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Cada onda tecnológica (imprensa, internet, etc) torna o compartilhar mais simples, rápido e barato – Charlene Li – da coleção; 

Texto conceitual – planejamento estratégico;
Versão 1.1 – 13 de fevereiro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.

Há uma encruzilhada difícil nesse nosso mundo diante da Revolução Cognitiva Digital.

Gostei muito da frase de uma pessoa em São Paulo, que lida com grandes clientes corporativos em projetos de comunicação.

Ela me disse que nesse mundo das redes sociais todos estamos procurando sintonizar uma nova estação no dial da rádio, mas ainda estamos distantes. É mais difícil do que parece, a princípio, e talvez mais fácil que nós imaginamos, quando nos decidimos a tentar.

A encruzilhada nos leva e é provocada (causa e efeito) pela falta de compreensão mais ampla do fenômeno e de exemplos eficientes e mais palpáveis dentro das organizações, principalmente.

Tem muita fumaça e pouco fogo. Tem muita medição do que deveria ser meio como fim. E o que deveria ser fim, virando meio!

Estamos todos andando no escuro, cheio de buracos pelo chão.

O mercado, por uma questão de falta de tempo e recursos para agir liga o piloto automático que sempre opta pelo caminho mais fácil (o que é natural dada as circunstâncias).

As organizações têm considerado como regra geral que adotar redes sociais é (internamente e externamente) “implantar novas tecnologias e criar nova forma de comunicação na empresa”.

Porém, esse caminho é perigoso a curto e médio prazo.

Internamente, as pessoas estão insatisfeitas com a forma que produzem, fazem trabalho repetitivo, pouco inteligente (para não chamar de burro) e se a sub-rede social de comunicação, de fato, “pega” vão começar a reclamar do por que trabalham assim desse jeito.

Quanto mais século XXI  é o empregado, mais estranho tudo isso lhe parece.

Externamente, o consumidor,o fornecedor e outros querem falar e ser REALMENTE escutado.

Ou seja, vai se abrir uma caixa de sugestões digital, mas sem alguém que a leia, ou quando tem alguém, sem o poder de mudar o que lhe é sugerido.

É a continuidade do monólogo, com uma cara mais moderna.

Acreditar que isso não vai levar crises regulares é algo, no mínimo, estranho.

É preciso combinar com o outro lado, com aqueles que agora conversam. E antes não conversavam.

O caminho é mais longo, nos leva à mudanças culturais, que fará uma revisão em todas as sub-redes da organização, implicando mudanças profundas, a longo prazo, na forma que trabalhamos.

Estamos reavivando um conceito perdido no entulho hierárquico dos últimos séculos – o da “co-laboração”, a procura de um caminho novo de um trabalho mais junto e menos isolado.

Estamos indo para organizações muito mais abelhas do que o de aranhas. Muito mais colméia do que teias pegajosas de cabeça única e muitas pernas.

É preciso revisar nossos conceitos.

As organizações já são e sempre foram redes sociais!

Elas têm problemas maiores ou menores em três sub-redes específicas que se interligam o tempo todo:

  • As sub-redes integradas de conhecimento/comunicação/informação – que precisa adotar novos ambientes de diálogo, espaços de armazenamento e produção coletiva de saberes entre os setores, com os fornecedores, clientes, público em geral;
  • A sub-rede de relacionamento – que precisa estabelecer novo patamar de confiança de compartilhamento, estimulado e não reprimido todos os stakeholders;
  • E a sub-rede de ação –  na qual produzimos produtos e serviços, utilizando o potencial máximo das novas ferramentas de colaboração em rede digital, nas quais cada clique é aproveitado como um bem precioso, gerando menos esforço, repetições e aumentando o tempo do corpo funcional para ampliar a dedicação a problemas mais complexos.

Temos que descer do nosso alto altar arrogante da gestão organizacional e ter a humildade de reconhecer que agora é hora de aprender uma nova cultura com  os mais jovens que tiveram meios, graças à Revolução Cognitiva, para inovar criar novas alternativas  de solução de problemas.

O que precisamos agora é adaptar essa nova cultura criada em ambientes não produtivos de massa e usar essa maravilhosa ferramenta na geração de valor em larga escala. Eis o desafio da administração do século XXI!

Os dois mundos precisam sentar à mesa e aprender a conversar de forma honesta e sincera, sem receios.

Precisamos melhorar e aprender na área do relacionamento como usar o poder da comunicação/informação/aprendizado do Facebook,  Youtube, Orkut, Google+, Twitter.

E na produção, inovação como podemos criar coletivamente como foi já feito na construção coletiva da própria Internet, dos softwares livres, das compras coletivas, da enciclopédia livre do Wikipedia, com estamos experimentando curas para doenças e comprar e vender produtos de e para desconhecidos.

Que maravilha!

Ao pensarmos redes sociais digitais nas organizações estamos falando da introdução, de fato, de uma nova cultura de solução de problemas mais ágil, barata, fácil, através do upgrade das redes que nos permitirão nos comunicar, informar, conhecer, aprender, se relacionar e de trabalhar melhor do que fazemos hoje.

Essa integração e esse múltiplo olhar é que vai garantir o alinhamento com o futuro.

Não é eficaz iniciar esse processo, acreditando que vamos importar apenas uma parte dessa maravilhosa criação humana, que uma nova geração de jovens têm dedicado milhões de horas para construir.

Que se queira começar pelo mais fácil, tudo bem, mas não vamos nos iludirmos que é só isso.

Implantar redes sociais apenas na comunicação ou no relacionamento é apostar em dois resultados prováveis:

  • – criar o projeto, gastar dinheiro e ver ela ficar abandonada, como ocorreu já com as Intranets;
  • – ou vê-la crescer e gerar uma crise de pessoas querendo mudanças na rede de ação, tanto fora como dentro para as quais a empresa não está preparada – um tiro no pé.

Precisamos procurar mudar a forma como as pessoas se comunicam/se informam/se relacionam e trabalham. E isso não é uma opção na gestão, mas um caminho inevitável.

Esse é o equilíbrio na melhoria das três sub-redes que vai gerar valor para as organizações e alinhá-las ao futuro, evitando cair na armadilha da falsa rede digital corporativa.

Que dizes?

 

 

A maior vantagem competitiva de uma empresa é a visão do futuro – Hamel e Prahalad – da coleção;

Texto conceitual – planejamento estratégico;
Versão 1.0 – 01 de fevereiro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.

Temos na nossa mente uma fórmula inconsciente que calcula o futuro.

Nossa mente – que é muito esperta – ignora sempre as constantes (por serem igual a zero) e dedica mais tempo as variáveis com diferentes pesos, conforme a memória e experiência de cálculos passados.

Tudo que pode ser alterado no futuro ganha um determinado valor na fórmula e é relacionado às outras variáveis  para se chegar em um ou mais cenários possíveis.

Há fatores que têm peso maior por sua natureza – como a escassez de matéria-prima, por exemplo, num dado setor.

Ou mudanças abruptas como um ditador que é derrubado por um novo grupo com ideias opostas onde uma organização atua fortemente.

Quanto mais eficaz for esse exercício de cálculos, teoricamente haverá menor risco e mais oportunidades para quem os realiza – sempre com uma margem de erros para fenômenos exóticos.

Nessa arte de prever o porvir, vivemos atualmente um momento raro na história que embaralha consideravelmente essa fórmula.

Três grandes novidades:

  1. Uma constante (o ambiente cognitivo) virou variável, pois a maneira pela qual as ideias circulam na sociedade se alterou radicalmente, depois de vários séculos (cinco para sermos exatos). Saímos de uma situação de um certo controle de ideias novas para um grande descontrole;
  2. O peso da variável que era zero passa para um valor relativamente alto, pois a mudança do ambiente cognitivo – não tínhamos noção – condiciona nossos cérebros e cria uma nova cultura, principalmente uma nova forma mais dinâmica de solução de problemas, pois com as novas ideias circulando mais livremente, amplia-se, assim, as incertezas;
  3. Por fim, o mais grave: não há experiência na memória de cálculo, que incorpore essa relevante variável. Estamos escavando o fenômeno similar depois do fim da Idade Média, a partir de 1450.

Tal fato, nos leva a uma larga mudança na fórmula do cálculo do futuro, o que é uma tarefa difícil para os estrategistas, pois uma variável desconhecida e inusitada tem que sair de zero e aplicada com peso alto e de forma variada conforme cada área.

Por exemplo:

  • Quanto mais ideias, produtos e serviços circulam pela via digital mais deve se aumentar o peso do impacto;
  • Quanto mais o modelo é copiável digitalmente, mais está a mercê da inovação de jovens empreendedores, etc.

Tal ajuste, quando não é realizado por uma organização gera um grave erro nas projeções do futuro e, por sua vez, pela ordem:

  • No cenário;
  • Na estratégia;
  • Por consequência, nos projetos a serem realizados;
  • Por fim, nos resultados.

Se colocarmos em valores essa distorção, teremos gastos de forma equivocada e perda de competitividade a longo prazo com prejuízos crescentes com risco de fechamento de algumas organizações, dependendo do setor.

Como o erro no cálculo pelo seu ineditismo é ainda generalizado tem passado despercebido.

(Algo similar à pirâmide de Madoff que o mercado demorou anos para descobrir a fraude).

Entretanto, já começa a “vir a conta” em setores mais expostos: vide indústrias de intangíveis, como música e filmes.

Os efeitos serão cada vez mais contínuos, constantes e radicais, atigindo gradualmente toda sociedade, setor por setor dos intangíveis para os tangíveis, com um corte horizontal na necessidade da mudança de gestão e novo relacionamento com stakeholders.

Quem corrigir primeiro o erro e colocar em prática o alinhamento colherá oportunidades, repassando o mico-dos-riscos adiante.

Diria que é o desafio do século para os estrategistas com consequência relevante para as organizações e sociedade. Temos muito trabalho pela frente!

Estou preparando um curso para pesquisadores/estrategistas, se tiver interesse me diga, será em abril, pela Internet, via Skype.

Que dizes?

 

 Chega um tempo em que ou o governo transforma a si mesmo ou a mudança se imporá a ele – Don Tapscott – da coleção;

 

 

Livre para republicação (coloque apenas o nome do autor e o link para este texto, pois pode ter uma versão mais nova)
Versão 1.0 (Rascunho) – 31/01/2012 – colabore na revisão!

Saiu no Globo semana passada:

Dilma cobra monitoramento online ->http://bit.ly/y9d0EE

O Governo brasileiro, como  qualquer governo, sofrem um grande impasse atualmente. Os problemas dos países ficaram muito mais complexos e as instituições públicas (as privadas também) não conseguiram acompanhar.

A cultura de solução de problemas é centralizadora e imagina que o Governo e seus funcionários podem resolvê-los sozinho.

Essa fase passou.

Ou o cidadão é incorporado no processo (principalmente em rede digital) ou as soluções sempre serão precárias.

Um Governo ao resolver problemas grosso modo funciona assim:

  • Executa ações;
  • Presta conta para a sociedade de alguma forma (de forma mais aberta ou fechada);
  • Analisa-se o que foi feito e como;
  • Avalia-se e vota-se ou não no governo, em função dos resultados.

Essa é a base teórica do jogo democrático.

O problema que a prestação de contas, a análise e avaliação estão cada vez mais complexas.

Muito mais projetos, menos gente, limitação de quadros, altos impostos e cada vez menos capacidade para saber o que está sendo feito, como, se há corrupção, ou não, etc.

Há uma crise geral de fiscalização, como desenvolvi aqui.

O modelo tradicional de controle já não é mais possível.

E toda vez que um grupo humano se vê incapaz de controlar um processo, ele o modifica para que isso seja possível.

Existem duas formas:

  • Ou reduzindo a demanda;
  • Ou quando não é possível desintermediando, desistindo de um tipo de controle e passando para outro modelo mais colaborativo.

Veja o caso do Disque-denúncia do Rio, que é o exemplo típico da população ajudando o Governo a saber onde deve atuar contra a violência.

Isso na rede vem sendo tentado, mas sempre com um modelo que tenta usar a tecnologia, mas sem a mudança de cultura necessária.

 

Dilma assinou ano passado um acordo de Governo Aberto, mas o que afinal é o Governo Aberto?

Ele se divide em algumas etapas na passagem de uma cultura mais controladora para uma mais desintermediada, vejamos:

  1. Colocar os dados brutos na rede;
  2. Disponibilizar o banco de dados para consulta;
  3. Deixar que os usuários desenvolvam aplicativos em cima do banco de dados para facilitar a consulta.
Veja o modelo de NYC, que premia aplicativos que facilitam a vida dos cidadãos e ajudam a fiscalizar melhor a cidade -> http://2011.nycbigapps.com/.
O problema desses ajustes é que precisa-se criar uma nova cultura e realmente abrir os dados para que se possa fiscalizar e usar todos os recursos da rede para que o Governo seja mais efetivo e transparente – com o apoio do cidadão médio para acompanhar e dos mais tecnológicos para desenvolver os aplicativos, muitos usando até mapas.
Ou seja, é preciso ir adiante.
Que dizes?

 

 Tudo é rede e sempre foi. Nós é que não víamos – Nepô –  da safra 2010;

 

Texto conceitual

Livre para republicação (coloque apenas o nome do autor e o link para este texto, pois pode ter uma versão mais nova)
Versão 1.0 (Rascunho) – 26/01/2012 – colabore na revisão!

O principal problema das organizações ao pensar em projetos 2.0, de redes sociais, de gestão de conhecimento 2.0, de informação descentralizada ou o nome que escolher é o arraigado e pouco eficaz conceito de rede que temos nas nossas mentes de um mundo centralizado pela mídia de massa.

Nosso conceito de rede, portanto, é antiquado, incompatível com a atual realidade e isso nos dificulta, portanto, planejar melhor de onde estamos e para onde vamos com a chegada de uma voraz e apressada Revolução Cognitiva.

Podemos constatar que para a maior parte das organizações rede é algo parecido com um extra-terrestre, completamente fora do que podemos chamar de cultura organizacional tradicional.

E esse susto com pitadas de medo explica e justifica nossas atitudes pouco embasadas e pouco estruturadas em relação a esse novo problema a ser trabalhado.

Como muitos autores dizem por aí: temos que ter uma noção clara do tamanho da mudança pela qual estamos passando antes de agir de forma precipitada!

Registramos por aí, de forma explícita ou implícita:

  • A organização é uma coisa e a rede é outra.
  • A organização é uma estrutura e a rede é outra.
  • A organização tem uma lógica e a rede tem outra.

Quando o mundo das redes chega por todos os lados, principalmente com o nome de redes socias, torna-se imperativo mudar, mas mudar para onde? Precisa mesmo? Não é mais uma onda administrativa? Será que é tudo isso mesmo? Não dá para adiar mais um pouco?

Nós estamos tão bem…

Opta-se, assim, por não pensar sobre o tema e ir com o mercado tateando uma solução sem uma visão global, mais holística e estratégia das causas e efeitos de algo tão grande e poderoso.

Perde-se, assim, a chance de se fazer projetos com menor custo, menor taxa de riscos e de colher as oportunidades que estão por aí brotando por todos os lados.

Muitos acham que essa é uma discussão conceitual de rede é muito teórica e nada relevante para o futuro dos negócios. Será?

Entretanto é bom que se diga.

O pragmatismo funciona muito bem para mudanças incrementais, sob um mesmo paradigma. Quando é algo radical e baseado em outro paradigma, recomenda-se cautela e canja de galinha reflexiva.

Gosto e uso muito essa frase que li por aí:

“Nada mais prático do que uma boa teoria”.

Ou seja, a teoria ajuda a planejar melhor, desde que bem voltada para a geração de valor, focada em problemas mais complexos, que nossas vãs intuições não dão conta.

E ainda digo mais:

“Podemos dizer que só se pensa fora da caixa quando olhamos nossas teorias como turistas e colocamos no lugar novas percepções”.

E para olhá-las é preciso refletir como pensamos senão continuamos repetir os mesmos erros com uma pequena dose de maquiagem.

Iniciar um projeto de implantação de empresas 2.0 mais colaborativas passa por uma reconceituação teórica das redes para depois definir o projeto prático: onde estamos e para onde vamos?

isso é ponto pacífico ou atlântico, a gosto. 😉

Quem começa debaixo para cima (da prática para depois conceituar), pode chegar lá também, mas vai gastar muito mais dinheiro e pode competir com quem veio da visão geral para a específica – mais recomendada em situações de grandes rupturas.

Dito isso, imagina-se hoje no mercado, portanto, que a empresa vai “entrar” nas redes sociais, como se fosse um território estranho, inóspito, desconhecido. Uma praia cheia de pedras e conchas pontiagudas.

Só que dificilmente uma organização já não teve alguma experiência de redes mais horizontais, mesmo que sem tecnologias modernas de redes sociais.

Já experimentou isso em algum lugar, já tem alguns setores mais avançados nessa área.

Ou seja, o que precisa é revisar as experiências e aprender com o que já fez, seja nas redes internas e/ou externas, criando pontes de uma empresa mais vertical, que vai ficando obsoleta para uma mais horizontal – mais competitiva.

Pode-se e deve-se implantar a  nova cultura com calma, através de projetos pilotos, ou mesmo abrir start-ups (como fez a Americanas.com, por exemplo), mas é importante que os bolsões que vão experimentar a nova cultura possam ter liberdade para vivê-la por inteiro e poder se disseminar as boas práticas e melhorar o que não funcionou a contento.

Não é algo, assim, de fora, feito por pessoas diferentes das que conhecemos, mas algo de dentro, que precisa ser visto de forma diferente, como uma macro-gestão de mudança necessária, diante do fenômeno que estamos vivendo.

Teremos sim tempos distintos de impacto da chegada da nova cultura em cada setor, conforme a área de atuação, algumas mais urgentes (vide indústrias de comunicação, informação e entretenimento – bens intangíveis) e outras com mais vagar – produção de bens tangíves.

Mais a meta é imaginarmos uma empresa 2.0 com uma cara muito próximo de uma colmeia, na qual as abelhas atuam de forma coletiva com cada um sabendo seu papel, com um tipo de controle muito mais maduro e sofisticado do que feito atualmente.

As pontas vão trabalhando com princípios gerais muito mais do que por ordens fechadas e restritas.

Isso exige empresas menos gananciosas e mais sociais, que vão gerar valor, através da cada vez maior troca com o ambiente e não mais tentando intermediar relações e impedir a circulação de ideias e produtos.

Essa passagem de uma rede mais vertical para uma mais horizontal é um caminho cultural mais difícil, mais doloroso, mais profundo e – como somos humanos – optamos pelo viés mais imediatista, mais de curto prazo, de ver o processo como algo tecnológico, no qual não se muda a forma da empresa ser e fazer a gestão, apenas introduz-se novas tecnologias para tapar um sol com uma peneira pequena.

Assim, se a organização não se vê como uma rede, mas tem algumas redes internas exóticas e redes externas estranhas a tendência é que a organização queira “controlar” com a cultura passada.

Impor a sua cultura de não-rede para as redes inóspitas, tanto de dentro como de fora.

Os fracassos de uso inadequado das redes sociais podem ser diagnosticados por causa dessa visão pouco eficaz de achar que as redes sociais é um bicho de sete cabeças, algo estranho e não o caminho natural para o qual a empresa vai migrar.

O modelo mental clássico das organizações é este “Eu não sou rede” e tenho que lidar com um monstro chamado “Rede” como dois seres separados e não como algo do tipo passado e futuro:

Implementar projetos de empresas 2.0, objetivamente, é mudar a maneira de se pensar redes e criar uma nova gestão por redes menos engessada, mais dinâmica, mais inovadora, mais fluída, mais compatível com o novo século.

Ou seja, não estamos falando de trazer uma rede para dentro do modelo vertical, mas mudar o modelo vertical para algo mais compatível e alinhado com a nova forma que aparece de fazer negócios, muito mais parecido com as abelhas do que o mundo de aranhas, com poucas cabeças e muitas pernas.

Os atuais projetos de implantação internos e externos de redes sociais, que podemos chamar de “empresas 1,5”, estão tentando fazer o seguinte: incluir na organização modelos isolados horizontais, na estrutura vertical.

Tem tudo para gerar crises internas e externas, pois as duas culturas são incompatíveis entre si:

O problema dessa concepção é que ela é artificial, conservadora e pior de tudo, fará a organização perder muito dinheiro, valor e competitividade ao longo do tempo.

Compare o valor das ações da bolsa da Microsoft (vertical) e Apple (no modelo horizontal que implantaram). Vais levar um susto.

Por fim, algumas novas verdades precisam ser problematizadas e discutidas estrategicamente:

  • As novas redes horizontais vieram para ficar, não são opcionais, mas obrigatórias, com um tempo de impacto em cada setor. Isso se deve ao condicionamento que uma tecnologia cognitiva tem na sociedade, um novo fenômeno ainda pouco estudado;
  • Elas criam uma nova dinâmica de inovação, que estabelece um patamar de competitividade com outra cultura de controle, que as empresas serão obrigadas a adotar, que altera profundamente a relação de cada pessoa com sua formação mais arraigada, incluindo formação familiar, escolar e empresarial;
  • A migração é feita através de nova forma de circulação de ideias, passando de um modelo mais vertical das organizações para algo mais horizontal;
  • A nova cultura de circulação de ideias, entretanto, a longo prazo, mudanças radicais nos processos produtivos e não apenas mudanças na comunicação ou no fluxo da informação/conhecimento, que é apenas a primeira etapa, mas nunca um fim em si mesmo;
  • Projetos 2.0 são assim a migração da gestão das organizações (onde se inclui conhecimento, informação, comunicação e processos produtivos) de um ambiente mais vertical e menos dinâmico para algo mais horizontal e mais dinâmico,  capaz de gerar valor e competitividade alinhado com o novo século hiperpopuloso e hiperconectado.

 

O caminho me parece ser esse.

Que dizes?

Conhecer é questionar as lógicas de plantãoda safra de 2011;

 

Texto conceitual

Livre para republicação (coloque apenas o nome do autor e o link para este texto, pois pode ter uma versão mais nova)
Versão 1.0 (Rascunho) – 25/01/2012 – colabore na revisão!

Os artigos científicos passaram a ser nos últimos séculos o epicentro da Ciência, pela circulação em revistas científicas.

A Ciência – como toda a sociedade – foi fortemente moldada e condicionada nos últimos séculos pelo ambiente de circulação do papel impresso.

A produção de documentos acadêmicos impressos (revistas e livros) seguia e ainda segue um processo de produção próprio inerente desse ambiente impresso.

Na seguinte ordem:

  1. Pesquisa;
  2. Redação;
  3. Submissão aos pares;
  4. Leitura/aprovação;
  5. Preparação para publicar;
  6. Publicação;
  7. Distribuição;
  8. Leitura pelos interessados;
  9. Possíveis críticas;
  10. Retorno à Pesquisa.

Há, assim, na produção acadêmica impressa um tempo “X” da circulação de ideias dos itens 1 ao 10.

(Ver mais sobre tempo de circulação de ideias aqui. —> E ainda aqui.)

Baseado a experiência e não em dados apurados, posso arriscar dizer que o tempo da Ciência 1.0 – ou da Ciência baseada no processo de circulação de ideias do papel impresso (dos itens acima de 1 ao 10) –  gira hoje em torno de 6 meses a um ano.

Esforços vêm sendo feito na migração da Ciência para o mundo digital para reduzir esse tempo claramente pouco dinâmico em um mundo muito mais conectado e, portanto, apressado.

Inicialmente tais esforços vão na direção da subitituição da forma de circulação das ideias, utilizando-se do meio digital, mandendo-se a cultura de controle do processo anterior.

Na maioria dos casos, procura-se alterar o processo apenas nos itens 5 ao 7, mas mantendo o mesmo caminhar nos demais, inclusive  periodicidade das publicações e mesmo a norma de só publicar o que foi aprovados pelos pares.

Veremos que a lógica do mundo digital é outra.

Uma Revolução Cognitiva como a atual nos condiciona a uma nova cultura de circulação de ideias, mais dinâmica, alterando todos os itens do processo de produção cognitiva.

E é quando há essa mudança cultural da circulação de ideias altera-se o próprio fazer da Ciência, o que justifica chamar de Ciência 2.0.

Altera-se para:

  1. Pesquisa muito mais coletiva;
  2. Redação dos resultados on-line;
  3. Submissão aos pares on-line, depois de publicado (os pares opinam pós-publicação e não antes e não só os pares, outros elementos da comunidade, que são separados por perfis, graduados, mestres, doutores, etc);
  4. Leitura/aprovação é substituída por classificações dos leitores (curtir, estrela, etc);
  5. Preparação para publicar deixa de existir, pois é on-line;
  6. Publicação automática;
  7. Distribuição automática;
  8. Leitura pelos interessados, ao longo do processo da produção;
  9. Possíveis críticas sâo feitas no rodapé documento, quando nâo feita no próprio corpo em documentos wiki.

O tempo da Ciência 2.0 provoca a queda de 6 meses a um ano para a divulgação perto do zero – on line.

É uma nova cultura científica mais adequada as necessidades de um mundo super-populoso.

A passagem, entretanto, será demorada e bastante dolorosa.

Mas será inevitável.

Antecipar-se seria bom.

Uma boa pauta que deveria ir para a mesa do novo Ministro de C&T.

Que dizes?

Cada onda tecnológica (imprensa, internet, etc) torna o compartilhar mais simples, rápido e barato – Charlene Li    – da coleção;

Texto conceitual

Livre para republicação (coloque apenas o nome do autor e o link para este texto, pois pode ter uma versão mais nova)
Versão 1.1 (Rascunho) – 25/01/2012 – colabore na revisão!

Procurei apresentar as características de uma Revolução Cognitiva nos posts anteriores.

Aqui e aqui.

Defendi que uma das premissas para caracterizamos uma Revolução Cognitiva é a redução gradual,  mas acelerada, do custo da circulação de ideias.

Mas como calcular essa redução de custos?

Vejamos.

As ideias são construídas na mente e posteriormente emitidas oralmente para os mais próximos e/ou registradas em algum documento/mensagem em diferentes formatos para que possa atingir a mais pessoas.

Essa circulação quando visa chegar  além da possibilidade oral exige obrigatoriamente o uso de um canal de transmissão de ideias.

As paredes das cavernas foram esse primeiro canal, os tambores outros, depois as pedras, o papel, o livro, o telégrafo, o rádio, a tevê, o computador, a Internet, etc.

