos) e filosofia (aprofundamento de nossa essência/não essência).

Quando esbarramos com problemas que as metodologias e tecnologias atuais não conseguem resolver, o problema voa e vai flanar em camadas mais acima para pegar o vento da tecnologia e da filosofia.

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A inovação incremental trabalha em ventos mais baixos e a radical nos mais altos.

Ou seja:

Temos uma escalada de problemas na sociedade. Que funciona assim. Tenho um sofrimento e quero resolver. E preciso de um serviço ou produto para isso.

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Seja eu ou outro que faça.

Cozinhar é uma metodologia com algumas tecnologias.

Um fogão é uma tecnologia que precisa para ser feito de algumas metodologias.

  • Serviços são assim metodologias organizadas em torno de algumas tecnologias.
  • E produtos são assim tecnologias organizadas em torno de algumas metodologias.

É isso que dizes?

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Sempre fizemos coisas diferentes, desde que saímos das cavernas. Nossa espécie, podemos dizer, que é a Homus Inovatus, muda tudo, incluindo a governança.

(Falei mais sobre isso aqui.)

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Um dia lá atrás em uma caverna, há milhares de anos, em torno da fogueira, alguém decidiu que a nossa espécie precisava ter algo A MAIS para competir na natureza.

Apostou em duas frentes:

  • um cérebro mais potente e criativo;
  • que fosse capaz, a cada novo problema inventar novas tecnologias e metodologias (metodologias, aliás, cheguei a essa conclusão, são tecnologias intangíveis).

Ou seja, somos uma tecno-espécie e resolvemos, diferente dos outros animais, com mais flexibilidade, via órteses, o que os outros animais desenvolveram com parte integrante do seu corpo.

Inventamos nossa tromba (guindaste), asas (avião), cauda (corda), etc.

Assim, não faz sentido pensar o ser humano se não imaginarmos essa eterna luta entre:

  • Problemas – que não consigo resolver ou quero resolvê-los melhor;
  • Pensamento (teoria/filosofia) – que me permite inventar uma solução;
  • Ação – tecnologia/metodologia que me permite ter uma solução.

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Desse ponto de vista, nossa espécie é e sempre viveu da inovação, o que se modifica a meu ver, são as taxas.

  • Quanto temos uma contração de canais cognitivos, a taxa de inovação baixa;
  • Quanto temos uma expansão de canais cognitivos, a taxa de inovação sobe.

Assim, a atual era de inovação ou de aumento de taxa de inovação se deve basicamente a termos mais e mais gente com canais, inundando a sociedade com ideias, novas metodologias e novas tecnologias.

Isso tudo muitas vezes, empacotado dentro de uma nova organização.

Há, porém, que entender que há diferentes tipos de inovação atualmente em desenvolvimento, em produtos (tecnologias) e serviços (metodologias).

  • a inovação incremental – aquela que melhora um pouco que existe;
  • a inovação incremental radical – aquela que melhora bastante o que já existe.

Em ambos os casos, na inovação incremental, o que temos é fruto da observação dos processos atuais e a sua melhoria.

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Quando inventamos um processo completamente novo, estamos falando de algo mais radical, pois há uma ida a raiz de algum pensamento (geralmente teórico ou filosófico) e o retorno de algo completamente diferente, que é:

  • Inovação radical – aquela que muda radicalmente um processo, fazendo algo completamente diferente.

Porém, identifiquei ainda outro processo e esse mais difícil de estar nos mapas de inovação, que chamei de inovação na/da governança.

Já que nossa espécie é a única que pode crescer em número de membros, pois, diferente das outras, quando os problemas de governança começam a ocorrer, nós reinventamos uma nova, através de novas metodologias e tecnologias.

Somos a única que faz isso tão rápido e, em alguma instância, de forma consciente.

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Na governança, assim, podemos também classificar os três tipos de inovação:

  • A inovação da governança incremental – que melhora a governança, mas mantém os mesmos parâmetros anteriores;
  • A inovação da governança incremental radical – que melhora a governança, mas mantém alguns parâmetros anteriores;
  • A inovação da governança radical – que modifica a forma da governança, criando novos parâmetros.

Podemos comparar hoje no Rio três modelos que exemplificam esta classificação, pois há  na cidade três tipos de aplicativos, que estabelecem três tipos de governança no serviço de táxis:

  • Resolve Aí –  inovação da governança incremental – que opera com as próprias cooperativas, melhorando a forma da chamada do passageiro. É um aplicativo que trabalha COM as cooperativas atuais;
  • Easy Taxi inovação da governança incremental radical – pois elimina a cooperativa, mas não estabelece novos critérios de controle da qualidade do serviço, pois o passageiro não escolhe e nem avalia os motoristas, perdendo o grande salto que a Internet traz, que são os rastros digitais para definir um novo modelo de meritocracia;
  • TaxiBeat – inovação da governança radical – que elimina a cooperativa e estabelece novas formas de regulação e controle entre passageiro-taxista.

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Note que o Taxibeat torna sustentável a relação passageiro-motorista, através de uma auto-regulagem, que é bem propícia para lidar boom o aumento de complexidade demográfica.

É sustentável, pois quanto mais passageiros e motoristas estiverem no sistema, fica cada vez melhor, pois a avaliação é constante. Já nos outros dois casos, há um problema de complexidade, pois o risco de haver problemas aumenta.

Arrisco a dizer, assim, que tal modelo, por sua flexibilidade e auto-regulação é o que acabará se tornando padrão ao longo do tempo, pois é o mais adaptado para gerenciar uma não-cooperativa ou estabelecer uma mudança radical no que vamos entender como cooperativa no futuro.

Quando eu, por exemplo, começo um trabalho em uma organização, estou focado na mudança de governança radical, pois ela consegue se utilizar dos novos recursos de forma plena.

Consigo uma relação de custo/benefício melhor, pois esta se antecipa às tendências e, em certa medida, cria o futuro.

É isso,

que dizes?

Note que um assunto é um problema que empedrou.

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Na continuidade das reflexões sobre nosso futuro, tenho discutido aqui a dicotomia entre problemologia (agir e pensar a partir de problemas) e assuntologia (agir e pensar a partir de assuntos).

Podemos dizer que nossas organizações educativas e produtivas atuais são claramente voltadas para assuntologia.

Note que um assunto é um problema que empedrou.

Há um problema em algum lugar, mas que virou assunto.

Se temos, por exemplo, um especialista em Napoleão.

Do ponto de vista prático, ele só vai colaborar com a sociedade se permitir que se faça relações sobre a história de Napoleão e a atual realidade.

Por exemplo:

  • Napoleão, poder e mito;
  • Napoleão, poder e as guerras.

Note que a curiosidade sobre Napoleão não pode ser questionada. Tudo depende da taxa de quantos especialistas existem no total e como isso se desdobra em torno dos estudos focais em problemas.

Se só tivermos especialistas por assuntos e não por problemas, mais e mais, teremos dificuldades em lidar com novos problemas e teremos assuntólogos que pouco ajudarão a resolvê-los.

Se pensarmos em verbas, então, é preciso incentivar mais problemólogos do que assuntólogos, ou promover uma relação eficaz entre estes para que as organizações ajudem a sociedade a minimizar sofrimentos.

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Em absoluto se defendo que não se deve ter especialistas em “Napoleões”, mas isso não pode ser a regra nem das organizações de ensino e das produtivas, mas sim a exceção.

O problema que hoje me parece ser a regra.

Assuntos são um saco sem fundo e dificultam muito serem checados na sua validade e veracidade.

Um estudo de Napoleão pode durar uma vida toda, pois sempre vai haver algo a mais para estudar. Uma nova biografia, um novo filme, um documento.

A Napoleãologia não tem fim, não tem métrica e, muitas vezes, tem pouca utilidade.

Entra no que podemos chamar, e deve haver, a cota de curiosidade, mas que não pode ser muito acima da necessidade.

O final da contração cognitiva, aliás, nos traz essa realidade, já que as organizações passam a viver a sua fase mais narcisista, voltadas para elas mesmas, com a assuntologia vivendo seu momento de apogeu e glória:

  • Muitos assuntólogos com pesquisas e projetos sem fim;
  • Poucos problemólogos sem pesquisa.

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Quanto mais os assuntos se tornam relevantes na sociedade:

  • mais distantes acabam ficando dela;
  • mais criam “assuntólogos” que passam a ser valorizados pelas organizações narcisistas de plantão, mas pouco colaboram com a sociedade.

Note que a assuntologia, portanto, é sem medida.

Ninguém pode questionar seus passos e saber se algo ali faz sentido, pois o assuntólogo por ser um especialista de um dado assunto, porém quanto mais estudar, mais cavará uma caverna, no qual será mais e mais um ermitão sem métrica externa.

Note que já com o problemólogo temos algo completamente diferente.

Assuntos são fechados, porém os problemas não.

Se você tem um problema, você NECESSARIAMENTE tem uma metodologia de solução.

Pronto.

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Se há uma metodologia há a sua aplicação na realidade e é possível aferir se o problema está sendo bem analisado, se faz algum sentido com alguma realidade disponível, e se o método de abordagem consegue os resultados pretendidos.

A problemologia é, assim, capaz de oferecer uma medição.

Muitos dirão que isso talvez funcione para as ciências naturais, biológicas e exatas, mas não para as humanas.

Tendo a discordar e é principalmente nas humanas que temos assuntólogos aos borbotões e raríssimos problemólogos.

Qualquer pensamento humano, em qualquer área, seja uma teoria ou filosofia, tem dois caminhos:

  • – ser completamente ignorada – a maioria delas, que é feita e vai para ser devorada pelas traças das bibliotecas;
  • – ser difundida – o que leva a desdobramentos naturais de virar um tipo de maneira de pensar e agir.

Um pensamento sempre acaba por influenciar uma metodologia por alguém.

O problema é que não se faz esse link da relação pensamento difundido – teoria.

O caso que trabalho bastante é:

  • Sociedade do conhecimento – uma teoria;
  • Gestão de conhecimento – uma metodologia (funciona?).

Js falei muito disso por aqui.

Outro exemplo.

Veja que quando Sartre defende que o ser humano é livre e a liberdade é uma prisão na qual ele não tem como escapar.

Logo surge um ramo de tratamento de doenças baseado nessas premissas.

Ajudam? Em que casos? Em que tipo de pessoas?

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Sim, nossas organizações hoje são assuntólogas e vivemos esse grave problema.

Temos que migrá-las para virarem problemólogas, o que nos leva a mudanças radicais na maneira de pensar e agir.

É isso, que dizes?

Como desenvolvemos aqui, estamos passando de assuntologia para problemologia. E podemos chegar a algo maior em termos teórico (relação de causa e efeito, em alguns contextos). Podemos dizer que quando temos movimentos do pêndulo cognitivo, ou mesmo em termos micros, de situações em que há mais estabilidade, tendemos a estudar assuntos. Quando temos mais instabilidade, tendemos a estudar problemas.

Isso se dá a nível macro da seguinte forma:

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Note que trabalhamos com o quadro acima com vários conceitos que tenho desenvolvido.

  • A governança da espécie que se consolida e se modifica, pois é levada pela necessidade de se sofisticar devido à complexidade demográfica;
  • Que nos leva a movimentos de mudança de abordagem dos problemas na sociedade;
  • Na contração, vivemos na égide do assuntos, pois vivemos um processo de consolidação da governança;
  • Na expansão, na égide dos problemas, pois vivemos a égide da inovação e da mudança na governança.
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Dewey

Isso demanda mudanças nas organizações educativas e nas produtivas para lidar com duas realidades diferentes, pois a didática-gestão dos assuntos é uma e a dos problemas é outra completamente diferente.

Sim, o modelo de aprendizagem por problemas não é nova, já é uma ideologia que aparece inclusive no século passado, sendo John Dewey um dos principais nomes.

Porém, agora há uma aprendizagem por problemas diferente:

  • Em plataformas digitais;
  • Em um mundo de 7 bilhões.

Isso exige um tipo de aprendizagem por problemas específico, que tem que incorporar, como foi no papel impresso, uma nova forma de validação das percepções e das tomadas de decisão de mais qualidade.

É bom frisar que a proposta da aprendizagem por problemas sai, assim, de uma demanda ideológica e passa a uma demanda tecnológica, pois há uma mudança na placa tectônica cognitiva e, por sua vez, uma alteração na governança da espécie.

Há muito que refletir e fazer.

Versão 1.0 – 25/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

Como disse aqui estamos passando da assuntologia para a problemologia. Isso nos leva à mudança radical na forma de pensar e agir. Só podemos pensar em fazer essa passagem, através do uso intenso das oportunidades abertas pelas novas tecnologias cognitivas.

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Note que todo o aparato educativo-produtivo da sociedade atual estava todo montado para o estudo de assuntos.

Vale mais quem sabia/sabe conteúdos, pois o mundo se estabilizou, consolidou, se especializou, desde a chegada da Governança da espécie impressa-eletrônica-capitalista-republicana.

O objeto de estudo, a realidade, digamos assim, ficou meio parada, pois os canais estavam controlados.

O que vinha a público à sociedade passava necessariamente pelos filtros de plantão, que estabeleciam critérios de baixa inovação.

Preparamos todo nosso aparato de produção de percepções e tomada de decisões para lidar com esse mundo paradão, mas gestor mais e mais de crises.

A mudança da placa tectônica cognitiva começa a romper com esse modelo, pois há uma macro-canalização na sociedade com alguns fenômenos em paralelo:

  • – mais gente reclamando e criando;
  • – descontrole do que se reclama e cria;
  • – mais e mais produtos e serviços inovadores, que desafiam o aparato educativo-produtivo atual, que foi, aos poucos, se acomodando para conservar e não mais para criar.

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Já havia a demanda por mudanças, mas estava abafada pelo controle das percepções. As pessoas estavam/estão insatisfeitas mas não sabiam/não sabem.

A passagem para a problemologia é algo que vai demorar bastante tempo, pois há uma inversão de valores.

  • Hoje, vale quem é certificado pelas organizações tradicionais;
  • Amanhã, o valor será dado pela sociedade que sofre e quer ver seus sofrimentos minimizados.

A questão que se coloca é como faremos para ir reduzindo, mas não acabando com o estudo da assuntologia e adotando mais e mais a problemologia?

Quando eu aprendo para solucionar problemas eu faço cortes em assuntos de formas completamente diferente do que fazemos hoje.

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Essa passagem, entretanto, não será apenas ideológica, pois precisaremos usar as novas tecnologias para promover essa inversão de baixo para cima de valorização de pessoas, produtos e serviços e não mais de cima para baixo.

Hoje, isso ocorre de alguma forma na Internet, ao se detalhar os processos.

Um taxista ao receber estrelas depois de uma corrida é avaliado pela sua capacidade de resolver o problema: corrida de táxi.

Imaginemos que isso deva ser aplicado nas soluções possíveis para o conjunto de problemas. E aí começamos a criar uma nova didática para capacitar cada pessoa a um problema de uma dada complexidade.

O que você precisa saber para se capacitar a resolver tal problema?

Uma aprendizagem por complexidades gradativas e um conteúdo na medida certa para que isso seja possível é algo muito diferente da atual assuntologia sem foco em problemas.

Ou seja, aprende-se para resolver o problema e não para se certificar e depois resolver o problema. O caminho da problemologia é mais curto, mais dinâmico e será o mais utilizado nessa expansão cognitiva.

Ele se valida pela capacidade de focar em uma dado problema e conseguir minimizá-lo com eficácia, o que seria: melhor custo/benefício, incluindo a questão ética.

Há muito o que pensar e dizer.

Versão 1.0 – 25/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Conforme disse aqui, a complexidade demográfica nos empurra para a necessidade de inovações cada vez mais radicais, o que nos leva a promover a mudança da placa tectônica cognitiva. Tais movimentos nos jogam para um movimento de migração do conhecimento focado em assuntos para um aumento acelerado e radical para um voltado a problemas.

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Note que o pêndulo cognitivo nos leva a dois movimentos de contração e expansão cognitiva:

  • Na contração cognitiva, tendemos a ter um mundo mais estável, organizações cada vez mais narcisistas, o que implica uma aumento da taxa de baixo interesse pelo sofrimento externo, o que nos permite estudar objetos mais estáticos, o que podemos chamar de assuntos. O mundo meio que para ser estudado e dá uma falsa impressão de que é possível entender a realidade dessa maneira;
  • Na expansão cognitiva, entretanto, tendemos a ter um mundo mais instável, organizações cada vez mais se abrindo para a sociedade e seus sofrimentos, pela pressão externa, o que NÃO nos permite MAIS estudar objetos parados, pois eles passam a se mover, o que podemos chamar de problemas mutantes e desconhecidos. O mundo meio que se movimenta mais e mais rápido e é preciso modificar, de forma radical, a forma de estudar e agir.

Assim, podemos dizer que vivemos hoje um conhecimento voltado para assuntos e não para problemas. E agora vamos inverter esse jogo, o que marcará profundamente as mudanças nas nossas escolas e até, de certa forma, o modelo de gestão das organizações.

Precisamos de um novo modelo, fortemente baseado em novas plataformas digitais colaborativas, nas quais vamos criar o mérito daqueles que ajudam de forma mais dinâmica, barata e ética na solução de problemas.

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Passamos a ter uma mudança radical do que podemos chamar da passagem de uma ASSUNTOLOGIA para uma PROBLEMOLOGIA.

  • Na assuntologia, valoriza-se pelo que se sabe e pela certificação obtida, independente do que aquele diplomado tem capacidade de solucionar problemas. Vale pelo conteúdo e não pela capacidade de solução.
  • Na problemologia, valoriza-se, ao contrário, a capacidade de solucionar problemas, reduzindo-se a importância de certificados atuais e de assuntos conhecidos, que não possam ajudar em soluções. Vamos precisar de um novo modelo de certificação, que valorize os solucionadores e não mais os atuais conteudistas.

