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Sugiro ouvir esta palestra que fiz no Colégio Pedro II.

A base da discussão é Sartreana.

“Você é aquilo que consegue ser, apesar do que fizeram contigo”.

Ou seja, não há desculpas.

Você pode ter sido abusado pela sociedade, que te domesticou de forma agressiva, ou não, mas tem que assumir que agora é contigo.

Isso é o sentido de Heidegger de ser:

“Você não nasceu humano, mas torna-se humano, a partir da sua capacidade de atuação na sua vida”.

Não adianta empurrar para cima, para os lados ou para baixo, a responsabilidade.

Acredito que viver, ou ser, é justamente essa nossa capacidade de transformar a raiva que temos da domesticação que sofremos em criatividade.

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Esta é um dos eixos do trabalho que tenho feito de “Desditadurização cognitiva”, que vou chamar assim, há sete anos com  aulas participativas com meus alunos.

Ou seja, problematizar com um aluno que chega culpando a todos pela sua passividade, através de uma discussão ética de que, por mais que haja problemas, obstáculos, cabe só a ele a responsabilidade de sua vida e ter a sabedoria de como vai atuar para ser alguém – de conseguir tirar do armário a sua singularidade, tão preciosa para um mundo massificado.

Para isso, é preciso trabalhar com a ideia de que não somos crachás, alunos, profissionais, mas somos pessoas que devemos nos comprometer com a nossa singularidade e esta com a humanidade.

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A singularidade não é uma essência, mas a luta entre aquilo que achamos que somos (apenas uma percepção) e aquilo que não querem que sejamos.

Sou algo no meio dessa tensão e quanto mais quero ser, mais eu vou me descobrindo em um processo contínuo, que só termina na morte.

E se comprometer com a humanidade é conseguir:

  • – separar realidade de percepção, de que temos apenas percepções e não realidades absolutas;
  • – compreender a história e se inserir na conjuntura que vivemos, nas oportunidades de mudanças que se apresentam para que possa ter uma conscientização da relevância de sua participação, nas janelas possíveis de intervenção;
  • – e assumir, assim, uma missão no mundo para transformar raiva em criatividade, passividade em atividade e moral fechada em ética construtiva.

É um desafio e tanto, mas apaixonante.

Que dizes?

Versão 1.0 – 05/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

 

One Response to “Desditadurização cognitiva”

  1. […] Isso implica em uma mudança radical de como devemos preparar o ser humano para viver em um mundo sem gabarito, como tentei falar um pouco aqui. […]

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