Tal canal de expansão da circulação de ideias cria um aparato que tem embutido um custo de distribuição formado por um conjunto de profissionais, tecnologia e metodológia, que passam por:

  • Preparação/adaptação do documento para os códigos do canal;
  • Inclusão/transmissão do documento/mensagem no canal;
  • Capacidade de recepção do documento/mensagem por terceiros.

Há nesse processo a transformação do documento/mensagem em um transmisior tangível (livros, jornais) ou intangível (rádio, tevê, e-mail).

O custo da circulação de ideias envolve, assim, a manutenção do aparato do canal, da preparação, montagem, manutenção e transmissão do documento/mensagem.

O que varia?

  • O tempo que se leva da preparação à chegada;
  • A sofisticação do aparato;
  • O número da audiência atingida.

Antes da Internet, o custo desse aparato tanto de textos, imagens, áudios era imensamente maior do que no meio digital, pois necessitava de algo físico (livro, revistas, jornais) ou transmissão pelo ar (rádio e tevê) que tinham um custo alto da compra e da manutenção das antenas de difusão.

Com a chegada do computador (que digitalizou as ideias) e da Internet (que as fez circular) houve uma redução radical, tanto no tempo de preparação à chegada.

E mais criou mais sofisticação do aparato, reduzindo o custo e ampliando a audiência potencialmente atingida.

É essa redução do custo a principal causa das mudanças que já aparecem
e as que estão por vir, pois pela ordem, se abre um novo ciclo de inovação da civilização, pois um conjunto de talentos anti-estabilishment passa a ter voz.

Fator fundamental para grandes mudanças.

Podemos, por fim afirmar, que a a redução de custo da Internet teve alguns momentos relevantes:

Antes da banda larga e depois, que libertou a circulação de ideias, via computadores de mesa;

Antes da Internet móvel (3G) e depois, que liberou a circulação de ideias, via celular.

É isso.

Que dizes?

PS- estou abrindo um curso em abril, via Skype, para pesquisadores (teóricos e práticos) interessados em se aprofundar no tema Revolução Cognitiva – história, causas e consequências.

Se tiver interesse, me diga.

A revolução da informação veio sem manual de instrução – Pico Iyer – da coleção;

Texto conceitual

Livre para republicação (coloque apenas o nome do autor e o link para este texto, pois pode ter uma versão mais nova)
Versão 1.0 – 23/01/2012

Rascunho: colabore na revisão

Cientificamente falando, é preciso criar parâmetros mais claros para realizar as medições necessárias para  caracterizar uma Revolução Cognitiva

É preciso alinhar conceitos e fatos para formar uma teoria que nos ajude a diagnosticar melhor o fenômeno.

É, assim, necessário:

  • Com novos parâmetros e conceitos aferir se estamos, ou não, em um fenômeno global que podemos chamar de Revolução Cognitiva;
  • Qual teria sido a última precisamente para não confundi-la com mudanças similares (porém distintas) anteriores. Dessa forma é possível comparar com mais precisão causas e consequências;
  • Além disso, detalhar que  parâmetros são necessários para que possamos diagnosticar com mais e exatidão uma próxima quando surgir.

Podemos já com as pesquisas e reflexões realizadas identificar alguns fatos que evidenciam o fenômeno. Estamos e estaremos em uma Revolução Cognitiva quando houver:

  • Surgimento de tecnologia cognitiva com capacidade de reduzir drasticamente o custo da circulação de ideias;

A chegada do papel impresso em 1450 e Internet agora trazem claramente essa redução.

  • A clara dificuldade das instâncias de poder estruturadas de controlar a nova forma de circulação de ideias;

A chegada do papel impresso em 1450 e Internet agora trazem claramente esse descontrole.

  • Surgimento de tecnologia cognitiva que aumenta radicalmente a taxa de circulação horizontal de ideias;

A chegada do papel impresso em 1450 e Internet agora trazem claramente esse aumento.

  • Que seja um fenômeno de escala global (de quase todos os países) e não regional.

A chegada do papel impresso em 1450 e Internet agora ocorreram nessa escala.

E quais seriam, assim, os parâmetros para a próxima?

Os mesmos quando estes fatores juntos ocorrerem juntos novamente.

Tais parâmetros nos ajudam a:

Evitar comparar o fenômeno atual com outros do passado com características distintas, errando no diagnóstico e, principalmente, nas suas mais prováveis consequências;

O debate científico para se evitar labirintos teóricos em torno do fenômeno deveria assim:

Avaliar se os fatos que ocorrem hoje são os mesmos que os parâmetros apresentados por diversos autores que discutem o fenômeno. Caso não, que outros fatos são relevantes, por que e quais?

Quando ocorreram de forma similar no passado além de 1450? Quando?

Assim, ganha-se tempo, evitando discussões estéreis e passa-se a ganhar tempo dos pesquisadores para aprofundar o que a sociedade, urgentemente, necessita.

Que dizes?

A revolução da informação veio sem manual de instrução – Pico Iyer – da coleção;

Texto conceitual
Livre para republicação (coloque apenas o nome do autor e o link para este texto, pois pode ter uma versão mais nova)
Versão 1.1 – 19/01/2012
Rascunho: colabore na revisão

A chegada da Internet está trazendo a relevância de um ainda obscuro fenômeno humano: a macro variação da taxa da circulação horizontal de ideias motivada por fatores tecnológicos, que podemos chamar de Revolução Cognitiva.

Cognitiva, pois expande a capacidade do nosso cérebro, o que significa novas possibilidades de se informar, aprender, conhecer, que tem como consequência natural, novas formas de produzir, se representar, inovar, etc…

A circulação de ideias (mais vertical ou mais horizontal) é a base reguladora de poder/controle de qualquer agrupamento humano: família, escola, organizações, países.

Podemos entender circulação de ideias horizontal ou vertical por uma medição possível.

  • Vertical – O número de mensagens em dado agrupamento humano é maior da estrutura de poder para os demais., com baixa taxa dos demais para uma dada estrutura de poder e também pequena dos demais para os demais.
  • Horizontal –   O número de mensagens em dado agrupamento humano é menor da estrutura de poder para os demais., com alta taxa dos demais para uma dada estrutura de poder e também alta dos demais para os demais.

Há uma relação, assim, entre o controle do poder e a taxa de circulação de ideias.

  • Quanto mais o poder precisa ou consegue controlar a circulação de ideias, mais alta será a taxa vertical.

E vice-versa.

  • Quanto mais o poder precisa ou é obrigado a descontrolar a circulação de ideias, mais alta será a taxa horizontal.

Altas taxas verticais de circulação de ideias têm consequências danosas, a longo prazo, para os grupamentos humanos:

  • Baixo amadurecimento;
  • Baixa motivação;
  • Baixa inovação;
  • Baixa meritocracia;
  • Baixa taxa de princípios coletivos e aumento gradual do exercício dos interesses individuais.

Podemos dizer que a sociedade que passa longos períodos com altas taxas verticais de circulação de ideias tende, assim, a viver crises sucessivas de:

  • Redução da qualidade democrática;
  • Perda da capacidade produtiva inovadora;
  • Aumento da corrupção;
  • Grupos sem princípios coletivos.

(Países que sobrevivem nessas condições centram seus setores produtivos internos em torno de uma ou algumas matérias-primas de baixo valor agregado.)

A defesa do aumento da taxa horizontal da circulação de ideias para o combate de crises humanas é a base estruturante do pensamento democrático grego revivido pelas Revoluções Francesa/Americana, que moldaram a sociedade atual.

Tal visão (em alguns casos intuição) se desdobra em propostas práticas alternativas variadas da escola participativa de Paulo Freire, à psicanálise de Freud ao modelo de gestão de Ricardo Semler.

Todos sugerem sair de crises de grupos humanos, através do aumento horizontal da circulação de ideias, via diálogo.

Podemos dizer que tais preceitos, bem ou mal, são uma síntese das pesquisas da sociedade, tanto nas Ciências Sociais, nos estudos da Comunicação ou na Ciência da Informação, já que o estudo das taxas de circulação de ideias é um conceito com diversos outros nomes, tal como fluxos de dados, informação, comunicação, abertura democrática, fim da censura, controle/descontrole da informação, etc.

A novidade teórico/prática que estamos vivendo atualmente com a chegada de uma Revolução Cognitiva  – e exige uma larga revisão de conceitos e suas relações  – é a variação dessa taxa horizontal de circulação de ideias em dois níveis novos:

  • De forma global e não de forma localizada;
  • E motivada por fatores puramente tecnológicos e não por movimentos econômicos ou políticos.

Esses dois fatores só aparecem juntos na história na Revolução Cognitiva do papel impresso, que se inicia em 1450 e vai até os dias de hoje, quando a prensa derruba o poder dos monarcas e papas. Desculpe, mas não podemos entender o atual momento histórico sem um estudo daquela época.

O estranhamento da Ciência  (principalmente as sociais) e da sociedade (principalmente das estruturas de poder vigente) diante desse fenômeno é justificado por vários motivos:

  • A variação da taxa de circulação de ideias não é / era visto como um fenômeno relevante de estudo ou variante estratética, pois seus efeitos não eram tão evidentes como agora;
  • Os estudos e incorporação estratégica, quando existem, são locais (micros) e nunca globais (macros), como é o caso agora;
  • Por fim, a variação da taxa horizontal de circulação de ideias motivada por fatores basicamente tecnológicos é para muitos quase uma ofensa ideológica, mas temos que ver os fato e não as nossas pré-concepções.

Diante disso, temos uma tarefa hercúlea pela frente.

  • Rever conceitos e suas relações das variações de circulação de ideias
    a nível macro e micro;
  • Analisar o papel da tecnologia nessa variação;
  • As causas do fenômeno e consequências para os grupamentos humanos;
  • E as revisões teóricas nas diferentes Ciências afetadas, a partir do novo fato.

Diria que é um esforço teórico/prático, que justifica a criação de um coletivo de pessoas no país e fora dele, que se identifiquem com essa abordagem e se sintam motivadas a ajudar a clarear os pontos obscuros, através da pesquisas práticas e teóricas em diferentes campos de estudo, tendo o mesmo ponto de partida: a Revolução Cognitiva e as consequências da macro variação horizontal da circulação de ideias.

Se você acha que pode ajudar, me diga, pois começo este ano – devagar – esse novo projeto. Vou promover cursos de formação para quem quer se dedicar a pesquisa teórica (conceitos e relações) e prática (apoio estratégico)  ao tema.

Quero formar um grupo de pesquisadores no tema, com desdobramento em mestrados e doutorados (práticos e teóricos) e quero institucionalizar esse grupo de pesquisa, através de apoio de instituições públicas e privadas com resultados tangíveis para apoio à decisão em todos os níveis.

Quero começar a conversar com quem possa ajudar de alguma maneira.

Você topa?

Me diga.

Da série de pequenos e-books concluindo e consolidando reflexões de 2011.

Versão 1.0 – Rascunho – colabore na revisão e na crítica.

 Da definição:

Crise é um momento de desequilíbrio que evidencia a necessidade de um tipo de mudança, mais ou menos radical, em um dado processo.

Da inevitabilidade da crise:

Crise é um fenômeno natural de todos processos humanos, pois estes são vivos e em movimento entram em desequilíbrio e reequilíbrio constantemente.


Das 3 consequências da crise:

Amenas – que pedem ações de ajustes com uma taxa baixa de urgência. Geralmente, são crises práticas, com mudanças mais fáceis de serem realizadas a curto prazo sem revisão teórica ou filosófica;

Semi-agudas – que pedem ações de ajustes com uma taxa maior de urgência. Geralmente, são crises teóricas, com mudanças mais complexas a serem realizadas a médio prazo com revisão principalmente teórica e algumas vezes filosófica;

Agudas – que pedem ações de ajustes com uma alta taxa de urgência. Geralmente, são crises filosóficas, com mudanças ainda mais complexas a serem realizadas a longo prazo com revisão principalmente filosóficas.

Das fases de uma crise:

Pré-crise – momento em que os desequilíbrios estão latentes, porém ainda poucos visíveis para os envolvidos. Nessa fase os envolvidos convivem com uma taxa razoável de aceitação dos resultados dos processos e, portanto, estão mais passivos às mudanças do que ativos;

Crise – momento em que os desequilíbrios passam a ser cada vez mais visíveis – por um ou mais fatos específicos – e os envolvidos passam a conviver com uma taxa de não aceitação e, portanto, mais ativos e dispostos às mudanças necessárias do que passivos;

Pós-crise – é feito um diagnóstico (consistente, ou não) e, a partir dele, medidas são tomadas para dirimir a crise, retornando de novo a uma taxa razoável de aceitação e, portanto, voltam a estar passivos às mudanças do que ativos. Dependendo do diagnóstico da crise (filosófica, teórica e prática) ela tende a retornar ao mesmo patamar (crises neuróticas) ou para um novo gerando (crises novas).

Das 3 causas de uma crise:

  • filosóficas (de princípios e visões);
  • teóricas (de métodos, conceitos e suas relações);
  • E práticas (de cumprimento dos métodos e normas).

As crises filosóficas:

Exigem amplas mudanças inicialmente de princípios, que obrigam revisões teóricas (conceitos e relações) e suas aplicações práticas;

Crises filosóficas são crises agudas, pois exigem grandes mudanças;

Se este for o caso, é preciso repensar princípios;

Toda crise filosófica é, no fundo, uma crise de princípios, que precisam ser revisados;

Ac crises teóricas:

Pensamos de um jeito que os fatos demonstram ser inviável continuar com os mesmos e suas relações;

Se este for o caso, é preciso repensar conceitos e relações;

Toda crise teórica é precisa revisar conceitos e a maneira pela qual se relacionam;

Crises teóricas evidenciam que os conceitos e suas relações não são mais eficazes para resolver problemas;

Crises teóricas pedem amplas mudanças conceituais, que serão refletidas nas práticas;

Crises teóricas são crises agudas, pois exigem grandes mudanças.

A crise prática:

Já a crise de execução de uma dada mentalidade é não obter os resultados desejados;

A crise de execução da mentalidade é uma crise prática dentro de uma teoria vigente;

Crises práticas exigem mudanças  incrementais na escolha e formação das pessoas, nos métodos e tecnologias adotadas.

Crises novas:

As crises novas são provocadas por novos impasses nunca antes ocorridos.

Crises neuróticas:

As crises neuróticas são provocadas por novos impasses que se repetem.

 

Há diferentes tipos de crises novas:

Há crises nunca ocorridas com nenhum humano – são crises novas para toda a humanidade que necessitam criar informação e conhecimento, baseada em analogias de fenômenos similares.

Há crises novas já ocorridas com parte da humanidade, mas não foram ainda difundidas adequadamente e exigem pesquisa.

Há crises novas já ocorridas com parte da humanidade e já difundidas e ocorrem por desinformação.

Crises neuróticas:

São provocadas por antigos impasses já ocorridos, mas não diagnosticados e resolvidos a contento – são crises neuróticas, de repetição.

Crises naturais:

São provocadas por fenômenos da natureza – que as ações são apenas preventivas, não é possível evitar o fenômeno detonador;

Crises globais ou macro-crises:

Afetam todo o planeta ou boa parte das regiões.

Dos interesses humanos e as crises:

Quanto mais interesses políticos e econômicos tivermos embutidos na mentalidade geradora da crise, mais difícil será contorná-la. Mais se divulgará se tratar de crise prática e não teórica, muito menos filosófica.

Da comunicação e as crises:

Quanto mais houver a prática de comunicação e do diálogo entre os envolvidos com a crise, mais fácil será contorná-la. E vice-versa.

Do diagnóstico da crise:

Contar com pessoas experientes em crises – não envolvidas e prejudicadas pela mesma – torna mais fácil de ser diagnosticada e contornada.

Dos traumas afetivos e a crise:

Quanto mais houver entre os envolvidos  a prática do auto-conhecimento
mais fácil será contorná-la. E vice-versa.

Da vontade de não mudar e a crise:

Por uma questão de economia de energia o ser humano sempre tende a negar, (não ver), minimizar e tentar contornar a crise com o mínimo esforço. Porém, cada crise deve ter a dose de energia necessária para sua superação, conforme seu diagnóstico;

Das falsas crises:

Falsa crise é um fato que tem pouca consequência para os envolvidos, mas é tratado como se tivesse. Falsas crises são utilizadas frequentemente como ferramentas do jogo político do que impactos reais.

Dos bodes expiatórios:

Crises geralmente são sistêmicas. Procurar um ponto específico pode
gerar um diagnóstico ineficaz.

Do grau das crises:

Quanto mais as crises atingirem fatores ligados à vida e a sobrevivência, mais aguda será.

Da gravidade da crise:

Quanto mais os processos são repensados e alterados com regularidade menor tende ser a gravidade da crise;

Da revolução cognitiva e as crises:

A Revolução Cognitiva é uma macro-crise global que evidencia o fim de um ambiente filosófico, no qual o controle da informação muito centralizado permite um desequilíbrio maior entre a taxa dos princípios e dos interesses. A RC Digital gera uma nova crise, ainda não conhecida, o que gera, por sua vez, uma crise teórica preceitos fundamentais de várias ciências.

Frases aleatórias sobre crise:

O ponto final do ônibus da decadência é a crise;
A decadência vai formando nuvens carregadas de crises;
Acredite: a crise é uma boa professorinha;

A crise é um dado desequilíbrio que se tornou evidente;

Toda crise reflete a decadência de algum tipo de mentalidade;

A primeira reação à crise é negar;  a segunda, maquiar e a terceira, quando não há mais alternativa, agir;

Só existe uma forma consistente de sair de qualquer crise: conversando;

Uma crise é uma mudança de percepção que perdeu a validade;

A perversidade adora jogar a crise pela janela na cabeça do outro;

Quem sai da crise com a mesma percepção, tem tudo para entrar em outra parecida;

Toda crise é uma crise de percepção;

Na crise, algum limite não foi respeitado;

A arrogância é a mãe de todas as crises;

As crises não respeitam especialidades;

Nenhuma crise vem sem telefonar ou mandar SMS antes;

É na crise que se proliferam as fazendas de bodes expiatórios;

A crise é a vida dando um toque;

A crise não vivida é um bumerangue;

Quem não quer mudar está grávido de crises;

A pior crise é a repetida;

Se o seu negócio tem a ver com o Brasil, ele tem tudo a ver com redes sociais.  E você tem que ter uma estratégia para isso, e para ontem – Silvio Meira – da coleção de frases;

Versão 1.1 – 21/12/2011 – Ainda rascunho – colabore com a revisão!

Estive em São Paulo semana passada em uma rodada de conversas com diferentes gestores e pensadores, que atuam em mercados distintos.

Fui, na verdade, concluir o meu ano de 2011, que chamei de “estudático”, no qual termino, depois de longo esforço, incluindo uma tese de doutorado, com uma visão macro geral sobre a chegada da Revolução Cognitiva e o esboço da metodologia “Gestão da Desintermediação”  para implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas.

Ufa…

E abro o ano de 2012, que pretendo que seja um ano mais “aplicático” , de forma a gerar valor para a sociedade, principalmente para as organizações na sua visão de cenário e, por sua vez, nas decisões estratégicas e na implantação de projetos tanto para os  negócios, como para a  gestão.

Comentei nos diferentes encontros  que nosso atual modelo hegemônico de pensar é filho da filosofia pragmática americana, que parte do micro para o macro, das  partes para entender o todo. Focamos muito mais  em cases e, a partir deles, vai se construindo a teoria.

Nada contra, desde que seja eficaz.

Até aqui, tem funcionado bem em um mundo incremental, vide resultados da inovação americana para conseguir novos produtos.

Mas nem sempre o mesmo xarope serve para todas as tosses!

O método que adotei na minha tese de doutorado e nos meus estudos é o inverso.

Parte de um modelo mais europeu.

É mais dedutivo, pois parte do todo geral para as partes –  da visão geral para a específica, a procura raízes históricas. E mais útil para montar cenários mais amplos e apoiar estratégias mais alinhadas com o futuro.

Pierre Lévy é uma expressão clara dessa maneira de pensar.

Filosofias, entretanto,  são ferramentas, que podem ser mais ou menos eficazes, conforme a conjuntura.

Em momentos de grande mudança, como a atual, na qual a sociedade está mudando com muitas variantes,  ter uma visão geral e depois descer aos detalhes pode ser um fator fundamental para economizar tempo e – principalmente – dinheiro.

A base da macro-teoria sobre a Revolução Cognitiva parte da premissa que  estamos no epicentro dessa mudança –  fenômeno raro na sociedade, trazido por uma tecnologia cognitiva desintermediadora/disruptiva, que altera a forma que nos comunicamos,  informamos, conhecemos, aprendemos e produzimos.

A última ocorreu em 1450, na Europa, com a chegada do papel impresso e nos trouxe a república e o capitalismo.

Tal fenômeno tem um poder de alterar a maneira de como realizamos o controle social, pois gera um descontrole informacional e, assim, abre a porta para que novas ideias circulem globalmente na sociedade, propiciando uma ampla  oxigenação social.

Induz, assim, a um efeito dominó.

E onde o ciclo começa?

Suponho que o fator predominante é o irreversível  crescimento populacional.

(Bom lembrar que saltamos em 200 anos 7 vezes, de 1 bilhão em 1800 para 7 bilhões, em 2011.)

Dessa maneira, temos um efeito cascata, que fomos descobrindo ao longo da pesquisa.

Mais população + demandas + necessidade de produção + mais inovação + necessidade de um ambiente de informação mais dinâmico +  mudança na forma de gestão e de representação, através da desintermediação, como podemos ver no quadro abaixo:

 

Ou seja, mais população nos obriga a sermos mais flexíveis na maneira de fazer a gestão social e organizacional para podermos inovar e atender as maiores  e maios complexas demandas de uma população cada vez maior.

Mais população, por fim, é igual a mais democracia!

Isso pode permanecer apenas latente, mas a roda da história gira mais rápido com a chegada de uma Revolução Cognitiva que abre a porteira das ideias e daí a das mudanças sociais.

Podemos representar esse fenômeno, em uma curva histórica informacional/comunciacional, como veremos abaixo, apresentando as possíveis etapas de uma Revolução Cognitiva, de 1450 a 2004,  que passam supostamente, a nível macro,  pelas etapas de:

  • Oxigenação;
  • Mudanças;
  • Consolidação;
  • E decadência, momento que estamos vivendo hoje, paralelamente, com o surgimento de uma nova Revolução Cognitiva:

As organizações, é fato,  não têm tido uma clara visão desse futuro.
Falta tempo para se preocupar com algo tão amplo e que não se sabe exatamente os efeitos que terá em cada setor específico e no futuro de cada organização.
Nas diversas conversas que tive pude evidenciar (o que já venho escrevendo)  que:

– Temos hoje as empresas muito voltadas para o curto prazo;

– São poucas as que se dedicam de forma mais efetiva ao estudo dos cenários e estratégias;

– E as que fazem  são ainda poucas as que teriam espaço para absorver uma visão mais macro e incorporam o fator Revolução Cognitiva.

Motivo: o cálculo do futuro está incorreto, ou pouco eficaz, já que é este o responsável pela construção de cenário e este da estratégia.
O cálculo do futuro, portanto,  é a soma das variantes que formam o cenário possível do que vai ocorrer (economia, mercado, política, matérias primas, mão de obra, clima, população, etc).
O fator comunicação/informação sempre foi visto na sociedade como uma constante e não uma variável a ser incluída na fórmula.
(A síntese constante/variável foi sugerida por um dos participantes das conversas)
Ou seja, atualmente no nosso cálculo do futuro o fator da ruptura nos ambientes da comunicação/informação  é igual a zero.
Obviamente, que para projeto o futuro considerar a chegada da Internet algo que não deve ser considerado é muito ineficaz.
O que nos leva a ter um erro grosseiro nesse cálculo, no cenário, na estratégia, que se desdobra nas decisões de negócios e na gestão, em alguns setores mais em outros menos, agora, amanhã, ou depois de amanhã, conforme cada caso.
É preciso, assim, depois da visão geral,  desenvolver cenários dos impactos da Revolução Cognitiva setorialmente e definir o quando e o como.
Do quando preciso começar, de fato, a tomar atitudes. E, obviamente, quais exatamente.


 

E  aí temos dois fatores distintos que temos que analisar.

Quais seriam, assim,  as variantes que me ocorrem na primeira abordagem sob esse ponto de vista?

Os setores que mudarão mais rapidamente, a princípio,  são aqueles que tiverem mais intangibilidade dos produtos:

Quanto mais próximo estiver um setor de bens intangíveis, portanto, digitalizáveis, mais fortemente e rapidamente será atingido: música, cinema, jornais, livros, dinheiro, software, etc.

O contrário também se aplica.

Quanto mais  próximo estiver um setor de bens tangíveis, portanto, menos digitalizáveis, menos fortemente e rapidamente será atingido: minério, petróleo, avião, carro.

Os setores que mudarão mais rapidamente aqueles que atenderem o consumidor final:

Quanto mais próximo do consumidor final que está cada vez mais empoderado, mais fortemente e rapidamente será atingido: varejo.

O contrário também se aplica.

Quanto mais próximo do consumidor atacadista (que vendem para pessoas jurídicas, quanto maior mais longe) que não é tão atingido pelo empoderamento, mais fortemente e rapidamente será atingido: varejo.

Outros fatores podem ser analisados, tal como nível de competitividade do mercado, grau de inovação habitual do setor, ambiente público e privado.

Isso abre um novo campo de reflexão, estudos e, principalmente, ações que podemos chamar de macro-tendências setoriais que começarei a atuar com alguns parceiros ano que vem e descer depois a análise para cada empresa particular, fazendo um diagnóstico mais próximos dos riscos e oportunidades e ações corretivas.

É isso.

Que dizes?

 Quando as palavras perdem seu significado, as pessoas perdem sua liberdade – Confúncio – da coleção;

Versão 1.2 – 19/12/2011 – Ainda rascunho – colabore com a revisão!

(Texto faz parte do meu novo e-book – Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso.) 

Procurei semana passada aperfeiçoar minha teoria sobre os efeitos da Revolução Cognitiva neste post, trabalhando relações entre diferentes fatores para criar uma lei que norteie eventos, a princípio, não relacionados entre si, tais como população, produção, inovação, informação/comunicação/conhecimento e representação democrática.

E vou procurar aqui neste novo apresentar uma possível sequência de fatores que ocorrem após uma  Revolução Cognitiva, evento raro e incomum, que marca a chegada massificada de uma tecnologia cognitiva disruptiva/desintermediadora, que tem como principal característica permitir de forma ampla uma oxigenação de novas  ideias na sociedade.

Vejam um macro-quadro abaixo das etapas que, até agora, pude constatar, que são: oxigenação, mudanças, consolidação e decadência. No nosso caso, estamos vivendo a última etapa: decadência.