Note, assim, que:

  • A assuntologia é um movimento típico da contração cognitiva, que nos leva à consolidação de uma dada governança da espécie, o que se valoriza aqui é a capacidade de memorização, pois é preciso passar o que se conquistou para as novas gerações. O estudo de assuntos é, assim, conservador e preservador do último movimento de mudança da governança da espécie.
  • A problemologia, por outro lado, é um movimento típico da expansão cognitiva, que nos leva à reinvenção do Governança da Espécie, o que se valoriza aqui é a capacidade de abstração e de criação, pois é preciso revisar o que se conquistou para criar novas alternativas de governança para as novas gerações. O assuntos por problemas é inovador, pois visa criar um novo modelo de governança da espécie.

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Não podemos dizer que nem um e nem outro são bons ou maus, mas que atendem a dois movimentos distintos da história da espécie. São conjunturais, o que nos faz rever um pouco a história da produção do conhecimento e das propostas de didáticas educacionais.

Ver mais a teoria sobre isso aqui.

  • Quando a espécie entra em expansão cognitiva tende a aumentar em muito a demanda por soluções de problemas, pois estes se tornam cada vez mais dinâmicos, novos e diferentes, o quenos leva à problemologia.
  • Quando a espécie entra em contração  cognitiva tende a mais e mais caminhar para o estudo por assuntos, pois os problemas se tornam mais “domesticados” o que nos leva à assuntologia.

Todo o movimento nas organizações atuais, seja de ensino e de produção nos leva para a problemologia, que aparece fortemente com a palavra de ordem: inovação.

Vejamos os desafios colocados para a problemologia.

Por aí, que dizes?

Versão 1.0 – 25/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Tenho apontado, como aqui por exemplo, os efeitos da explosão demográfica e sua complexidade com o fator principal das mudanças radicais da sociedade hoje.

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Muitos podem perguntar: mas se estamos crescendo a olhos vistos há 200 anos por que teremos mudanças radicais agora?

Isso só pode ser entendido por algum encadeamento de fatos.

A sociedade se organiza por movimentos de pêndulo cognitivo.

  • Quando precisamos consolidar modelos, o pêndulo se contrai e nos permite expandir enquanto tamanho da espécie;
  • A contração, entretanto, cria um crescimento com cada vez menos espaço de participação, o que vai nos levando para uma crise de percepções e tomada de decisão de baixa qualidade.
  • Tal cenário só é possível ser mantido com o controle das percepções, em ditaduras cognitivas, como foi na Idade Média e agora no fim da Idade Mídia Vertical.

Ou seja, as placas tectônicas cognitivas estavam paradas e com a chegada do descontrole das ideias trazidas pela a Internet começam, de novo a se mexer.

O objetivo da macro-mudança, pelos que os físicos chamam de “atrator estranho”, nos leva a um movimento conjunto à procura de uma nova Governança da Espécie.

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Tal movimento visa, através das novas conexões que se estabelecem com o novo ambiente cognitivo uma procura por uma nova Governança mais dinâmica e mais participativa do que a atual.

Tal fenômeno podemos constatar pelos estudos da Escola de Toronto que já ocorreu na Grécia Antiga, na Europa, no fim da Idade Média e agora, pelo menos.

São provocados por:

  • – aumento demográfico;
  • – pressão para criar governança mais dinâmica;
  • – surgimento de nova mídia que descontrola ideias, no caso (alfabeto grego, papel impresso e Internet);
  • – o que nos leva à uma Revolução Cognitiva.

Há vários aspectos que mudam, como detalhe aqui no mapa do pêndulo cognitivo.

Quero falar agora de algo novo a Problemologia, um movimento necessário para mudarmos a forma de agir e de pensar problemas.

Versão 1.0 – 25/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

Ok, estamos migrando, migrando, migrando. De um mundo controlado, com ideias controladas, com inovação controlada, estabilidade. Para um novo, mais descontrolado, com ideias descontroladas, com inovação descontrolada e instabilidade.

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Muitos procuram diagnosticar o que mudou.

Fala-se em globalização, em sociedade do conhecimento, de inovação, de informação e até sociedade em rede, mas esquecem de olhar para os números.

Logo eu que não sou muito chegado à matemática acredito que saltar de 1 para 7 bilhões em 200 anos causa algum impacto.

Fazendo os cálculos por aqui, na verdade, estamos falando apenas de 5 a 6 gerações de famílias, se pensarmos de 1800 para cá.

  • Meu tataravô viu um mundo de 1 bilhão de pessoas.
  • Meu bisavô viu um mundo de 2 bilhões de pessoas.
  • Meu avô, eu e o meu pai viram um mundo de 3 bilhões de pessoas.
  • E eu e meus filhos já estamos em um de 7 bilhões.

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Vejam que o aumento é concentrador, pois saltamos de cidades menores para maiores, pegando o exemplo do Rio de Janeiro.

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Se analisarmos os mesmos 200 anos, podemos ver que saímos por volta de 1800 de 274 mil para hoje houve um crescimento de 23 vezes.

Ou seja, as cidades aumentam muito mais rápido do que o mundo, pois todos se concentram nelas.

A superpopulação, como no passado, nos empurra inapelavelmente, enquanto espécie para a inovação em algumas camadas:

  • – melhoria nas tecnologias e metodologias, do tipo trasporte, saúde, energia, alimentação, habitação, vestimenta, melhorando produtos e serviços;
  • – melhoria nas tecnologias cognitivas (que podemos chamar de meta-tecnologias), tal como rádio, televisão, jornal impresso, computador e agora Internet;
  • – melhoria na governança econômica da espécie, tal como o capitalismo e a pressão agora que ele se aprimore;
  • – melhoria na governança política da espécie, tal como a república e a pressão agora que ele se aprimore.

Até quando vamos demorar tanto tempo para entender que tais saltos nos empurram para a inovação cada vez mais radical em todas estas áreas?

O que ocorre é que a chegada da Internet altera uma “placa tectônica“, que estava em um frágil equilíbrio, vou falar mais disso aqui,

O epicentro da mudança é este e seus impactos são outros, como veremos na discussão sobre problemologia.

Versão 1.0 – 25/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Dentro de uma organização, ou mesmo na Internet, quem ganha mais?

Quem compartilha tudo ou quem esconde tudo?

Eis a questão!

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Se analisarmos o problema, da contração cognitiva no atual cenário das organizações temos o seguinte:

  • – ambiente estável;
  • – problemas permanentes e conhecidos, que viram assuntos;
  • – especialistas nos assuntos que já foram problemas;
  • – normalmente, prática de esconder o domínio daquele dado assunto para que se mantenha útil e com valor.

Porém, o mundo, como tenho defendido aqui no blog, está no início de uma Revolução Cognitiva em uma fase de expansão cognitiva. E estamos passando de organizações, que basearam seu aparato de construção de percepções e tomada de decisões no ambiente impresso-eletrônico para o digital, no qual muda-se para:

  • – ambiente instável;
  • – problemas mutantes e desconhecidos, que não podem virar assuntos;
  • – especialistas em problemas que mudam a cada abordagem;
  • – nestes casos a prática de esconder o domínio daquele dado problema não ocorre, pois pede-se uma interação constante para estar afiado para resolver os problemas sempre mutantes.

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Um profissional em uma expansão cognitiva é aquele que se capacita para resolver cada vez melhor problemas mutantes. Ele vale menos pela capacidade de memorizar, mas muito pela capacidade de criar alternativas para cada situação.

O seu valor não é assim o que ele resolveu no passado, mas sua capacidade de aprender a cada problema para ser reconhecido como alguém que vai resolver bem os problemas mutantes do futuro.

O que gera valor é a sua capacidade de estar no mundo.

Tal profissional deixa de ser um observador do mundo e passa a ser um incentivador de mudanças.

A meu ver, quanto mais ele compartilhar o que aprendeu, que é o passado e tem pouco valor, mais receberá feedbacks e será percebido como capaz de resolver um dado problema e mais valorizado será na rede aberta.

Quanto mais ele esconder, menos será visto e valorizado em uma rede aberta.

 

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O problema se dá quando a rede é fechada, a organização continua trabalhando no paradigma passado e todo mundo trabalha escondendo o jogo e, de fato, é assim que a regra do jogo funciona.

Tanto o profissional quanto à empresa vão se distanciando do mundo que caminha para o outro lado.

Versão 1.0 – 22/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Acho que este é o tema central filosófico dos dois lados do pêndulo cognitivo. Atualizei aqui o mapa de tendências em ambos movimentos.

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Essa visão filosófica explica bem o fenômeno da percepção alienada.

Quando analisamos o mundo de fora, como se fosse um objeto, no fundo, estamos nos colocando como outro objeto. Como se fosse possível ver o mundo de fora, como um analista-observador.

Nosso papel, nesse processo de alienação, seria o de apenas analisar algo de fora, sem compromisso, como se não fôssemos nos misturar a ele e  não tivéssemos uma responsabilidade com o que vemos e analisamos.

Outra postura, a la Gandhi, é mais aquela “seja a mudança que quer para o mundo”. Na qual, há que se ter um compromisso com uma dada mudança.

Dessa maneira, uma postura de quem quer ver e analisar de fora o mundo é de estudar assuntos, temas, dos quais a pessoa se torna um especialista e a sua medição é o conhecimento acumulado sobre ele.

Ver o mundo torna o mundo um assunto imóvel e estático, como se fosse parado.

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O problema que a análise do assunto, sem envolvimento do problema, é sempre uma visão genérica e não aplicada sobre contextos. Assuntos não são colocados em contextos, são aprendizados para memorização.

Uma postura de querer apenas ver o mundo é mais estimulada e hegemônica em contrações cognitivas.

Por outro lado, a postura de ver o mundo para mudar, estar no mundo, é um compromisso existencial com dada mudança, portanto, um dado problema, que nos leva a ter uma postura ativa.

Um problema é sempre único e contextual.

Exige a dedicação específica.

  • A postura de ver o mundo aliena, pois o mundo realmente só se mostra com todas suas nuances para quem quer mudá-lo;
  • A postura de mudar o mundo conscientiza e lida com o mundo do jeito que ele é em movimento.

Que dizes?

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Versão 1.0 – 22/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Toda a nossa sociedade está estruturada para a repetição e a consolidação. Nossos egos são co-dependentes da aceitação externa e foram educados para aceitar as normas e obedecer. Nosso desafio hoje é construir um novo ego digital mais compatível com um mundo que precisa criar um novo modelo de governança da espécie.

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O problema principal, a meu ver, é de sustentabilidade.

Hoje, as organizações, apesar do discurso inovador, querem profissionais repetidores e seguidores de ordens. Querem pessoas na caixa e que não queiram nunca sair dela. O papo furado do fora da caixa ainda é muito papo furado, ainda mais no Brasil.

A escola – que é moldada pela sociedade e pelas organizações – é criadora e formatadora desse ego repetidor e memorizador.

(Note que o modelo da escola é muito mais para formatar um ego repetidor do que fornecer conteúdo.)

O aparato todo é feito para que o ego seja formatado para a consolidação do modelo da governança da espécie atual criada a partir de 1800.

Assim, nosso ego impresso-eletrônico foi muito bem construído, mas está obsoleto diante de uma expansão cognitiva que vem para criar uma nova governança.

(Muitos podem preferir chamar de ego industrial e agora de um ego pós-industrial se quiser abordar apenas do ponto de vista econômico.)

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Um primeiro passo nessa renascença digital é recuperar uma missão de vida para esse ego criador, que é a forma de se combater a influência externa sobre ele. Para que ele possa ter ferramentas para fugira da fama e do sucesso fácil.

Quando o ego procura uma missão fora de si, mas não para agradar ou ser reconhecido por alguém ele procurar um amadurecimento que é a auto-referência.

Não importa o que pensem, mas eu escolho algo para que eu possa me agarrar e me comprometer.

O movimento criativo é, assim, acima de tudo um movimento ético, já que eu vou criar algo que não existe que vem da minha singularidade e eu estarei comprometido com esse processo dialético eu-singularidade-problema-eu.

(Falei mais sobre esse ego ético aqui.)

Esse compromisso interno cria uma auto-referência, pois não importa muito o que digam de mim, se vão me valorizar, ou não, se vão considerar importante, ou não, esse referência passa a ser a minha referência, pois o que é relevante é eu conseguir superar os desafios que eu me coloquei e a minha prestação de contas é apenas com a minha lápide. O resto são tapinhas nas costas, bem vindos, mas não fundamentais.

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Ou seja, não se faz um blog para alguém, ou para se ter “sucesso”, mas deve-se fazer um blog dentro de uma necessidade, de uma missão, que, seria bom, agregue algo que possa reduzir sofrimento de um grupo na sociedade.

Assim, foge-se do vazio de se fazer algo sem sentido e preenche-se a vida com algo mais significativo.

Esse ego ético e nesse momento digital vai se auto-referenciando.

Para que ele se torne sustentável e comece a ir mais fundo, exige-se que dentro do novo ambiente, ele se viabilize economicamente, transformando o sonho de uma vida mais significativa em um trabalho mais significativo, que com ele possa sobreviver.

Obviamente, que isso vai se dar pelas bordas, pois o centro, as organizações de plantão, estão ainda “vibrando” no modelo anterior.

Quanto mais a sociedade vai migrando para a nova governança, mais esse ego ético vai ganhar espaço.

Assim, cria-se um compromisso de uma percepção de mundo com uma atitude de mundo, fugindo-se do que chamei aqui de percepção coerente, que acho que podemos chamar de indolente ou sem compromisso. Percepção de salão, para os outros.

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Nesse novo mundo, por sua característica de criadora de nova governança da espécie, o ego que vale é o ego criador que procura singularidade.

E aí temos uma corda bamba difícil.

Esse é o novo desafio.

Versão 1.0 – 21/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

O ego digital

Não será mais possível pensar o ser humano sem colocarmos as mudanças tecno-cognitivas no mapa. Se vocês ouvirem esse psicanalista verão que já se sente claramente, apesar de não se precisar as causas, mudanças nesse campo.

Veja abaixo:

O ser humano, como tenho insistido nesse blog, vive dois momentos na sociedade:

  • de expansão cognitiva – quando ganhamos canais;
  • de contração cognitiva – quando perdemos canais.

A expansão nos permite criar.

E a contração nos permite consolidar.

É como se fizéssemos o jogo, como gosta de dizer Paulo Gaudêncio, uma tese, uma antítese e uma síntese.

A tese é a contração, a antítese é a expansão e a síntese é a consolidação de uma nova governança que dura um período até que fechamos os canais e entramos em crise novamente.

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Paulo Gaudêncio

Podemos, para que possamos ajudar as pessoas a reduzir neuroses, dizer que nosso cérebro (e o ego dentro dele) flutua nesses dois momentos.

  • Na contração cognitiva, temos um cérebro/ego repetidor e memorizador;
  • Na expansão cognitiva, temos um cérebro/ego inovador e criador.

Talvez, possamos dizer que na contração nosso ego precisa da aceitação e do reconhecimento externo e vai se homogenizando para consolidar um dado modelo de governança da espécie. E na expansão ele vai precisando criar e se preparar para uma modificação da governança.

O cérebro/ego, assim, fluta entre o repetidor e o criador.

O ego digital, assim, é um ego criador, que vem combater o atual repetidor.

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Porém, a flutuação do ego não pode apenas ser colocado nestes dois parâmetros.

  • A renascença digital nos pega com 7 bilhões de habitantes e em tudo que isso nos traz de complexidade, tamanho das cidades.
  • A produção do conhecimento e tomada de decisões de um mundo digital tem características específicas e inusitadas;
  • Temos o acúmulo do passado em lidar com neuroses.

Ou seja, o ego digital tem um macro-movimento, pois é de toda a sociedade, que pede abertura e criatividade, mas não podemos dizer que ele pode ser comparado com o ego impresso-eletrônico.

É um ego que se abre para criação com outros paradigmas, completamente novos.

Há momentos, inclusive, distintos.

O ego impresso teve fases de início, meio e fim.

  • O ego eletrônico idem.
  • E agora o digital vive a sua fase inicial, que tem que duelar fortemente com o modelo concentrador do ego impresso-eletrônico em fim de festa.

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Há que se preparar para a expansão desse ego digital, que vai completamente contra o modelo que temos hoje. Vou falar mais sobre isso aqui nos desafios do ego digital.

(Sugiro, se se interessou, ver mais aqui.)

Versão 1.0 – 21/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Nossos egos foram muito maltratados na última ditadura cognitiva. Eles se infantilizaram por causa da concentração de canais. 

(Já tinha falado mais sobre isso aqui.)

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Todo mundo espera um pouco de reconhecimento do outro. Uma taxa que varia de pessoa para pessoa. Há, porém, uma relação entre infantilização do ego, reconhecimento, neuroses, conceitos de fama e fazer sucesso com canalização da sociedade.

Detalhemos.

Note que os canais de divulgação de ideias na sociedade filtram o que vai ir a público.

Publicar é ir a público e quanto menos canais temos, mais dependente ficamos daqueles que filtram, pois todos querem ser reconhecidos em alguma medida, sair de um anonimato e deixar algum legado. Há muito de medo da morte em tudo isso.

Isso é típico quando alguém começa a filmar para a televisão a quantidade de pessoas que querem se colocar na frente. Todos querem ter seus cinco minutos de fama.

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Fama é a opinião dos outros, que podemos chamar de feed-back, reputação, que hoje em dia ganhou o status da reputação que MUITA gente tem de nós.

Fama em uma sociedade de massa é quando você consegue furar o bloqueio e passa pelos canais filtradores e vai a público. Nosso ego maltratado pela ditadura cognitiva que entra em ocaso foi educado para ser hiper-dependente dos atuais filtradores.