Para explicar o quadro, podemos dizer que a primeira consequência de uma Revolução Cognitiva,  é a gradual perda de controle estabelecido dos canais tradicionais de informação e de comunicação.

Tal fato abre um largo processo de oxigenação de ideias, por novos atores, novas iniciativas, projetos, movimentos, que passam a ter um novo canal de expressão, que antes não havia.

Novos atores surgem neste novo cenário e começam a trazer novas maneiras de pensar para a sociedade. Abre-se um espaço mais meritocrático e demandas  sociais que estavam adormecidas – que não tinham espaço para se expressar nas mídias tradicionais –  começam a mostrar que algo precisa ser ajustado para minimizá-los.

Há um longo processo de re-conceituação social, revendo os princípios que foram perdidos com o controle tradicional, resultando em processo de mudanças profundas em todas as áreas, incluindo economia, política, social,  gestão das corporações.

O processo  culmina em um movimento de mudanças sistêmicas, através da criação de novas leis e forma de gestão da sociedade, que abre novas oportunidades de ajustes na política e economia, arrastando as outras áreas da sociedade.

O novo ambiente social gerado cria uma espécie de consolidação dos novos meios de controle social, através do domínio por um grupo da sociedade do controle da informação e da comunicação, criando um movimento inverso ao da oxigenação, que podemos chamar de “desoxigenação”  da sociedade e fechando a visão de mundo cada vez mais.

Tal “desoxigenação” nos leva a uma fase de decadência, pois inicia-se um processo que as estruturas sociais passam a ter mais força de expressar suas ideias do que a maioria,  sofrimentos passam a não ter mais expressão, a inovação é reduzida e entramos em uma fase de decadência.

Tal visão só é possível se pensarmos o mundo de forma global e macro, pois outros elementos atuam no decorrer de duas Revoluções Cognitivas.

A visão macro não explica determinados fatores micros, mas aponta tendências de mudanças que acontecerão influenciadas pela mudança da tecnologia cognitiva disruptiva/desintermediadora.

E isso era invisível antes dos estudos que estão sendo feitos na história da informação e da comunicação.

O principal fator latente para o surgimento de uma Revolução Cognitiva é o crescimento da população.

Se a população continua a crescer, aumenta-se a latência por uma tecnologia cognitiva desintermediadora.

O interessante é que ao final do processo de uma dada Revolução Cognitiva, quando se inicia outra,  há um cruzamento perverso entre a decadência (espaço de poucas ideias circulando)  que não permite a inovação mais radical e, em contra-posição,  o aumento da demanda social pela necessidade de mais qualidade e quantidade produtiva.

É o momento mais agudo de crise entre a latência de mudança e uma resistência do ambiente a ela.

Aumentam-se, assim, os sofrimentos endêmicos (podemos dizer assim)  e  a latência por macro-mudanças. Tudo isso gera uma macro-crise sistêmica em todos estes campos: produção, inovação, informação/conhecimento/comunicação e, por fim,  representação.

Essa latência reprimida quando pode adere (de forma inconsciente)  massivamente e rapidamente a uma nova Revolução Cognitiva, através de seus novos meios mais abertos,  pois é através delas que se retoma a oxigenação para lidar de uma nova maneira com os velhos problemas.

Como vemos abaixo:

Note que o desequilíbrio demográfico aumenta justamente com a fase mais baixa da decadência de ideias e do próprio ambiente, o que torna uma nova Revolução Cognitiva necessária para reequilibrar o sistema.

Ou seja, o desequilíbrio se dá com a contradição entre o pico de novas demandas com a incapacidade completa do ambiente em ter capacidade para atendê-las.

(Vou falar mais sobre o desequilíbrio demográfico em outro post, mas há uma relação entre aumento da população e democracia. Quando não andam juntas o ambiente se desequilibra, criando crises constantes de representação, que não conseguem resolver os problemas mais amplos e mais urgentes da população. Falei mais sobre esse desequilíbrio aqui).

O que podemos caracterizar como decadência sistêmica?

Que é justamente o momento atual em que estamos vivendo.

As organizações sociais se fecham nelas mesmas, pois passam a cada vez mais a ter o controle sobre os meios de comunicação/informação interagem menos com a sociedade e ficam refratárias aos seus desejos.

Conseguem manter o poder não pelo convencimento, mas pela propaganda, manipulação e ocultamente de fatos.

Ficam, assim, imunes ao olhar de fora, pois não são oxigenadas pela sociedade.

E como resultado sistêmico vão (como é característica humana)  se voltando para os desejos e necessidades dos membros internos, fazendo das organização um fim em si mesmo e não um meio para solucionar problemas sociais e, assim, gerar valor.

Isso significa, como estamos vendo, na atual crise da representação, que marca o fim da Revolução Cognitiva do papel impresso:

 1) perda dos princípios originais;

2) falta de transparência;

3) dificuldade de mudanças;

4) uso da força (em caso de ditaduras) ou da comunicação manipuladora e não conscientizadora e incentivadora de adesão.

Se fizermos um primeiro estudo de épocas, podemos dizer que nossa sociedade foi marcada assim pela Revolução Cognitiva que termina:

 

E se queremos tentar traçar um futuro, podemos supor – repetindo o quadro – que entraremos no seguinte circuito, no início do fim da curva, mas agora de forma ascendente, entrando no processo de oxigenação:

 

É bom que se diga, que, obviamente, que nessa macro-visão há movimentos localizados dos mais diferentes tipos e regiões que expressam esse movimento global, pois o que é macro atinge também o micro.

Por fim, vivemos o momento de final de uma revolução e o início de uma nova, em que as forças antigas ignoram e começam a combater as novas.

Podemos supor que estamos, seguindo essa linha, às vésperas ou já vivendo o  início de uma grande renascença de novas ideias, que visam questionar valores que são considerados perpétuos na sociedade atual para criar um mundo mais compatível com o n0vo tamanho da população.

As mudanças virão depois que estes novos valores comecem a virar propostas concretas.

Por enquanto é isso, que dizes?

 

 

Quanto mais quero controlar, mais descontrole me aparece Nepôda safra 2011;

O que o mosquito da dengue, os aeroportos, os poços de petróleo, os postos de saúde, os postes de luz têm em comum?

Não conseguem mais ser fiscalizados pelos nossos métodos tradicionais de gerir a informação.

Temos um aumento muito grande de volume para cada vez menos fiscais.

E não adianta investir em mais fiscais, pois o volume continuará crescendo, inviabilizando o custo/bnefício.

Não adianta tentar evitar o crescimento do que deve ser fiscalizado, pois os fiscais não têm controle sobre o que está de fora.

Resultado: o modelo de fiscalização vai ficando cada vez mais obsoleto e o que era para ser fiscalizado não o é e tudo que a sociedade não gostaria que acontecesse em função disso, acontece.

Quando pensamos na implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas, tanto em empresas públicas ou privadas, estamos falando da implantação de uma nova cultura de controle, que permite que se administre mais informação com o número de fiscais existentes, mudando, entretanto, o perfil deste.

É preciso pedir ajuda “aos universitários”. 😉

Pedir ajuda a quem está perto destes locais para que avisem aos fiscais aonde e quando agir, ficando estes responsáveis, aí sim, para cumprir o seu papel nos lugares em que o problema é mais grave.

A estratégia de ação é modelada pela comunidade em torno destes problemas.

É a aplicação da lei da desintermediação, que abordei aqui.

Temos duas redes a serem implantadas  para contornar estes problemas, com respectivos métodos de controle, tecnologias e treinamento profissional adequado:

a rede de baixa adesão – que aponta pontualmente problemas, mas não se organiza enquanto um corpo ativo de apoio na fiscalização;

a rede de alta adesão – que constitui um corpo de usuários, que são continuamente próximos do problema, que mais facilmente podem informar cotidianamente possíveis desequilíbrios para uma ação do órgãos responsáveis.

É uma parceria de confiança, com metodologias de Karma Digital para filtrar os participantes que estejam trazendo ruído e estimular os que trazem significado.

Temos vários exemplos de ações desse tipo, já usando tecnologias digitais, ou não, vejamos:

Disque-denúncia – Rio de Janeiro – população avisa dos problemas de segurança, apontando a estratégia de ação dos órgãos de segurança;

Rádios de trânsito – São Paulo – motoristas, via celular, informam problemas no trânsito e grandes acidentes  “pautando” o jornalista que sai de helicóptero para cobri-los.

 

O que temos, na verdade, por baixo destes modelos, é:

  • Aumento de complexidade (mais problema com menos recursos)
  • Nova cultura de controle (co-criação, via plataformas colaborativas que servem para pedir ajuda aos usuários mais próximos da fiscalização a ser feita;
  • Mudança de perfil dos fiscais, que passam de fiscalizadores dos dados brutos para estimuladores e gerenciador dos dados filtrados pelas comunidades.
Tal método visa reduzir o desequilíbrio entre o custo/benefício do processo a ser fiscalizado, criando uma nova cultura de controle, que é mais compatível com os problemas complexos que temos pela frente.

A grande ciência dos fiscais 2.0 é conseguir fazer com que as redes de baixa adesão sejam atrativas para o engajamento em redes de alta adesão, contando com o aumento gradual do apoio da população para ajudar a solucionar os problemas.

Muitos dirão que várias questões legais, metodológicas, tecnológicas vão aparecer pela frente.

Vão sim, mas quanto antes resolvermos todas elas, mais rapidamente conseguiremos melhorar a fiscalização de processos que mais e mais têm gerado crises na sociedade.

Que dizem?

 Não podemos ficar tentando abrir portas do futuro com as chaves do passado – César Souza – da coleção;

Versão 1.3 –12/12/2011 – Ainda rascunho – texto agora será alterado e revisado dentro do e-book, verifique novas versões lá –>  Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso.  Artigo contou com críticas de Marcos Cavalcanti por e-mail.

Podemos afirmar que  tem ficado cada vez mais clara – ao se estudar mais e mais as causas e consequências do fenômeno das Redes Sociais Digitais –  que pode haver uma ligação em torno de muitos fatos, aparentemente desconexos,  desde a Primavera Árabe, como o surgimento de projetos inovadores, tais como o Linux, Google, Youtube e essa nova cultura mais aberta e colaborativa que temos presenciado.

São consequências de uma Revolução Cognitiva.

Estudei vários autores durante a minha tese de doutorado e considero que posso propor o debate e aprofundamento sobre uma lei da desintermediação social, na qual pode haver relação direta entre o aumento demográfico e, por consequência, uma necessidade cada vez mais latente de desintermediação social, que implica em criar novas formas de representação na gestão das organizações e da sociedade.

Tal lei – como hipótese –  será bastante útil para nos guiar melhor nas decisões a serem tomadas, tanto a nível macro, como no micro no presente e futuro, a partir dos efeitos de uma Revolução Cognitiva, que viabiliza mudanças, que antes eram impossíveis, em função do rígido controle.

Pode ajudar as organizações a tomarem decisões numa época em que não se sabe o que está e o que não está mudando.

A lei da desintermediação social, portanto,  apontaria para o seguinte:

1 – Quando se aumenta a população gradativamente, gera-se necessariamente novas demandas de serviços e produtos na sociedade que não existiam e passam a existir, no que podemos chamar de crise demográfica;

2- Tal demanda, por sua vez, obriga mudanças graduais nas instituições da sociedade para aumentar a produção e sua eficácia, gerando uma crise produtiva;

3- O aumento de produção implica uma revisão da maneira de se fazer a gestão de forma mais inovadora dos processos sociais e produtivos.  A gestão necessita, assim, inovar, procurar novas formas para desenvolver produtos e serviços para atender as novas demandas tanto em termos de qualidade, quanto de quantidade, criando uma crise emergente de inovação;

4-  A crise de inovação demanda abertura de canais de comunicação, de informação, de conhecimento, compartilhamento de ideias, de aprendizado,  para que possam de forma mais dinâmica procurar saídas para o problema, gerando uma crise informacional/comunicacional;

5- Tal crise inicia um processo de procura de uma nova forma de controle mas aberta e horizontal dos canais de comunicação e informação para que a inovação possa ser feita, gerando uma crise de intermediação;

6- A crise de intermediação precisa alterar os parâmetros de representação vigente, pois precisa de novas formas de exercício do poder para solucionar as crises que se acumulam, abrindo espaço para mais produção, inovação, informação e comunicação, novas formas de intermediação, gerando, assim,  uma crise de representação.

Ou seja, o aumento da população nos leva por consequência a uma crise de representação, que só se torna tangível com a chegada de uma Revolução Cognitiva.

As diversas macro/micro crises invisíveis que se relacionam, tendo como efeito principal uma mudança na forma da sociedade exercer  a representação de suas autoridades de maneira geral.

A nova representação significa menos intermediação nos processos produtivos, criando uma necessidade de desintermediação geral social, que é o que assistimos basicamente hoje, sendo esse o epicentro da mudança hoje, com o detonador do novo processo, com a chegada de uma tecnologia cognitiva desintermediadora.

Parte dessa lei foi baseada nas ideias de Galileu e Thompson (ver mais na tese) que admitiam que um sistema que sofre um aumento de volume  para continuar útil precisa mudar de forma.

O que estou aprimorando aqui na fórmula é que o papel do aumento da população na flexibilização na intermediação. Se pensarmos em termos de uma equação podemos tentar algo assim:

P = População;

V= Variantes;

TD = Taxa de desintermediação;

Que ficaria assim:

P = V  x TD

A variante dependerá de alguns fatores para que seja mais ou menos presente:

– cultura inovadora dos atores envolvidos em dado ambiente (pode ser grupo, país ou corporações);

– situação econômica, quanto mais problemas econômicos maior será o fator;

– capacidade de compreensão do fenômeno;

– métodos eficazes de mudança.

 A Internet, assim, é um caminho indutor de uma democratização/desintermediação social que ajuda a criar um ambiente mais inovador para resolver os complexos problemas que o aumento da população nos traz.

A taxa de desintermediação implica mudanças na produção, inovação, informação, conhecimento e comunicação e na representação social.

Existe, entretanto, um tempo de crise entre o aumento da população (que normalmente é gradual) e o aumento da taxa de desintermediação necessária para reequilibrar o sistema.

Esse período podemos chamar de período de crise, de decadência, de obsolescência do sistema, que pode ser de uma pessoa, de uma família, um grupo, uma organização, um partido político, uma instituição, um país e/ou todos os países.

Mudar a forma de controle é algo fortemente subjetivo, cultural e mexe com estruturas de poder e, principalmente, com interesses estabelecidos em função do controle tradicional.

Ou seja, há um tempo de crise, que podemos chamar de decadência sistêmica, que é o período de tempo até tomar-se as medidas necessárias para aumentar a taxa de desintermediação diante do volume informacional não mais administrável.

Temos, assim, nesse período  instalada uma crise de intermediação, que tende a criar cada vez mais problemas em todo o ambiente (estamos no epicentro dessa crise atualmente),  como demonstra o desenho abaixo:

 

  • Note que no desenho o volume do aumento da população vai aumentando e é utilizada a intermediação tradicional, que não consegue mais equilibrar o sistema, pois torna-se obsoleta para conseguir administrar o novo volume e os novos problemas que isso acarreta. Os problemas começam a ficar cada vez mais complexos e sem que o método de intermediação anterior consiga resolvê-los de forma tradicional;

 

  • Há nesse momento uma fase de desequilíbrio sistêmico que pode durar,  até que uma nova maneira de intermediação seja utilizada para administrar o sistema, desintermediando os intermediadores tradicionais e dando mais flexibilidade para que o sistema por si só consiga resolver os novos problemas causados pelo aumento do volume;

 

  • Quando tal fato ocorre o sistema começa a deixar a sua fase de desequilíbrio, que podemos chamar de crise ou de entropia, para começar a se reequilibrar novamente, mas em novo paradigma de controle informacional, através de novos conceitos, métodos e tecnologias.

Uma lei é válida se funciona para qualquer sistema, em qualquer tamanho.

Podemos afirmar que tal lei se aplica hoje desde os problemas macros do planeta ou no micro, em um pequeno grupo que vai promover, por exemplo, um churrasco.

Em termos macros, por exemplo, podemos dizer que o aumento de volume de informação no mundo se deve ao aumento da população  (de 1 bi há 200 anos para 7 bi em 2010) .

+ gente + demanda + produtos + inovação + necessidade de informação =  desintermediação.

Tal fato nos leva a uma macro-crise de intermediação, que é uma das principais causas (e ainda invisível)  de várias crises que vivemos hoje na sociedade entre uma cultura de controle tradicional obsoleta que não quer se deixar matar e outra que quer nascer, mas não deixam.

Estamos, atualmente, tentando  resolver novos e velhos problemas com a cultura de controle que conhecemos, mas esta não é mais adequada para a complexidade dos problemas que temos pela frente, tanto em quantidade, como em qualidade, pois mais volume significa mais opções e mais sofisticação das demandas.

A cultura de intermediação passada não consegue mais resolver, a contento, os novos problemas e o sistema entra em decadência em vários níveis, entre eles, além do informacional/comunicacional: político, econômico, social.

Há, assim, o surgimento de novos conceitos,  tecnologias, metodologias, novos perfis profissionais para reequilibrar o sistema, que precisam ser adotados, que são as alternativas que a nova geração tem apresentado, através de uma nova formar de gerir os  sistemas informacionais, de forma mais aberta, livre, horizontal e colaborativa.

Não há escapatória, pois não é possível reduzir o volume, a não ser que tenhamos uma macro-catástrofe que reduza radicalmente o tamanho da população.

A nível micro dá-se o mesmo, um churrasco para 20 pessoas exige um tipo de intermediação, para 200 outro completamente diferente, pois um não come carne vermelha, outro só picanha, aquele precisa de coca diet, o outro de coca zero, etc.

A lei da desintermediação é peça-chave para nos ajudar a diagnosticar a crise que estamos passando, em função do aumento radical de volume, que veio degradando os ambientes informacionais nas últimas décadas.

Agora se apresenta uma alternativa para um reequilíbrio mais amplo, com a chegada de novas tecnologias cognitivas, que nos permite criar uma nova cultura de controle.

Acredito que,  só assim, com uma boa base do que de fato está acontecendo, podemos  procurar saídas no final do túnel que nos metemos.

Que dizes?

 

 

Povos que caçam animais grandes têm relações sociais complexas – muita gente (muitas especializações) tem de colaborar para abater uma girafa – Clemente Nóbrega – da coleção;

Versão 1.2 – 13/12/2011 – Ainda rascunho – colabore com a revisão!

(Texto faz parte do meu novo e-book – Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso.) 

Um dos problemas principais na implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas Internas (que vêm substituir as atuais intranets estáticas e obsoletas) é a falsa questão, que os funcionários envolvidos no projeto apresentam logo no início da discussão.

“Opa, assim não dá, ou eu bem trabalho, ou eu bem colaboro!!!!”.

A partir dessa resistência, que é extremamente válida e interessante, podemos tirar algumas boas lições para facilitar a adoção da nova cultura digital em rede.

O usuário está nos dizendo de maneira sábia (e precisamos saber escutar) que existe uma visão equivocada que temos tido ao implantar Redes Sociais Digitais Corporativas Internas.

E é por isso, aliás,  que muitos “projetos colaborativos internos” ficam às moscas.

Há um erro grave na nossa maneira de pensar trabalho nas corporações e quando se pensa em implantar uma nova cultura esse erro aparece.

Fato: a maior parte dos trabalhadores do século XXI trabalham diante de uma tela de computador!  Trabalho nas empresas é a produção de arquivos de computador, estamos certos?

Um funcionário pode dizer que trabalhou quando salva alguma coisa em algum lugar, seja dentro de um programa do Windows ou em um sistema proprietário na empresa, mas a sua produção é digital, tirando uma pequena parcela que ainda manipula objetos diretamente.

Quando salva o seu “trabalho” ele avisa a alguém de alguma forma, geralmente por e-mail ou o sistema se encarrega dos alertas.

Um trabalhador do século XXI é pago, assim,  para salvar arquivos e realizar uma série de atividades, reuniões, em torno desse função: registrar de alguma forma algo em um computador da corporação, que deve ser feito no menor tempo possível e de tal forma a gerar o maior valor possível.

Isso podemos dizer que é o trabalho.

Trabalho é, assim, registrar informações em um computador.

Certo?

O problema é que todos nós salvamos o fruto de nosso trabalho:

a) em um HD ou em um programa proprietário com restrições de acesso;

b) ou quando está mais evoluído o sistema,  numa rede interna da organização, gerenciada por um Windows Explore no caso de arquivos de computadores pessoais, quase sempre ainda os arquivos são exclusivos para o uso de um departamento.

Ou seja, na maior parte das organizações não há ainda nenhuma facilidade colaborativa é colocada nestes arquivos.

Ou seja, o trabalho produzido não é feito de forma colaborativa. É aí que os projetos 2.0 devem começar: transformando a ação de salvar arquivos, recuperar, ler, usar e guardar de novo em algo mais inteligente e participativo do que é hoje!

Eles ficam lá sem criar um karma digital em cima deles.

Isso é, a meu ver, a principal tarefa ao se falar em empresas 2.0: tornar o trabalho (salvar arquivos) e seu respectivo uso posterior mais inteligente, através do compartilhamento e colaboração!

(O mesmo vale para as pessoas, através de um contínuo acompanhamento de suas ações e da reação da comunidade corporativa em torno delas.)

Hoje, quando falamos em ampliar a gestão das organizações com todas as suas variantes: gestão da informação, do conhecimento, da inovação, dos recursos humanos, na verdade, estamos falando na produção cada vez eficaz dos arquivos que são gerados em menos tempo e com mais geração de valor, estamos certos?

E da validação da comunidade dos membros ativos desse ambiente.

O tempo de produção destes arquivos podemos admitir que é o custo principal que as empresas têm para realizar as suas atividades.

 benefício é o que estes arquivos podem gerar de valor para a sociedade e, como consequência, obter lucro (seja financeiro, no caso privado ou social na área pública).

Ao pensarmos em colaboração no trabalho ou trabalho colaborativo estamos, de fato, falando em formas de que a produção destes arquivos será feita mais participativa possível, utilizando as novas tecnologias das Redes Sociais Digitais Corporativas Internas oferecem.

Hoje, entretanto, o gerenciamento destes arquivos – que é uma área muito ligada à gestão da informação – é visto como algo isolado da visão da melhoria da gestão ou de projetos 2.0.

Salvar arquivos não é considerado o verdadeiro trabalho!

Ao tentarmos melhorar a gestão, não se olha muitas vezes para a ação principal (salvar arquivos) e não se analisa como devemos reduzir o tempo desse trabalho, reduzindo redundâncias e qualificando cada vez mais o esforço de cada um, fazendo aumentar o seu potencial, sem perder tempo com trabalho redundante e de menor esforço.

Uma boa medida é reduzindo o tempo que cada um demora para produzir os seus arquivos e como estes arquivos podem ser reaproveitados por todos. Isso, a meu ver, é o que estamos chamando de colaboração no trabalho ou trabalho colaborativo, tem lógica?

Ou seja, quando se fala na gestão estamos falando em um melhor equilíbrio entre o custo (horas de trabalho diante da tela) e o benefício que isso gera para a organização (resultados ao final de cada período de medição, em termos de dinheiro).

É preciso, como primeiro passo, criar um diretório inteligente que permita que a cada visita o arquivo salvo, seja onde for,  vá ganhando significado (quantos já baixaram, quem já usou, o que achou, o que melhorou, quantas versões já teve, qual é a avaliação que fizeram dele?)

Veja o exemplo do site Download.com:

Note que um arquivo de programa a ser baixado é um registro vivo, pois recebe qualificação, permitindo que cada visita signifique algo para todos.

Se alguém reduz o tempo do seu trabalho, achando um documento que reduza o tempo para fazer um novo, todos estão ganhando tempo para sobrar para algo mais inteligente, seja melhorando o documento, seja para outra atividade mais nobre.

Podemos dizer assim que trabalhamos de forma pouco inteligente, repetitiva, não tiramos dos colaboradores o seu verdadeiro potencial.

A cultura de controle passada da informação, da comunicação e da própria gestão tornou as empresas muito feudalizadas, hierárquicas, fechadas para a sociedade.

Tudo faz sentido se o controle da informação não muda, quando muda tudo começa a perder o sentido, pois os clientes passam a ver outro sentido quando se informam ganham maturidade.

Estas são características de o fim de uma longa época de um controle muito rígido sobre os colaboradores e a sociedade, feita pelas corporações, via seus canais de comunicação e marketing, tanto interno como externos.

Esse hiper-controle teve um preço.

As organizações ficaram engessadas e os princípios (e consequente geração de valor real) deixaram de ser a principal medição de seus resultados.

O que estamos vivendo hoje com a chegada da nova cultura é a revisão desse modelo, que tende a ficar obsoleto para geração da competição.

Na área da gestão alguns novos conceitos precisam ser trabalhados:

  • A ideia de que co-laborar é uma coisa e trabalhar outra deve ser combatida. Co-laborar é trabalhar juntos. O que se pretende é melhorar a forma do trabalho hoje: pouco inteligente, repetitiva, retrabalhosa;
  • Tal despropósito é originado pelo equívoco de que  que as redes sociais corporativas internas vêm resolver problemas de conhecimento e de relacionamento e não mudar a maneira de se  trabalhar, agir. Estamos entrando em uma nova forma de trabalhar mais inteligente, anota isso!;
  • E de que as bases de dados já existentes na organização não devem ser alvo de ação de compartilhamento;
  • Por fim, existe uma diferença entre colaboração voluntária (aquela que efetivamente exige que a pessoa faça algo fora das suas atividades obrigatórias) e a involuntária (que são as obrigatórias e devem ser estimuladas a serem compartilhadas).
Se quiser mais detalhes, fiz um detalhamento abaixo de cada ponto.

A ideia de que co-laborar é uma coisa e trabalhar outra;

Co-laborar, como já diz o dicionário,  é trabalhar junto.

  • CO – JUNTOS
  • LABORAR – TRABALHAR

Um dos diagnósticos que precisa ser feito nas organizações é constatar que é o método e a maneira que pensamos o trabalho hoje tem sido cada vez mais ineficaz.

Achamos que trabalhar é o ato de eu-laborar  sozinho, na minha eu-quipe, no meu feudo, com meus documentos, minha rotina, meu chefe, meu HD, minha mesa de trabalho, etc.

Quando começa o discurso que temos que co-laborar, imagina-se que vamos ter que trabalhar e ainda colaborar. Ou seja, horas-extras!!!!  Mais coisas para todos fazerem sem sentido!