Temos sucesso se aparecemos na mídia e vice-versa.

Isso, entretanto, começa a mudar com a Internet, pois há um fenômeno da macro-canalização da sociedade, que permite que, qualquer um, de forma barata possa vir a público e colocar a sua cara a tapa, ou a fama.

O problema é, entretanto, que nosso ego foi educado para ser mundial ou nacional e não de nicho. Ou seja, nosso ego quer um reconhecimento de massa, de muitos e não o de nicho, de poucos.

Nosso ego quer a mídia de massa e não a mídia de missa!

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É preciso uma reeducação de como pensamos a fama, o reconhecimento, em escala de valores e de quem esperamos reconhecimento.

Há dois movimentos aí.

  • O interno – que é o resgate do auto-valor e do reconhecimento pela própria pessoa;
  • O externo – que é o de aceitar o reconhecimento de nicho como o esperado e fundamental.

Isso nos leva para a questão do “fazer sucesso”.

Fazer sucesso hoje na sociedade – e isso é ótimo para as  organizações filtradoras. – é aparecer frequentemente na mídia de massa e ser aceito pelas autoridades de plantão.

Queremos a espada do rei no nosso obro, um título de nobreza para andarmos diferente pelo nosso bairro. Ter o reconhecimento de cima para baixo para os que estão à nossa volta nos olhar diferente.

Não fazer sucesso é não aparecer nestes espaços e não ser aceito pelas autoridades de plantão.

Porém, o cruel e perverso disso tudo é que o filtro que é feito tem um critério e um interesse associado. E leva a sociedade a um processo de hiper-homogenização.

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Ou seja, para publicar, ir a público, ter fama e sucesso eu preciso ser aceito pelos critérios de quem filtra.

Tudo pela fama.

E abrir mão do que eu tenho de mais precioso que é a minha singularidade, hoje um bem para lá de escasso.

Muitos dirão que se render à uma organização filtradora faz parte da sociedade e eu diria que sim, mas até uma determinada taxa.

Quando os canais e as organizações filtradoras vão se concentrando mais e mais, tudo acaba ficando cada vez mais homogêneo e vai criando mais e mais neuroses, pois para que eu possa aparecer para fora, digamos “ter sucesso” eu preciso abrir mão daquilo que me faz singular.

Ou seja, para ter sucesso em hiper-concentração é preciso se homogenizar e não se singularizar.

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O que vai matando mais e mais a singularidade e diversidade humana tão importantes para como vemos e agimos diante do mundo.

Acredito que a macro-canalização vem reequilibrar esse jogo, pois hoje há chance de reconhecimento e – em muitos casos viabilização financeira – para que se possa ser menos homogêneo e mais singular.

(O caso do Porta dos Fundos vai nessa direção e tantos outros.)

E isso é algo fundamental para a sociedade que precisa estimular a singularidade para sair das crises que nos metemos.

E isso pede um ego mais maduro, um ego muito mais auto-referenciado.

Um ego que coloca como desafio a superação dele mesmo, um auto-reconhecimento, uma missão de ser singular.

Ou seja, um ego digital, que detalhei mais aqui.

Versão 1.0 – 21/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Acho fundamental compreender que jogávamos uma mão e um jogo de cartas até a chegada da Internet. E esse jogo mudou completamente as regras. Entramos em outro momento na história humana, um jogo que podemos chamar de renascimento digital.

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Por que o jogo muda completamente?

Temos que entender algo mais profundo das regras do jogo da sociedade.

A relação entre:

  • miopia cognitiva;
  • produção das percepções;
  • tomada de decisões;
  • canalização da sociedade.

Que são as cartas que estão na mesa, como vemos na figura abaixo:

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Como disse aqui, somos míopes cognitivos e precisamos da interação, de diversidade, para ver melhor. Se não temos canais para que o que é diverso e singular possa aparecer e influenciar nas decisões estas passar a ser tomadas cada vez por menos gente, gerando  aumentando a miopia na sociedade e, por sua vez, mais crises.

Ou seja, a sociedade é o resultado desse jogo de quatro cartas.

Todo o castelo de cartas cai e começa a se modificar, quando a uma macro-canalização da sociedade, como ocorreu, a partir da Grécia, com o alfabeto grego, na Europa, pós-prensa e agora com a Internet.

É bom pichar nos muros: a macro-canalização cognitiva provoca renascimentos!

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 Em tais momentos, tudo se abre, pois muito do que achamos que é a maneira “certa” de agir e pensar está em cheque, pois esta intoxicação de pensar/agir é resultado, apesar de não termos conhecimento, da alta taxa de miopia cognitiva em que nos encontrávamos/encontramos.

Se abre um novo mundo e tudo pode ser questionado.

O ciclo da renascença digital em curso abre o cenário da procura de um novo modelo de governança da espécie: a caçada está aberta, em um novo jogo, com um novo baralho.

A macro-canalização é provocadora de um movimento renascentista, re-nascer, re-criar, re-fazer, pois a miopia cognitiva aumenta quanto menos interagimos, criando um movimento de consolidação e “mortência” anti-renascênca, ou decadência, de consolidação das miopias existentes.

Note que uma miopia que se estende provoca gradualmente, mais e mais, tomadas de decisões com baixa diversidade e, por sua vez, com baixa qualidade, o que nos leva as crises, que pedem renascimento.

Que dizes?

Versão 1.0 – 21/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Tenho me esforçado bastante para compreender o que ando e muitos andam fazendo por aqui. Note, como disse aqui, que não estamos mais descobrindo para publicar, mas publicando para descobrir.

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Veja que um blog é um espaço privilegiado para produzir diariamente novas ideias, que entram em contato com várias pessoas, que interferem de alguma forma nessa produção.

Eu tenho um canal privilegiado para compartilhar com mais gente minhas ideias. Fico imaginando pesquisadores do passado com uma ferramenta dessas.

Assim, não dependo mais de algum espaço, instituição, pessoas para ir ao público.

Eu vou direto.

E isso tem uma relevância GIGANTESCA de como pensamos a produção do conhecimento no século XXI.

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Assim, quebra-se algo que era fundamental no ambiente cognitivo passado: a filtragem para publicar.

Muitos dirão que essa filtragem garantia o melhor dos mundos, mas isso foi se perdendo como o aumento radical da população de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos, ou de 3 para 7 nos últimos 50, que são saltos nunca antes visto na espécie.

  • Mais gente, mais diversidade.
  • Mais diversidade, mais complexidade.
  • Simples assim.

(Note que o método atual foi um avanço há 200 anos, mas não é mais eficaz para um mundo que cresceu de complexidade.)

Eu posso dizer algo, pois já fiz tese de doutorado e publiquei dois livros.

Sei exatamente que o que se fala está em Marte e o que se faz está aqui na Terra.

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Há hoje uma evidente crise dos filtradores de plantão.

Uma editora precisa fazer volume para fazer dinheiro.

São vários autores por mês e o tratamento para cada um deles virou uma espécie de pizzaria de livros.

O que emplacar ou já emplacou tem tratamento vip, os demais estariam melhor ou estariam na mesma se tivessem publicado sozinhos.

Acreditar que há um filtro que agrega algo ao trabalho é se iludir.

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O mesmo digo da academia, que cada vez mais tem se tornado conservadora, pois qualquer artigo que foge ao padrão assusta aos pareceristas, que tendem a ir no que conhecem, já que são tantos artigos e tão pouco espaço para publicar.

O autor e o pesquisador estão só por absoluta falta de tempo disponível de quem teria que filtrar, pois o volume a ser analisado pelos filtradores de plantão é cada vez maior. O tempo se estica, o que explica hoje um livro demorar 6 meses para ser publicado e um artigo acadêmico chega a um ano, estão velhos antes de serem lidos.

Assim, a produção das percepções na sociedade precisa mudar completamente a sua forma para sair da crise demanda x oferta.

Estamos indo para a meritocracia dos insetos, como detalhei aqui.

Ao invés de filtrar para publicar, coloca-se na roda o texto e espera-se que os recursos da interação digital permitam que o uso direto da relação de consumo do que se publicou defina a qualidade e a relevância do trabalho.

É uma proposta, inapelavelmente, tecnológica.

Não é que temos a opção de ser assim, VAI SER ASSIM, temos que agora ver quanto tempo demoramos para começar a experimentar e sedimentar algo que garanta, de novo, a qualidade na complexidade, como já tivemos no passado.

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Tal mudança nos leva a sair de uma validação por pares, gestores, autoridades para uma validação por uso.

  • Uma é feita da organização pela própria organização.
  • A segunda é feita de quem usa a organização e espera dela solução de problemas e sofrimentos.

É o que vai nos permitir resgatar as organizações que se tornaram servidoras delas mesmas, com forte prejuízo para a sociedade. Tal método podemos chamar de método interativo, que tem como base o resgate da interação com quem tem problemas.

Expanda isso para a política, justiça, escola e temos aí a tecno-sociedade digital do século XXI (sempre fomos tecnos agora precisamos ser tecno-digitais).

Que dizes?

Versão 1.0 – 19/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

Dando continuidade ao post passado, podemos dizer que não existe ciência pura.

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Toda a ciência é aplicada para resolver dois problemas humanos:

  • – a curiosidade – que entraria no campo da ciência disruptiva;
  • – e a necessidade – que entraria no campo da ciência incremental.

O estudo do cosmos ou da origem da espécie está mais voltado para a curiosidade do que da necessidade imediata, bem como, a cura da Aids ou do câncer está mais para a segunda demanda.

Uma ciência bem equilibrada em um dado país, centro de pesquisa, universidade, acredito eu, deve estar mais voltada para a segunda e menos para a primeira. O que não quer dizer que não devemos nos dedicar a nossa curiosidade e à inovação radical, pois dela saem insights mais profundos para solucionar necessidades.

E nada impede que uma esteja aliada à outra.

Tudo é uma questão de pesos e criação de sinergia.

  • Não podemos dizer, entretanto, que a ciência curiosa é uma ciência pura.
  • E que toda a ciência dita necessária é somente aplicada.

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Diria que tudo depende do aprofundamento dos problemas e suas possíveis minimizações. Os problemas da ciência necessária vem, quando é de fato aplicada, de algo que a sociedade não está tendo bons resultados.É um problema mal resolvido, que exige reflexão.

  • A primeira abordagem para se contornar um problema, como vimos aqui no triângulo do conhecimento, de um problema é metodológica, que é mais rápida e barata. O que estou fazendo de forma ineficaz?
  • A segunda é mais teórica: o que estou pensando de forma ineficaz?
  • E a terceira é mais profunda: que lei humana estou precisando revisar para poder pensar de forma mais eficaz e ter uma teoria e metodologia mais adequadas?

Assim, se um dado problema nos levar a uma discussão mais profunda, não estamos fazendo ciência pura, mas apenas estamos indo mais fundo em um dado problema, que os primeiros estágios se mostraram ineficazes.

Muitos dirão, entretanto, que a ciência pura se define por se tratar de pesquisa em torno de algo que não é ainda um problema e nem se sabe se vai chegar a ser. O que nos leva ao campo da ciência disruptiva, que pode vir a ser aplicado no futuro.

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E aí diria que não é uma ciência pura, mas entra dentro do que podemos chamar de ciência curiosa, que não tem necessariamente o objetivo de ter um resultado, mas é um acúmulo de conhecimento, que pode nos levar a solução de necessidades futuras.

Nada contra, desde que bem balanceada e com alguma relação, se possível, com possíveis pesquisas da ciência necessária que podem se beneficiar deste estudo.

Porém, muitas vezes a ciência curiosa é apenas curiosa e serve para um escapismo do pesquisador de cobranças práticas. Algo como: “posso ficar no meu canto pesquisando sem aborrecimento, muitas vezes com verba do governo, basta dizer que é ciência pura”.

Acredito que muito da nossa academia hoje leva a marca de ciência pura e é uma ciência sem necessidade, apenas para atender aos caprichos do pesquisador, como bem definiu Marcos Cavalcanti com a fábula do ronco do boi.

Renomear as ciências de pura para disruptiva, quando for o caso de não ser focado em problema, ou filosófica, quando for aprofundando um dado problema nos ajudará a ter uma ciência mais eficaz.

Que dizes?

Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Acho que é um certo equívoco falarmos de ciência no singular e não no plural. E tenho cometido esse erro seguidamente. Chegou a hora de me chicotear.

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Note que a ciência que estuda o que não é humano é bem diferente daquela que estuda o ser humano.

Existem coisas parecidas, mas é algo completamente diferente.

A ciência dos não humanos é algo que nos permite coisas espetaculares, tal como o isolamento do que não é humano, em muitos casos, no laboratório para promover experiências de forma isolada.

A ciência dos não humanos pode ser menos imprecisa, porém é uma ciência feita por humanos, o que muita gente, às vezes, esquece.

Note que o estudo de qualquer coisa que seja é feita por um humano, que tem a limitação da nossa miopia cognitiva crônica.

E digo mais, independente qualquer ciência, todo o registro do que é visto e percebido é feito em um documento escrito ou oral, que é o resultado do trabalho feito.

No fundo, toda a ciência se resume a um discurso científico registrado, que é o resultado do que aprendemos com as pesquisas feitas.

Ou seja, a ciência, seja ela qual for,  tem a limitação da capacidade humana de ver, seja o estudo do humano ou do não humano e é registrada em um discurso qualquer.

Como diz o Gleiser a ciência é histórica, pois depende da nossa capacidade de medir. (Ele fala muito, como físico, da ciência do não humano.) No caso das ciências humanas, diria que ela depende da nossa capacidade de questionar o discurso produzido, diante de levantamentos de dados realizados.

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A ciência humana, ou do estudo do ser humano e da sociedade, é mais complexa, pois o objeto é o próprio ser humano.

O ser humano é o ser mais complexo que conhecemos e está em eterno e irregular movimento.

Não dá muito para colocar pessoas em laboratórios como ratos, ou escavar sociedades vivas.

Assim, a ciência humana é mais complexa e mais afetada pela nossa miopia, além de haver mais interesses envolvidos, pois estudamos nós mesmos, o que já tem aí um problema de interesses, pois ninguém é neutro.

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Note que na ciência não humana também há interesses, mas se formos graduar, dependendo da área, podemos dizer, que, no geral, há menos interesses.

Assim, é preciso separar quando falamos da ciência em explicitar as duas ciências, que têm grau de eficácia diferentes e possibilidade de algumas evidências mais ou menos distintas.

  • Na ciência não  humana, alguns consensos são mais evidentes e possíveis.
  • Na ciência humana há maneiras de pensar diferente sobre diferentes problemas, o que nos leva a visões diferentes, ou escolas diferentes de pensamento.

É mais comum, devido às paixões envolvidas, de que na ciência humana tenhamos uma taxa de dogmatismo maior.

O dogmatismo é, no fundo, o casamento sem divórcio com determinados conceitos que se fixam no sujeito como um time de futebol.

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Porém, há possibilidades de, mesmo com toda miopia e dogmatismo das ciências humanas avançar com algo que faça mais sentido, pois um discurso tem que ter coerência interna nele mesmo.

Assim, o primeiro passo da ciência humana, antes mesmo de ir a campo, é analisar se o discurso que está sendo proposto faz sentido. É como se fosse muito bom se pudéssemos dar um banho epistemológico nas proposições.

Isso economizaria muitas dissertações e teses, que saem da academia sem pé nem cabeça. E aí esbarramos em um engano que acredito que cometemos bastante, que é o da ciência aplicada e da ciência pura, como vemos aqui.

Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Se nos perguntarmos o que mudou, podemos dizer que os problemas já não são mais os mesmos. Antes, os problemas eram mais conhecidos, pois vivíamos uma contração cognitiva.

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Ou seja, os problemas eram escolhidos a dedo pelos poucos canais que circulavam percepções pela sociedade.

Havia, como há ainda, uma forte concentração de organizações resolvedoras dos problemas, o que foi definindo uma forma meio padrão de minimizá-los.

Os problemas podemos dizer foram estabilizados, bem como, as saídas para os mesmos.

A expansão cognitiva muda isso, pois:

  • – começa-se a pautar novos problemas como prioritários;
  • – questionar a forma que se resolve os antigos problemas;
  • – apresenta-se novas alternativas novas de minimizar os velhos e novos problemas.

 Estamos entrando em um novo modelo de governança da espécie justamente para resolver problemas que não eram considerados prioritários de uma nova maneira, tanto do ponto de vista de eficácia, como do ponto de vista ético.

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Todo o atual aparato de solução de problemas começa a entrar em um processo de obsolescência. Uma organização, no fundo, nada mais é do que esse aparato, portanto, em decadência.

É preciso reorganizar o aparato para que possamos lidar com uma tecno-sociedade digital, na qual os problemas não são mais estáveis, definidos pela organização e sem uma concorrência explícita.

É preciso dinamizar o aparato de soluções de problemas para fazer frente a esse novo desafio. Assim, se os problemas já não são os mesmos, as organizações têm que acompanhá-los.

Que dizes?

Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Foi Clay Shirky que produziu essa frase maravilhosa. “Nós filtrávamos para publicar e agora publicamos para filtrar”. Acredito que é a síntese da passagem da contração para a expansão cognitiva e da forma que criaremos a percepção de mundo e tomaremos decisões no século XXI.

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Note que antes tínhamos poucos canais e muita gente.

Vivíamos a escassez de canais e, por sua vez, escassez de conteúdos, filtrados pelos certificadores, ou filtradores da Idade Mídia Vertical.

Havia muito o que dizer, mas poucos canais.

Nossa visão era manipulada pelos poucos canais de plantão, o que nos levou a uma ditadura cognitiva.

Os filtros mais e mais eram feitos por critérios cada vez menos meritocráticos.

Assim, havia o que o “sindicato da informação” chama de “Gatekeepers” os guardiões das chaves da publicação.

Não havia outro jeito.

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Se eu tenho 400 artigos acadêmicos e uma revista que permite colocar 20, eu preciso filtrar para ajustar o espaço ao conteúdo.

Para isso, eu monto um aparato de certificadores que vão analisar, com diferentes critérios, aquilo que vai ser produzido.

Há um afunilamento necessário entre espaço x tamanho.

O modelo era o possível. Não era bom ou ruim, malvado ou bonzinho, mas era o que funcionava em um ambiente tecno-social impresso-eletrônico.

Tal modelo começou a entrar em crise, pois:

  • a) aumentou-se a população;
  • b) aumentou-se a interconexão;
  • c) prostituiu-se o modelo, pois cada vez mais temos menos meritocracia (um corporativismos natural da falta de transparência.);
  • d) o filtro foi ficando cada vez mais caro, lento e ineficiente.

A Internet vem justamente ser a saída para a crise, o que nos leva a uma guinada no aparato de tomada de decisões. Estamos colocando uma sofisticação a mais na nossa tecno-sociedade,  a tomada de decisões dos insetos e abandonando a dos mamíferos.

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Hoje, com a complexidade saindo do armário, não sendo mais presa pela ditadura de canais, passa-se a viver em um mundo de mudanças de percepção à velocidade da luz.

E não se consegue mais acompanhar o mundo com o mesmo modelo de produção de percepções do passado.

Hoje, não se pode preparar a percepção, empacotar, ajustar para depois publicar e, só então, interagir, ao contrário, é melhor colocar o quanto antes a percepção para fora para interagir o mais rápido possível.

  • Saímos da percepção que era construída por poucos a ser disseminada para muitos.
  • Para uma mundo em que a percepção é construída por muitos com muitos, via interação.

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Essa mudança só é possível nos novos ambientes em plataformas digitais colaborativas, nas quais se interage, através de vários recursos, para que essa interação coletiva de produção das percepções seja possível.

Ou seja:

  • Publica-se para conhecer;
  • Fabrica-se para pesquisar;
  • Ensina-se para aprender.

Estamos assumindo na expansão cognitiva a nossa fase mais aberta, pois com a percepção mudando na velocidade da luz, fica mais evidente a nossa  miopia cognitiva. E nestes momentos só se combate a miopia cognitiva com interação e comunicação.

Por isso, publica-se para conhecer aquilo que não se conhece.

É tipo uma gestão do desconhecimento, via interação.

O que não integre rápido, fica velho e petse o valir.

Versão 1.1 – 15/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Filosofar é uma atitude. Diria um verbo. Aquele que ama a verdade e a procuro em todo o lugar. Ser um caçador de verdades é uma ação e não um substantivo.

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Sou caçador enquanto caço, ou melhor, enquanto procuro a mentira, pois quem caça a verdade, no fundo, é um caçador de mentira.

Filosofar é, assim, procurar a falsidade do discurso e da prática.

Toda vez que alguém se dedica a analisar a mentira está, de certa forma, filosofando.

A verdade, portanto, é inatingível e a mentira é algo mais próximo, pois você pode saber o que não é de forma mais rápida, pois uma mentira, como dizem, tem perna curta e a verdade, por sua vez, pernas sempre mais compridas do que as nossas.

Podemos supor a verdade, sabendo que é apenas uma percepção contextual.

Uma verdade passageira para uma determinada tomada de decisão.

É possível, através da lógica, demonstrar que determinado discurso carece de sentido.

Que é baseado em pouca reflexão ou repetição.

Mentira aceita não pelo tempo que se parou para pensar nela, mas simplesmente pela osmose de repetir o que sempre me disseram e eu aceitei sem questionar.

Em uma contração cognitiva como a atual, vivemos exatamente disso de mentiras repetidas e pouco discutidas, que são verdades pouco problematizadas.

Carecemos hoje, urgente, de caçadores de mentiras muito mais de quem se diz filósofo, apenas por que tem um certificado. O mesmo vale para o ensino de filosofia que deveria ser uma provocação de vontade de caçar mentiras e não de estudar a história da filosofia, o que, obviamente, não é excludente.

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Filosofar, portanto, é uma ação permanente.

Quando ouço por aí alguém que diz que é filósofo fico com um pé atrás, pois há uma diferença de gostar da filosofia que é amar a filosofia enquanto ciência, que é diferente de amar a verdade e ser um caçador de mentiras, filosofar.

Uma pessoa que estuda a história da filosofia é um historiador da filosofia, ama os filósofos e seus estudos, mas não é, por causa disso, um filósofo, mesmo que tenha sido certificado como tal.

Filosofar é escolher um problema na sociedade e analisar como ele está sendo minimizado e quais são as mentiras que giram em torno dele. Ninguém é assim é filósofo, mas pode estar filósofo em um dado momento, quando está exercendo uma função de questionador de mentiras.

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Um caçador só é caçador enquanto caça.

Ele pode se dizer caçador, mas é um caçador em potencial e não, na prática, pois é preciso estar caçando para dizer que é um caçador pleno.

Como o tempo, de fato, aqueles que caçaram mentiras no passado foram criando um conjunto de tópicos mais sofisticados e respostas afins, que acabamos chamando de questões propícias à filosofia.

São problemas mais amplos tais como:

Quem somos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? O que é o amor? Felicidade? Justiça? Política? Ética? Moral?

Mas isso só faz sentido quando são usados para o ato de caçar mentiras e não para colocar troféus em uma parede.

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A paixão dessa discussão pela discussão não faz uma pessoa amante da sabedoria ou da verdade, apenas amante da filosofia, que não é o amor pelo ator de caçar a verdade, mas amor pelo ato da caçada ou até do caçador (de quem estuda um filósofo em particular).

Obviamente, que o papel dos amantes da filosofia é relevante para quem quer caçar mentira, mas não podemos confundi-los com os caçadores propriamente ditos.

Assim, quem se diz filósofo não o é, pois o amor pela verdade é uma ação, um verbo e não um substantivo.

Que dizes?

Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Vi dois vídeos separados no tempo e na ideologia.

Um é de Olavo de Carvalho, intelectual dito conservador:

Outro de Millor Fernandes, intelectual dito anarquista:

Se você tiver paciência de ouvir os dois, verá que há algo em comum entre eles.

Usam várias vezes os adjetivos de “burros” e “idiotas” para classificar pessoas e sempre com o argumento de que aqueles não têm “cultura” suficiente para dizer o que dizem, ou fazer o que fazem.

As atitudes vão contra o que considero o debate honesto de que tanto precisamos.

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Ao se classificar alguém de burro ou idiota temos algumas consequências imediatas:

  • a) quem diz que o outro é burro/idiota já se considera acima, superior;
  • b) já se considera capaz de classificar, ou de ser um certificador de quem é ou não é burro ou idiota;
  • c) traz o ego do xingado para o meio da sala;
  • d) foge-se dos argumentos, pois se desqualifica o interlocutor.

E há algo ainda mais grave que é mais estrutural.

Há uma visão de conhecimento, hoje completamente em voga, de forma mais light, de que o importante é o acúmulo de conhecimento sobre um dado assunto e não a capacidade de alguém em minimizar o problema que tem pela frente.

São duas visões do que é e para que serve o conhecimento e quem tem capacidade de poder dizer algo.

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Nos dois discursos, claramente egos problemáticos em ambos os casos, há uma defesa de que para ser alguém “importante” na sociedade é preciso ter lido “x” livros de “x” autores, como eles certamente devem ter lido.

Só que o conhecimento pode ter essa visão, que é, aliás, a visão atual dominante dos certificadores elitistas.

Porém, em um mundo mais aberto e interativo isso não é o ponto principal.

  • Voltamos a um estágio anterior da eficácia do conhecimento, da volta da meritocracia, que será relevante não é o intelectual por metragem quadrada de livros livros, mas aquele que tem a capacidade de tornar o que conhece útil para a sociedade.
  • A capacidade de aliar conhecimento e minimização de problemas, tendo sempre uma leitura adequada para cada tamanho do problema a ser minimizado.
  • E a capacidade de interagir fazendo do conhecimento um aprendizado, abrindo-se para a conversa com aqueles que querem dialogar sobre o problema.

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Ou seja, em uma expansão cognitiva o conhecimento valoroso não é o cumulativo, como no passado, quem sabe tem poder, mas como o mundo se torna mutante, o conhecimento que passa a ter valor é o interativo, tem poder quem tem a capacidade de interagir e mudar na interação.

Veja, portanto, nos dois vídeos que o problema dos certificadores elitistas, fechados nos seus próprios egos, devem fazer parte de um passado.

Quanto mais rápido, melhor, espero.

Que dizes?

Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Podemos dizer que há uma guinada em curso. O aparato de tomada de decisões está se modificando em função da expansão cognitiva.

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As decisões eram tomadas com mais tempo, o cenário interno e externo das pessoas e organizações era mais estável e com menos opções.

A expansão cognitiva traz ao mesmo tempo mudanças rápidas e diferentes.

Como disse aqui, não temos mais um gabarito para seguirmos.

E precisamos rever nosso modelo de como tomamos decisões, que implica em ter coragem para assumir os riscos das percepções que passamos a ter.

Hoje, nos esforçamos para criar um ambiente de conhecimento/informação que nos permita tomar decisões. Fazia sentido, em parte, quando havia uma certa estabilidade, pois das decisões eram mais ou menos as conhecidas.

O problema é como vamos criar um aparato de tomada de decisões dentro de um ambiente instável e mutante? Abaixo apresento um novo modelo, a meu ver, mais eficaz:

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Note que na figura acima temos quatros momentos que fazem parte da avaliação de como tomamos decisões.

Temos, que é o início de tudo, um problema a ser resolvido, que nos leva a ter uma percepção da melhor forma para resolvê-lo, que nos leva a uma decisão de agir consolidada, que nos leva a uma ação.

E depois avaliamos o quanto o tal problema foi ou não minimizado, o que nos leva, de novo, ao recomeço do próprio ciclo. Em um mundo mais instável o mais importante é lidar com a percepção, que será o resultado da informação e do conhecimento adquirido.

Pode-se ter o melhor aparato do mundo de comunicação, conhecimento, informação e rede, mas se não tivermos uma percepção adequada, que nos leve a agir de forma mais eficaz, de nada adiantará todo o resto.

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E aí teríamos que dividir a percepção em dois níveis:

  • A percepção coerente – aquela que me leva agir conforme o que digo ou acho que percebo;
  • A percepção incoerente – com a qual eu digo ou acho que penso algo, mas não ajo conforme digo que penso.

Já vi em vários momentos pessoas, alunos, colegas de reflexão concordarem que determinada teoria parece a mais eficaz, não consideram que há nenhuma alteração a ser feita.

E que deve ser essa mudança de percepção a guiar seus próximos atos.

Isso é a parte mais fácil de um processo de mudança, porém tudo se complica na hora de decidir e agir, pois há uma forte atração para se voltar à percepção anterior. E, portanto, temos que entender que são dois momentos COMPLETAMENTE separados.

Tenho a minha percepção pseudo-consolidada, mas na hora de agir é preciso ter, o que vou chamar de coragem e ambiente propício e incentivado para mudar e isso muitas vezes não ocorre.

Ou seja, a pessoa tem uma percepção, mas não decide agir coerente com ela, pois há uma covardia (filosoficamente falando) na ação, incoerente com o que diz que se pensa.

Muitas vezes essa covardia é incentivada pela própria organização.

Ou seja, faz-se de tudo para ampliar a visão, mas desde que todos aceitem e saibam que toda a nova percepção é para ser uma percepção de armário, para ser guardada, para se mostrar como se pensa moderno, mas se age, conforme o protocolo, que não muda.

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Há, assim, uma série de fatores objetivos e subjetivos que impedem que a nova percepção vire um ação e modifique algo que vem sendo feito.

Tendemos sempre, ainda mais dentro da nossa formação em um mundo estável, de nos guiar pela filosofia do Zeca Pagodinho: deixa a vida me levar e eu não interfiro nela. Pessoas e organizações agem assim e isso é fruto do ambiente de contração e das Idades das Trevas das mídias verticais que estamos saindo.

Ou seja, não adianta investir em todo o treinamento que for se não se percebe a complexidade que é a passagem da percepção para uma decisão e depois para a ação.

A maioria das organizações, aliás, têm esse discurso.

Querem inovação desde que não se mude quase nada.

É a chamada inovação eunuca, mas só que a vida mutante que está lá fora está cada vez mais potente e precisando de organizações que consigam perceber e agir de forma coerente com essa percepção.

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Podemos dizer que vivemos algo como percepções sociais que nos tornam “modernos”, digamos assim, mas não agirmos conforme essa modernidade, pois na hora de procurar decidir e agir falta o elemento coragem de assumir uma nova percepção.

O combate a mesmice, assim, nem sempre está no investimento no conhecimento, da informação, em uma rede ou um ambiente de comunicação tecnológico, mas na capacidade de transformar novas percepções em ações de vida e não em desejos que não se realizam.

Quando a não ação ocorre, colocamos a culpa no outro, pois apesar de saber o que tenho que fazer, ou estar convencido disso, prefiro dizer que o outro não vai deixar e, portanto, eu devo me conformar a viver em conflito, o que me leva a voltar para a minha percepção antiga, ou distorcendo a nova para que se adeque à minha inação.

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Todas as desculpas, incluindo preguiça de mudar, nos leva a culpar o outro por não assumir uma percepção mais lógica e coerente, que o próprio apatari de informação indica.

Muitos dos meus alunos que chegaram a concordar com várias necessidades atuais não conseguiram transformar essa percepção em uma prática ou uma missão de vida, pois isso implica uma coragem ética diante da vida e uma sociedade aberta para mudar.

E aí entramos na parte ética.

Uma nova percepção que é ligada à episteme (conhecimento) ou o estudo da epistem (epistemologia) nos leva a questionar a nossa própria existência. Posso ter ideias próprias e posso ser coerente com elas? Posso fazer da minha vida profissional uma missão de vida? A organização em que trabalho quer ajudar o mundo a mudar para melhor ou manter o mundo do jeito que está?

Se vejo que posso mudar algo e isso vai minimizar sofrimento por que não assumo isso como uma missão de vida?

É um campo e tanto para irmos adiante, não?

Há muito que falar do gráfico acima, mas o post ficou longo.

Vou desenvolver mais depois.

Que dizes?

Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

No meu livro azul defendo a ideia de que estamos mudando de forma radical a governança da espécie.

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E isso é motivado por sermos uma tecno-espécie que modifica a forma de governança quando aumentamos a complexidade demográfica.

Quanto mais gente mais complexidade e quanto mais complexidade mais sofisticados terão que ser os tecno-aparatos de construção das percepções da realidade para que possamos tomar decisões mais eficazes.

Esta talvez seja uma hipótese básica do meu pensamento sobre a chegada da Internet e suas consequências para a sociedade.

Porém, temos algo que podemos avançar ainda mais.

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Há mudanças no passado na governança que podemos dividir em duas, mas que ficam todas no âmbito da governança dos mamíferos, com a necessidade dos líderes-alfa, baseada na comunicação, inicialmente oral e depois registrada em aparatos pedra/papel/silício:

  • Líderes-alfa escolhidos/indicados/aceitos por Deus;
  • Líderes-alfa escolhidos pelos homens.

O modelo dos mamíferos, que implica em líderes-alfa mais fixo e permanente, é sustentável até um certo tamanho da espécie.

Quando chegamos a um determinado tamanho de população, (podemos dizer que 7 bilhões é esta marca e o adensamento que isso significa em termos de cidade), nos leva a procurar novas alternativas no aparato de produção das percepções, bem como, em novos modelos de tomada de decisão. Apelamos para o modelo dos insetos, que tem experiência em populações muito maiores.

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O que percebe-se nos novos projetos da Internet é o uso cada vez maior de formas de comunicação que não são as dos mamíferos, que se limitam a sons e visual. A novidade é o uso de rastros para que as decisões sejam tomadas mais rápidas e com mais proximidade dos fatos.

(Conseguir aproximar percepções de fatos menos fantasiosos é o grande objetivo de qualquer profissional que lida com projetos sociais.)

Na verdade, quando começamos a utilizar desse tipo de aparato digital, a partir do fim do século passado iniciamos uma longa, macro, radical e tríplice mudança:

  1. – no tecno-aparato da produção das percepções (do impresso/eletrônico para o digital);
  2. – na governança da espécie (de líderes-alfa mais escolhidos pelos homens para líderes-alfas mais rotativos e, em alguns casos, já sem a necessidade de líderes-alfa;
  3. – e mudamos o modelo do reino dos animais que nos inspira a governar, migrando lentamente dos atuais mamíferos para a governança dos insetos, principalmente as formigas.

Por isso, a mudança é tão radical.

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No passado, por exemplo, com a chegada do papel impresso, tivemos mudança em 1 e 2, mas não na 3. E podemos dizer que foram mudanças incrementais radicais, mas não totalmente radicais, como agora.

(Defino as inovações como inovação incremental, incremental radical e radical).

A guindada é grande e a explicação está aqui, de forma inapelável, no quadro abaixo, com o qual defendo claramente que não vivemos na sociedade do conhecimento, nem da informação, nem da rede, nem na pós-modernidade, mas na sociedade dos 7 bilhões de habitantes e na complexidade que isso nos traz.

 

ProjecaoHistoricaPopulacaoMundial (3)Se você gostou do tema, sugiro ouvir este vídeo em que pincelo, de forma menos embaçada, algumas destas ideias.

Que dizes?
Versão 1.0 – 15/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Dando continuidade a revisão sobre a integração de quatro estudos que são feitos em separado: redes cognitivas, conhecimento, informação e comunicação, vou chegar a um termo novo e integrador: gestão da percepção!