Porém,  a implantação eficaz de Redes Sociais Digitais Corporativas Internas visa mudar a maneira de trabalhar.

Ponto!

Não são, assim, processos  separados colaborar versus trabalhar!!!

O problema é que a maneira que trabalhamos hoje, desculpem os mais sensíveis, é burra, ou de forma mais delicada, pouco eficaz, pois não se cria sinergia entre as diferentes forças.

É cada um por si e todos contra todos.

Precisamos de uma forma inteligente migrar para algo mais esperto, na qual haja um novo equilíbrio mais compensador entre o custo/benefício!

Tal visão, aliás,  é, entre outras coisas,  consequência da continuidade de gestões hierárquicas, com pouca circulação de ideias, graças às tecnologias cognitivas de plantão, que eram verticais e agora estão sendo substituídas por outras mais horizontais e mais dinâmicas.

Eis a curva no caminho!

Essa é a passagem cultural que estamos vivendo!

Temos que entender que as organizações chegaram ao limite do trabalho feudalizado,  repetitivo, sub-utilizando o potencial das pessoas. Isso tem gerado pouco valor, pois o custo/benefício para solução de problemas cada vez mais complexos está ficando cada vez mais desequilibrado! E temos alternativas hoje nas redes sociais digitais que vão colocar na berlinda cada vez mais essa maneira de pensar e agir!

Basta olhar em volta os modelos em rede, desde a Wikipédia, ao Linux, ao Mercado Livre, a Estante Virtual, bem como, a loja dos desenvolvedores de aplicativos para os produtos da Apple, o Fiat Mio, o carro colaborativo da Fiat, entre outros projetos como o do Google (colaborativo até a raiz da fibra ótica).

Um projeto de implantação desse tipo, portanto,  pressupõe como premissa que o trabalho será facilitado, melhorado, feito de forma mais inteligente e mais dinâmica, mudando principalmente procedimentos de trabalho.

Inicialmente mexendo em ações menos culturais, naquelas que as pessoas  precisam mudar menos e ir gradualmente conseguindo sofisticar e ganhar mais e e mais o envolvimento para construir novo modelo de trabalho, em toda a informação produzida possam mais e mais serem fortemente potencializadas.

Se o projeto que você está fazendo de implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas Internas não está se caminhando nessa direção tem algo de equivocado no conceito, na metodologia e na tecnologia que vai ou está sendo empregada.

E a tendência é ele ser pouco eficaz!

Anota: Redes sociais digitais corporativas internas NÃO vêm resolver  apenas  problemas de conhecimento e de relacionamento, mas mudar a forma de se trabalhar:

Outro equívoco recorrente é de que a implantação de  Redes Sociais Digitais Corporativas Internas é de que estaremos resolvendo problemas basicamente de conhecimento ou de relacionamento e não mudando a forma de como as pessoas trabalham.

Por isso a grita geral dos diretamente envolvidos, pois observa-se que, ao invés de estar facilitando o trabalho, está se dando mais trabalho para pessoas já assoberbadas de trabalho burro.

E é esse o calcanhar de aquiles do problema!

Note que as três redes (de ação, de relacionamento e conhecimento) detalhadas aqui  fazem parte um um mapa conceitual dos fluxos das organizações, sendo que as duas últimas (relacionamento e conhecimento) dão suporte à primeira (redes de ação, que é aonde ocorre o trabalho que produz os resultados das organizações).

Assim, ao implantar uma nova cultura digital de resolução de problemas estamos basicamente mudando a forma com que as pessoas trabalham, mudando o processo de atuação das redes de ação, e, por consequência,  melhorando também, automaticamente,  as redes de relacionamento e conhecimento e não o contrário, como temos visto!

Hoje, há uma tendência de tentar resolver apenas e unicamente as redes de conhecimento e relacionamento e daí vem o conflito entre trabalhar e colaborar.

Um projeto eficaz de implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas Internas fará que o funcionário ao colaborar esteja trabalhando e ao trabalhar esteja colaborando, sem conflito entre as duas ações que devem ser a mesma, criando sinergia e não alergia!

O problema, como temos visto na gestão da desintermediação é que imagina-se que as Redes Sociais Digitais são algo folclórico e não o futuro da forma de trabalho da organização, procurando-se colocá-las em processos secundárias por absoluta falta de clareza do cenário mais amplo, como temos detalhado na metodologia.

Como começar então para conseguir começar da forma mais suave possível a passagem?

Utilizando as bases de dados já existentes para realizar essa tarefa, que é uma mudança gradual e significativa, que implica numa mudança de posicionamento dos profissionais internos responsáveis pela comunicação, informação, conhecimento, inovação, gestão, etc.

A passagem de gestores de pessoas para gestores de plataformas cola

É preciso criar um uso mais inteligente das Bases de dados já existentes  para tornar a organização mais dinâmica!

Anote essa máxima:

Ninguém gosta de dar uma informação duas vezes para um mesmo sistema!

O usuário – qualquer um – já colabora muito com a organização ao trabalhar e colocar dados no sistema, a cada final de dia.

O que um projeto de Redes Sociais Digitais Corporativas Internas de fazer é reutilizar estes dados para dar mais sentido a eles, criando mais integração e, aos poucos, melhorando gradativamente a qualidade dos dados que entram.

É fato: a maioria das empresas armazena o esforço de seus empregados em bases de dados, mas não utilizam o potencial ali armazenado para gerar colaboração e significado!

Estão lá, quase sempre:

  • Quem é cada um (nome, idade, foto, tempo de casa);
  • Onde trabalham atualmente (setor, tempo, etc);
  • O que estão produzindo hoje (projetos que estão envolvidos);
  • Para onde viajaram (prestação de contas de viagem);
  • Que cursos fizeram (prestação de contas de cursos).

Normalmente, estas informações são obrigatórias, pois precisam ser preenchidas pelos usuários, mas elas não estão automaticamente visíveis na Intranet, ou armazenadas de forma a dar um significado.

São espalhadas de forma pouco inteligente em diversos setores que não se dão conta da mina de ouro que têm nas mãos, pois falta um olha integrador, que vai ajudar a pensar estes dados para dar um outro significado a eles.

Tais dados são geralmente processados de forma burocrática e não forma um conjunto coerente.

No projeto que fizemos de implantação de blogs em um cliente ano passado, por exemplo, resolvemos mudar essa visão.

 

Criamos no cliente mesas virtuais para cada funcionário.

A mesa virtual, que usava tecnologia dos blogs, tinha duas formas de publicação dos dados.

  • Os involuntários – coletados diretamente da base de dados da empresa, da qual os funcionários tinham, ou não acesso – 80% do que consta da mesa virtual, coletados e atualizados automaticamente pelas bases de dados;
  • Os voluntários – os dados que cada um podem preencher por iniciativa própria, tal como  “posts” do blog individual de cada um em sua mesa virtual.

Não fizemos  integração dos códigos das bases de dados, o que seria muito caro e impraticável. Fizemos apenas a integração conceitual, utilizando as novas ferramentas da Web, tal como o RSS – Really Simple Syndication.

(Isso pode ser feito com ferramentas mais robustas tal como o Lotus Connection, da IBM,  ou o ByYou da Totvs, porém já implica em algo mais estruturado e dispendioso.)

O uso do RSS tem a vantagem de resultados baratos e rápidos, pois coleta os dados e publica automaticamente na mesa virtual de cada um dos funcionários, criando também uma página integradora que pode anunciar transferências, novos cursos feitos, viagens realizadas,e tc…

Ou seja, potencializa-se o legado de TI existente, dando um colorido mais útil para gerar um significado maior.

Extraímos os dados dos bancos de dados para que virassem informação relevante, sem aumentar o esforço do trabalho de cada funcionário, pois ele não mudou a forma de trabalhar, apenas alteramos a apresentação dos dados e reunimos as informações para dar mais sentido ao que já está armazenado!

O trabalho, digamos cultural, que precisa ser feito em paralelo é o estímulo do aumento da colaboração voluntária, através de criação de posts, mas isso é 20% do todo, pois 80% do que é gerado automaticamente sem nenhum esforço de cada um, apenas colocando o sistema para trabalhar e gerar significado por ele mesmo.

Ou seja, cada funcionário ao trabalhar está colaborando de forma involuntária, ao mesmo tempo!

O voluntário é o esforço cultural que precisa ser feito, mas em outro ambiente informacional!

Além disso, é importante mudar a forma de armazenar arquivos.

Os arquivos que não são salvo em uma base de dados formal, devem passar a ser feitos, em um novo sistema de gerenciamento de documentos, que preveja o uso intenso do Karma Digital, que ofereça:

  • – acesso livre de todos os documentos  para toda empresa, com critérios de segurança, a ser definido junto com o setor responsável;
  • – possibilidade de visualização dos mais ou menos baixados/usados;
  • –  versões desenvolvidas;
  • – possibilidade de incluir comentários em cada um deles;
  • – espaço para criação coletiva de documentos (wikis ou ao estilo Google Docs).

Veja o modelo:

Existe uma diferença entre colaboração voluntária (aquela que efetivamente exige que a pessoa faça algo fora das suas atividades obrigatórias) e a involuntária (que são as obrigatórias e devem ser estimuladas a serem compartilhadas).

Posso afirmar que a principal dificuldade de compreensão das novas Intranets colaborativas, ou Redes Sociais Digitais Corporativas Internas é a confusão entre colaboração voluntária e involuntária e atividades obrigatórias e espontâneas.
Vejamos:

1- as redes digitais, diferente de outras tecnologias cognitivas, permitem o registros dos passos de cada usuário, através de suas atividades on-line, via teclado ou mouse;

2- tais rastros, que ficam armazenados em bases de dados, podem e devem ser utilizados para dar significado aos dados que estão perdidos;

3- ou seja, toda as tarefas obrigatórias dos funcionários normalmente são incluídas em uma base de dados, que não fica disponível para consulta e visualização na Intranet, em lugares estratégicos, de tal forma a gerar significado, valor, evitar repetições, etc;

4- tal ação de tornar disponível o que já é feito obrigatoriamente é o primeiro passo de uma Rede Social Digital Colaborativa Interna, pois se trata de algo que tem um resultado bastante grande com pouco investimento;

5- normalmente, 80% do que vamos chamar de “colaboração” vai se dar, através de processosobrigatórias dos funcionários, aquilo que ele é obrigado por contrato a fazer, ou seja, precisamos modificar como salvamos e armazenamos os trabalhos para que estes dados – e não as pessoas – sejam mais transparentes e “colaborativos”;

6- por fim, os 20% restantes da colaboração esperada será de ações espontâneas que serão feitas além do que se espera de cada funcionário, através de políticas de incentivo para que isso seja feito.
Na evolução da implantação das  Redes Sociais Digitais Corporativas Internas espera-se aumentar esse percentual.

O que é preciso ser dito é que o trabalho pouco inteligente de hoje será substituído por uma nova forma mais inteligente, através da mudança das atividades obrigatórias dos funcionários e não das opcionais! E isso não está claro, pois acredita-se que as redes sociais digitais não são ferramentas para melhorar o trabalho, mas um zoológico de curiosidades para se tirar uma folga e depois cair no batente.

Tais projetos são um passo além nos projetos de implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas Internas.
Que dizes?

“Não há explicações finais apenas explicações melhores” – Gleiser;


Versão 1.3 – 05/12/2011 – Ainda rascunho – texto agora será alterado e revisado dentro do e-book, verifique novas versões lá –>  Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso.

Gestão da Desintermediação é uma metodologia, que visa realinhar as ações das organizações para a implantação das Redes Sociais Digitais Corporativas, a partir da introdução da nova cultura de controle digital, só possível através das novas tecnologias cognitivas disruptivas/desintermediadoras no ambiente das organizações.

Hoje, essa nova cultura tem  se mostrado a forma mais barata de resolver nossos cada vez maiores problemas complexos da sociedade.

As organizações, portanto, passam a não ter mais alternativa, a não ser adotá-la, pois precisam delas para fazer negócios e a gestão de forma a gerar valor e se manter competitivas no mercado.

Apesar disso, as organizações, por uma série de motivos, estão muito mais voltadas hoje para a solução de problemas mais imediatos, como pouco tempo para se dedicar ao futuro, o que pode ser mortal para várias delas.

Abandonaram a prática, muitas nunca adotaram, de construir cenários futuros possíveis e, quando o fazem, ignoram, na maior parte das vezes, completamente as tecnologias de maneira geral e agora em particular as novas tecnologias cognitivas disruptivas/desintermediadoras da sociedade.

Tal cegueira estratégica já causou, causa e causará gradual perda de valor e de competitividade nas corporações, abrindo grande risco por um lado e oportunidade por outro para quem conseguir perceber o que, de fato está mudando e adotar as medidas corretivas necessárias.

O atual método da gestão da desintermediação, portanto, visa ajudar para que tal cegueira estratégica seja corrigida de forma integrada, consciente e coordenada, visando a implantação da nova cultura de forma racional e gradual, mantendo organizações competitivas no novo mundo digital.

Seguem abaixo algumas recomendações que devem ser analisadas e seguidas, a partir de intensos debates, com um grupo de excelência a ser criado.

Revisão do cálculo do futuro:

Há um erro grosseiro do cálculo do futuro das organizações.

Por quê?

As organizações, quando aplicam um estudo de cenários, ignoram completamente a força da mudança de uma Revolução Cognitiva, que estamos passando. Não estão contabilizando esse importante fator mutante no cálculo!

Todas as decisões estratégicas tomadas sem esse fator relevante ficam distorcidas.

cálculo do futuro é a fórmula com a qual pessoas e organizações agrupam e relacionam as forças atuantes no presente e seu desdobramento no futuro para se chegar a cenários factíveis para a tomada de decisão.

É baseado neste cálculo e suas resultantes que estão baseadas a estratégia organizacional, bem como, as adaptações a serem feitas nos negócios e na gestão, bem como posteriormente nas metodologias, tecnologias e medições a sempre implantadas.

erro grosseiro no cálculo do futuro constatado deve-se ao peso indevido (para baixo/ou na maior parte das vezes ignorando completamente) de uma Revolução Cognitiva na sociedade e nas organizações, o que leva como consequência a um grave desalinhamento do que está ocorrendo e vai ocorrer na sociedade, tanto nos negócios, quanto na gestão;

A primeira tarefa a ser empreendida por uma organização que deseja continuar a gerar valor e ser competitiva é refazer esse cálculo, incorporando no seu planejamento estratégico a força de mudança de uma Revolução Cognitiva já tem e terá na sociedade e na vida das organizações, a partir da chegada de  tecnologias cognitivas disruptivas/desintermediadoras.

Uma Revolução Cognitiva é um fenômeno social raro e incomum, que marca a chegada de novas tecnologias cognitivas disruptivas/desintermediadoras, que têm a capacidade de expandir nosso cérebro e permitir o desenvolvimento mais rápido de novas tecnologias e metodologias, tais como a chegada do papel Impresso (1450) que marcou a última revolução desse tipo e  da Internet (1960 surgimento/2004 massificação).

Tal fenômeno tem  o poder inusitado ainda de mudar e criar uma nova cultura de controle sobre como organizamos as ideias e condicionam uma mudança na forma das  pessoas se relacionarem, aprenderem, se informarem, se comunicarem, permitindo novos  processos para solucionar os mais diferentes tipos de problemas.

Tais mudanças alteram algumas premissas básicas da sociedade e também a  maneira de se fazer negócios e a gestão das organizações. Estamos praticamente saindo de uma civilização e entrando em uma nova.

Revoluções Cognitivas, apesar têm esse poder e pegam a sociedade desprevenida, pois nossa cognição e subjetividade não estão preparados para mudanças desse porte.

Uma revolução cognitiva, portanto,  difere de uma Revolução social, pois é uma mudança que parte da chegada de novas tecnologias. Seus criadores não tiveram e muitas vezes ainda não têm a consciência, ou a intenção de provocar as mudanças em curso.

Podemos dizer que se é possível em admitirmos que há uma mão invisível do mercado, estamos descobrindo agora que há também uma mão invisível da tecnologia.

Tais tecnologias, portanto, têm a capacidade de,  gradualmente, permitir o surgimento de uma nova cultura de controle sobre ideias, pessoas e processos, que se mostra mais eficaz para resolver todo tipo de problemas, principalmente os complexos.

Tal cultura permite que se tenha uma melhor relação de custo benefício na forma de resolver tais problemas melhor do que com a cultura anterior e, por causa disso, começa a ser um modelo de negócios/gestão imbatível.

Cultura de controle é a forma que utilizamos para gerenciar a sociedade que é condicionada pelas tecnologias cognitivas disponíveis, quando estas mudam, a cultura de controle muda junto, alterando principalmente os modelos de poder estabelecidos, o que torna tão difícil a implantação de projetos de Redes Sociais Digitais Corporativas, pois exigem uma mudança no que é mais sensível aos humanos.

Portanto, temos que admitir diante de tais fatos que toda sociedade precisa de uma cultura de controle, que é aceita como uma forma de convivência humana, com suas qualidades e defeitos a cada época. E esta pode ser fortemente alterada a partir de uma Revolução Cognitiva.

Essa é a base de aceitação e preparação de uma organização para o futuro. A consciência do momento histórico que estamos vivendo e a sua inevitabilidade.

Causas e consequências das Revoluções Cognitivas

Revoluções Cognitivas nos parecem que surgem pelo aumento gradual da população que torna cada vez mais necessárias mudanças macro-sistêmicas, pois quanto mais habitantes, mais demandas, mais personalização e mais complexidade para solucionar problemas produtivos.

Tal demanda aumenta a necessidade de sofisticação da produção, que se reflete na necessidade imperiosa da inovação, que demanda, por sua vez,  mais velocidade e qualidade do ambiente de  informação.

E, por fim, uma necessidade de fortes ajustes na cultura organizacional, alterando a forma de produzir e de fazer a gestão, tendo como marco principal a procura de mais dinâmica, através de processo intenso da desintermediação de antigos intermediadores obsoletos, que atrapalham o fluxo, pois estão impregnados da cultura de controle passada.

A Gestão da desintermediação é, assim, o processo consciente e planejado de sair da cultura de controle analógica mais rígida/vertical para uma mais dinâmica/horizontal, digital, através da implantação eficaz de Redes Sociais Digitais Corporativas.

A Gestão da desintermediação visa, assim,  promover a correção da forte perda de valor em curso (porém ainda invisível) da maioria das organizações, em função de um grave e cada vez maior desalinhamento das estratégias adotadas com a forma que a sociedade passa a resolver seus problemas, a despeito das organizações. Esse desalinhamento tende só a aumentar, se não houver ações conscientes nessa direção.

Tal percepção fica ainda mais evidente se compararmos a atual Revolução Cognitiva Digital com a última que conseguimos identificar: a Revolução Cognitiva do papel impresso que teve forte impacto na sociedade.

Na Revolução Cognitiva do papel impresso, na Europa, em 1450, com a chegada da prensa de Gutenberg, que provocou uma oxigenação das ideias, ocorreu tempos depois a mudança do sistema político (passagem da monarquia/poder eclesiástico para a república) e do sistema econômico (do feudalismo para o capitalismo). Organizações, Universidades, Escolas, Parlamento e várias instituições da maneira que conhecemos hoje são filhas desse fenômeno.

Espera-se, assim,  algo na mesma proporção agora com a Revolução Cognitiva Digital, através de quatro etapas de uma Revolução Cognitiva, a saber:

(1) significativas mudanças tecnológicas (que estamos já vivendo em todos os campos da sociedade);

(2) seguida de forte mudança cultural/conceitos  (que estamos entrando);

(3) revoluções sociais para implantação dos novos conceitos/cultura (começam os primeiros movimentos);

(4) fase de consolidação de uma nova sociedade (ainda distante, mas se consolidando em algumas regiões do planeta).

 

As diferentes tecnologias

Para compreender uma Revolução Cognitiva, entretanto, e suas causas e consequências, é importante perceber a diferença entre os diferentes tipos de tecnologias e respectivas influências na sociedade, pois está aí uma das dificuldades para compreender a extensão do fenômeno.

Tecnologias fins (todas não cognitivas) são tecnologias de baixo impacto na cultura de controle social, tais como a de transporte, energia, alimentação, etc, que permitem a superação de barreiras físicas;

Tecnologias meios (tecnologias cognitivas)   são potencialmente mais impactantes para a cultura, pois  diferente de outras tecnologias fins (de transporte, energia, alimentação, etc)  têm a capacidade de expandir nossos cérebros e, assim,  gerar com mais facilidade  novas tecnologias, processos, produtos e serviços, através de novas canais de circulação de ideias.

Existem duas classificações possíveis para as tecnologias cognitivas: de continuidade e as desintermediadoras:

Tecnologias cognitivas  de continuidade são tecnologias cognitivas, que não permitem uma mudança expressiva na oxigenação de novas ideias na sociedade, mantendo certo controle do ambiente por quem detém as estruturas de poder.  O rádio e a televisão são exemplos de tecnologias cognitivas de continuidade. Cuidado, assim, para não confundir os diferentes impactos de tecnologias cognitivas de continuidade com tecnologias cognitivas  disruptivas/desintermediadoras, que são de outra natureza, como é o caso da Internet;

Tecnologias cognitivas disruptivas/desintermediadoras têm como característica a oxigenação da sociedade com novas ideias e trazem forte ruptura nos processos de solução de problemas, de controle e, sobretudo, de poder, tais como a chegada do papel impresso, em 1450 e a Internet, a partir de 1960, com a sua massificação, a partir de 2004.  Cuidado ao avaliar o futuro, a partir delas, pois têm o poder de mudar a cultura de controle da sociedade, o que gera fortes alterações sociais em todos os campos. São as únicas tecnologias humanas que tem essa “mão invisível” no modelo de controle e de poder. Qualquer subavaliação de seu impacto pode ser desastrosa para uma organização.



É preciso ter visão menos tecnológica e mais cultural:

Atualmente, ao se pensar em implantar projetos de Redes Sociais Digitais Corporativas  o que estamos fazendo, de fato,  é construir a passagem de uma cultura de controle analógica (com cultura específica de controle mais fechada, com determinadas tecnologias cognitivas) para cultura de controle digital (com uma cultura específica de controle mais aberta, com a implantação nas organizações de determinadas tecnologias cognitivas disruptivas/desintermediadoras).

É preciso considerar, assim,  que a  implantação de  Redes Sociais Digitais Corporativas  é um projeto que parte da implantação de uma dada tecnologia, sem dúvida, porém, principalmente,  é preciso ter consciência e prever a necessidade e as consequências de um forte impacto cultural, que está sendo negligenciado por completo atualmente quando se pensa no assunto!

Redes Sociais Digitais Corporativas são ambientes de produção de ideias, processos, produtos e serviços, através da implantação de plataformas colaborativas, que são ambientes internos e externos criados por tecnologias cognitivas disruptivas/desintermediadoras, que introduzem uma nova e completamente diferente cultura de controle digital.

O processo principal a ser gerenciado, controlado, acompanhado pelas organizações, assim,  é a migração de um tipo de intermediação cultural para outra completamente distinta, o que podemos chamar, enfim,  de desintermediação e isso deve ser gerenciado de forma competente e eficaz, pois estão embutidos vários riscos nesse processo.

As duas culturas podem ser assim definidas:

  • A cultura de controle analógica estabelece um tipo de intermediação mais rígida entre os participantes dos processos, utilizando de métodos de controle conhecidos (organiza-se para publicar/produzir, através de um intermediário humano bem definido). É um tipo de controle que perde agilidade e fica cada vez mais obsoleto quando colocado ao lado de um modelo mais dinâmico, como o digital;
  • cultura de controle digital é nova e é quase inversa à cultura analógica, pois se procura ganhar velocidade, funcionando de outra maneira (publica-se/produz-se para depois organizar, através de plataformas colaborativas, com forte apoio de  robôs informacionais, gerenciados por algoritmos feitos pelos novos gestores dos processos). É um tipo de controle que visa, através da desintermediação,  ganhar agilidade, através da retirada de intermediadores obsoletos. Busca-se, assim, tornar as organizações mais competitivas,  quando colocadas ao lado de um modelo mais lento, como o analógico.

Os ajustes estratégicos necessários dentro das organizações:

Vários ajustes estratégicos precisam ser feitos, a saber:

Nos negócios:

Os negócios (sejam ele quais forem)  passam a ser feitos, através de cada vez mais da co-criação com todos os stakehoders (consumidores, fornecedores e colaboradores), que passam a participar de forma mais ativa do processo de produção, deixando o modelo (organização decide do topo e todos seguem as ordens) para (organização define critérios gerais e todos seguem princípios que atendem a esse critério mais amplo). Objetivo: se ganha poder nas pontas e a capacidade de aumentar a velocidade/qualidade para inovar, gerar valor e competir em um mercado que migra para esse modelo mais dinâmico, mantendo a competitividade;

Co-criação é um processo de criação participativa, a mais aberta, utilizando plataformas colaborativas, que permitem, ao longo de todas as etapas, a incorporação da participação voluntária e involuntária dos usuários, através de comentários, estrelas, curtir, etc, ou involuntárias, através dos cliques.

Na gestão:

A organização sempre pode ter sido encarada como uma grande rede humana e é importante que possamos continuar a vê-la assim.

Atualmente ao implantarmos Redes Sociais Digitais Colaborativas, na verdade, não estamos alterando a maneira da organização existir e se ver, mas a necessária passagem de uma gestão hoje mais controlada e  hierárquica, através dos modelos atuais, para um mais dinâmico, através de uma nova cultura de controle.

Estamos, na verdade, migrando de uma rede mais centralizada para outra mais descentralizada,  através da implantação de ambientes que podemos classificar como: Redes Sociais Digitais Colaborativas Externas e Redes Sociais Digitais Colaborativas Internas;

  • Redes Sociais Digitais Colaborativas Externas – ambientes de co-criação com fornecedores, colaboradores e usuários, com critérios de visualização e ação para público externo;
  • Redes Sociais Digitais Colaborativas Internas – ambientes de co-criação com fornecedores, colaboradores e usuários, com critérios de visualização e ação para público interno;

Novos perfis dos colaboradores:

Tais mudanças exigem um novo perfil e capacitação específica dos colaboradores nas organizações.

É preciso ao contratar e preparar pessoas procurar aqueles que tenham mais facilidade para lidar não mais como executores de processos, mas como articuladores/gestores de comunidades produtivas de co-criação, aperfeiçoando os algoritmos para que os robôs possam atuar nas plataformas colaborativas, para melhorar o fluxo dos processos.

Além disso, é importante promover a passagem do perfil atual de que  “eu detenho (e muitas vezes escondo) o conhecimento para ser reconhecido” para “eu compartilho cada vez mais o conhecimento para ser reconhecido”.