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Diria que não importa o banco de dados, o treinamento, as tecnologias que são usadas se o foco não for melhorar a qualidade da percepção de quem os usa e as decisões que são tomadas a partir delas.

Todo o aparato de construção das percepções visa que haja uma melhora na miopia cognitiva crônica e que as decisões sejam tomadas de forma a estar mais próximas dos fatos da vida.

Quando separamos estes quatro elementos e atuamos de forma em separada perdemos o foco no principal:

Redes, comunicação, conhecimento e informação fazem parte da criação de um ambiente integrado que visa melhorar a percepção de quem os usa para que tome decisões de melhor qualidade.

Pronto.

Contem 1 e 2

A medição, assim, não é a percepção em si, pois é enganosa.

É uma dialética entre percepção-decisão tomada.

Eu posso afirmar que estou convencido que devo fazer dieta para emagrecer, baseado nas informações recebidas, mas, na prática, só vou confirmar que essa percepção passaram a ser incorporada na minha vida, quando, de fato, começar a dieta.

Hoje profissionais de rede, de conhecimento, informação e comunicação se esforçam para criar o aparato e não para melhorar a qualidade da percepção e da tomada de decisões de quem os usa.

Ficam profissionais capengas, que atuam apenas em uma parte do problema, vão se especializando e não conseguem ter medições adequadas e úteis para a sociedade.

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Imagino que a gestão da percepção nos leva na academia a um esforço coletivo para desenvolver teorias integradas e nas organizações a ter esforços sinergéticos e não os que temos visto hoje em que há diversos projetos em paralelo, com baixa eficácia.

A gestão da percepção, enfim, é uma metodologia, que visa ajudar a resolver o problema de melhor tomada de decisões. Todo o aparato deve ter esse propósito que é algo simples.

É isso,

que dizes?

Versão 1.0 – 15/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Muitos falam das trevas da Idade Média. E eu diria que estamos vivendo o fim da Idade das trevas da Idade Mídia Vertical.

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Exagero?

Não, acredito que podemos relacionar as trevas a contração cognitiva.

Trevas vem da dificuldade de ver, da escuridão, da ampliação da nossa miopia cognitiva.

Eu diria que toda vez que reduzimos fortemente a taxa de interação entre as pessoas, limitamos a possibilidade do uso de canais, entramos em uma fase de trevas.

Por quê?

Há uma redução radical da diversidade de visões na sociedade, criando paulatinamente uma visão hegemônica de baixa diversidade.

Essa baixa diversidade cria uma verdade de baixa qualidade, que, por sua vez, provoca tomada de decisões de baixa qualidade.

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As trevas, diferente do que imaginávamos, não vem apenas da nossa capacidade de inventar coisas, mas também de por que, para quem, em nome do que, estamos inventando estas coisas.

Quando há uma redução, assim, da diversidade da produção da verdade, por sua vez, temos uma tomada de decisões de baixa qualidade, tanto do ponto de vista produtivo, relação do custo/benefício) bem como não se mede as consequências para o sofrimento que pode causar, o que nos leva para a questão ética.

Portanto, defendo que estamos saindo de uma ditadura cognitiva que nos leva ao título do post a Idade das Trevas Contemporânea.

Há muito trabalho a ser feito para nos tirar dessa penumbra.

Versão 1.0 – 14/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

A prática não é antônimo de teoria. Isso é típico de um período das trevas do pensamento contemporâneo. O outro lado da prática é o pensamento, agir e pensar. Quando agimos estamos pensando. O outro lado da moeda da teoria é a metodologia, que tem dentro dela a teoria embutida. Essa falsa dicotomia teoria e prática é extremamente venenosa em um mundo que pede mais qualidade de reflexão, pois tira das pessoas a capacidade de rever metodologias, a partir de revisões teóricas.

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Quando temos um problema, precisamos de um método de análise.

Todo problema é um problema prático, que quando vai se sofisticando vai se tornando teórico, ou mesmo filosófico, veja aqui o triângulo do conhecimento.

Ou seja, ao termos um dado problema, querendo ou não, desenvolvemos uma metodologia para atacá-lo.

Se vamos trocar um pneu, a forma que fazemos isso é uma metodologia.

O que podemos dizer é que uma dada metodologia de trocar pneu é mais ou menos eficaz, dependendo da pessoa, do carro, das ferramentas que temos, do local onde a operação será feita.

Quando uma metodologia já começa a apresentar baixa eficácia para solucionar o problema a que se propõe, ela precisa ser revista. Assim, paramos para pensar sobre a metodologia.

Hoje, pouca gente é capaz de rever metodologias, pois criamos essa falsa separação enter teoria e prática. Nós torcemos o nariz ingenuamente quando falamos em revisão teórica e deixamos que alguém, que nem sabemos quem é, faça isso por nós.

Os resultados podem ser desastrosos.

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Quando pensamos sobre a metodologia, estamos olhando para o processo de como fazemos a troca de pneus. Estamos trabalhando, portanto, na revisão da metodologia e não mais como uma ferramenta invisível, mas estamos tornando a metodologia algo visível, estamos tangibilizando a metodologia para aperfeiçoá-la.

Uma metodologia, assim, é uma ferramenta de solução de problemas, criada por alguém, que foi difundida, mas que nela está contida uma ideia da melhor forma de resolver um dado problema, que pode ser mais ou menos eficaz, conforme contexto, quem a utiliza, etc…

O que podemos chamar de revisão metodológica, que já pede um pouco de abstração, pois uma revisão desse tipo não visa mais apenas resolver o problema, mas aperfeiçoar a metodologia pouco eficaz traz, dificultando aquela solução.

Isso não é algo acadêmico, mas humano, quando estamos diante de qualquer problema.

Note, entretanto, que a metodologia partiu de uma dada teoria, pois tivemos que conhecer todos os elementos, as forças que regem a troca de pneu.

  • – o peso do carro;
  • – o equipamento necessário para levantá-lo;
  • – o tamanho dos parafusos;
  • – as ferramentas necessárias para tirá-los e colocá-los.

As teorias estudam as forças em movimento para que possamos atuar para modificá-las, alterá-las, usá-las a nosso favor. Assim, antes de uma metodologia, temos uma teoria, que pode conter alguns equívocos, que ao se rever a metodologia, devem ser levados em conta para o ajuste e pensar em novas metodologias.

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Neste caso, a metodologia quando tem problemas, pode nos levar a uma revisão teórica, pois temos que subir um degrau para resolver o problema prático.

Veja, então, que a revisão metodológica, em algumas situações, passa necessariamente por uma revisão teórica, o que não é algo pouco prático, ao contrário, a revisão teórica nos leva a uma melhor revisão metodológica, que é algo extremamente relevante, dependendo do caso.

Digo o mesmo da questão filosófica, que é algo bem mais raro, mas em alguns momentos uma teoria foi baseada em um preceito filosófico.

Exemplo:

Tenho discutido aqui sobre Internet, na questão da tecno-espécie. Se somos uma tecno-espécie, temos que rever o papel da tecnologia na sociedade, alterando diversas teorias agregadas e, por sua vez, metodologias.

Ou seja, dentro de uma metodologia, há uma teoria e, dentro dela, uma filosofia.

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O que é cruel nessa falsa dicotomia teoria e prática tão difundida, é a dificuldade que criamos na sociedade diante das metodologias, que passam a ser dogmas, vindos dos gurus, que temos que aceitar e não questionar o que tem ali embutido.

Ou seja, como queremos “coisas práticas” e “cases para imitar” estamos aceitando as metodologias sem entender as teorias e filosofias que as geraram, nos incapacitando a sermos nós a fazer a revisão teórica e filosófica necessárias quando algo dá MUITO errado.

Vamos precisar de quem as criou, um pacote fechado, para inventar uma nova e pagarmos por ela, tudo de novo.

Podemos dizer que essa falsa dicotomia teoria e prática faz parte de mais uma das polarizações que tenho desenvolvido no mapa do pêndulo cognitivo.

Quando alguém me fala que filosofia e teoria não são coisas práticas, eu sempre respondo que depende muito do problema que o interrogante tem pela frente. Se é alguém que só aperta botão, eu diria que são problemas que não afetam a sua vida, mas são extremamente práticos, pois implicam na metodologia que ele terá que usar, muitas vezes, sem condições de questionar.

Por aí,

que dizes?

Versão 1.0 – 14/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Estamos, mas não admitimos isso, saindo de uma Idade das Trevas Contemporânea da humanidade. Um dos problemas que temos em fases desse tipo é a produção de conceitos sem fundamentação.

(Vivemos isso também na saída da Idade Média, na luta dos três mosqueteiros da verdade impressa.)

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Não entenda fundamentação, entretanto, de forma clássica, tal como um certificado dado por alguém que tem um diploma em uma organização renomada.

Isso é o que mais existe por aí e é um dos problemas que temos hoje. Boa parte da academia (principalmente na área de humanas) desenvolve conceitos para colocar na parede, como se fossem troféus, mas não para ajudar a resolver os problemas emergentes da sociedade.

O que falta no mercado do pensamento é a memória de cálculo de como chegamos aos conceitos, a sua fundamentação baseada em argumentos, que nos permitam, pela lógica da comparação e classificação, chegar a algo mais consistente que não deixe margem às dúvidas, que levam a pensamentos e práticas equivocadas.

Diria que um conceito se constrói e melhora quando abrimos para discussão e interação. Conceitos guardados no cofre, tendem a apodrecer.

Dito isso, dois conceitos que me parecem que precisam ir para a berlinda do debate público são o de mídia social e rede social. São conceitos populares, mas pouco problematizados, o que nos leva a mais embaçamento na nossa miopia cognitiva crônica.

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Note que toda mídia é social, pois ela vem servir à sociedade. A linguagem, a escrita, a escrita impressa, o rádio, a televisão são mídias sociais.

Se escolho chamar o movimento que ocorre hoje na sociedade com a chegada da Internet e digo que temos agora mídias sociais, estamos partindo do princípio que o rádio e a televisão, por exemplo, eram o que?

Anti-sociais?

Diria que toda mídia, seja ela qual for, é social.

E que existem mídias que centralizam os canais e outras que expandem canais.

Assim, teríamos mídias que quando surgem e se desenvolvem são mais verticais e mídias mais horizontais.

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 A Internet é uma mídia, assim como foi o papel impresso, que expande canais e, portanto, podemos dizer que quando chegam elas tendem, por um período, a horizontalizar a produção da verdade na sociedade.

(Note que essa horizontalização não é eterna, vide o papel impresso, que é absorvido pelas estruturas da sociedade ao longo do tempo, porém em outro patamar civilizacional.)

Assim, acredito ser mais eficaz chamar a Internet de uma mídia social mais horizontal, ou mídia social horizontalizadora, ou mídia social descentralizadora.

O que a torna mais precisa em comparação com a anterior.

Passemos agora ao outro conceito: rede social.

Todos os seres vivos formam uma rede interativa de diversos elementos. A Terra e o Universo são uma grande rede interconectada, criando e mantendo a vida ativa.

Assim, podemos dizer que vivemos em uma grande rede multi-ecológica, da qual não temos e nunca teremos a noção de seu tamanho exato.

A nossa espécie, dentro dessa macro-rede ecológica, cria uma rede específica e sui-generis, que podemos chamar de rede humana, que tem como característica própria e particular a ser sempre mediada e regulada por tecnologias cognitivas que foram criadas por nós para nos permitir existir.

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Uma rede humana é, assim, sempre mediada por tecnologias cognitiva que foram criadas ao longo da nossa história, incorporadas à espécie de forma quase invisível e precisam ser melhoradas, aperfeiçoadas e repassada às novas gerações.

Ninguém, lembrem, nasce falando. É preciso que aprenda a tecnologia da linguagem, bem como da escrita e de todos os outros aparatos cognitivos que possuímos.

Portanto, quando falamos em redes humanas, temos que pensar em tecno-redes sociais.

O que ocorre nestas tecno-redes sociais é que com o aumento da complexidade da espécie, com o crescimento de tamanho, as tecno-redes sociais vão ficando obsoletas para gerenciar as demandas e precisam se sofisticar.

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E aí agregamos às tecno-redes do passado novos elementos para que tenhamos alternativas de aumentar a nossa flexibilidade e potência enquanto espécie.

A linguagem, a escrita e, agora, o mundo digital são upgrades na nossa rede tecno-social.

Ou seja, não podemos chamar a Internet de rede social, pois ela cria uma confusão com uma pseudo-rede social que seria a rede humana.

E não podemos chamar a Internet de mídias sociais.

Assim, para sermos precisos temos que dizer que estamos sofisticando a nossa tecno-rede social, que sempre existiram, com mais elementos para nos tornar mais potentes para lidar com novas complexidades demográficas que temos pela frente.

O que podemos, assim, definir como um conceito mais eficaz e adequado é de que estamos saindo de uma rede tecno-social eletrônica/impressa, baseada fortemente no papel impresso, rádio e na televisão. E introduzindo uma nova rede tecno-social, mais sofisticada, tendo como eixo central aparelhos digitais conectados.

Ao questionar os conceitos que estão aí  em profusão, a saber mídias sociais e redes sociais estamos abrindo uma necessária discussão, papel de quem quer pensar com lógica o novo mundo, para que possamos entendê-lo melhor, o que é um grande salto para atuar com mais eficácia nele.

Que dizes?

Versão 1.0 – 14/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

Galera, vamos chamar a fase que vivemos de fundo do poço cognitivo. Este fundo de poço é uma pandemia humana, resultado de forte contração cognitiva, falta canais, que consolida modelo, permite, assim, que se aumente a população, mas com fortes danos para nossa qualidade de vida. Resultado: verdades de decisões tomadas com baixa diversidade e qualidade que nos nos leva a crises cadas vez mais sistêmicas e crônicas.

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A contração cognitiva atual, da qual estamos saindo, atava diretamente o ego das pessoas, de forma coletiva.

Contração significa uma contínua padronização, uma massificação dos egos.

Eles vão perdendo a capacidade de pensar por conta própria, de refletir, de se abrir para a interação e, como consequência, se fechar em si mesmo, ampliando o egoísmo, o que nos leva para uma baixa taxa de prática ética.

O diagnóstico que temos por aí é um ser humano incapaz de pensar por si mesmo, todos com a noção clara de que vêem a verdade na sua frente, pois há uma baixa interação. Perdemos a capacidade de dialogar e de trocar argumentos.

Vale o que brilha mais, mas não o que faz mais sentido.

Perdemos a capacidade de dialogar para conhecer a realidade, pois cada um, como se fosse possível, está sozinho diante dela, como micro-donos da verdade, o que aumenta consideravelmente a taxa de neurose.

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Diria que a neurose é justamente a nossa incapacidade de nos ver e aprender com o que fazemos, repetindo padrões indefinidamente.

Hoje, ser normal é ser um neurótico sem percepção da neurose.

Isso não é individual, mas afirmo que é uma pandemia, resultado drástico de um longo período de consolidação das mídias de massa verticais, que tiraram a nossa capacidade de construir um ego mais maduro.

Todas as organizações atuais, o modelo que elas está estruturadas, reforçam esse modelo. Por isso, estamos criando um novo modelo de governança da espécie – de forma inconsciente por enquanto –  para combater de forma radical o atual estágio das coisas.

Quando defendo que esse ego tem que ser novamente musculado, através de conversa, é que ele precisa:

  • estar aberto – capaz de saber que nunca está completo, que precisa dos outros para formar um quadro melhor da realidade. Precisamos de um ego renovado que fará da interação e do diálogo um caminho permanente e não opcional;
  • filosófico – pois precisa se capacitar de conceitos mais consistentes para tomada de decisão, abandonando as doses cavalares que temos tomado de um marketing sofista, que nos leva a decidir apenas por verdades de baixa qualidade, sem argumentos, apenas pela força das autoridades que as repetem nos canais verticais preparados para domesticar e não fazer pensar;
  • ético – ao se abrir para o mundo, ampliar a liberdade, assumir a responsabilidade pelas próprias decisões e ter o outro como um elemento importante no agir, seja por reflexão e mesmo por necessidade.

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Quando analisa-se o movimento global em várias áreas, propostas distintas, se verá que esse novo ego é a base para que possamos avançar.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 13/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.  

Trabalhei aqui com a ideia que temos que superar as falsas especializações: informação, conhecimento, rede e comunicação. Tal abordagem em separado NÃO faz sentido em um mundo mais instável, onde temos forte contração cognitiva, No qual NÃO é possível estudar tais fenômenos em separado.

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O mundo está parado, pois só alguns poucos produzem percepções, tomam decisões e o ego da maioria das pessoas foi se transformando em algo cada vez com menos independência no pensar e agir.

Ou seja, faz sentido tal abordagem em um mundo de baixa abstração, quando o marketing sofista define as teorias e as filosofias sem argumentos, apenas com repetição e fumaça.

É muito importante que assumamos que estamos vivendo em um resgate de um pensar e sentir com mais liberdade, que vai nos exigir um esforço grande de reconstrução do ego – mais aberto, filosófico e ético.

Assim, ganha-se muito se evitamos uma discussão eunuca e estéril da separação destes quatro fenômenos. É como se quiséssemos analisar um ovo, mas separando o tempo todo a gema e a clara.

Perde-se um tempo gigantesco para separar os “objetos de estudo”, pois esquecemos que toda a teoria e prática deve visar resolver o problema e não ficar perdido no estudo masturbatório dos objetos.

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O binômio percepção-decisão facilita muito o problema, pois qualquer pessoa ou organização precisa apenas de dois fatores:

  • Percepção – tudo aquilo que você acredita, daquilo que tem disponível para acreditar e consegue refletir sobre;
  • Decisão – a decisão que você toma a partir do que você acredita.