É preciso, assim, prever a criação de uma política clara de incentivo para os que compartilham no novo ambiente, bem como,  estabelecer princípios (muito mais do que regras)  que devem reger  a atuação de cada um no novo ambiente.

Plataformas colaborativas – são tecnologias em redes digitais que permitem a co-criação tanto dentro como fora da organização.

Nova estratégia de implantação:

Para implantar Redes Sociais Digitais Corporativas deve-se ter algumas preocupações.

É fundamental e urgente, o quanto antes, envolver a alta direção no que de fato está envolvido nesse processo.

Em paralelo, criar grupo de excelência (algo como uma Tropa de Elite 2.0) que deve se aprofundar, estudar, conhecer, produzir um documento base para servir de apoio estratégico da organização para adotar determinados passos, utilizando-se desde o princípio plataformas colaborativas, incluindo tal documento.

O objetivo é  sugerir, implantar, acompanhar e divulgar de forma planejada e coordenada como a organização deve e está adotando a nova cultura digital. Para isso, é preciso que todas as ações e iniciativas de implantação da cultura digital passem a ser monitoradas por esse grupo de excelência para evitar erros conhecidos e a percepção do que está sendo eficaz, ou não.

Tal grupo deve ser formado com visão multidisciplinar/multi-departamental e procurar escolher protótipos e projetos-piloto,  que permitam o uso da experiência completa da nova cultura (início/meio e fim de um dado processo) em um processo produtivo da organização.

Em alguns casos, não deve ser descartada a criação de startups, que podem facilitar a implantação da nova cultura de forma mais rápida, criando uma nova empresa que poderá ajudar a desconstruir a antiga.

Este grupo deve-se, assim,  procurar analisar a implantação através de diferentes redes da organização, a saber (pelos objetivos): de ação, de conhecimento e de relacionamento:

Redes de ação – têm como objetivo criar/manter processos, produtos ou serviços. Exemplos: departamentos, grupos de projetos, setores, etc;

Redes de conhecimento – têm como objetivo criar/manter processos, produtos ou serviços de conhecimento que apóiem as redes de ação. Exemplos:  treinamentos, comunidades de práticas, listas de discussão, etc;

Redes de relacionamento– têm como objetivo criar/manter processos, produtos ou serviços de relacionamento que apóiem as redes de ação. Exemplos: festas, corais, grupos de poesia, etc.

E, pela forma de adesão:  de baixa, média e alta:

Redes de baixa adesão – criadas ou mantidas com pouco contato entre os membros;

Redes de média adesão – criadas ou mantidas com contato mais frequente  entre os membros, dos que as de baixa adesão;

Redes de média adesão – criadas ou mantidas com contato mais frequente  entre os membros, dos que as de média adesão.

Novas Tecnologias:

Revisão dos sistemas de tecnologia da organização para plataformas colaborativas, que permitam cada vez mais a co-criação. Tais plataformas devem ser integradas nas diferentes redes externas e interna, ação, relacionamento e conhecimento de baixa, média e alta adesão.

Devem ter como base para a co-criação o uso intensivo de gerenciamento dos registros produzidos pelos usuários no uso da plataforma, que podemos chamar de Karma Digital, qualificando por rastros voluntários e involuntários de atividades de pessoas e dos documentos.

Karma Digital é a capacidade de usar os registros gerados pelos rastros voluntários e involuntários dos usuários, que permitem a utilização dos rastros voluntários e involuntários dos usuários, processos e documentos, com a meta de  gerar relevância e evitar ruídos;

Rastros voluntários – registros das ações voluntárias dos usuários nas plataformas colaborativas, tais como inclusão de novos registros, comentários nos registros existentes, inclusão de tags, classificação (através de estrelas, curtir, repasse para outras pessoas);

Rastros involuntários – registros das ações involuntárias dos usuários nas plataformas colaborativas, tais como os cliques feitos e visitas as páginas.

Devem ainda se utilizar de algoritmos para poder ajudar ao administrar da plataforma.

Algoritmos – conjunto de normas que serão incluídos nas Plataformas Colaborativas para facilitar a gestão das comunidades, via robôs,  que irão co-criar ideias, processos, serviços e produtos.

E, por fim, permitir a inclusão de tags:

Tags (folksonomia) – classificação feita a um determinado registro, incluindo palavras que vão facilitar posteriormente as buscas. O termo folksonomia (taxonomia coletiva) vem substituir o da taxonomia de um intermediador fixo.

Redes Sociais Digitais Corporativas: como medir os resultados?

Para medir os resultados dos projetos implantados o Grupo de Excelência deve procurar responder:

Rede Social Digital Corporativa Externa:

  1. Novos negócios, produtos, serviços e processos co-criados com a interação com usuários?
  2. Melhorias feitas em produtos, serviços e processos?
  3. Quais processos melhoraram em termos de ganho e menos custo?
  4. Qual foi o aumento de venda e aceitação da empresa (qualidade e quantidade)?
  5. Quais novos empregados vieram trabalhar com a interação?
  6. Dados numéricos devem ser analisados sempre dentro dos parâmetros acima.

Rede Social Digital Corporativa Interna:

  1. Novos produtos, serviços e processos co-criados com a interação dos colaboradores?
  2. Melhorias feitas em produtos, serviços e processos?
  3. Redução do trabalho repetitivo;
  4. Redução dos departamentos muito voltados para eles mesmos?
  5. Aumento de produtividade?
  6. Melhoria na comunicação?

É isso, que dizes?

 

 

 


 As redes sociais não são coisas diferentes das empresas; são o futuro das empresas – Nepô – da safra 2011;

 Versão 1.4 – 07/12/2011 – Ainda rascunho – colabore com a revisão!

(Texto faz parte do meu novo e-book – Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso.) 

É muito mais difícil imaginar implantar Redes Sociais Digitais Corporativas dentro de uma organização que não se vê como uma grande rede.

Dessa maneira, consideram que a organização é uma coisa e o movimento das “Redes Sociais” lá fora ou iniciativas isoladas dentro da própria empresa são outra.

Como se as redes sociais fossem um terráqueo fantasiado de alienígena, que um belo dia vamos descobrir que são terráqueos!

Redes Sociais são vista como um corpo estranho e não algo a ser alcançado.

Não compreendem, portanto, que hoje é o passado e o modelo de gestão das Redes Sociais é o futuro.

Quantos analisam dessa forma?

Poucos, muito poucos…

Como a fábula do Patinho Feio, que se acha feio por que é pato, mas, no fundo, era ganso.

Ou seja, as redes sociais não são coisas diferentes das empresas; são o futuro das empresas. A nova forma de operar! É difícil cair essa ficha!

É importante alinhar a visão: empresas são redes, hoje que operam de uma maneira e vão evoluir para operar de forma mais eficiente como os adolescentes têm demonstrado fortemente pela Internet.

Sim, não será a mesma coisa, mas algo bem parecido!

Se tudo é rede, como detalhei aqui, as Redes Sociais Digitais Corporativas serão um upgrade nas redes atuais, através da implantação de uma nova cultura de controle mais horizontal, pois as empresas estarão apenas se aprimorando, bastante é verdade, mas nada mais do que isso.

Como disse, é preciso, então, re-radiografar a organização com outros olhos, analisando-a como uma grande rede que inicia um projeto de migração de um modelo cultural analógico, de controle mais rígido e centralizado para outro mais digital menos rígido e mais descentralizado.

Este é o calcanhar de Aquiles do futuro!

Nessa direção, podemos classificar três tipos de redes na organização, sobre o ponto de vista dos objetivos: de ação, de conhecimento e de relacionamento.

Pois bem, quando vemos o processo de implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas podemos dizer que as pessoas atuam e acham que todo o processo começa e termina na implantação de redes de conhecimento e relacionamento.

(Ver mais sobre as três redes conceituais que existem nas organizações.)

Implantam Redes Sociais Digitais Corporativas Internas e Externas para fazer de tudo menos mudar a forma de como operam, pois consideram tudo um grande folclore e não uma mega-oportunidade para os negócios.

Sim, tem sido difícil essa passagem, pois são dois modelos culturais tão diferentes, que torna-se quase impossível fazer a migração de forma gradual, talvez o grande desafio do atual processo de desintermediação. Como implantar algo que é diametralmente oposto ao que estamos acostumados?

O desafio é escolher bem processos que possam ser passados para a nova cultura, tal como projetos novos e isolados na cultura de controle analógico da organização.

Uma opção pode ser a criação até de uma nova organização, começando tudo do zero, com modelos de startups criadas para substituir, aos poucos, os antigos métodos.

Viagem?

Porém, são raros os que enxergam que a implantação de Redes Sociais Digitais Corporativas é basicamente uma nova forma de trabalhar, alterando todos as redes corporativas atuais, incluindo também as de ação.

No projeto que fiz para um cliente ano passado, por exemplo, um dos participantes da geração mais nova perguntou  se a de implantação de blogs corporativos em curso era só uma iniciativa de Comunicação (Rede de Relacionamento/Conhecimento) ou mudança de processo (Rede de Ação)?

O objetivo, respondi, era o de chegar à mudança de processos, mas como chegar nisso sem o apoio total da alta direção?

Tínhamos ali um método de guerrilha cultural:  como detalhei aqui.

Hoje, internamente, os projetos testados são mais na linha de comunidades de prática (conhecimento), espaços de troca/comunicação (relacionamento). Ou na parte externa, de redes de relacionamento, mas sem alterar os processo de produção e de co-criação com colaboradores, fornecedores e consumidores.

É como se tentassem colocar dois elefantes para morar dentro de um mesmo fusca!

E deixam as Redes de Ação, que são quase 80% dentro de uma organização para depois, ou acham que não se deve pensar nesse campo, pois Rede Social é uma coisa e trabalho é outra!

É um dos principais enganos.

Entretanto, ao analisarmos tanto o movimento cultural que estamos passando e as redes corporativas de hoje vemos que é um ganho enorme de tempo e custo pensarmos em redes corporativas que mudem os processos das organizações e não apenas relacionamentos e conhecimentos.

O difícil é que as Redes Sociais Corporativas Digitais que mudam a ação implicam justamente em uma mudança de cultura, mexe com o controle das ideias e, em última instância, com a estrutura de poder.

Não podem ser implantadas no meio de processos.

Ou seja, não é possível em um processo que começa em “A”, passa por “B” e vai para “C”, por exemplo, implantar uma rede social em “B”, pois vai se ter problemas em “A” e “C” que não vão conseguir se comunicar, pois são maneiras de pensar e resolver problemas diferentes.

Assim, a missão de um agente de mudança é ter consciência de que a implantação de Redes Sociais Corporativas Digitais é uma mudança global nos processos da empresa, tanto nas ações e processos, quanto na forma de gerir o conhecimento, quanto na maneira de se estabelecer o relacionamento.

Como premissas podemos dizer que:

a) deve-se escolher redes de ação que permitam trabalhar com processos de início/meio/fim em que toda a cultura possa ser pratica e não apenas em uma parte, pois não é possível duas culturas operarem na mesma direção;

b) estudar até a criação de startups, quando possível;

c) não deixar que o processo seja visto apenas como uma melhora de relacionamento ou de conhecimento, pois é uma parte pequena do todo;

d) quando fazem nessa linha as pessoas começam a dizer o seguinte, ou eu trabalho ou eu colaboro, pois as redes sociais entram de apoio e não mudando processos.

 Que dizes?

 

Quanto mais complexo for o mundo, mais as redes terão que ser flexíveisNepôda safra 2011;

 Versão 1.3 – 21/11/2011 – Ainda rascunho – colabore com a revisão!

(Texto faz parte do meu novo e-book – Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso. )

O grande desafio que temos hoje é a a quantidade galopante de problemas versus nossa capacidade e tempo para gerenciá-los.

Continuamos a pensar na solução dos problemas com a mentalidade de uma  cultura de controle analógica, quando temos novas oportunidades pela frente.

O Disque-denúncia do Rio é um exemplo típico, entre vários outros, usando ou não redes digitais, que espelham o mesmo desafio: muitos problemas e processos a serem gerenciados que exigem uma nova forma de solução, através da criação de novos canais de participação de quem vive mais diretamente o problema e é chamado a contribuir.

Desde 1995 no ar, o projeto já havia recebido, até a data deste post, 1, 5 milhão de denúncias da população do Rio de Janeiro, ver mais aqui.

Ou seja, por tendência, o ser humano quando se vê atarefado, tende a abrir mão de uma forma de controle antiga e passa para uma mais aberta por falta de opção, pedindo ajuda de mais gente para resolver o problema insolúvel.

Vivemos isso hoje na Internet, mas isso faz parte da cultura humana de resolver problemas cada vez mais complexos e sofisticados.

Nessa direção, podemos lembrar que numa biblioteca, até meados do século passado, era o bibliotecário que tinha a obrigação de saber onde estavam todos os livros.

Paul Otlet, no final do século passado, imaginou criar fichas catalográficas (3×5)  como uma alternativa para que o usuário pudesse sozinho fazer a pesquisa para localizar o que procurava, aliviando, assim, a carga do bibliotecário e permitindo que mais gente pudesse saber onde estavam os livros, aumentando a eficiência das bibliotecas.

Assim, depois das fichas catalográficas a biblioteca comportava mais livros, sendo que o bibliotecário passou a exercer um novo tipo de controle informacional, abrindo mão de um certo poder em nome da eficiência, contando, com isso, com a participação mais ativa do usuário.

Paul Otlet

O movimento que vemos hoje com a chegada da Internet, assim, nada mais é do que um movimento, como detalhei aqui, da passagem global, de uma cultura de controle mais fechada e vertical (analógica), para outra mais aberta e horizontal (digital)  pela falta de capacidade de continuarmos a resolver os problemas cada vez mais complexos (em qualidade e quantidade) do mesmo jeito.

Aumentamos em muito o volume de informações/processos em função do radical aumento da população, o que nos obriga a criar formas mais abertas de  controlar processos.

Estudei na minha tese de doutorado teorias de Galileu e de um biólogo e matemático D’Arcy Wentworth  Thompson que diziam que em qualquer sistema vivo quando se aumenta de forma substancial o número de processos a serem gerenciados o corpo que os administra tende a se adaptar e mudar de forma, pois se não  fica obsoleto.

É preciso desenvolver, portanto,  novas capacidades e, principalmente, inteligência para criar um dinamismo maior.

A física (e a ciência da informação também adotou) a expressão “entropia” que se caracteriza por esse impasse: algo que chegou a um ponto limite a uma crise sistêmica pelo aumento do volume de dados e processos a serem gerenciados e precisa de novas maneiras, metodologias e tecnologias para lidar com o mesmo problema.

Podemos dizer, então, que o principal impasse do novo século é a nossa capacidade cognitiva/afetiva de, primeiro, aceitação e depois adaptação à essa nova cultura de controle, pois se um elemento do sistema migra e descobre a fórmula nova todos os outros, por tendência, assim o farão por uma questão de concorrência.

Esse, entretanto, é um processo lento, pois as mudanças humanas mais difíceis são aquelas ligadas ao controle e, principalmente, os métodos de exercício de poder.

Podemos dizer que existe de um lado a necessidade das organizações, de quem tem o problema na mão de se abrir e do outro uma “latência cidadã” adormecida que gostaria de participar mais, mas não sabe como, ou quando tenta, é algo tão demorado, lento, caro que acaba por desistir.

São duas pontas que precisam se encontrar, que agora tem um local propício: a rede digital.

Clay Shirky, no livro “Cultura da Participação” criou a expressão “Excedente Cognitivo“,  um ótimo conceito que nos ajuda a visualizar esse processo.

Shirky analisa que todos os movimentos que ocorrem na rede (Linux, Wikipédia e tantos outros) são frutos da dedicação de pessoas, que deixaram suas rotinas (principalmente o tempo livre dedicado à televisão) para que pudessem criar novas atividades, relevantes para a sociedade, juntos.

O autor defende que a rede é um canal muito mais barato para a criação coletiva  e isso quando bem aproveitado é capaz de mudar rapidamente processos, que antes pareciam impossíveis de serem alterados em todos os campos, econômicos, políticos e sociais.

No mundo temos exemplos de tentativas de soluções coletivas para problemas complexos, tais como o sequenciamento de genoma, a cura da Aids, vacinas contra o câncer, desenvolvimento de uma enciclopédia livre, de um sistema operacional aberto, entre tantas outros.

Tais projetos são feitos em redes coletivas, que variam, conforme o engajamento de seus membros.

Podemos listar três estágios:

Redes de baixa adesão -Tais como amigos e seguidos/seguidores no Facebook ou Twitter, que apenas trocam informações sem criar maiores vínculos. Essas redes são apenas uma semente, um elo, em formação, que pode, o não,  a partir de um determinado evento se transformar em algo mais poderoso, como uma passeata que começa e acaba, ou a criação de um movimento contínuo que visa mudar algo, tal como o Ocuppied New York, por exemplo;

Redes de média adesão – São desdobramentos de uma rede de baixa adesão que começam a criar um corpo, mas que não tem um projeto prático e objetivo de atuação e intervenção na realidade, porém já se aprofundam relações e cria-se laços mais estáveis, com reuniões mais frequentes, sejam presenciais ou a distância;

Redes de alta adesão – São aquelas que passaram pelos estágios anteriores e criaram um projeto específico de intervenção e atuam regularmente neles.

 Agentes de mudança devem procurar diagnosticar o estágio da rede e tentar incentivar metodologias e tecnologias que levem à organização/sociedade à criação de redes de alta adesão em projetos concretos de trabalho, criando comunidades que promovam modificações da realidade que estava em “A” e depois da atuação do coletivo em rede passou para “B”.

As redes de baixa e média adesão são a semente para a criação da muda e depois da floresta.

 

No projeto, “Rio 2.0“, por exemplo,  que estou fazendo com outros voluntários,  estamos criando dois módulos.

Banco de problemas – com vistas a abrir uma rede de baixa/média adesão, que é uma troca de  como o cidadão resolve problemas dos mais diversos, apenas uma troca de experiências entre as pessoas nessa direção, mas que chama pessoas para o projeto, porém não cria comunidades mais permanentes, a princípio.

E outra de média para alta adesão que é o amigo digital do bairro – uma pessoa ou um grupo de pessoas escolhe um micro-local dentro do bairro, de um banco de praça, a uma linha de ônibus ou uma escola para que passe a fiscalizar, cuidar, ajudar a melhorar, criando ações das mais variadas nessa direção, desde ações de apoio direto, dando aula ou levantando fundos para pintar a escola, por exemplo.

Seriam micro-associações-digitais do bairro, reduzindo o tamanho do problema para estas micro-iniciativas, que iriam compondo um grande quadro das várias intervenções, no qual a latência cidadã de cada um iria ganhando mais espaço, aproveitando melhor, de forma mais barata o excedente cognitivo.

O que é motivador é que cada um como pouco esforço consegue ver mais resultados e acaba se engajando mais.

Que dizes?

 

Se o seu negócio tem a ver com o Brasil, ele tem tudo a ver com redes sociais.  E você tem que ter uma estratégia para isso, e para ontem – Silvio Meira – da coleção;

 Versão 1.4 – 18/11/2011 – Ainda rascunho – colabore com a revisão!

(Texto faz parte do meu novo e-book – Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso. )

Quando imaginamos implantar redes sociais digitais corporativas é preciso antes, contudo, analisar como  nos organizamos em rede dentro e fora das organizações.

Há um mito que a sociedade ou a organização não é uma rede, é apenas uma hierarquia vertical e rede é outra coisa, como uma nave chamada Internet que desceu do espaço no século XXI para mudar o ser humano num toque de mágica.

Entretanto, acredito que já temos histórica suficiente para compreender que o ser humano já disse ao que veio e que as redes fazem parte da nossa vida, desde do dia que começamos a nos ver como grupos.

Temos apenas agora uma nova possibilidade de organização em rede, através do uso de ferramentas digitais.

É o digital sobre as antigas redes humanas e não a a nova rede digital sobre um novo ser humano.

Assim, hierarquia não é uma coisa e rede é outra.

Tudo é rede!

E sempre será!

Nossa procura é por redes menos verticais e mais dinâmicas.

Tudo é rede:  departamentos nas organizações, os grupos de projeto, uma turma, um coral.

Redes humanas que usam as ferramentas disponíveis para fazer, conhecer e se relacionar!

Redes temos e teremos sempre, pois é através delas que circulam ideias, informações, produtos.

Estamos migrando, entretanto,  atualmente de redes mais centralizadas para outras mais descentralizadas, através de uma nova cultura de controle inevitável e só possível por causa das novas tecnologias cognitivas digitais.

O problema é que não víamos  a sociedade e as organizações dessa maneira – em rede – , mas é uma visão que ajuda bastante nos projetos a serem implantados pelos agentes de mudança na passagem da cultura analógica para a digital.

Redes, assim, são ferramentas humanas  mais ou menos eficiente para resolver problemas mais ou menos complexos.

As redes podem ser mais ou menos abertas, com as ferramentas que temos para nos permitir agir, aprender e nos relacionar:

Uma organização, portanto,  é uma rede de pessoas que trabalha de uma forma mais ou menos hierárquica e agora precisa passar a trabalhar de uma forma menos hierárquica ainda, a partir de uma nova cultura de controle digital, uma forma mais hábil e eficaz de resolver problemas.

Dessa maneira, se conseguirmos analisar os tipos de redes que existem, é mais fácil poder ajudá-las a fazer a migração para algo mais dinâmico, diagnosticando cada categoria de rede, seus objetivos e como podemos implementar a cultura digital nelas.

Porém, esse olhar de rede é algo novo!

Incomum.

É um impasse teórico que nos obriga a re-radiografar a organização com esse novo olhar.

Depois de quase nove meses de projeto com o Grupo de Gestão de Conhecimento da Petrobras, ano passado,  ao tentar classificar redes corporativas por lá, chegamos à conclusão que numa organização a forma mais eficaz de classificar as redes era dividi-las em três tipos distintos e integrados.

São eles:

Redes de Ação –   estruturadas para criar e melhorar processos, visando a geração e manutenção de produtos e serviços. São elas o principal ambiente das organizações;

Exemplo:  departamentos, projetos, gerências, etc.

Meta e resultados esperados:  processos para criação, produção ou melhoria em produtos,  serviços. Podemos dizer, assim, que mais de 80% das redes em uma organização são Redes de Ação;

Redes de Conhecimento – processos para abastecer as redes de ação de informação e conhecimento necessários para uma ação mais eficaz.

Exemplo: comunidades de prática, redes de inovação, grupos de discussão, turmas de treinamento.

Meta e resultados esperados: melhorar a capacidade de resolver problemas;

Rede de Relacionamento – processos para  criar ambiente/clima favorável para as redes de ação, através de aumento de confiança entres as pessoas.

Exemplo: grupos de setores por tempo, afinidades, interesses.

Metas e resultados esperados: melhorar o ambiente de trabalho de tal forma a tornar mais fácil a resolução de problemas.

Podemos dividir ainda estas redes pelo grau de envolvimento e adesão a elas.

Assim, temos redes de ação, de conhecimento e de relacionamento:

  • Pontuais –  mais fluídas em projetos que ocorrem por uma demanda específica, que se iniciam e acabam indo cada um para um lado:
  • Redes de ação: grupos de trabalho e de projetos;
  • Redes de Conhecimento: uma turma em uma universidade corporativa;
  • Rede de Relacionamento: um encontro de pessoas para comemorar um aniversário.
  • Permanentes –  estruturadas de forma mais duradoura:
  • Redes de ação: gerências e departamentos;
  • Redes de Conhecimento: uma comunidade de prática de longo prazo;
  • Rede de Relacionamento: um coral.

Para que a organização funcione com uma melhor taxa de harmonia as redes devem ser bem encadeadas.

Procura-se uma harmonia entre estas três para que se possa agir  com o melhor cabedal possível de conhecimento em um ambiente favorável para que tudo possa fluir.

Porém, não podemos separar as três redes como se fossem estanques.

Foi outro grande aprendizado do nosso trabalho.

Cada uma destas redes contêm elementos das outras duas e quando definem seu objetivo, ao ser criada, como um botão circular  de ajustes de temperatura dentro de uma geladeira, são invertidas, como demonstram os desenhos abaixo.

O botão da geladeira (também conhecido como termostato), no qual você vira e têm outro efeito.

Imagine rodando estes botões, quando definir o objetivo da rede, dando mais importância para a parte que está em cima do desenho, conforme o objetivo de cada rede.

No momento de troca,  o vetor muda o percentual de ações para um determinado fim em uma taxa de 60% para o que está no topo e 20% nas outras duas que estão embaixo.

 

Uma representação de redes de ação:

Note que na rede de ação ações de conhecimento e relacionamento surgem naturalmente, ou até dentro de uma metodologia, através de treinamento ou reuniões para relacionamento. Redes paralelas de conhecimento e relacionamento, entretanto, dão suporte à Rede de Ação Se cobrará em uma Rede de Ação, ao final, se produtos,  serviços ou processos foram criados, melhorados. E, além disso,  pode-se também avaliar se houve melhora de conhecimento, como um sub-valor agregado, bem como, o relacionamento. Problemas nas Redes de Ação podem ser resolvidos investindo em mais conhecimento e relacionamento.

Uma representação de redes de conhecimento:

Note que na rede de conhecimento ações e atividades de relacionamento surgem naturalmente, ou até dentro de uma metodologia, através de atividades ou reuniões para conhecimento. Redes paralelas de ação e relacionamento, entretanto, dão suporte à Rede de Conhecimento. Se cobrará, ao final, melhoria da capacidade de cada um que participou da rede de criar e melhorar  produtos,  serviços ou processos. E, além disso,  pode-se também avaliar se houve melhora na maneira da ação rede de conhecimento funcionar, como um sub-valor agregado, bem como, o relacionamento. Problemas nas Redes de Ação podem ser resolvidos investindo em mais relacionamentos e análise de processos de ação.

Uma representação de redes de relacionamento:

 Note que na rede de relacionamento ações e atividades de conhecimento  surgem naturalmente, ou até dentro de uma metodologia, através de atividades ou reuniões para relacionamento. Redes paralelas de ação e conhecimento, entretanto, dão suporte à Rede de Relacionamento. Se cobrará, ao final, melhoria da capacidade de se relacionar para criar e melhorar  produtos,  serviços ou processos. E, além disso,  pode-se também avaliar se houve melhora na maneira da ação rede de relacionamento funcionar, como um sub-valor agregado, bem como, o relacionamento. Problemas nas Redes de Relacionamento  podem ser resolvidos investindo em mais conhecimento e análise de processos de ação.