Se a sua percepção é de baixa qualidade, ou seja, está mais longe da vida, dos fatos, a sua decisão tende a ser também de baixa qualidade.

(Nunca estaremos totalmente perto da vida, pois isso é impossível para nossa espécie. Ou seja não há percepção de máxima qualidade, é sempre uma aproximação. Sempre deve-se ler aqui percepção entre aspas. Veja aqui o conceito de miopia crônica do ser humano.)

E os resultados esperados vão espelhar a eficácia do aparato de produção da percepção construído por alguém ou por uma organização.

Qualquer organização/pessoa deve, assim, se esforçar de criar um aparato da percepção cada vez mais afinado com a vida para que as decisões subam de qualidade. E para isso é fundamental trabalhar com interação, usando o que há de mais sofisticado em termos de produção de percepções, no caso atual, plataformas colaborativas digitais.

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A produção da percepção e tomada de decisões atual, fruto do fim de uma fase de contração cognitiva, é feita dentro de um contexto de baixa interação, de forma unilateral, o que pede e exige um ego com baixa capacidade de abstração, pouco ético e pragmático, muito pouco filosófico.

Isso reflete as atuais organizações narcisistas, que têm criado crises e mais crises para a sociedade com um aparato da percepção e de decisões de baixíssima qualidade.

Todo o esforço que teremos é criar, com as novas tecnologias cognitivas disponíveis, um novo ambiente com melhor qualidade de percepções e decisões e isso passa por mais diversidade.

Isso só é possível em plataformas digitais colaborativas, que podem se aproveitar dos novos recursos da colaboração de massa, através de algoritmos.

Este não é um processo de continuidade, mas disruptivo, uma nova governança radical da espécie.

Nossa espécie já obsoleta só conseguirá ampliar a qualidade das organizações quando dominar estes novos ambientes.

É isso,

que dizes?

Versão 2.0 – 15/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Nossa espécie chegou a um limite.

Estamos fazendo uma mutação.

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Nosso cérebro está mudando e com ele a relação com nosso ego.

O ser digital complexo tem que lidar com:

  • – um mundo global e interconectado;
  • – cada um com seu canal;
  • – mudanças rápidas;
  • – problemas complexos e compatíveis com 7 bilhões de habitantes.

O problema que a nova espécie em mutação e emergente esbarra no mundo criado pela a espécie que está entrando em ocaso.

E, obviamente, o conflito é iminente.

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Será preciso uma revisão, pela ordem:

  • – de como produzimos e construímos verdades;
  • – de como nos relacionamos com nosso ego e tomamos decisões baseados em valores éticos;
  • – e como estruturamos a nova sociedade para comportar essa nova espécie digital.

A mudança está em curso e hoje, acredito , que ela é mais visível se tivermos máquinas de ressonância nos jovens, que já estão em mutação acelerada.

O espírito do tempo, todas as mudanças filosóficas e teóricas, vão apontar para essa adaptação desse novo ser.

Por aí.

É só um aperitivo.

Versão 1.0 – 12/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Tenho percebido que há um movimento circular na história da produção de percepções, que se modifica nos movimentos de expansão e contração cognitiva.

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Identifico, como iniciei a discussão aqui, três momentos:

  • – Grécia – pós alfabeto;
  • – Europa –  pós prensa;
  • – Mundo – pós Internet.

Note que é um movimento pendular de uso continuado de uma dada tecnologia cognitiva que embaça mais e mais a nossa espécie, que é cronicamente míope.

Há um ciclo de embaçamento que vai nos levando a perder a capacidade de se fazer/precisar de métodos de análise da realidade mais adequados. Isso se deve por um movimento de concentração da produção da verdade e tomada de decisões em cada vez menos organizações e autoridades.

O final da contração cognitiva nos leva a um problema duplo afetivo/ético e cognitivo/epistemológico:

  • No ego – que passa a ser cada vez mais auto-centrado;
  • No cérebro – que cada vez a ficar mais embotado.

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Há dois movimentos interessantes.

O primeiro que a consolidação, contração, tem um papel que é o de permitir que determinadas forças mais pragmáticas consigam atuar e agir na sociedade, tal como a consolidação da Grécia enquanto potência, depois o Cristianismo enquanto doutrina, além de todo o movimento de consolidação da República e do Capitalismo até os dias de hoje.

Essa consolidação e aceitação das percepções e decisões produzidas pela maioria permite uma expansão demográfica da espécie.

Ao final de um ciclo de contração, percebe-se um aumento demográfico, que gera uma crise, pois aumenta-se a complexidade com o aumento de membros da espécie, levando-nos a um impasse. A espécie cresce de tamanho por causa da contração, mas é justamente a contração, com seu respectivo impacto no ego e no cérebro, que nos leva à uma encruzilhada.

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A nova mídia que se massifica, pois permite a macro-canalização humana, antes de tudo, altera a plástica cerebral, o que nos leva a uma mutação inconsciente da espécie, com alterações objetivas e subjetivas.

Porém, essa mudação não é percebida e nem diagnosticada, pois não tínhamos, como agora, capacidade de enxergar a influência das tecnologias na nossa espécie e, em particular, das tecnologias cognitivas.

(É a primeira vez que vivemos uma Revolução Cognitiva de forma consciente.)

Porém, para que essa nova espécie possa atuar e se expandir, precisa transformar o que já sente e a nova maneira que pensa em mecanismo de produção e regulação social, o que nos leva a um ciclo de movimentos de mudanças sociais em direção da expressão do que está dentro do ser mutante para o social.

O primeiro passo, se formos analisar o passado, cabe aos filósofos, que percebem com mais rapidez o movimento e começam a procurar novas formas de produção da percepção.

Eis o movimento pós-expansão: a procura da reinvenção, que é um movimento circular, da produção das percepções, que ocorreu na Grécia com a filosofia atuando em dois campos: do conhecimento para se estabelecer um novo método, compatível com o novo cérebro e moral/ético, compatível com o novo ego.

Há uma necessidade com a macro-canalização de termos instrumentos reais de multiplicação de métodos  mais éticos e epistemológicos para viver em um mundo com uma nova complexidade provocada pela liberdade que os novos canais permitem.

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O movimento circular de reinvenção da produção das percepções, entretanto, não é igual ao anteiror, pois temos as seguintes diferenças percebidas, até o momento:

  • – o acúmulo de pensamentos que vão se somando;
  • – os fatos históricos que nos ajudam a dirimir algumas ilusões;
  • – novas tecnologias de medição que nos permite ver melhor;
  • – as características nas novas tecnologias cognitivas;
  • – a complexidade demográfica, que é cada vez mais global.

Assim, podemos imaginar que o movimento de reinvenção da produção das percepções digital repete alguns traços dos outros, mas tem novidades.

Acredito que repete:

  • – a passagem da contração para a expansão – que é o provocador do resto;
  • – do emocional para algo mais pensado;
  • – aumento da interação, comunicação;
  • – reformulação do cérebro e ego.

A mudança nos leva à procura de uma revisão profunda, em novas bases, de uma ética e epistemologia, que tenha as mudanças da espécie em conta e isso só é possível se incorporarmos o digital e suas tecnologias, que são a prótese que nos permite dar esse salto.

Portanto, uma tecno-filosofia, aliás, como sempre foi. A tecno-filosofia oral, escrita e agora digital.

Mas vamos em frente.

O que dizes?

Versão 1.1 – 15/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

Fiz esta palestra em Maceió:

E me veio, no avião, este conceito para tentar diagnosticar o que estamos vivendo: uma mudança radical de governança.

O diagnóstico assusta, pois foge ao que estamos acostumados e implica, se estiver adequado, a um movimento grande de mudança organizacional em vários aspectos, que exige:

  • – alta capacidade de abstração;
  • – dedicar um tempo para analisar o diagnóstico antes de agir;
  • – incluir, de fato, o diagnóstico no planejamento estratégico.

O problema é justamente este.

Temos na praia algo muito grande para lidar mas não temos as as ferramentas cognitivas disponíveis, pois nosso cérebro/ego pertenciam a uma outra espécie humana que está ficando obsoleta.

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 Estamos vivendo a maior mudança, desde que as organizações modernas, pós revolução francesa, foram criadas, mas, por causa da contração cognitiva, perdemos a capacidade de lidar com macro-mudanças.

Ou talvez, nunca tenhamos enfrentado com tanta clareza uma Revolução Cognitiva.

O problema é que esse é o diagnóstico que tenho oferecido e, diferente dos gurus de plantão, apresento uma memória de cálculo.

Faço um movimento de reconstrução de método de abordagem, tão necessária em um movimento que podemos chamar de reinvenção circular da produção da verdade, que ocorrem logo depois de uma dada macro-canalização social.

Vamos avançando….

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 12/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Os “trolls” eram aqueles que conseguiam perturbar as discussões, lançando, para isso, argumentos estúpidos, sem o intuito de acrescentar algo realmente de valor (ver mais aqui).

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  • Trollar é monologar onde se quer diálogo.
  • É só ter verdades e nunca dúvidas.
  • Trollar é ser dogmático na Internet.

Obviamente, que temos os trolladores presenciais também, mas vê-se claramente o quanto temos que avançar na incapacidade de conversa a distância, via digital

Eu que adoro discutir sobre o conteúdo das minhas ideias, senti necessidade agora de discutir a trollagem para que outros possam combatê-la e para pensar mais sobre o assunto.

Há dois tipos de trolladores:

  • Os eventuais – que aparecem de vez em quando;
  • Os efetivos – que resolvem te alugar todos os dias.

Os primeiros passam batido, mas os segundos estão ali. Como lidar com eles?

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  • Um trollador, isso é um fato concreto, não quer diálogo.
  • E é fácil separar um trollador de uma pessoa que conversa.
  • O trollador não lê o que você posta, não procura entender, ele quer opinar, como se a sua linha do tempo fosse a linha do tempo dele. É um sub-post autoral em um espaço que se espera comentário;
  • Um trollador, geralmente, não consegue muita gente para comentar na sua linha do tempo e, por causa disso, prefere escrever na linha do tempo dos outros, como se fosse a sua;
  • Ou seja, ele usa a sua linha do tempo, transformando-o num objeto de exposição indevida de ideias de alguém, que não tem vontade de conversar, mas de te usar para que ele possa aparecer onde talvez não tenha mérito.

Trollar, assim, é assumir a linha do tempo do outro como se fosse sua. Ou seja, não quer comentar o que você postou, mas usar a sua linha do tempo para uso próprio por incapacidade de ter comentadores na sua.

Um trollador adoraria um trollador na sua linha do tempo, mas algo acontece que ele tem que sair para atuar na dos outros.

Ou seja, o trollador sempre tem uma opinião sem nexo sobre algo que você escreveu sem entrar no seu con-texto. Se ele resolve comentar o que você pensa – que ninguém o obriga – parte-se do princípio que ele quer diálogo, que os dois avancem, mas é um uso indevido do seu canal como se fosse o dele.

O trollador quer apenas aparecer às suas custas, encostar e ficar ali tirando casca.

 

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Ele é o único no mundo que consegue ver a realidade sem a miopia cognitiva que nos ataca. É alguém que já chega com a sua verdade, sempre querendo dar um ponto final em qualquer discussão. Um trollador é alguém que está carente de atenção.

Muitos dirão: ignore ou delete da sua lista de amigos.

  • A primeira opção depende sempre da intensidade da trollagem.
  • A segunda é uma alternativa, mas que é sempre meio radical, mas não descartada, conforme a paciência chega ao fim.

Tirar alguém do seu canal, falando-se de Facebook, note bem, não é tirar a pessoa do Facebook, apenas do acesso ao seu canal. Isso tem que ficar claro.

Assim, não é uma censura, pois a pessoa continua com o seu canal.

Mas é um aviso que está havendo um uso indevido do espaço que você concede a todos os seus amigos: poder dialogar na sua linha do tempo de forma produtiva.

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De fato, essa falta de capacidade de dialogar de muitos me dá, em algumas circunstâncias, dependendo do dia, irritação e raiva, não ódio, pois ódio é um tipo de dogmatismo consolidado. Não odeio os trolladores, mas eles me irritam, pois é um abuso que não nos damos conta que atrapalha a conversa, ainda mais quando você usa a rede para aprofundar conhecimento como é o meu caso.

Irritação e raiva, pois são anos e anos vivendo, todos nós, em um mundo de baixa qualidade de autoridades que não nos deixavam ser e pensar diferente e, quando abrimos nossos canais, vemos que a pandemia autoritária se espalhou dentro da sociedade.

O trollador tem dentro dele uma autoridade encapsulada e não sabe.

Combatar a trollagem, de forma aberta, assumindo que é uma dificuldade de nosso tempo faz parte da procura do diálogo e uma alerta para quem não parou para pensar na sua trollagem possa fazê-lo.

Abrir o jogo, sempre acho, que é o primeiro passo.

É isso,

que dizes?

Versão 1.0 – 11/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

 

A Teresa Mafra comenta no outro post:

“Nossa! adorei. Só senti necessidade de encaixar em algum ponto ou na pirâmide(na minha), o Pensamento. Talvez ele só seja a liga ou perpasse a metodologia, a teoria e a filosofia, não sei. Divagações… 
Lembrei do Mia Couto: “Precisamos de uma forma radical de repensar o próprio pensamento.”

Falamos, assim, deste vídeo do Mia Couto.

E o que temos que trabalhar com dois movimentos diferentes para não confundir:

  • – uma coisa é como vejo, penso e ajo;
  • – a outra é o método que estabeleço para testar e aprimorar como vejo, penso e ajo.

Quando, por exemplo, passei a usar o conceito do triângulo do conhecimento, que nem é meu, pois já ouvi mais gente falando sobre estas três instâncias (vi algo assim aqui), procuro apenas separar áreas de pensamento que vejo que são distintas.

É apenas um chão para ir adiante.

Conceitos, como digo sempre, são namoradas/namorados de carnaval, em que deve-se ficar e não namorar, ou casar, pois quanto menos compromisso com eles melhor.

O que vejo no vídeo do Mia também é que temos a necessidade de criar pontes (quanto mais aberta melhor)  para o que estamos formulando e o que os outros fazem para combatermos as miopias cognitivas.

Assim, dentro do método de revisão de como vemos e agimos é fundamental o espaço com mais qualidade de interação e diálogo.

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Quanto mais conseguirmos colocar tudo à prova, mas consistente fica a visão, sabendo sempre que é parcial, pois a miopia cognitiva é crônica e não tem óculo ou operação que cure.

É isso,

Que dizes?

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Tem algumas metáforas que ajudam bastante. Cheguei na ideia da miopia cognitiva: inata e crônica. Não vemos a realidade de forma precisa, pois todos somos filosoficamente míopes.

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Sempre fomos, sempre seremos.

O máximo que conseguimos fazer é criar métodos e colocar óculos que nos permitem ver menos embaçado, mas nunca de forma exata.

A miopia é de maior grau e vemos mais embaçado, quando não compartilhamos o embaçamento com os outros, pois é como aquela história do elefante.

Quanto mais gente conseguir tocar nele, menos é a chance de se achar que é uma girafa.

Todo o trabalho de conhecimento é um esforço anti-embaçamento para reduzir o grau da miopia.

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Aí temos alguns elementos importantes:

  • – método para conseguir ver melhor, a partir da dedução (teorias/filosofias) e indução (metodologias), que ateste e verifiquem a eficácia das teorias e filosofias;
  • – aparelhos para medir, tecnologias diversas;
  • – prática de diálogos honestos, que nos permitam trocar experiência sobre o nosso embaçamento.

O termo vou passar a praticar na parte inicial do trabalho de conscientização do lava-jato paradgmático.

É isso,

que dizes?

Versão 1.0 – 11/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Cheguei no conceito da produção da verdade. Abandonei os conceitos de informação, conhecimento, rede e comunicação por alguns motivos. Já que os conceitos acima têm sindicatos especializados e não permitem que se converse sobre tais assuntos de forma integrada. Quando se tenta, logo sai uma passeata. 🙂

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Ou seja, se falar informação, por exemplo, já tem um pessoal indo para a rua protestar, pois eles se consideram donos e entendidos do conceito.

O problema é que não vejo lógica em pensar informação, conhecimento, rede e comunicação como fenômenos separados, como se fosse possível ter quatro escolas diferentes estudando estes assuntos de forma isolada.

Isso é típico resultado de um movimento de produção de baixa qualidade de verdades, fruto do final de nossa contração cognitiva, que trabalha com super-especializações, que vai dificultando a visão do todo.

É um cartesianismo que impede de se trabalhar com mais complexidade.

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As pessoas passam mais tempo discutindo o seu corte teórico do que resolvendo os problemas que deveriam estar focados em minimizar.

Assim, já andei flertando com o conceito de ideias, mas me senti mais confortável com o conceito de produção da verdade, pois é algo que a filosofia lida muito bem, com história, e não temos sindicato de filósofos, pois aqui, há pretensamente, uma paixão pela verdade.

Quando falamos em produção da verdade, os fenômenos se integram e temos, por consequência, uma facilitação:

  • – Verdades devem ter uma taxa de qualidade melhor;
  • – Para permitir, uma tomada de decisões melhor.

Assim, elimina-se um falso debate sobre as relações entre os quatro conceitos, integrando-os em um só e eliminando diferentes abordagens, a meu ver, com mais eficácia.

Podem protestar!

É isso,

que dizes?

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Como vimos aqui, temos que fazer um resgate da história da filosofia. Nossa revisão passa pelo cruzamento do processo de contração e expansão cognitiva, que tem forte influência nas escolas filosóficas, em dois movimentos: de perda da força dos argumentos e de uma verdade de melhor qualidade (na expansão) para a baixa dos argumentos e uma verdade de pior qualidade (na contração).