  • Uma rede de ação precisa tanto melhorar conhecimento e relacionamento se quiser melhorar a sua performance. Assim, na hora de analisar se há algum problema pode se fazer ações de conhecimento/informação ou de relacionamento para ver se o problema pode ser superado.
  • Ações de conhecimento/informação podem ser através de treinamento, passagem de experiência, melhora do sistema de informação, etc.
  • Ações de relacionamento pode ser a promoção de algum evento social, um encontro social , etc.

Quando pensamos em implantar redes sociais corporativas devemos ter ações que contemplem as três redes de forma integrada, mas que contemple principalmente a melhoria da atuação das Redes de Ação e o complemento no relacionamento e conhecimento.

Tal visão nos ajuda muito a pensar tecnologias e metodologias na implantação das redes sociais digitais corporativas.

É isso, que dizes?

Um grande general sempre observa o campo de batalha do alto – Jim Collins – da coleção;

 Versão 1.4 – 21/11/2011 – Ainda rascunho – colabore com a revisão!

(Texto faz parte do meu novo e-book – Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso. Inspirado pelos debates que tive com a turma MBKM 23)

Tenho andando por aí em consultorias, aulas, palestras.

Nesse burburinho, discuto, debato, ouço,  analiso e ajudo a pensar como podemos resolver esse enorme abacaxi contemporâneo: a chegada da uma nova cultura de controle na sociedade, trazida inapelavelmente pelas novas redes sociais digitais?

Fato concreto e inapelável: é pegar ou pegar

Tenho observado que as poucas organizações que estão encarando o problema mais de perto e investindo esforços para tentar compreender e agir, têm optado por descascar a tal fruta, através de três métodos distintos.

Chamei aqui de guerrilhas por se tratar de um grande esforço, na maior parte das vezes não estratégico e muitas vezes realizado setorialmente por alguns visionários abnegados, os agentes de mudança.

Vamos a eles:

1- guerrilha tecnológica – sem lidar com a questão cultural de mudança, sem acreditar que é uma mudança radical na forma de se fazer a gestão, sem um alinhamento estratégico maior envolvendo a alta direção, os projetos são isolados. Não se pode chamar de gestão pois não se sabe para onde vai;

2- guerrilha cultural sem apoio da alta direção – já trabalham mais com a questão cultural e/ou consideram um projeto também de gestão e/ou procura de alguma forma alinhar essa passagem à estratégia global da organização, porém, ainda não conseguindo envolver a alta direção, por isso, continuam na guerrilha. Pode-se chamar de gestão de desintermediação, mas ainda não tem a sua implementação feita envolvendo a alta direção. Vantagem que já prepara a outra de alguma forma;

3- gestão da desintermediação  (um projeto tecnológico/cultural estratégico corporativo,que entende que implantar redes sociais corporativas é algo que muda bastante a gestão da organização, através de uma visão de longo prazo para uma melhor absorção planejada da nova cultura, analisando melhor riscos e já se aproveitando das oportunidades).

As três, acredito, que, ao longo do tempo, podem levar as organizações à nova cultura de controle.

O que diferencia as três, entretanto,  é a questão do tempo da migração de uma cultura à outra, respectivo custo envolvido em cada um dos métodos, as crises que aparecerão e as que serão evitadas e, principalmente, perdas de oportunidades e taxa de risco para a manutenção da competitividade.

É bom que se diga que não há  métodos certos ou errados, bons ou ruins,  mas apenas os mais eficazes para cada perfil da organização, estágio, maturidade.

Porém,  o método Gestão da Desintermediação tem se mostrado, sem dúvida, o mais barato e eficaz, pois consegue lidar com o cenário global de forma mais planejada, com mais possibilidade de trabalhar a passagem da mudança de cultura de controle analógica para a digital.

Porém, ainda é raramente adotada pelo inusitado da situação: estamos mudando praticamente nossa genética social por causa de um novo ambiente cognitivo mais aberto e participativo.

Consegue-se, assim, com esse método da Gestão da Desintermediação, mais holístico, a meu ver,  reduzir custos e  gerar mais valor, aproveitando-se da larga oportunidade que a rede digital oferece.

Porém, nem sempre há condições de implantá-lo.

Os agentes de mudança envolvidos nos projetos de migração entre as duas culturas deverão atuar para diagnosticar o estágio em que se encontra o projeto em cada organização, procurando elevar o nível de consciência e corrigir desvios, procurando levá-lo sempre ao patamar superior, quando possível.

É importante registrar ainda:

  • Nem sempre os implantadores dos projetos podem fazer o que gostariam, ou que já perceberam que precisa ser alterado;

  • Muitas vezes os projetos resultam naquilo que dá para fazer, que é melhor do que nada. Porém, quem está no comando (os agentes de mudança) devem ter noção do todo e das crises que podem vir, em função de uma implantação limitada.

Registra-se ainda que a categorização dos métodos abaixo seja apenas um exercício de reflexão para que os agentes de mudança possam atuar. Uma tentativa de facilitação para que as pessoas possam posicionar os seus projetos atuais e futuros dentro de uma perspectiva mais eficaz.

Comecemos pelo método mais caro a longo prazo, mais emocional, superficial e de maior risco, porém o mais praticado pela maioria.

Diria que é o caminho mais fácil no curto, mas mais difícil no longo prazo:

A guerrilha tecnológica:

Implantação de redes sociais corporativas sem análise do impacto cultural, na gestão e sem o apoio da alta direção, sem o devido alinhamento estratégico.

1) A guerrilha tecnológica se caracteriza pela implantação da nova cultura de controle digital, trazida pelas redes sociais corporativas  sem maiores reflexões. Percebe-se que há algo mudando, algumas iniciativas nessa direção e resolve-se seguir o fluxo do mercado. Não há uma formação mais profunda dos líderes do projeto;

2) Geralmente, tal método aborda a implantação como exclusivamente de tecnologia e não como uma larga e ampla mudança de cultura de controle na sociedade e na organização. Tais projetos estão muito preocupados com as ferramentas e as experiências de implantação destas em outros locais e pouco em entender as raízes e a profundidade da mudança na sociedade, estão muito mais no como do que nos porquês;

3) O projeto tem um foco limitado em implantar o projeto em um determinado setor/departamento, ou pela demanda de um dado problema, que se optou em usar redes sociais digitais para ou ainda apenas para se alinhar com o que o mercado vem fazendo, no sentido de “ser modernos”;

4) O projeto não vem de uma visão do alto escalão,  dentro de uma discussão feita no planejamento estratégico, percebendo-se claramente como mais um projeto, entre tantos outros,  de tecnologia, em que um departamento é escalado para iniciá-lo (comunicação, marketing, tecnologia, gestão de conhecimento, outros);

5) O projeto prevê a implantação de redes sociais corporativas  internas ou externas, mas sem um alinhamento entre as duas iniciativas. Ou seja, o que o cliente demanda, via Twitter, não aparece na Intranet para ninguém. São coisas separadas!

6) Os membros que estão implantado o projeto muitas vezes não têm noção da dimensão da mudança cultural que estarão provocando e da necessidade do envolvimento do conjunto da organização para que esteja preparada para ela;

7) Raramente, são previstos treinamentos preparatórios para lidar com o novo tipo de cultura de controle que começa a ser implantado e que muda bastante a forma de se pensar e resolver problemas;

-8) Os cursos e palestras de formação, quando procurados, são para aprender a usar as ferramentas e pouco no porque está e qual o impacto do projeto que está se implantando. São treinamentos do “como fazer?” e não do que “por que fazer?”;

9) Os projetos implantados não mudam processos de trabalho, mas apenas formas de se fazer a comunicação;

10) Não há integração entre projetos de gestão de conhecimento, inovação, de informação, de redes sociais, cada um se vê de forma separada, como se não estivessem caminhando na mesma direção e integrados.

Tal método da guerrilha tecnológica tem tido como consequências de maneira geral:

Nas redes sociais corporativas externas:

a) Pouca adesão aos projetos propostos, pois não alteram substancialmente a relação com os fornecedores, clientes. O usuário começa a se acostumar com um padrão da Internet e percebe as contradições da intenção (diálogo) com a prática (monólogo) do projeto proposto;

b) Não prevêem o processo de co-criação de produtos/serviços com os clientes e quando propõem é de forma tímida muitas vezes utilizando-se de metodologias da cultura de controle passada;

c) Falta de critérios para atendimento dos clientes (prioriza-se o atendimento, através das redes sociais digitais (para evitar crises), através de um “call-center vip”, potencial gerador de gastos, crises e com poucos resultados práticos;

d) Cria-se, normalmente, uma expectativa acima da capacidade da organização absorver a demanda que esse tipo de ambiente mais aberto solicita, pois a organização tem que estar preparada parar mudar processos, produtos e serviços, a partir da interação, de fora para dentro/de baixo para cima, que é a base da nova cultura de controle digital e não mais impondo sua vontade.

Nas redes sociais corporativas internas:

a) Pouca adesão aos projetos propostos, pois não alteram processos e formas de trabalho, não ganham  eficiência, não reduzem trabalho “burro” e/ou repetitivo e, portanto, são vistos como trabalho, o que resulta uma baixa adesão. Já ouvi várias vezes: “Ou a gente trabalha ou colabora”. Na verdade, hoje, eu-laboramos, em nossa eu-quipe e são justamente os feudos e a forma burra de trabalho que devem mudar, sendo um dos ganhos da implantação das redes sociais corporativas, tanto interna quanto externa;

b)  As tecnologias escolhidas, às vezes caras, não são alinhadas como o que há de mais interessante na nova cultura de controle, tal como: controle digital por robôs, algoritmos, GPS,  apoio efetivo das comunidades em rede e a introdução do karma digital para ajudar a identificar pelas colaborações voluntárias e involuntárias o grau de relevância pela rede dos colaboradores/clientes/fornecedores/ documentos. Não há, assim, a possibilidade de ganho de relevância e de meritocracia a partir do movimento em rede digital. Gasta-se dinheiro e não se tem o estado da arte;

c) Cria-se, normalmente, uma expectativa em relação ao projeto acima da capacidade da organização de absorver a nova cultura de controle digital demanda, pois é algo que altera profundamente a forma de encarar e resolver problemas. Muitas vezes o projeto que gera uma enorme demanda e expectativa gera uma crise de frustração pela total incapacidade da organização em mudar as regras e processos estabelecidos de baixo para cima, uma das fortes marcas da nova cultura;

d) Devido à falta de visão geral e estratégica, geram-se desgastes desnecessários e uma “moral perversa”  que começa a circular nos corredores e passa a ser uma percepção geral “tais ideias, metodologias e tecnologias não se aplicam para o nosso caso particular”, tendo o alto risco de, ao invés de acelerar a chegada da nova cultura, atrasá-la ainda mais, criando uma aversão da organização;

e) Utiliza-se geralmente medições voltadas para o próprio projeto (número de acessos, de posts, de blogs, visitas, seguidores no Twitter, no Facebook, etc) e não para a geração real de valor do projeto para a própria organização, tal como aumento de receita, vendas,  e redução de despesa, maior eficácia nos processos,  aumento da taxa de inovação,  “desfeudalização” de setores, etc;

A guerrilha cultural sem apoio da alta direção

Implantação de redes sociais corporativas com certa análise mais consistente do impacto cultural, na gestão ainda sem apoio da alta direção e sem o devido alinhamento estratégico.

Analisemos agora o método bem mais incomum, com custo menor e de menor risco e já podendo se aproveitar de algumas oportunidades, que é a implantação de uma rede social corporativa interna e externa, através do método da guerrilha cultural sem apoio da alta direção.

1) Essa guerrilha se caracteriza pela implantação da nova cultura de controle, trazida pelas redes sociais digitais com uma reflexão mais profunda do que numa guerrilha tecnológica, pois se sai do primeiro estágio que é considerar que todo o processo é apenas tecnológico;

2) Geralmente, tal método aborda o fenômeno não apenas como um projeto de tecnologia, pois  incorpora de forma mais consciente um viés cultural com visão mais larga e ampla da mudança, percebendo que há impactos fortes na maneira de se pensar a gestão. Procura-se, assim, integrar outros setores na implantação e perde-se mais tempo com teorias e análises de impactos na sociedade. O ideal é que já se possa pensar em um grupo multidisciplinar de trabalho para gerenciar o processo, porém esbarra ainda na falta de apoio estratégico da alta administração para tanto;

3) Limita-se, assim, normalmente a um determinado setor, pois ainda não conseguiu ainda adesão da alta direção, mas já procura de baixo para cima realizar algum alinhamento estratégico, fazendo um exercício desde cima, para que as iniciativas possam se encaixar no todo  depois;

4) Já procura registrar experiências para que possam ter lições aprendidas, analisando mudanças na cultura e na gestão, que podem ser exportadas para outros setores;

5) Ao  escolher os projetos pilotos serão mais criteriosos e mais sóbrios na forma de “vender” os resultados, destacando necessidades de mudança cultural;

6)  Os membros que estão implantado o projeto muitas vezes já tem uma noção mais clara da dimensão da mudança cultural que estarão provocando e da necessidade do envolvimento do conjunto da organização;

7) Já procuram criar iniciativas da “venda” da visão global para a alta direção, através de iniciativas programadas de palestras e envio de material mais qualificado para gestores mais sensíveis ao tema;

-8) Já não tem tanta pressa nas ações, mas procuram trabalhar de forma mais coordenada, pois partem do princípio que são não apenas problemas práticos/pragmáticos a serem resolvidos, porém teóricos/culturais em torno de novas ferramentas. Tal visão mais holística/estratégica/cultural/de gestão procura conhecer  cases do mercado (de forma mais aprofundada);

9) Os cursos e palestras de formação procurados já são mais abrangentes, procura-se conhecer o geral, a mudança na gestão, na cultura, incluindo também metodologias e as ferramentas necessárias para ajudar no processo, priorizando também o “por quê?”  e o “o que vem depois?” acima apenas do “como?”;

10) Parte-se de forma mais consciente da noção que haverá na organização dois modelos de cultura de controle distintos, procurando escolher projetos e preparar equipes para administrar o choque que vai haver entre as duas culturas, escolhendo pilotos menos sensíveis a um choque desse tipo;

11) Há aqui, ou deveria haver,  uma preocupação de criar um grupo interno de reflexão/ação, que passa a ser um pólo gerador da nova cultura e que deve procurar trabalhar em três frentes:

– capacitação para estudo de fenômeno nos seus aspectos culturais – aprofundando o trabalho do próprio grupo, procurando fontes alternativas no mercado para uma capacitação mais qualificada e menos “marketizada”, em empresas maiores, sugere-se MBAs e Pós especializadas, ou mestrado ou doutorado, que abordem o tema do ponto de vista cultura e de gestão;

– implantação de projetos bem escolhidos – mais monitoramento, com preocupação cultural, dando a cada um a dimensão exata de suas fronteiras, como projetos-pilotos. O ideal é que se procure projetos extemporâneos, fora dos canais de produção,  que possam ser trabalhados 100% na nova cultura de controle, com metodologias e tecnologias adequadas;

– trabalho regular de disseminação da nova cultura na organização, principalmente na alta direção, através de distribuição de material qualificado, palestras, treinamentos.

Tal método tem tido/poderá ter como consequências de maneira geral:

Nas redes sociais corporativas internas:

a) Consciência das limitações do alcance dos projetos, não se vendendo soluções que dependem de uma mudança mais global da organização;

b) Consegue-se mais adesão, devido à preparação e a escolha dos projetos, com premissas do tipo:  redes sociais digitais que ajudem a melhorar a desempenho  no trabalho e não atrapalhar, ou não servir para nada;

c) Melhor preparação para projetos que vão gerar grande demanda, do tipo:  geração de ideias;

d) Envolvimento de mais pessoas da organização com a nova cultura, através de um trabalho sistemático de formação cultural;

e) Medições voltadas para a geração de valor da organização, tais como economia, aumento da inovação, novas receitas.

Nas redes sociais corporativas externas:

a) Adoção de critérios para atendimento dos usuários/clientes/cidadãos, evitando criar um canal de atendimento vip, mas procurando alterar determinados processos internos e estimular projetos de co-criação;

b) Criação das primeiras estrutura para resolver os problemas apontados pelos usuários;

c) Equilíbrio de custos, com a economia de gastos em processos obsoletos;

A tendência de uma guerrilha cultural sem apoio da alta direção é migrar depois para um projeto estratégico corporativo, quando a organização percebe que estamos migrando para um novo ambiente e que haverá uma mudança na própria organização, que deve ser planejada ao longo do tempo para garantir a manutenção da competitividade, geração de oportunidades e redução de ricos.

Mudanças na maneira de se fazer negócio, na gestão e, principalmente, na cultura de controle.

Gestão da Desintermediação

Implantação estratégica, com uma visão mais ampla das mudanças, tanto no aspecto cultural, tecnológico e na gestão, procurando realizar um alinhamento de longo prazo, migrando da cultura de controle analógica para a digital

Os projetos de implantação da nova cultura de controle que envolve a alta direção e tem um viés estratégico corporativo levam a algumas vantagens.

Obviamente, são muito mais difíceis de serem implantados dessa forma, principalmente em empresas mais antigas e, principalmente, nas mais conservadoras e hierárquicas, podes listar como dificuldade:

  • Falta de argumentos consistentes dos agentes de mudança que consigam envolver e convencer a alta direção de uma mudança desse porte;
  • Não contar nada parecido com mudanças nos ambientes cognitivos nos manuais de projetos estratégicos, sendo essa abordagem completamente heterodoxa;
  • Ligação muito forte de toda a empresa, principalmente a alta gestão, em questões mais palpáveis e diretas, que os levam para não pensar tanto no futuro, ainda mais em algo tão insólito;
  • É preciso ter argumentos convincentes que levem à alta direção a perceber os riscos e as oportunidades envolvidas em uma decisão mais racional e estratégica nesse campo. É uma tarefa difícil e, em alguns casos, talvez impossível;
  • O que abrirá espaço para iniciativas de concorrentes nos campos de quem se recusar a migrar, um dos argumentos importantes;
  • Por fim, com o tempo e avanços das redes sociais e o aumento de caso nessa direção estratégica, o que hoje é heterodoxo, passara a ortodoxo, quanto mais as organizações se anteciparem, mais chances terão de interferir nos rumos do mercado futuro.

Por isso, na maioria dos casos, pensar na implantação de redes sociais corporativas, partindo de cima é o sonho de consumo dos agentes de mudança, mas há argumentos lógicos que nos levam até esse ponto.

É preciso apresentá-los, ou tentar, para que o caminho mais adequado esteja disponível, ainda mais quando algumas tentativas começarem a falhar nos métodos de guerrilha apresentados acima.

Ganham o mesmo perfil de um projeto descrito da guerrilha  cultural sem apoio da alta direção, porém podem agregar uma força de trabalho multidisciplinar para a implantação global do projeto, de forma mais coordenada.

Podem optar pela criação de projetos-pilotos, tais como a criação de uma startup, já 100% montada dentro da nova cultura de controle.

Tal projeto tem a consciência dos desafios e conta com a experiência e maturidade da alta direção para ganhar mais solidez na geração de valor para a organização, alinhando todas as forças na mesma direção.

Os resultados esperados são:

Nas redes sociais corporativas internas:

a) Planejamento global de mudança de uma cultura de controle “A” para “B” programada;

b) Envolvimento de todo o corpo funcional, principalmente, os mais jovens, como um grande fator motivador de um novo modelo de gestão participativo;

c) Redução de processos repetitivos, anti-producentes, potencializando a capacidade inovadora de cada colaborador;

d) Reunião das informações de forma mais humana, “facebookando” o ambiente organizacional, criando critérios de meritocracia de documentos e pessoas, via Karma Digital;

e) Medições voltadas para a geração de valor da organização, tais como economia, aumento da inovação, novas receitas.

Nas redes sociais corporativas externas:

a) Ampliação da co-criação nas fases preliminares de fornecedores/clientes;

b) Apoio e colaboração para ajustes dos processos;

c) Aumento de fidelidade;

d) Economia de custos de estoques, pesquisas, produtos sem mercado;

e) Alinhamento da velocidade de inovação à praticada pelas empresas mais inovadoras no mercado.

A tendência de um método de guerrilha tecnológica é migrar, depois de várias crises desgastantes e desnecessárias, para uma guerrilha cultural sem apoio da alta direção, a partir da análise de um conjunto de fracassos e problemas, com elevado custo para a organização e respectivo desgaste com as crises geradas, tanto internamente, quanto externamente, partindo para algo parecido do que estou chamando de Gestão de Desintermediação.

Que dizes?

 

Na maioria das empresas, a maneira de controlar as pessoas se dá por meio de rigorosas descrições de cargo, de uma rede de processos e protocolos, de fortes relações de supervisão e hierarquia. É um modelo organizacional quase idêntico ao que foi aplicado na construção das pirâmides do Egito, totalmente fora de sintonia com a sociedade, que tende à tribo, ao networking – Gary Hamel – da coleção;

 Versão 1.7 – 14/11/2011 – Rascunho – ajude na revisão.

(Texto faz parte do meu novo e-book – Gestão da Desintermediação – uma obra em progresso. Inspirado pelos debates que tive com a turma MBKM 23)

A grande novidade que a Internet traz para o mundo não é a tecnologia digital em rede como muita gente tem apregoado.

O mais impactante é tudo aquilo que esta tecnologia cognitiva desintermediadora  propicia e determina: uma nova cultura de controle (que podemos chamar de controle digital) de forma global, que determina inapelavelmente uma nova forma mais dinâmica e eficaz de resolver problemas e de exercer controle sobre pessoas, ideias e processos.

Uma revolução cognitiva como a que estamos vivendo é um fato muito incomum e raro na história da civilização. Conseguimos identificar uma revolução cognitiva como essa com a chegada da fala e da escrita.

Estamos aprendendo, assim, que tal mudança de cultura é um dos  fenômenos sociais  mais impactantes que temos notícia  e está começando a moldar a sociedade daqui por diante, fundando uma nova civilização ao longo do tempo.

Por quê?

Novos personagens  passam a fazer uso dessa nova maneira de resolver problemas, através de novas ferramentas e metodologias, surgindo novos projetos empreendedores,  novos talentos e líderes.

Ou seja, irá se tornar cada vez mais  vital adotar esse nova cultura nas organizações, mesmo aquelas que consideram que nunca serão atingidas por ela.

Não se trata, portanto, de uma nova metodologia de gestão, mas uma nova forma de fazer o controle dos processos, pessoas e ideias, que é, digamos, o sistema operacional por baixo de qualquer gestão.

Tal fato,  nos levará a uma tensão constante entre as duas culturas, a analógica (que não quer ir) e a digital (que insiste em chegar).

Será essa tensão entre as duas culturas dialogando e muitas vezes brigando o fator principal dos conflitos  sociais (dentro e fora das organizações)  ainda sem explicação pelas atuais teorias de plantão.

Alinho abaixo algumas constatações sobre essa passagem  que estamos assistindo da cultura de controle vertical analógica dos ambientes sociais  para os  controlados de forma mais horizontal e digital:

1) Toda sociedade tem uma cultura de controle invisível, que faz parte da maneira com que a aceita e consegue funcionar, algo construído e negociado ao longo do tempo, sempre com uma certa tensão entre as diferentes forças mais ou menos conservadoras;

2) É algo aceito e incorporado no mais íntimo do nosso ser, da qual não temos muita consciência, quase como o ar que respiramos, pois é a base da educação do berço à escola;

3) Esta cultura de controle, de maneira geral,  estabelece, ao longo do tempo,  as regras tangíveis e intangíveis para gerir/administrar pessoas, processos (principalmente produtivos) e  ideias em toda a sociedade;

4)  Tal cultura envolve ainda, principalmente, o modelo de gestão das organizações, uma espécie de sistema operacional da placa-mãe que forma nosso modus-operandi, do qual acionamos para resolver qualquer tipo de problema;

5) Essa cultura de controle pode mudar ocasionalmente e/ou regionalmente/ ou em uma dada organização, a partir de revoluções ou revoltas sociais, ou ainda através de novos modelos de gestão, passando, por exemplo, de uma mais para menos hierárquica;

6) Porém, uma cultura de controle  só muda globalmente,  ao mesmo tempo, em vários lugares,  a partir da chegada de uma nova tecnologia cognitiva desintermediadora, que podemos chamar de revolução cognitiva;

7) Tivemos uma revolução como essa  com a chegada da fala e da escrita. Em particular, mais perto, com a expansão e massificação da escrita (escrita 2.), a partir do papel impresso, em 1450. Ou como agora com a expansão da Internet, através de “redes sociais digitais”,  desde 2000, quando a banda larga barateou os custos de acesso;

-8) Uma nova cultura de controle começa, assim, com a chegada de uma nova tecnologia cognitiva desintermediadora, que logo dá margem a projetos pilotos de visionários, encarados inicialmente pela sociedade como curiosos e circunscritos a alguns setores (como o da informação/entretenimento), mas que vão ganhando cada vez mais espaço;

9) Uma cultura de controle, portanto, só é alterado de forma global, quando massificamos uma  tecnologia cognitiva desintermediadora, inaugurando uma nova etapa civilizacional, a partir desse fato, impulsionada por espaço intenso de nova de ideias;

10)  Além disso, atinge diretamente a forma como estabelecemos o exercício do poder social em todas as instâncias, que é algo arraigado em cada um e no modelo de gestão das organizações, uma mudança profunda e de um grau de superação muito grande;

11) É comum e natural, assim, que haja uma enorme dificuldade de compreensão do fenômeno, da aceitação de sua inevitabilidade,  e, quando ocorre essa percepção que veio para ficar,  de aceitação e  adaptação à nova cultura do controle, pois não sabemos por onde começar;

12) Já está havendo (e haverá muito mais)  resistência nos setores mais conservadores, aqueles que mais se beneficiam do antigo modelo (tal como a área financeira/ditaduras). São organizações/países menos competitivos  e mais verticalizados e que se beneficiam da sombra que um modelo mais centralizado de ideias permite durante um longo período;

13) Podemos dizer que esse longo período de controle rígido de ideias aumentou a taxa de ganância na sociedade, reduzindo o espaço para ideias e princípios de maneira geral e o surgimento de líderes mais conectados com os desejos da maioria.  São taxas de ganância que estão elevadas, pela falta de mediação e espaço de uma fiscalização mais efetiva, que passa agora a ser possível pelos novos canais, que tendem a baixar essa taxa de ganância;

14) A chegada de uma nova cultura de controle tem como causa principal a necessidade de dar novas respostas inovadoras ao aumento radical da população (lembrando que saltamos de 1 bi em 1800 para 7 bi em 2010, com um crescimento atual de mais 1 bi a cada 10 anos);

15) Uma nova cultura de controle é, portanto,  uma ferramenta humana fundamental para lidar de forma mais dinâmica com os antigos e novos problemas gerados por um número maior de habitantes;

16) Tal aumento, pressiona os  processos de produção e, por sua vez, de inovação, de comunicação, informação e conhecimento, justificando cada vez mais a adoção da nova cultura de controle;

17) Essa nova cultura do controle se caracteriza pela passagem de um controle baseado em intermediadores humanos (jornalista, médicos, gatekeepers, professores, corretores de todos os tipos)  para outro baseado em profissionais que já operam com um novo tipo de desintermediação;

18) Os novos profissionais desintermediadores vão ter como parceiros de trabalho robôs,  algoritmos, geolocalizadores, chips nos objetos  e comunidades em rede articuladas digitalmente, que já são e serão ainda mais capazes de controlar um volume muito maior de informação/processos/operações em menos tempo com mais relevância, geração de significado e eficácia;

19)  A mudança da cultura de controle afeta, de forma profunda, a subjetividade de cada indivíduo e a relação deste com seu ego, da relação de poder, o que é algo aprendido desde nossa família, passando pela escola e convívio social;

20) Adaptar-se, assim, à nova cultura exige prática e reflexão, pois não é uma mudança teórica, mas na prática de pensar e solucionar problemas, não sendo algo que podemos falar sobrem, mas falar, agir, pensar, repensar e falar e pensar de novo;

21) Mudanças desse porte podem ser comparadas, grosso modo, a efeitos modificadores globais da vida social, tal como grandes  pandemias  ou a queda de um grande meteoro ou ainda a modificação brusca (ambas com grandes perdas populacional) e repentina do clima a nível global, com impactos efetivos e irreversíveis para os próximos séculos;

22) A mudança da cultura de controle não está ainda bem detalhada  nas nossas teorias sociais, nem nos  manuais de construção de cenários futuros das organizações, o que dificulta ainda mais a criação de estratégias eficazes de gerenciamento do fenômeno;

23) Hoje, analisamos o futuro baseado em fatores variantes na economia (com mais ênfase) e na política (com menos), mas não incluímos mudanças nos ambientes cognitivos, da informação e da comunicação;

24). Tal fato é ainda agravado ainda mais por um mundo muito ligado ao presente e com tendência a-histórica, características aliás do esgotamento de uma cultura de controle que durou várias décadas;

25) Por causa disso, a tentativa de fazer projetos pilotos nas organizações e na sociedade, sem a devida preparação de mudança da cultura de controle,  não tem funcionado a contento. Ao se tentar implantar tecnologias digitais em rede, indutoras naturais dessa mudança para a nova cultura, tais projetos acabam por esbarrar na cultura passada e criam crises de culturas distintas no mesmo ambiente, mal gerenciadas pela falta de consciência do que de fato está mudando (ver mais sobre métodos de implantação de redes sociais corporativas aqui);

26) Estamos aprendendo, portanto, que não é possível,  em um mesmo ambiente gerencial a convivência, de forma harmônica, das duas culturas de controle, pois são antagônicas e incompatíveis entre si, o que dificulta ainda mais essa adaptação e implantação, sendo necessário a criação de grupos internos que possam compreender com profundidade o fenômeno para criar estratégias inteligentes de implantação da nova cultura;

27) Assim, a migração das organizações para a nova cultura de controle deveria passar, se formos pensar na forma ideal,  por um processo racional e estratégico com os seguintes passos:

a) percepção e difusão da inevitabilidade da mudança, sua dimensão, extensão e impacto;

b) formação de grupo que possa compreender e se aprofundar continuamente na extensão da mudança;

c) inclusão, como apoio desse grupo, de projetos estratégicos de passagem de toda a organização, através de um  plano de mudança, pela ordem, de mentalidades, pessoas, tecnologias, metodologias e incorporação de novos perfis profissionais, tendo novos paradigmas de métrica para avaliar os projetos, tendo como parâmetro a geração de valor;

d)  a introdução da nova cultura em áreas independentes, quando possível, ou na criação de um novo ambiente de trabalho completamente isolado da cultura antiga, que permita adotar de forma integral a nova cultura, com as novas tecnologias e metodologias de controle, substituindo a passada. O estudo de startups é recomendável, quando possível, como fez, por exemplo, a Americanas.com, saindo completamente dos braços da Lojas Americanas;

28) Portanto,  as organizações que desejarem fazer essa migração terão que procurar espaços, seja em setores que possam ter uma certa independência produtivo/gerencial (o que é muito raro) ou na criação de startups,  completamente moldadas dentro da nova cultura de controle, que servirá de base para, ao longo do tempo, ocupar o lugar da antiga cultura organizacional mais controlada e obsoleta;

29) Não se pode prever o tempo que essa nova cultura se tornará hegemônica, pois depende um conjunto enorme de fatores imprevisíveis, que lutam entre si no atual momento, mas que o processo deve ser mais rápido nos lugares em que há mais competição e menos proteção a grupos monopolizados;

30) Pode-se dizer, entretanto, que a chegada da nova cultura de controle já está disseminada entre os mais jovens, que já se utilizam dessas ferramentas de forma natural, antes dos adultos, (um fato completamente novo na histórias das tecnologias cognitivas),  sendo eles um fator  indutor e acelerador das mudança, já surgindo aí uma tensão latente entre as duas gerações, representantes das duas culturas que lutam pelo espaço na sociedade;

31) Assim, a chegada de uma nova cultura de controle tende a oxigenar a  sociedade de novas ideias, projetos, processo e talentos, através do questionamento de antigos valores e conceitos, em um processo de resgate de princípios, que visa abrir novos canais de comunicação e diálogo na sociedade (pode se observar essa tendência no discurso de vários pensadores, com termos tais como “Liderança Aberta”, “Presença”, “Capitalismo Social”, etc);

32) por fim, a nova cultura de controle digital poderá ser considerada hegemônica quando novas leis sociais forem estabelecidas, através a representação política e modelo econômico, que expresse essa nova cultura. No passado, para se chegar a esse ponto de ruptura e passagem final foi preciso revoluções sociais (tais como a Francesa e a Americana), que levaram 250 anos para ocorrem, a partir da Revolução Cognitiva. Isso se repetirá? De forma radical? Em quanto tempo?

Que dizes e o que acrescentas?

Turma MBKM 23

Pessoal, adorei nosso encontro, já tenho um bom novo post para publicar sobre “Cultura do Controle” graças às provocações de vocês. Grato pelo convívio e carinho.

Atrás (esquerda para direita): Marcos, Alexandre, Claudio, Daniel, Fernanda, Eu, Pedro, Davi, Marcelo; Na frente: Carlos, Tânia, Andreia, Amanda, Daniella, Luciana, Francini.

As outras fotos:

Quando não se vê o todo, qualquer tromba vira elefante – Nepô  – da safra 2011;

 

Versão 2.1 – 03/11/2011 (ainda rascunho)

Foto: Luciana Lima (tks)

Resumo:

A chegada da Internet tem sido confundida com uma mudança apenas tecnológica e não na maneira das pessoas se informarem, conhecerem, se comunicarem, se relacionarem.

Estamos vendo o rabo, mas não o elefante!

Consideramos que esse novo ambiente cognitivo é algo passageiro, como uma nova metodologia de ensino ou um mimeógrafo digital, que vem e passará, e tudo voltará como era antes.  Porém, os fatos têm demonstrado que estamos diante de uma mudança radical e inevitável, que vão marcar profundamente a sociedade, incluindo as organizações, entre elas, a escola para todo o sempre.

Os educadores precisam se preparar para entrar nesse debate de forma intensa e não fugir dele (como a maioria tem feito de forma passiva ou equivocada) para que o resultado dessas tensões seja humanamente melhor. Apresento aqui um pouco o que aprendi, até agora, estudando e debatendo sobre o tema. Se puder ajudar a clarear a minha visão, vá em frente: comente!

(Estive no Conecta 2011 , evento da Senai/Firjan aqui no Rio, para debater tecnologias educacionais. Tentei dizer algo que está neste post – o áudio completo da palestra aqui)

O texto atual dá sequência na minha obra em progresso, através do e-book, Gestão da Desintermediação,  que pode ser vista aqui.

Sem ensino, não há humanidade

Um ser humano quando  vem ao mundo chega  pelado de roupa e de conhecimento.

Temos que vesti-lo dos dois!

O aprendizado faz parte de uma necessidade humana básica para que possamos existir com o mínimo de qualidade. A cada cidadão/cidadã que nasce recomeça todo o processo de aprender tudo exatamente do zero, primeiro com os pais, depois com os amigos, escola, trabalho, na vida.

Há, porém, uma nova regra que estamos aprendendo aos poucos:

Quanto mais habitantes tivermos no planeta, mais precisaremos inovar no ensino para que ele possa cumprir a sua função. Ou seja, a escola para 1 bilhão de pessoas no planeta não pode ser a mesma do que para 7 bilhões.

Temos que ser criativos e compreender que há uma mudança radical a ser feita na nossa mentalidade controladora,  se quisermos continuar a crescer da forma que estamos, cerca de 1 bilhão a cada 10 anos!

A Internet é um ambiente indutor dinâmico para fazer uma macro-mudança sistêmica que nos permitirá ter instrumentos mais ágeis para atender às demandas de um mundo hiper-conectado e isso irá se refletir em como aprendemos, do nascimento à morte.

Os educadores, entretanto, com a chegada das novas tecnologias, principalmente a Internet,  estão pouco conscientes do tamanho das mudanças que estão vindo.

Há uma insegurança e um comodismo no ar que têm servido mais para uma postura passiva do que ativa, deixando o debate reservado para um grupo muito pequeno de profissionais, muitos deles, sem a visão do educador.

Avisa aí: não é o tecnólogo sozinho que vai resolver esse mega-problema do ensino!

Estamos todos, não só o profissional de ensino, nos adaptando a um mundo cognitivamente diferente, no qual se faz muita coisa de forma distinta, inclusive aprender e ensinar.

 

Ou seja, a Internet tem sido vista como uma grande mudança tecnológica, da máquina para a máquina e não do humano para a máquina e da máquina para máquina.

Estamos vivemos um momento raro na história.

Estamos mudando a conjuntura cognitiva (e não econômica ou política).

Um tipo de alteração que tem consequência muito particulares, principalmente na educação.

É preciso analisar que os efeitos das tecnologia variam. As tecnologias cognitivas, por exemplo,  são bem diferentes. E as tecnologias cognitivas desintermediadoras, o caso atual, são muito mais diferentes ainda.

Mexem com algo fundamental na sociedade: o controle e o poder, a partir da desintermediação da informação, da comunicação e do relacionamento entre as pessoas, tal como ocorreu em 1450, com a chegada da prensa, que moldou o mundo como conhecemos hoje.

Nossa escola é filha do papel impresso. E a dos nossos netos será filha da rede social digital desintermediada.

Uma tecnologia cognitiva desintermediadora nos permite criar  um novo ambiente de troca de ideias muito mais livre do que no passado, oxigenando a sociedade, permitindo um ar de mudança e a possibilidade de inovação geral das organizações, incluindo a escola.

Ou seja,  estamos sendo jogados por necessidade demográfica, sem saída, ou placa de retorno, de forma inevitável, para uma nova forma de controle sociedade-cidadão / organizações-consumidores /professores – alunos mais dinâmica e mais descentralizada.

Estamos desintermediando atravessadores obsoletos para ganhar velocidade por causa do tamanho da população. E tal tarefa inusitada implica em mudanças radicais na mentalidade de controle social e informacional passados, com forte reflexo no pensar e agir da educação e no trabalho em sala de aula.

 

Em função disso,  não estamos falando de um novo método de ensino opcional, mas um ajuste obrigatório, através de uma escola que tinha uma forte função indutora de saberes e terá que migrar lentamente para outra articuladora de saberes.

A percepção do inevitável ajuda muito a tomada de decisão. Pois não há o que decidir. 🙂

Eis, que se procuram as perguntas mais adequadas para os educadores nesse novo mundo digital desintermediado em rede do século XXI.

Arriscaria algumas:

  1. O que de fato está mudando de formar irreversível com a chegada da Internet e o que e como devemos nos adaptar na área de ensino? É preciso aprofundar estes pontos, como tento mais abaixo;
  2. Como continuar a procura de um ensino produtivo, eficaz, motivador e transformador com a menor taxa de sofrimento possível para professores e alunos no mundo das  redes digitais desintermediadas?
  3. Como podemos integrá-las ao processo de ensino, aperfeiçoando a maneira de ensinar?
  4. Quais são os ajustes que os educadores e educados devem fazer para se adaptar a elas? 

Em termos de mudanças relevantes trazidas pelo uso massificado das redes sociais digitais desintermediadoras já registrei algumas:

1) a independência informacional – os alunos aprendem a lidar com o novo ambiente informacional (computadores em rede/tablets/celulares turbinados de forma independente, através da Internet) antes de seus pais. (*) O aprendizado das tecnologias cognitivas pelas crianças, antes dos pais é um fato inédito na história humana.  Antes, um adulto guiou a criança para a leitura, a tevê, o rádio o jornal, hoje não mais. Talvez, essa seja uma regra daqui por diante: filhos chegam antes dos pais nas novidades tecnológicas como regra e não mais exceção. Serão os beta-testadores do futuro;

(*) (Note que aqui não estamos falando das camadas da população mais despossuídas, que têm um problema ainda maior, em termos de exclusão social e de ensino.)

2) a anorexia presencial – as tecnologias cognitivas, sejam quais forem (livro, rádio, jornal, tevê, internet) tendem a causar uma euforia/encantamento no uso pelo potencial pela melhora na recepção/contato com ideias a distância que conseguem e têm como, contrapartida improdutiva, certa tendência a provocar  anorexia presencial. Ou seja, nem sempre tecnológicas cognitivas em sala de aula pode ser algo “moderno”, pelo contrário, se o tema não necessita de prática tecnológica, deve-se estimular a conversa/troca entre os alunos. O que nos leva a, paralelamente, rever o modelo de ensino hiper-focado na forma unidirecional professor –> aluno;

3) o desfiltramento do professor – o professor e o livro, que eram os principais canais de passagem da informação e conhecimento para os alunos foram rompidos pelo Google & Cia.  O professor tenta, inutilmente competir com a Internet, quando deveria fazer dela uma grande aliada para ajudar a usá-la de forma mais rica. Tal fato, precisa ser trabalhado na subjetividade do professor, pois nosso ego foi educado para sermos os “donos da verdade” e não “os procuradores da verdades junto com os alunos”;


4) grupos on-line – os alunos passam a ter um espaço de troca fora da sala de aula, através das comunidades em rede (se deixar dentro também), o que é um fato novo, pois antes era impraticável, pois tal ambiente presencial dependia de espaços físicos e deslocamentos, mas agora isso foi facilitado. No futuro, mais e mais, trabalharemos em rede (e temos que nos preparar para isso). Tal potencial deve ser estimulado,  tanto presencialmente, rodas de conversa, como a distância nas redes sociais internas da escola, a critério dos alunos;

5) um mundo líquido – a velocidade das mudanças,  por diversos fatores, incluindo o demográfico, nos colocou em um mundo em que o conhecimento pouco se consolida. É alterado com muito mais constância, em um ambiente digital, coletivo, múltiplo, o que nos obriga a termos um aprendizado líquido e contínuo para toda a vida. É preciso fazer os ajustes no material didático, além de alterações na didática em sala de aula. O professor terá que se rever também, não é (como nunca foi) como obra acabada;

Para onde vamos, então – 10 sugestões de ações práticas

Tais fatos nos levam a ter que fazer um novo contraponto educacional.

Precisamos, com adaptações, inicialmente,  em espaços pilotos de experimentação (que faltam no modelo educacional brasileiro) monitorados para serem multiplicados, conforme a idade do aluno:

1) Precisamos criar escolas experimentais. (Por que as escolas federais do tipo Pedro II ou Caps, não são escolas pilotos para multiplicar experiências?) Precisamos de algo assim para testar novos modelos! Cada escola deve abrir projetos desse tipo, com professores/alunos interessados a experimentar, experimentar, experimentar!!!;

2) A passagem do material didático sólido (em texto) para digital, sempre sujeitas à ajustes pelo coletivo (incluindo outros professores e alunos) e não mais prontas e acabadas, com verdades absolutas congeladas no papel. Devemos preparar as pessoas para conviver (não só na escola), mas nesse novo mundo líquido/dinâmico de constante atualização;

3) Preparação dos docentes para voltar a exercer com intensidade o papel de pesquisador mais experiente para criar e atualizar o conhecimento de forma coletiva. Estimulá-los a ser mais  um animador do que um proprietário de verdades. Um reposicionamento na posição da autoridade que sabe tudo para uma mais aberta a aprender junto com a turma;

4) O docente, assim como jornalistas, médicos, corretores, vendedores os professores/educadores, devem criar uma nova relação com seus alunos/projetos de ensino, que incluam como fator fundamental:  mais troca aluno-aluno (como até sugeria, aliás, Paulo Freire) aluno-professor em uma relação mais desintermediada de poder, lidando com de forma distinta com o ego e com o que se reconhece como diferencial diante dos que aprendem;

5) Os alunos deverão ser estimulados a aprender mais coletivamente e sozinhos na rede, sob a orientação de pessoas mais experientes, principalmente o docente, compartilhando informações dentro e fora da sala de aula, não só com uma turma fechada, mas com quem está no mesmo campo de interesse, na mesma ou em outras escolas;

6) É preciso pensar como criar espaços de troca desse tipo (redes sociais internas na escola) para aproveitar as que acontecem do lado de fora para que rendam mais do que estão rendendo. É um espaço educativo que teve ser aprimorado, debatido e utilizado cada vez melhor, pois cada vez mais trabalharemos em redes desse tipo;

7) Direcionar a didática para superar o modelo de receber algo pronto e decorar a informação  para um perfil mais voltado a colaborar, filtrar, associar, selecionar, comparar, sintetizar de forma a garantir qualidade e relevância, sem perder a atenção e a motivação, conseguindo juntar parte e todo de forma inteligente;

8) Nessa direção, forte estímulo na didática para que o aluno possa ampliar a sua capacidade de analisar cenários, tal como retorno do estudo da Filosofia (mentalidades humanas invisíveis) , mais do que o foco na informação abundante. Precisam criar tampas da caixa do quebra-cabeças, muito mais do que perder tempo com peças isoladas, que se perde tempo e não se chega a lugar nenhum num mundo líquido e mutante;

9) Ou seja, a escola deve procurar sair da luz que o Google já ilumina, que acaba sendo uma memória de fatos desarticulados. É preciso estimular a capacidade de juntar esses fatos em algo que faça mais sentido;

10)  Superação da dificuldade de lidar com encontros presenciais, através do oferecimento de rodas de conversa presencial (aluno-aluno/aluno-professor) e de conversa a distância, via Internet, em um processo mais co-criativo de conhecimento.  Em alguns momentos a tecnologia deve ser terminantemente proibida (quando as pessoas estão juntas) e fortemente estimulada (quando estão a distância).

São estas algumas das questões que os educadores devem se debruçar para pensar o ensino do novo século, experimentando juntos, incluindo a juventude no processo  para procurar melhores respostas transitórias e garantir um ensino mais humano e adequado às nossas necessidades.

Que dizes?

 

 

 

 Há no país uma gravidez de novo espaço político – um dia nasce – Nepôda safra 2011;

Versão 1.3 – 01/11/2011 (em processo de revisão)

Há articulações em curso de diferentes forças que visam incorporar as redes sociais à vida política dos partidos.

Há articulações, inclusive,  na criação de um partido 2.0, ou do movimento Nova Política, em torno do grupo de Marina Silva.

É preciso, entretanto, analisar que as redes sociais, ao longo do tempo, serão uma  nova forma do cidadão se relacionar com tudo, inclusive com a política.

Há um fator inevitável em tudo que estamos vivendo com a Internet que é algo que temos dificuldade em aceitar.

Achamos curiosidade aquilo que é o futuro.

Há, portanto,  por tendência, a médio prazo (quanto tempo? Não sei.)  à incorporação das mesmas  em todos os partidos, através da fundação de uma nova neo-república 2.0 digital em rede.

Como ocorreu com a República no passado, é algo que vem aos poucos, vai se espalhando e sendo aceita aqui ali, passando de alternativa a hegemônico, de heterodoxo a ortodoxo.

Os atuais movimentos de rua dos jovens (EUA, Espanha, Países Árabes) apontam nessa direção.

Estamos vivendo, assim, um pré-movimento de refundação da república, pois a que está aí, obrigado, já deu o que tinha que dar, como dizem as ruas:

“Não sabemos o que é, mas temos a certeza que não é isso que está aí!”

Há um fato inegável: a população cresceu em tamanho e o modelo de representação democrática, baseado na Revolução Francesa, de 200 anos atrás, ficou obsoleto.

Pede-se mais democracia, um modelo novo, que possa recuperar o espaço público na vida política, que os interesses do coletivo voltem a ser mais representados do que são hoje. Pressente-se que não há democracia política (participação nas ideias) sem democracia econômica, (participação nos recursos gerados).

Não temos mais instrumentos para impedir a alta taxa de ganância dos nossos representantes e dos interesses próprios e privados (principalmente o financeiro) que eles passaram a representar, em detrimento da vontade da maioria.

Há um fosso entre o cidadão/cidadã e seu representantes cheio de jacarés.

Ou seja, estão definindo o rumo das nossas vidas sem que possamos usar o mouse e o teclado para ter melhor controle. É como se a sociedade tivesse um vírus, que age na nossa tela sem que possamos controlá-la do jeito que gostaríamos.

Essa expressão de desejo e expressão compõe o papel do espaço público da política: o coletivo, ou os coletivos, poderem ter voz e ação de representação e mudarem o que causa sofrimento generalizado sem necessidade.

Estamos, portanto,  de mouses atados!

As tecnologias em rede podem ajudar E MUITO nessa oxigenação social. Aliás, vivemos um ajustes sistêmico massificado e coletivo inconsciente que veio justamente arrumar vários cômodos da casa da mãe joana 1.0. 

Permitem mais transparência, controle e articulação política de forma mais fácil e barata para a sociedade. Ou sejam, são um potencial a ser utilizado!

Assim, talvez, o partido/movimento 2.0 seja mais uma articulação neo-republicana (2.0), que vai priorizar como bandeira a refundação da república em novas bases, reduzindo a taxa de ganância, que um ambiente midiático controlado consegue manter alta.

(Veja mais sobre taxa de ganância aqui.)

É um forte instrumento de geração de transparência, desintermediação e controle social sobre os nossos representantes.

Em resumo:  novo tipo de controle social mais desintermediado na sociedade, eliminação de atravessadores obsoletos e o empoderamento das pontas.

Vivemos o início de uma frente cidadã, liderada pelos mais jovens,  com vontade de procurar novas formas representativas, via novas tecnologias em rede, através de uma revisão profunda no modo de pensar e fazer política.

Uma frente pró- república 2.0.

Esse movimento tem algo similar às origens do  PT.

O PT também foi uma frente de correntes de esquerda, pós-democratização, que  ao chegar ao poder, acabou por se dividiu em várias posições distintas. Tal fato, deu origem a vários partidos que não aceitaram sua nova posição, tal como o PSOL ou o PSTU.

Ou a migração de militantes para outros partidos ou postura neutra, que podem agora aderir a um movimento 2.0, como esse que está aí.

Ou ainda mais atrás a frente formada pelo MDB, de oposição contra a ditadura, se desdobrou no próprio PT, gerou o PSDB e o atual PMDB.

Ou ainda mais atrás, com os partidos republicanos, no fim do século X (Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM), antes e depois da proclamação da república, que procuravam definir um modelo do melhor regime a ser utilizado pelo país.

(Ver mais.)

O novo partido/movimento, a meu ver,  deveria, além de fundar uma nova forma de fazer política, rever mentalidades centralizadoras, autoritárias e incompatíveis com um movimento em rede desintermediado do século passado.

Alguns pontos para se pensar com mais cuidado seriam:

Capitalismo 2.0 (organizações públicas e privadas)

Um novo partido aceitaria o capitalismo como um processo em construção, com suas falhas,  passível de ajustes, apesar dos problemas conhecidos e inegáveis. Deveria assumir também a tarefa de melhorá-lo e reconhecê-lo como a forma mais dinâmica para atender demandas da sociedade, através das leis do mercado, mas introduzindo o conceito de mercado social.

É preciso incentivar  macro-ajustes, com foco maior na contenção das ganâncias das organizações, (principalmente as  financeira), os cartéis privados e públicos e a ineficiência público e privada. Ou seja, resgatar os princípios do próprio capitalismo.

A questão é tentar garantir organizações (públicas ou privadas)  não voltadas para elas mesmo, sem compromisso com a vida em sociedade, incluindo a preservação do planeta e um lucro menos tóxicos e mais social.

Assim, acabar com a falsa polêmica do tamanho do estado, mas a preservação de organizações privadas ou públicas eficientes com forte cobrança social para que funcionem com qualidade.

Hoje, o Brasil vive um estado ineficiente (sem ferramentas de pressão e controle de dentro para dentro e de fora para dentro)  e uma competição privada ainda nas fraldas e com agências reguladoras sem representar devidamente o consumidor/cidadão.

Devemos sair do debate vazio (privado x público – grande e pequeno) para o da eficiência acima de tudo. Deve-se, como defendia o Betinho, defendermos empresas públicas (sejam elas privadas ou estatais).

Funda-se, assim, nova forma de gerir as organizações, tendo um preceito de eficiência e garantia de concorrência para aprimorar o serviço, com intensa fiscalização do cidadão/consumidor, através de tecnologias em rede, com mais colaboração (co-criação) e transparência.

 

Bandeiras 2.0

O novo partido/movimento 2.0 seria deve ter como base uma nova forma de se fazer política, para fundar uma nova república e procurar trazer ao mundo questões que não estão sendo priorizadas na pauta dos políticos de plantão: inclusão social com respeito ecológico, que sirva tanto para a auto-determinação política, quanto econômica.

Não podemos achar que a inclusão social no Brasil só rima com paternalismo!

Organização interna 2.0

Note que o PT teve bastante sucesso e conseguiu chegar ao poder, entre outras coisas, devido à maneira que se organizou de forma distinta dos  demais partidos. Baseados em preceitos de organizações em núcleos por categorias/regiões/bairros/cidades/temas.

Definiu um tipo de democracia interna, que hoje já não é tão mais visível, já que os núcleos foram aparentemente sucateados.