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Podemos ver que tanto os filósofos gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles) como os primeiros filósofos da chamada Filosofia Moderna (Descartes, Bacon e Espinosa) tinham um mesmo inimigo: a verdade de baixa qualidade, respectivamente, sofistas que não amavam a verdade, ou eram amigo delas (por isso vem o termo filosofia, quem a ama) e os escolásticos da Idade Média.

A produção da verdade era feita de forma fechada, geralmente em latim, com forte interesse de manutenção da ordem, com as organizações e autoridades completamente voltadas para seu próprio umbigo.

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Identificamos dois surtos filosóficos, provocados pelo surgimento de novas mídias:

  • do alfabeto grego (como estudou Havelock);
  • e pela chegada do papel impresso (como apontou McLuhan e outros da Escola de Toronto).

Podemos dizer que estes três filósofos defensores da verdade impressa tiveram em comum, aproveitando a abertura dos canais:

  • – forte questionamento da produção da verdade de baixa qualidade (mítica e fabulosa, interesseira) da Idade Média, baseada no papel manuscrito/latim, oralidade;
  • – procura do resgate dos argumentos, portanto diálogos mais honestos, lógica e métodos.

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Tal estudo é relevante para o nosso momento, pois vivemos o mesmo fenômeno histórico: a saída de um longo ciclo de contração cognitiva e começamos a viver a demanda de filósofos metodológicos, à procura de uma verdade de melhor qualidade.

Precisamos urgente de mosqueteiros da verdade digital de melhor qualidade que consigam duelar com uma produção emocional, baseado em mitos e curandeiros (gurus) que conseguem “con-vencer” a sociedade não pelos argumentos e pelo diálogo, mas pela força da repetição, verticalização.

Adiante falarei mais de cada um e o que podemos reaproveitar de suas críticas para o momento atual. Estou lendo Bacon, que fala muito dos mitos. É um questionamento do marketing vazio do século XVI e XVII.

É isso,

que dizes?

Versão 1.1 – 12/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Vivemos hoje o fim de um longo período de contração cognitiva, algo que podemos chamar de uma ditadura cognitiva, que nos levou a um estágio de baixa qualidade de produção de verdades e de tomada de decisões.

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Não é a primeira vez que vivemos isso na história.

Porém, é comum nestes momentos de final de contração termos uma produção científica e um método de pensamento em toda sociedade de baixa qualidade, tanto do ponto de vista metodológico (verdades com baixa argumentação), quanto ético (de baixa redução de sofrimento).

(Falei mais sobre isso aqui.)

Vemos aqui na luta dos primeiros filósofos contra a ditadura cognitiva, com o resgate dos argumentos e o diálogo pós-Idade Média que as organizações na contração tendem a se voltar para elas mesmas, produzindo uma ciência muito mais mitológica, de fabulação do que produtora de alta qualidade da verdade.

Falta métodos, pois o pêndulo cognitivo tende na contração a viver de achismos, de gurus, de verdades produzidas muito mais pela autoridade (gurus, sofistas, marqueteiros) do que de argumentos.

Há um vazio na capacidade de interação e na qualidade de diálogos na sociedade.

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Há e haverá cada vez mais um forte movimento de resgate da produção da verdade de mais qualidade, que passa pelo:

  • – à filosofia;
  • – à história;
  • – a produção do conhecimento interativa baseada em argumentos e não mais na força de convencimento das autoridades.

Por causa dessa verdade de baixa qualidade que tenho cada vez mais me incomodado com as análises sobre o mundo digital, que se baseiam no estudo sem levar em conta fatos similares no passado. É um achismo que as autoridades de plantão insistem em difundir, gerando muito mais fumaça do que fogo.

Cansa.

É isso,

que dizes?

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conversa

Hoje, estou aqui em Maceió para conversar com os gestores de RH da ABDE (Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento.

Basicamente, temos que responder as duas questões fundamentais.

  • – O que está acontecendo com a chegada do mundo digital em rede?
  • – E o que devemos fazer?

Estas duas questões, aliás, foram a base do meus dois livros impressos lançados com o intervalo de sete anos em um estudo que já dura mais de 10.

O problema principal que eu percebo é que temos duas situações conflitantes:

  • – de um lado temos uma mudança muito radical no mundo com a chegada do que tenho chamado de uma nova governança da espécie;
  • – de outro, de forma oposta, uma prática, uma maneira de pensar mudanças e estratégias muito incremental.

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Isso não pode dar boa coisa se o diagnóstico da mudança for eficaz, pois as medidas que estão e serão tomadas não serão capazes de fazer frente aos desafios exigidos.

O que tenho percebido é que os projetos, que acabam sendo feitos são todos da ordem das operacionalidades, restrito a algum setor, sem nenhuma visão estratégica embutida.

Talvez leve um longo tempo até que os fracassos das experiências de tentar implantar essa nova cultura completamente distinta da atual no mesmo ambiente.

Fiz isso nos últimos 7 anos e vi que é impraticável.

Dessa maneira, é preciso 3 movimentos:

  • – se aprofundar no diagnóstico, envolvendo pessoas da organização que tenham poder de decisão;
  • – esgotar as respostas mais simples e fáceis;
  • – e estabelecer um processo de introdução planejada da nova cultura em um ambiente separado do atual para, a médio prazo, já ter projetos sendo feitos em um ambiente completamente novo.

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Não tenho muita esperança, por experiência própria, que as pessoas saiam daqui com disposição para na semana seguinte sair desenvolvendo novos projetos, pois isso leva muito tempo para que ocorra e se dá em empresas muito especiais, com um tipo de capacidade de abstração dos gestores que hoje em dia é, infelizmente, rara.

O que se pode esperar é, apenas, colocar uma pulga atrás da orelha e quem sabe começar grupos de problematização nas organizações para que possam dedicar mais tempo ao diagnóstico.

Isso vai ser o meu objetivo final aqui em Maceió.

O ego ético

Estou trabalhando com a ideia de que há uma mudança com a chegada de uma rede cognitiva mais descentralizadora em vários aspectos do mundo.

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(Ver o mapa das mudanças aqui.)

Podemos verificar que há mudanças:

  • Na construção da verdade e tomada de decisões;
  • Na plástica cerebral das pessoas;
  • Na mudança de um mundo sólido para um líquido, de verdades produzidas não mais na transmissão, mas na interação;
  • Na maneira que nos relacionamos com nosso ego.

Nosso ego foi trabalhado para viver em um mundo vertical.

Isso tem várias implicações:

  • Ele fica co-dependente da aceitação do grande outro;
  • Ele se habitua a seguir preceitos morais, vindos do superego, com baixo questionamento;
  • Ele tem pouca musculação para criar a sua própria verdade;
  • E lida com poucas questões éticas, no qual pode decidir sozinho, ele tende a seguir preceitos morais, que alguém definiu para ele.

O nosso ego atual não é capaz com uma alta taxa de complexidade, pois ele depende de alguém para tomar a decisão por ele. E hoje não temos mais tempo e capacidade para isso. É assim FUNDAMENTAL que o novo ego seja construído, o quanto antes, para que a passagem seja realizada.

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É preciso um trabalho para fazer a ponte entre o atual ego moral para o ego ético com mais capacidade de lidar com mais complexidade.

E isso não cai do céu, mas é algo que deve ser percebido e trabalho pelas organizações que tentarão lidar com esse novo mundo complexo.

Que dizes?

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O certo e o errado precisam de um gabarito. Todo o modelo da sociedade hoje, iniciando fortemente pela escola, aponta um gabarito, que não existe mais em um mundo polivox.

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Você faz uma prova, na qual há uma verdade construída e que você deve ser capaz de conhecê-la.

Se você acertar a resposta, está certa, pois está igual ao gabarito e vice-versa.

A escola de hoje (e todas as organizações sociais) foram preparadas para um mundo sólido, estável, pouco mutante, com redes cognitivas verticais que conseguiam manter essa verdade hegemônica de pé.

Porém, o mundo mudou.

A principal causa das mudanças, para este que vos fala, é a chegada de redes cognitivas descentralizadoras, que permitem mais e mais verdades circulantes, que se chocam com as verdades verticais de plantão.

No fundo, estamos dizendo o tempo todo que o atual gabarito que nos apresentam não nos parece fazer sentido!

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Esse modelo mais líquido, de verdades como um software, nos leva para um mundo sem gabarito, no qual não temos mais uma tampa da caixa para fazer o quebra cabeças e aí que a coisa complica. Complica, pois a nossa subjetividade e objetividade foram preparadas para viver em um mundo com gabarito e não com um mundo sem gabarito.

Essa é a principal crise humana que estamos passando com a chegada das redes cognitivas descentralizadoras, que, inapelavelmente, tornam o mundo muito mais líquido (não na ideia de Bauman, mas no meu conceito de liquidez = fluidez de verdades).

Ou seja, hoje não temos aquela velha e boa moral, que nos indicava o certo e o errado, com algum líder-alfa de plantão a nos guiar.

Mais do que nunca, nessa fase da expansão cognitiva, algo como o existencialismo de que nos diz que temos que construir a nossa vida do zero, a partir de uma ética e não mais sobre receitas de bolos morais.

O guia para nosso ego agora é a interação da/na rede, o grupo, a troca. A interação perceptiva que não me deixa mais viajar na maionese, pois o grupo me contém e não mais o grande outro. É a verdade vertical que dá lugar a uma horizontal, fortemente baseada em tecnologias, que me permitem a interação coletiva de missa e de massa.

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Isso implica em uma mudança radical de como devemos preparar o ser humano para viver em um mundo sem gabarito, como tentei falar um pouco aqui.

Vivemos um profundo drama, uma incompatibilidade entre o que demanda o novo mundo e o legado que temos do mundo que entra em ocaso.

Eis o cenário, concordas?

Por aí,

que dizes?

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Sugiro ouvir esta palestra que fiz no Colégio Pedro II.

A base da discussão é Sartreana.

“Você é aquilo que consegue ser, apesar do que fizeram contigo”.

Ou seja, não há desculpas.

Você pode ter sido abusado pela sociedade, que te domesticou de forma agressiva, ou não, mas tem que assumir que agora é contigo.

Isso é o sentido de Heidegger de ser:

“Você não nasceu humano, mas torna-se humano, a partir da sua capacidade de atuação na sua vida”.

Não adianta empurrar para cima, para os lados ou para baixo, a responsabilidade.

Acredito que viver, ou ser, é justamente essa nossa capacidade de transformar a raiva que temos da domesticação que sofremos em criatividade.

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Esta é um dos eixos do trabalho que tenho feito de “Desditadurização cognitiva”, que vou chamar assim, há sete anos com  aulas participativas com meus alunos.

Ou seja, problematizar com um aluno que chega culpando a todos pela sua passividade, através de uma discussão ética de que, por mais que haja problemas, obstáculos, cabe só a ele a responsabilidade de sua vida e ter a sabedoria de como vai atuar para ser alguém – de conseguir tirar do armário a sua singularidade, tão preciosa para um mundo massificado.

Para isso, é preciso trabalhar com a ideia de que não somos crachás, alunos, profissionais, mas somos pessoas que devemos nos comprometer com a nossa singularidade e esta com a humanidade.

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A singularidade não é uma essência, mas a luta entre aquilo que achamos que somos (apenas uma percepção) e aquilo que não querem que sejamos.

Sou algo no meio dessa tensão e quanto mais quero ser, mais eu vou me descobrindo em um processo contínuo, que só termina na morte.

E se comprometer com a humanidade é conseguir:

  • – separar realidade de percepção, de que temos apenas percepções e não realidades absolutas;
  • – compreender a história e se inserir na conjuntura que vivemos, nas oportunidades de mudanças que se apresentam para que possa ter uma conscientização da relevância de sua participação, nas janelas possíveis de intervenção;
  • – e assumir, assim, uma missão no mundo para transformar raiva em criatividade, passividade em atividade e moral fechada em ética construtiva.

É um desafio e tanto, mas apaixonante.

Que dizes?

Versão 1.0 – 05/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

 

Tenho me esforçado – bastante – a entender como nós vamos produzir a verdade em um mundo mais aberto e transparente, com redes cognitivas em um processo de expansão de canais.

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Note que:

  • – a verdade é a base principal da sociedade, pois é com a verdade que tomamos decisões;
  • – conforme a qualidade da verdade produzida temos um mundo mais ou menos eficaz, mais ou menos criativo ou destrutivo.

Temos entretanto, estamos aprendendo isso, uma relação direta da produção da verdade com as topologias de redes cognitivas na sociedade.

Quanto mais as redes cognitivas forem centralizadas, mais a verdade será produzida por menos gente, com menos diversidade, com menos qualidade, o que implica em baixa qualidade de tomada de decisões, um potencial gerador de crises.

Já que uma crise é provocada por uma percepção da realidade (verdade construída) que bate contra os fatos ativos da vida. Se há uma maior diversidade, as crises tendem a ser reduzidas e vice-versa.

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Por quê temos uma verdade de baixa qualidade hoje?

Notemos que a verdade é uma relação entre a percepção de alguém versus os fatos ativos da vida.

Se eu me isolo, minha tendência é me afastar dos fatos ativos da vida, pois eu vou tender mais e mais a projetar uma realidade, pois passo a ter menos fatores questionadores da minha percepção.

Quanto mais isolado, maior a tendência de eu criar uma fantasia da vida e, por sua vez, minhas decisões vão espelhar essa visão.

Vide um governante que do alto de seu castelo faz um mundo cor de rosa.

Agora, faça a seguinte conta.

  • – As redes cognitivas vão se fechando cada vez mais, isolando os tomadores de decisão;
  • – E há, em paralelo, um aumento da complexidade demográfica, com verdades cada vez mais complexas.

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Porém, não é fácil a passagem da descentralização da produção da verdade e da tomada de decisões, pois esbarramos em dois problemas:

  • – Nem quem toma decisões hoje está pronto, preparado e interessado a dividir a responsabilidade e tudo que isso implica de perda de poder;
  • – Nem quem tem que passar a tomar decisões está pronto, apesar de haver interesse, pois há um trabalho objetivo e subjetivo que deve ser feito para que isso seja possível.

Este, como tenho dito, é o desafio político-educativo do novo século.

Versão 1.0 – 05/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

Assim,

 

Ao enviar o livro para o colunista da Folha, faço uma atualização da questão filosófica que o livro aborda.

Desenvolvi aqui a ideia do triângulo do conhecimento.

Note como ele funciona em dois vídeos.

Aqui temos a apresentação do ser humano como condenado à liberdade, um ser sem essência, sem nada que o sustente no mundo, questionando tudo que veio da sociedade:

VISÃO FILOSÓFICA

Quando vemos este vídeo de baixo, temos a aplicação teórica-prática da visão existencialista no divã.

Quando Goldenberg defende um ser humano que não pode se conhecer, ele está completamente defendendo o existencialismo, pois o ser não tem essência é tudo invenção.

Versão 1.0 – 04/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

O mundo de hoje é um mono-construtor de verdades verticais sólidas. Há o Olimpo, um sótão certificador que te obriga a passar por ele para poder ser um transmissor da verdade autenticado. Precisamos ir para um movimento inverso de uma um ambiente poli-construtor de verdades horizontais líquidas. E isso implica uma inovação radical do ser humano. Precisamos criar métodos para acelerar e qualificar esse processo!

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Estamos, assim, saindo de uma ditadura cognitiva produtora de verdades de baixa qualidade e, por consequência, de tomadas de decisão de baixa qualidade também.

Um movimento, dentro do conceito do pêndulo cognitivo, de contração para expansão cognitiva.

As decisões tomadas hoje pelas organizações de plantão são de baixa eficácia e mais destrutivas do que construtivas, pois são voltadas para elas mesmas, em um fenômeno que chamei de narcisismo organizacional.

Como enfrentar isso, já que sem verdade certificada a sociedade não vive?

Isso  nos leva a algumas ideias filosóficas relevante que voltam com força:

  • No campo epistemológico – da verdade sempre em construção e sempre em interação, histórica, contextual e consensual, provisória;
  • No campo ético-existencial –  do humano sem natureza, sem uma essência, que se constrói a si mesmo, condenado à liberdade (no estilo existencialista de Sartre) de construir a si mesmo. Um ser muito mais ético do que moral! (Veja neste vídeo aqui a diferença das duas.)

As duas linhas de raciocínio nos levam à procura de mais autonomia do humano diante das autoridades, do questionamento das morais que eles fabricam, da procura pela independência da aceitação do grande outro, de superar o medo ser ser autor, mesmo que provisório de sua verdade, de superar a vergonha de ter a sua opinião, mesmo que provisória, sobre um determinado assunto.

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Obviamente, que isso tem que ser algo eficaz (do ponto de vista prático) e construtivo (do ponto de vista ético). E isso nos leva à tese central do meu novo livro impresso da chegada a uma nova Governança da Espécie, que é construída, a partir da comunicação química das formigas, via rastros digitais, que permitirá que essas verdades individuais possam fazer sentido na interação de massa.

O que quero avançar aqui, entretanto, é como isso impacta em cada um.

Assim, para que essa nova forma de produção da verdade ocorra é preciso assumir que cada um tem um aplicativo dentro de si que “produz verdades provisórias”. E por isso é fundamental que se desenvolva a diferença entre percepção e realidade, como base para esse processo individual.

E, a partir daí, assumir que ela vai sofrer revisão, partir para uma nova versão, a cada interação. E que a sua percepção da verdade é como se fosse um software, que tem bugs e está em permanente estado de manutenção!

O que podemos dizer que PARA MIM, neste atual momento, do que consegui apreender  a minha percepção daquela verdade é tal estágio, que deverá ser confrontada com a de outros.

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A verdade será, assim, um coletivo de percepções que se encontram, mediadas por alguma mídia digital (que tenha algoritmos cada vez mais eficazes) para nos ajudar a tomar decisões coletivas.

Um cidadão sem uma percepção é um cidadão que não participará do jogo, pois será passivo. Teremos que reaprender a interagir de forma ativa.

E isso implica mudanças radicais em algumas áreas subjetivas:

  • – a passagem de um ego que não dialoga para um que dialoga;
  • – a mudança radical entre “eu tenho a verdade”, para “eu tenho uma percepção”;
  • – eu consigo saber sozinho para “só avanço quando interajo”.

E isso nos leva para novos valores desse processo, pois preciso ter critérios para saber se a minha verdade melhorou. E aí a medição se dá em dois níveis:

  • Do ponto de vista prático – a tomada de decisões que você fez ou fará está mais eficaz?
  • Do ponto de vista ético –  gera construção ou destruição para mim e para o coletivo?

(Complemento este texto com este áudio.)

É isso,

que dizes?

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É muito comum criticar a atual compulsão do uso das novas mídias. De fato, é algo que gera diversos problemas e precisa ser combatido. Porém, há uma perversão nessas críticas, pois por dentro dela há toda a raiva e a inveja do novo que ela traz e que assusta e incomoda muita gente.

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Portanto, precisamos separar dois conceitos relevantes:

  • – a compulsão a uma determinada mídia;
  • – e os efeitos dela sobre a sociedade.

Não, não é a mesma coisa.

Note que a chegada de QUALQUER mídia cria um encantamento viciante.

Foi assim com a fala (presume-se), com a escrita, com o papel impresso, com o rádio e a televisão.

  • Para ficar em algo mais recente, a minha geração foi VICIADA na televisão.
  • Como a geração passada foi VICIADA no rádio.
  • Como talvez as anteriores foram VICIADAS nos livros.

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Na vida, há uma diferença sutil entre o uso criativo e o destrutivo, entre a dose do remédio e do veneno. Há indícios fortes para dizer, portanto, que toda mídia é viciante, pois nos embriagamos dela.

A Internet é viciante e talvez ainda mais por ser móvel, como foi o livro de bolso, o rádio de pilha, ou a televisão para carros.

Sim, temos um problema e precisamos combatê-lo.

Porém, não podemos dizer que essa compulsão – que é de todas as novas mídias que chegam e nos aprisionam – é resultado da Internet.

É sim mais um problema compulsivo que o ser humano tem que lidar.

Outra coisa completamente diferente da compulsão da mídia é seus efeitos objetivos e subjetivos na sociedade, pois nem todos são viciados.

A chegada de uma nova mídia cria um novo ambiente cultural, independente da compulsão do uso.

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O efeito de uma mídia podemos colocar como:

  • na plástica cerebral – que se adapta à nova prótese;
  • na subjetividade – ao  permitir mais ou menos contato com mais ou menos gente;
  • na objetividade – ao permitir mais ou menos desenvolver projetos com mais ou menos gente.

Assim, podemos dizer que todas as mídias novas geram algum tipo de vício que devem ser administrados, mas o principal efeito na sociedade, além de se lidar com a compulsão, é perceber a sua abertura ou fechamento para a ampliação da subjetividade e objetividade do sujeito.

O papel impresso abriu canais, o rádio e a tevê fecharam e agora a Internet abre.

Olhar apenas para os efeitos compulsivos e parar neles é uma arma de quem está com medo ou tem interesses em que o potencial dessa abertura não se desenvolva.

É isso,

que dizes?

Versão 1.0 – 04/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Imagina que você vai fazer um prato de comida e vai à feira.

Já definiu o cardápio, ou como você vai resolver o seu problema da fome.

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Vai andando pelas barracas e vai meio que escolhendo os ingredientes.

Você está fazendo uma feira, a partir de um problema.

Está focado.

Você não precisa visitar todas as barracas, comprar todas as coisas, mas apenas aquilo que te ajudará a resolver o seu almoço de domingo.

Hoje, o modelo de educação não é assim.

Você para fazer o seu almoço, precisa ir em todas as barracas, conhecer tudo que tem na feira, ganhar um certificado de que você está apto para fazer o almoço sem nunca ter feito um almoço, que você fará depois que tiver diplomado.

Porém, o conhecer tudo que tem na feira não o torna apto para fazer o almoço, pois é a prática de ir e escolher a cada almoço que o fará se capacitar para ser um cozinheiro melhor.

Hoje a ideia é de que você tem que se empanturrar de informações de todas as barracas para ganhar um certificado para, só depois, quando você não estiver mais com apoio de um orientador, ser lançado para fazer o seu almoço.

Ou seja, o professor é um tutor que te mostra cada barraca, mas não é um auxiliar para resolver o problema do almoço.

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Ter um problema bem definido, um almoço, te permite escolher o que você precisa para se apoiar.

Tenho feito isso com os vídeos do Youtube sobre filosofia.

Tenho meu foco que é o apoio a pessoas e organizações para se adaptarem ao mundo digital.

E vou colhendo as frutas para essa salada.

Imagino um modelo de educação, que parte sempre do almoço e não mais do conhecimento extensivo e cansativo das barracas.

Que dizes?

(Ver mais sobre missão e profissão aqui.)

Versão 1.0 – 01/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

Popper defendia que uma boa teoria é aquela que permite que seja questionada e não aquela que parece sólida e imutável.

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Karl Popper

Eu faria uma tradução disso para afirmar, depois de um certo tempo, que conhecer é desconstruir o conhecido. O que sobrar, temporariamente, é a verdade transitória.

Ninguém trabalha com uma hipótese do nada, mas vai contra algo que foi estabelecido e de alguma forma deixou de funcionar, ou poderia funcionar melhor. Ou seja, quando criamos uma hipótese, ela sempre vem para questionar um dado senso comum;científico.

Todo senso comum hegemônico que se perpetua tem uma forte chance de ser uma baixa taxa de verdade, pois toda verdade que dura muito tempo é cercada de interesses, que vão se apossando dela para o benefício das autoridades de plantão.

São verdades que deveriam estar abertas para serem questionadas, que vão virando, aos poucos, dogmas de tanto uso e de tantos seguidores que se comprometem com ela.

Ao lidar com qualquer problema, qualquer pesquisador vai se deparar, assim, com o senso comum sobre aquele problema que, com o tempo, vai perdendo nexo, lógica, coerência. E uma legião de seguidores interessados de manter de pé aquela verdade, mesmo que o tempo tenha demonstrado que já perdeu o viço.

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É preciso da pedra, ver o que precisa ser tirado para voltar a ter uma estátua, com uma verdade renovada de melhor qualidade.

Assim, conhecer é ter contato com as teorias de plantão e aí teríamos duas abordagens:

  • passiva – de que é uma verdade imutável;
  • ativa – de procurar as contradições, mesmo que sejam teorias antigas.

O conhecimento ativo, assim, seria um caçador de contradições.

Analisar, na prática, se a teoria tem funcionado e, caso não, o que há de problema nos três níveis do triângulo do conhecimento, filosofia, teoria e/ou metodologia.

Assim, todo o início de contestação de uma dada teoria começa por procurar a sua negação, as suas contradições para ver depois das marteladas, o que sobra.

O que se mostrar menos contraditório pelos argumentos e pela lógica, diante de argumentos em ambientes de debates honestos, é a nova proto-teoria.

Que dizes?

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Quando falamos de ética (tema que agora adotei no meu módulo de conscientização para a migração para o mundo digital), vem o tema felicidade, na sequência, veja aqui neste vídeo do filósofo Clóvis de Barros Filho.

E note que estamos tratando felicidade não como auto-ajuda, mas tentando problematizar com algumas questões filosóficas. Se te ajudar, é consequência disso. 🙂

(Este texto fará parte de um dos temas da minha palestra hoje sobre ética e meios digitais no Colégio Pedro II.)

Quando pensamos em felicidade o caminho mais direto é pensar em uma propaganda de televisão bem colorida e algo que dura muito tempo. Porém, do que vi e aprendi, a tal felicidade é muito mais complicada quando pensamos em algo abstrato, pois não sabemos bem o que fazer para consegui-la.

O melhor caminho é a inversão.

Ser feliz é conseguir uma baixa taxa de sofrimento e, portanto, baixa taxa de tristeza.

O que fica mais tangível, pois podemos identificar tudo que fazemos ou fazem conosco que nos causa sofrimento.

Quanto menos sofrimentos, conseguimos criar para nós, menos infelizes seremos.

Deixe a felicidade de lado.

Uma baixa taxa de infelicidade já está de ótimo tamanho.

E lutar para reduzir sofrimento é mais fácil!

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 O problema é que, normalmente, quando vivemos uma crise que denota um agravamento de um dado sofrimento que nós causamos ou nos causaram, procuramos sempre atribuir ao outro, a uma circunstância o problema.

Jogamos fora a grande oportunidade de aprender com as crises, inventariando o problema.

Tendemos sempre a vitimização, nos excluindo da responsabilidade que temos pelas situações que vivemos, geralmente por escolhas feitas anteriormente.

É muito melhor apontar o dedo para fora e não para dentro.

O que nos leva a uma situação de neurose, pois vamos repetir o mesmo problema diversas vezes, entrando em um círculo vicioso e não virtuoso.

Só um inventário, como ou sem ajuda, dependendo do caso, nos tira da vala ou do fundo do poço.

Toda crise, assim, bem vivida nos aponta uma certa ilusão sobre nós ou quem nos rodeia que demonstra que não é bem assim que a banda toca.

É preciso, antes de tudo, entrar em um auto-laboratório para que possamos nos desiludir e assumir a responsabilidade que temos, o que precisamos ver diferente e mudar, em função de uma dada crise para que não soframos mais daquele mal e não geremos mal ao próximo.

O aprendizado crise após crise vai nos dando a medida do que nos provoca o sofrimento, o quanto nós somos responsáveis por ele e o que podemos fazer para não repetir o problema, construindo, na sequência, um método que pode nos ajudar e aos demais, deixando um legado de sabedoria na sua breve passagem por aqui.

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Assim, acredito que ser feliz é ser menos infeliz, é sofrer menos.

É aproveitar cada crise para tirar uma lição para que ela não se repita e sempre com o dedo apontado para nós, pois só nós podemos mudar e aprender.

Se o outro não quer, beleza, problema dele.

É isso, que dizes?

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Este vídeo é importante para pensar sobre o assunto:

(Este texto fará parte de um dos temas da minha palestra hoje sobre ética e meios digitais no Colégio Pedro II.)

Normalmente, vemos o ódio como algo que não existe.

A família, a escola, a sociedade são boas, não abusivas, e nós não temos motivo para odiá-las.

Será que toda família é boa? Toda escola é boa? E a sociedade é boa para todo mundo?

Quando não tomamos consciência da raiva e do ódio que sentimos, ele vai para algum lugar dentro da gente desconhecido e sai nas horas mais estranhas.

Pensar o ódio, administrar o ódio e a raiva é algo fundamental para a saúde emocional das pessoas.

O primeiro passo para nos posicionarmos no mundo é quando percebemos os abusos que sofremos hoje e ontem e tomamos a decisão de nos responsabilizar por eles.

O que chamaria de taxa de sabedoria.

Quanto mais nos conscientizamos dos abusos e dos ódios correlatos, mais temos chance de canalizar, transformar aquilo que nos foi imposto em algo que possa modificar o mundo e talvez evitar que outros sejam oprimidos como nós fomos.

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Foi Sartre que disse algo assim:

“Somos aquilo que conseguimos ser apesar daquilo que fizeram conosco”.

O que é, na verdade, um desdobramento das sugestões de Heidegger que diz:

“Não somos humanos, nos fazemos humanos” 

Eu diria que temos taxas de humanidade, quando conseguimos criar um ambiente interno em que conseguimos lidar com nossas raivas e ódios e transformamos isso em uma missão de vida para que possamos criar mudança no mundo capaz de reduzir o sofrimento nosso e alheio.

Humanizar-se não é ser uma correia transmissora do abuso, mas ser a rua sem saída do abuso para que não mais ocorra!

Assim, podemos sempre justificar nossas ações como reações daquilo que nos fizeram, no estilo blackblock:

“Eu quebro por que me quebraram antes”. “Eu responde com a violência com o que me fizeram”.

Ninguém nega que toda a sociedade é violenta e abusiva, ainda mais a nossa, na periferia do mundo.

Porém, diria que há uma baixa humanidade e sabedoria, quando não nos colocamos entre a ação e a reação.

Gosto da frase que diz:

“A ação poe ser do outro, mas a reação é tua!”

Seria o primeiro estágio da violência pura e simples, respondendo a violência. Quebrar é fácil, rápido, construir é algo que exige uma sabedoria e uma taxa bem mais alta de humanidade.

E nada melhor para os abusivos de plantão, que são PHD em violência, quando alguém toma esse caminho, pois é um campo pra lá de conhecido.

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Lembro que, por exemplo, Mandela teve todos os motivos para sair matando um mundo, em função do Apartheid e não sei quantos anos de prisão. Mas resolveu atuar e responder a violência com sabedoria.

Muitos dirão que os governos autoritários só entendem de violência, mas o problema é que quando a baixa sabedoria está a frente da mudança o que virá depois, se houver mudança, é uma neo-violência, como ocorreu em várias revoluções no passado.

Sugiro fortemente todos que estão empenhados em mudanças que vejam esse vídeo do Gene Sharp, um tipo Gandhi do século XXI, que aponta uma nova para a luta política, com a camisa da ética, da alta sabedoria e de de um grau maior de humanidade.

O método tem sido usado com sucesso por revolucionários pacifistas em todo o mundo.

Para baixar o livro.

É isso, que dizes?

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Muitas vezes, sinto por parte de algumas pessoas um certo estranhamento de estarmos invadindo praias teóricas distantes, tal como a psicanálise, a educação, o estudo da filosofia, epistemologia, inclusive.

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Muitos chamam tais invasões de arrogância, ver mais sobre arrogância aqui.

Porém, qualquer estudo honesto e profundo irá sempre caminhar para a filosofia e para a interface com outras áreas.

Note que assuntos conseguem ficar enjaulados em determinada ciência, mas problemas, não.

Quando penso mudanças sobre a cognição, logo vemos que temos que trabalhar com a epistemologia que é uma bandeira branca para podermos avançar nos limites do conhecimento humano. O direito que temos de analisar que tudo é uma percepção e é humanamente impossível conhecer a realidade, ver mais sobre isso aqui.

Na educação, entramos, pois uma boa pesquisa é sempre mais eficaz quando é feita em paralelo com o exercício da aprendizagem, alunos ajudam não só a apontar problemas nos argumentos, em aulas participativas, como também são exemplos vivos da maneira de pensar do nosso tempo.

Tenho um poema que expressa bem essa relação dialética:

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Ou seja, vamos percebendo as dificuldades de percepção e vamos aprofundando.

Naturalmente, vamos vendo que o modelo de educação é algo incompatível com um mundo que se abre para a interação.

Pimba, vamos estudar educação> Freire, Dewey e começamos a discutir a nova escola, a partir das mudanças do ambiente cognitivo. É natural.

Depois entramos na psicologia, pois não só vamos vendo que há um déficit de capacidade de diálogo com os alunos e nas mídias sociais e uma baixa discussão filosófica sobre realidade, percepção, ética e moral.

Pimba, Freud e suas diversas variantes.

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Assim, é uma luz que vem de fora, que toma emprestado alguns pontos e ilumina de uma nova maneira.

Assim, não se pode dizer que se é especialista de pedagogia ou de psicologia ou de filosofia, mas um especialista em mudanças cognitivas, que acaba nos levando a ser um curioso nestes campos, que estão aí para ser estudados e provocados e não o contrário

Um mundo mais aberto e voltado para estudo dos problemas nos levará cada vez mais para essa interdisciplinaridade.

Temos que superar os condomínios da verdade e a ditadura dos certificadores da verdade.

Temos que ter capacidade de reaprender a dialogar para que isso se torne cada vez mais rico e profícuo.

Que dizes?

Comi disse aqui, todo estudo aprofundado acha o anzol da filosofia.

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Vou tentar mostrar como cheguei a isso.

Note que ao procurar as causas de um fenômeno, naturalmente vamos cair nas potências e impotências humanas.

Se eu quero entender como o ser humano é impactado por mudanças cognitivas, indo mais fundo eu preciso discutir e entender o próprio ser humano.

Há um triângulo do conhecimento, que nos leva a filosofia.

Quando começamos a analisar os efeitos de uma Revolução Cognitiva vi que havia algo de esquisito na maneira que pensamos o ser humano e a sua relação com a tecnologia.

São duas áreas que precisavam ser repensadas a filosofia diante da tecnologia e a tecnologia diante da filosofia.

Note que olhamos para o ser humano como um ente natural, que vê, se relaciona com a sociedade como os outros animais.

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Isso é pouco problematizado pela filosofia.

Diante da atual crise, na qual teorias e metodologias estão com pouco nexo, é preciso abrir uma “picada na mata filosófica” para rediscutir a visão filosófica da relação ser humano com tecnologia.

Note que tivemos que subir o triângulo do conhecimento para que pudéssemos descer pare refazer a teoria e recriar uma metodologia, que é a que defendo hoje: laboratórios de migração digital para ampliar a participação humana nas verdades produzidas e na tomada de decisão.

Ou seja, houve uma revisão da seguinte maneira:

  • Revisão filosófica – o  ser humano é uma tecno-espécie; 
  • Revisão teórica – uma Revolução Cognitiva altera o cérebro humano e, a partir daí, toda a sociedade, criando uma nova governança da espécie, em função do aumento de complexidade demográfica;
  • Revisão metodológica – precisamos de metodologias que consigam nos levar à essa nova governança 

Que dizes?

Versão 1.0 – 31/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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