Esse movimento/partido 2.0 deve apontar internamente para  uma nova forma de fazer política, através de redes sociais digitais, unindo prática e discurso.

Isso deve estar presente tanto a distância, em comunidades em rede, como no presencial, quando os encontros devem ser feitos na base de rodas de conversas,  com participantes debatendo entre si, evitando o sistema clássico de líderes no palanque e a massa embaixo.

(Vi debates assim na Petrobras e na reconfiguração da Islândia, pós crise financeira.)

Um  ser humano, humano

A transparência e o controle mais fácil pela sociedade em rede digital nos colocam a possibilidade de rever o próprio ser humano.

Há uma crença no mundo atual, principalmente na América Latina e em outros países do terceiro mundo, que determinados  indivíduos são incorruptíveis, a partir de uma escolha ideológica ou religiosa.

(Vide a surpresa do PT com corrupção. Acreditamos em algum momento que uma pessoa de esquerda era superior aos “prazeres da carne”  por serem de esquerda. Não são.)

O que garante a honestidade, além da força/formação ética/moral do indivíduo, que deve haver,   é o eterno – e cada vez mais aprimorado-  controle social e transparência nas ações, via sociedade e suas ferramentas de controle, internas e externas ao governo.

Acredito que o surgimento das redes sociais digitais já tem ajudado e ajudarão bastante a conter as altas taxas de ganância e colocar luz na sombra de quem quer mantê-la escondida.

São ferramentais úteis para esse fim.

Deve-se, assim, adotar a mentalidade do controle do coletivo e não a de super-homens incorruptíveis.

Um mundo sem utopias!

 Estamos saindo de um século das utopias nas pontas, que ainda estão hoje no cotidiano e no imaginário das pessoas, da crença utópica que vamos chegar a um novo mundo, a partir de revoluções ou das guerras em nome de raças, religiões ou ideologias.

Tais propostas nos faziam crer que toda a sociedade iria mudar, em uma guinada radical, que iria nos tranformar em super-homens e mulheres.

Uma utopia rendentora, que foi um pouco a base do nazismo e do comunismo, como essência, no super-homem/mulher ariano/a ou no super-homem/mulher soviético/a ou do radicalismo religioso atual em diversos países pelo mundo.

Deu no que deu! Está dando no que está dando!

Acredito que devemos procurar uma nova mentalidade a-utópica.

De trabalho contínuo de tentativa de redução de taxas de sofrimento, aperfeiçoando o modelo ao longo do tempo.

 

É  preciso, assim,  que o novo venha esteja alinhado com o futuro e não com com mudanças cosméticas do passado e modelos antigos e desgastados.

Fui até aqui.

Que dizes?

 

 

Em resumo, o mundo procura desintermediadoresNepôda coleção;

Versão 1.1 – 28/11/2011 (Beta ainda em revisão.)

(Continuação do post sobre Gestão da Desintermediação.)

Tenho defendido a necessidade de unificar um conjunto de ideias e práticas para consolidar o conceito da “Gestão da Desintermediação“, que é a passagem de organizações mais intermediadas para menos intermediadas, eliminando intermediadores desnecessários.

O principal obstáculo que vejo quando se fala em desintermediar é considerar que o processo da organização vai virar uma bagunça, ou a “Casa da Mãe Joana 2.0”. 🙂

O problema é que estamos muito focados em achar que a mudança é tecnológica: do mundo analógico para o digital, mas, no fundo, o processo mais difícil é conseguir passar de um mundo com um dado controle social mais centralizado para outro com menos, através de mudanças de cenário, a partir das redes sociais digitais, que nos obriga a alterar mentalidades, metodologias e tecnologias.

Por isso, precisamos de instrumentos para intervir de forma consciente na gestão, através de um método, que estou chamando provisoriamente de Gestão da Desintermediação (até encontrar nome mais aderente) para chegarmos ao ajuste necessário.

Vamos detalhar, na sequência, case interessantes que demonstram na prática o processo de desintermediação em curso, tentando mostrar a sua lógica e como isso é possível, demonstrando que o objetivo ao tentar alinhar às organizações às redes sociais, objetiva-se  reduzir custos, ampliar valor e aumentar o grau de inovação e competitividade.

Falemos da MyFab, empresa de móveis, um case publicado pela Harvard Business Review brasileira, de outubro de 2011.

 

MyFab – uma nova relação desintermediada com os clientes

A MyFab foi criada por quatro empresários em Paris, que abriram o negócio em 2008, através de uma loja de móveis pela Internet. Ao invés de montar grandes estoques de móveis, como as concorrentes, a MyFab trabalha com um catálogo de modelos possíveis.

O interessante que há, desde o início, uma mudança na mentalidade do controle da produção, talvez algo que todos já ouviram falar: alinhar não a produção não ao produto, mas nos clientes.

Isso é algo radicalizado nas redes sociais digitais.

No modelo anterior, de um mundo sem rede social digital, o produtor tentava imaginar, até fazendo pesquisa o que o cliente queria, arriscava-se a produzir o que ele intuía que iria bombar, definia um número “x” de peças a serem produzidas, produzia, armazenava no estoque e criava uma campanha de marketing/propaganda para vender para o consumidor, que só entrava no processo ao final.

O risco era alto.

O consumidor pesquisado podia não representar o todo, ou ter dito coisas na pesquisa que não era bem o que pensava. Acertar desejos e realizações sempre foi e será um desafio das organizações.

No novo modelo da rede social digital escolhida, cuja a base é uma nova mentalidade do controle, a MyFab não se considera a vidente do desejo do cliente, mas resolve incorporar o cliente no processo de produção, mudando a forma de controle de eu-sei e você não-sabe.

Utiliza-se, para isso, de redes sociais digitais dentro da produção e não apenas como elemento de marketing ou divulgação, que é o default do mercado.

A empresa passa a criar uma relação de troca, dando ao cliente a oportunidade de interferir na linha de produção, personalizando e pedindo para que ele colabore, um modelo similar que faz a Camiseteria, no Brasil, ou a um conjunto de novas editoras de livros, que só imprimem por demanda, como é o caso do Clube dos Autores.

Ainda em cases similares, podemos falar da conhecida Dell, que montou um modelo de negócios de venda de computadores, a exemplo da MyFab, que produz e monta os equipamentos, a partir das demandas dos usuários, eliminando uma rede de intermediários.

O cliente ajuda, assim, participando a melhorar os produtos e reduzir risco, por sua vez custos, pois só são colocados em produção de forma individualizada, sem pontos de varejo, estoques, distribuição ou rede de logística, com 100% de certeza ao se iniciar o processo de produção.

A da HBR, de outubro de 2011,  diz ao comentar o modelo MyFab:

“Ao simplificar a cadeia de suprimentos e produzir só o que o público queria, a MyFab conseguiu cobrar preços consideravelmente menores do que os de lojas convencionais de móveis (…) utilizando as tecnologias existentes para satisfazer as necessidades do público”.

 O que eles fizeram, se formos analisar o novo modelo desintermediado?

1) ao invés de tentar imaginar o que o cliente gostaria, passaram a incorporar o cliente dentro do processo de produção dos móveis, aproximando-o e criando um vínculo. O recado que está sendo passado é: você sabe tanto quanto eu o que deve ser produzido, não sou mais que você, vem fazer uma parceria comigo para realizar um ganha-ganha?;

2) tal fato, só é possível quando se adota inicialmente uma maneira nova de se pensar os negócios, dentro de um novo cenário, se faz uma revisão na mentalidade de controle e, a partir destes passos, bem consolidados, adotam-se tecnologias desintermediadoras, usando recursos de redes sociais digitais, no qual é possível que o cliente vote e defina a relevância de cada um dos produtos;

3) elimina-se a necessidade de estoque, pois é um modelo digital, de compra e venda direta entre o produtor e o consumidor. Aqui, elimina-se um conjunto de intermediários: pesquisadores, designers prospectivos, vendedores, estoquistas, controladores do estoque. No lugar, devem vir os gerenciadores da plataforma, profissionais de relacionamento com as comunidades, ajustadores de processo da relação do pós-venda para que as reclamações sejam rapidamente incorporadas ao processo.

Um modelo assim exige, além de tudo, também um novo modelo de gestão em rede, no qual o usuário e o fornecedor dos insumos devem fazer parte de uma redes social digital produtiva, que vai além de troca de informação, pois o usuário passa, na verdade, a ser o acionador para a esteira da fábrica começar a funcionar.

Por debaixo de todo o processo de desintermediação, na verdade, existe um resgate de um canal de comunicação perdido, que já teve e se perdeu, ou era inexistente, pois pelo modelo de negócio possível não havia um método seguro e barato de saber o que o consumidor queria.

Eram feitos formulários, reuniões presenciais, visita a locais de consumo, porém, com um custo e uma margem de erro grande.

Note que a rede, além de tudo, pode servir não só como esse campo de pesquisa, com um adicional: em uma pesquisa o usuário diz o que ele acha ou quer que achem. Na rede, através dos cliques, a empresa tem a possibilidade de saber o que realmente ele fez, viu, comprou, no que chamamos de rastro involuntário que todo internauta deixa.

A não utilização de um método desse tipo para reduzir riscos na produção é uma verdadeira insanidade de uma organização. Foi o que amadureceu a MyFab.

Ou seja, cria-se uma nova ponte de comunicação/operacional com o cliente, através de uma plataforma colaborativa em rede social digital.

No caso das fábricas de móveis tradicionais o profissional do designer era o senhor absoluto dos desejos os consumidores, com vários cursos feitos, mas deixavam de dialogar com quem, de fato, comprava.

Com a desintermediação foram tirados atravessadores nesse diálogo organização/cliente. Há um novo processo de comunicação, tanto na conversa, mas, principalmente na inclusão do cliente dentro do processo produtivo.

Estamos, assim,  saindo do modelo de produção.

Eu faço, divulgo, convenço e pergunto depois.

Para um modelo.

Em chamo para fazer junto, pergunto e produzo, e divulgo, contando com o apoio de quem me ajudou a fazer.

Em um modelo que podemos chamar de co-criação, que é, na verdade, a aproximação das partes, desintermediando e ganhando velocidade e aderência, mantendo a empresa competitiva, pois cria um laço forte de fidelização com o cliente, que define o que quer.

LiveOps – uma desintermediação com o relógio de ponto 

O mesmo caso, com cores diferentes,  pode ser visto na LiveOps, empresa de callcenter.

Qual era o problema ali?

Havia horários de pico de muito movimento e outros com pouco.

Contratar pessoas com horário integral era algo que criava um problema de fluxo, quando se precisava de mais gente, não tinha, pois era impossível prever a demanda/oferta.

O que eles fizeram, usando a rede social digital?

Criaram um modelo de horários flexíveis.

Aqui o que foi desintermediado foi o relógio de ponto. 🙂

Uma pessoa que tenha pouco tempo na semana, por ter filhos, outros trabalhos, etc, define as poucas horas por semana que poder estar disponível para atender chamadas do callcenter.

Um sistema inteligente é usado para utilizar, chamar e colocar em ação esse conjunto de pessoas, conforme a demanda, conseguindo ter flexibilidade para juntar oferta.

Nesse sistema, utilizam-se do “Karma Digital”, que, pelo uso da plataforma conseguem monitorar o desempenho de cada atendente e priorizar os mais bem colocados na hora de direcionar chamados.

É fundamental nos projetos de desintermediação o uso inteligente dos rastros que os usuários vão deixando, sejam colaboradores ou clientes.

Com eles, só com eles, é possível medir relevância em um mundo com tanta informação.

Isso cria uma desintermediação de quem avalia a capacidade de um determinada pessoa.

Não é mais o chefe que diz sozinho quem é quem, mas essa avaliação de cima da hierarquia, é confrontada com os dados colhidos pela plataforma, que aponta como cada personagem está sendo avaliado pela comunidade.

É preciso criar essa metodologia no processo e ter tecnologias que possam de maneira fácil ajudar nessa avaliação.

De novo, temos um processo de flexibilização da rede, a partir de uma inovação na forma de contrato, na desintermediação na avaliação de cada colaborador.

Por fim, é bom lembrar que a desintermediação se faz presente em várias áreas, como até na conservadora área de seguros, com negociações completamente virtuais, vendas online de apólices, através de cotações geradas pela plataforma.

São exemplos nessa direção: Segurar.com, EscolherSeguro, Smartia e Sossego (Dados retirados da Época Negócios de Outubro de 2011.)

Uma das principais investidas em novos negócios do mundo, a Tiger Global Management tem investido no Brasil em novas empresas desintermediadoras de negócios tradicionais.  Muitos verão esse investimento como algo curioso e não como um indício do futuro, mas notem que os investimento seguem uma linha de cortar atravessadores para inovar, a ver:

Serviços Gerais/ o que está desintermediando?

Vostu (Jogos online) – vídeo-game, jogando-se direto pela rede;

Netmovies (filmes) – vídeo-locadoras;

ImovelWeb (imóveis) dos corretoras de imóveis;

Compras coletivas:

PeixeUrbano/Mequedouno/Atrapalo.com – classificados de ofertas;

E-coomerce:

Baby.com.br – lojas de bebê;

NetShoes – lojas de esporte;

Mercado Livre – classificados pessoas físicas, sebos, feiras de camelôs;

Oquevestir.com.br – lojas de roupa.

Serviços de Turismo:

BestDay/ClickHotéis/Decolar.com – agências de turismo;

Sites de empregos:

Catho/Bumeran.com/Manager – classificados/headhunter.

Quer dizes?

 

 Não estamos em uma época de mudanças, mas em uma mudança de época – Chris Anderson;

Versão 1.5 – 26/10/2011.

(Apoio de revisão: Jacinta Luiza)

Há um erro de cenário geral nas organizações hoje que as têm feito gastar mais dinheiro do que o necessário e obter poucos resultados quando se trata de melhorar sua gestão e adaptá-la ao mundo digital em rede que estamos entrando.

Ou seja, alinhar o movimento das redes sociais digitais à administração do negócio.

Os projetos de Gestão de Conhecimento (como outros do gênero, tal como de inovação)  estão cometendo alguns pecados, tanto teóricos quanto práticos.

Precisamos fazer alguns ajustes.

Qualquer organização tem os seus departamentos fixos, que fazem parte do dia-a-dia, tais como: compras, recursos humanos, jurídico, comunicação/marketing, pesquisa, etc.

São estruturas orgânicas, de funcionamento básico, pois são ações permanentes de qualquer organização, de hoje, de amanhã, pois fazem parte das trocas  das sociedades humanas e, podem mudar  de nome, mas ações como aquelas exigem alguém responsável.

Como se deve articulá-los, organizá-los, acompanhá-los, incentivá-los, promover a troca, motivação, etc, o recheio, a argamassa da organização é o que podemos chamar de modelo de gestão, que as levam a ter melhores (ou piores) resultados na geração de valor.

A despeito dessa gestão do dia-a-dia, há momentos em que as organizações sentem, ao olhar em volta,  a necessidade de fazer ajustes gerais na gestão (mais ou menos radicais), em função das mudanças do ambiente externo, que precisam ser adaptados ao modelo interno e de crises internas que apontam que algo não vai tão bem e precisa de ajustes.

Criam-se, assim, o que vou chamar de  projetos de passagem, que são a tentativa de levar à organização de um momento  “A” para um momento “B” na sua gestão para aprimorar o que está com problemas e alcançar patamares antes impossíveis com o modelo antigo.

São momentos excepcionais e particulares em que deve haver uma intervenção estratégica consciente na gestão.

Projetos de passagem seriam, então, uma intervenção provisória e consciente da organização para mudar de forma integrada e coordenada um determinado modelo de gestão para outro, visando ter um alinhamento melhor com a realidade, em função da obsolescência de práticas passadas, que precisam ser superadas do ponto de vista teórico (mentalidades), inicialmente e depois prático.

Podemos exemplificar, a saber:

  • De uma empresa mais vertical para horizontal, tal como reengenharia.
  • Ou de uma empresa menos inovadora para mais inovadora, tal como gestão de inovação.
  • Ou ainda de uma empresa mais focada em um ambiente de capital tangível para outro intangível, que é a gestão dos intangíveis;
  • Ou de uma empresa que lida pior para uma que lida melhor com o conhecimento, através da gestão do conhecimento.

Note que são projetos que devem fazer ajustes passageiros nas organizações (com mais ou menos impacto),  mas não deveriam se estabelecer como departamento permanentes dentro do organograma, pois são processos em que percebe-se a necessidade de alinhamento entre dois momentos.

Fazem parte da mudança na argamassa (de como se faz) e não na estrutura (o que se faz).

Implantou a mudança, se dissipou internamente dentro de um novo modelo de gestão em todos os departamentos orgânicos da corporação.

Ou melhor: vim, vi e venci (e fui embora).

Projetos que podem até medir sua taxa de sucesso, simplesmente, desaparecendo, a partir da adesão ao novo modelo.

Não podem virar, assim, uma gerência permanente, criar especialistas, pois são pontuais de intervenções para mudar de um ponto a outro, incorporando um conjunto de ideias, metodologias e tecnologias.

São projetos e não departamentos!

São profissionais de gestão que analisam cenários e vão intervindo aqui e ali para fazer esse alinhamento, hoje pode ser de inovação, amanhã de conhecimento, depois de intermediação, etc.

Por isso, não há muito sentido em especialistas que se dedicam a uma dada intervenção, perdendo a noção de que fazem parte da gestão. E que se hoje o ajuste é um, amanhã na mudança do cenário e por causa de novas crises, outro.

A gestão deve cada vez mais, em função de um mundo mais mutante, se preparar para incorporar e novas realidades na gestão, o que implica absorver e implantar novas ideias e mentalidades, que, por sua vez, nos levam à procura de novos perfis, metodologias e tecnologias.

Um olho no cenário outro na geração de valor, mudando a argamassa!

Tudo é provisório na gestão, pois a vida lá fora é provisória.

São projetos de passagem que devem ser percebidos  como estratégicos, com alta prioridade, para o futuro da organização, envolvendo os escalões mais altos, pois é uma adaptação geral da organização a um novo cenário.

É um alinhamento  de práticas organizacionais às novas demandas de gestão de um mercado diferente para manter graus elevados de competitividade.

Ponto!

O primeiro erro dos projetos de Gestão de Conhecimento, na maioria dos casos (nem todos),  é de se estabelecerem como departamentos, gerências, como se fossem para sempre e não são.

Nada nos garante que é preciso um departamento específico para gerir conhecimento.

Lidar melhor com o conhecimento é parte integrante da vida de cada pessoa, deve estar na preocupação de cada gerente, gerência, etc, induzida pelo pessoal da gestão, que vai alinhando esta a vida lá fora.

São projetos de polenização de práticas e teorias, que devem ser incorporadas,

Quando a organização incorpora as práticas, o polenizador daquele tipo de ajustes perde o sentido, pois novos alinhamentos serão necessários.

Certo?

Ou seja, são grupos de trabalhos da gestão, que são criados para serem desarticulados depois, assim que as metas de mudança de mentalidade são alcançadas, bem como respectivas metodologias, tecnologias e perfis.

Isso é o resultado bem feito de um projeto de passagem seja lá qual for ele.

São projetos que visam ajudar a uma migração de alinhamento de cenários de “a” para “b”.

Esse, digamos, é um primeiro erro mais superficial e prático, pois estão criando departamento aonde deveriam criar apenas incentivadores de práticas, grupos de mobilização, com vida definida.

(O mesmo ocorre com projetos de gestão de inovação, gestão de intangíveis, etc.)

Dito isso, vamos a um problema teórico que é mais profundo, pois é um erro, que tem uma implicação de longo prazo  na competitividade das organizações, o que é  ainda mais grave.

Todo projeto de passagem parte de uma visão de cenário da migração entre dois mundos, de dois momentos conjunturais.

O mundo está indo de  “A” para  “B”, a nível macro, e as organizações precisam se sincronizar com essa passagem, através de projetos novos que vão alinhá-las ao novo cenário e mantê-las competitivas, reduzindo riscos e crises pela proa.

Note, entretanto, que para se ter um projeto de passagem é preciso ter um eficaz diagnóstico de cenário, ou seja, entender bem as forças que estão nos levando de “A” para “B” e qual é o novo método de gestão mais alinhado com essa visão.

Um erro nessa avaliação que é o momento do cálculo do lançamento do foguete, nos leva a um erro sequencial, pois todo o resto depende de saber onde mais ou menos está a lua.

É o que fazem, teoricamente, os gurus da administração, que publicam livros, dão seminários e convencem as organizações que, de agora em diante, seria bom adotar aquela nova maneira de pensar a gestão.

Desse cálculo vem os resultados.

Ou seja, é preciso ver com clareza o que é oportunidade de negócio e o que é novo modelo de gestão.

Oportunidades de negócio exigem mudanças nos produtos e serviços a serem oferecidos ao mercado. E há mudanças que exigem alteração na forma de fazer a gestão.

Procura-se alinhar os dois termos –  para fazer tal produto ou serviço, ou aumentarmos a escala, que tipo de mudança na gestão precisa ser feita para tudo rodar redondo?

(Lembra-me o caso agora da Petrobras com o desafio do Pré-sal!)

Se o diagnóstico de cenário (nos dois campos) estiver equivocado, tanto no que tange ao negócio a ser feito como a gestão a ser alterada, começa, desde cima, um desalinhamento na organização, pois elegemos mudanças que não conseguirão o alinhamento que se imagina necessário com a vida lá fora.

Por conta disso, vamos definir negócios, estratégias, implantação de metodologias e tecnologias que podem resultar em muito mais perdas do que ganhos, pois estamos alinhando a algo que tem outra dinâmica e exige outro tipo de ajustes na gestão.

E depois, no calor da luta, quando se entra para implantar o projeto de passagem é muito difícil conseguirmos diagnosticar que o erro foi lá atrás, na avaliação do cenário.

E é justamente isso que está acontecendo com a Gestão de Conhecimento hoje ao pensarmos a chegada desse mundo em rede social digital.

A base teórica que lhe dá sustentação acerta parcialmente no modelo de negócio, mas erra no ajuste da gestão, pois não incorpora a revolução cognitiva em curso.

Ou seja, faz até uma análise correta da passagem de uma economia baseada em bens tangíveis para intangíveis, da menor para maior criatividade, de um ritmo mais rápido da inovação. Necessidade de mensurar, estimular e valorizar o conhecimento da organização.

Diria que sim: é para lá que o capitalismo cognitivo está indo, já que os números estão aí para quem quiser ver.

Porém, erra ao imaginar que isso pode servir de um novo modelo de gestão, pois a forma de gerir processos no mundo está sendo abalroada por uma revolução cognitiva, liderada pelos mais jovens, através de milhares de experiências em redes sociais digitais que é o que há de mais novo e criativo em gestão de conhecimento.

A força principal de mudança de gestão na sociedade  tem vindo de fora da sociedade formal para dentro dela em um processo lento e difícil de assimilação.

Foi fácil aderir ao email, ao portal, à Intranet, mas está muito difícil aceitar a desintermediação proposta pelas redes sociais digitais, pois mexe com algo fundamental na organização: controle e poder.

Nossa mentalidade foi formada em uma família, em uma escola, em uma sociedade que lidava com o controle de forma diferente e isso moldou nossa subjetividade.

É uma passagem difícil, complexa e que exige – e muito – uma intervenção consciente e monitorada. Uma gestão da desintermediação.

Note, assim, que uma coisa é definir a estratégia de ação de negócios para produtos cada vez mais intangíveis, inovadores, criativos e isso deve ser procurado e feito. Mas há um erro ao se adotar métodos de gestão de conhecimento, pois os melhores métodos nesse campo não têm vindo dos livros de GC, mas das redes sociais digitais, desenvolvidas pelos mais jovens.

E a maioria dos projetos de GC ignoram isso.

Mais: os projetos vão sendo desalinhados, com vários outros, criam departamentos e o caos se estabelece na ordem das prioridades do que deve ser priorizado na gestão.

A olhos vistos são as redes sociais digitais que estão dando suporte para as empresas mais inovadoras e criativas, fazendo-as lidar melhor com o conhecimento, a informação e o relacionamento das equipes em rede.

Tudo que a GC propõem e não conseguem, na prática, realizar.

Assim, o ajuste necessário que precisa ser feito hoje nas organizações com uma gestão é ajudá-las nesse mundo mais inovador e intangível é realizar de forma eficaz a passagem da  pré para a pós-revolução cognitiva, através de uma processo de passagem, que permita uma gestão mais desintermediada do que é hoje.

É um momento de exceção que exige um novo tipo de teoria e de prática, que estamos com dificuldade de ter clareza para assumir.

Lemos e ouvimos muitos termos liderança aberta, design thinking, implantação de redes sociais corporativas, mas tudo vai na mesma direção: desintermediação.

Uma revolução cognitiva, temos que ter consciência disso,  é um macro ajuste sistêmico na sociedade, que cria dois mundos, um  pré e outro pós, com mentalidades distintas de controle sobre os processos.

São mudanças ligadas à implantação de redes sociais internas e externas, no que estou chamando de gestão de desintermediação, um projeto de passagem de um mundo analógico vertical para outro digital em rede.

Se, por acaso, os mais resistentes optarem por manter o nome Gestão de Conhecimento, tudo bem, mas deve se oficializar que é algo de passagem e chamar de Gestão de Conhecimento 2.0, que é basicamente a implantação de Redes Sociais nas Organizações, com novo perfil, mentalidade, métodos e tecnologias desintermediadoras, incorporando a mesma necessidade de mais inovação e melhores resultados.

O nome pouco importa, mas é preciso aceitar que são estes projetos e não os atuais de GC, que estão obsoletos por estarem com a mentalidade da pré-revolução cognitiva.

É preciso urgentemente acordar para esse problema e fazer os ajustes necessários, pois a tendência é a lua ficar cada vez mais longe!

É isso, que dizes?

Quando aumentamos o volume da informação: ou desintermediamos, ou entramos em criseNepôda coleção; 

Versão 1.3 – 25/10/2011 – faz parte do meu novo e-book –> GESTÃO DA DESINTERMEDIAÇÃO: metodologia eficaz para fazer o alinhamento das redes sociais às organizações

(Veja o áudio sobre o tema no Papo na Rede sobre o tema ou o Nepô ao Vivo 4.0 dedicado totalmente ao tema.)

Qual é a ação principal que define todos os esforços que precisamos fazer para alinhar nossas organizações/entidades/sociedade para o mundo que está chegando?

>>> Desintermediação<<<<

Desintermediação pode ser entendida como: processo de tirar intermediários desnecessários para ganhar agilidade  para inovar na gestão, visando atender melhor cidadãos e consumidores.

Essa é a meta que deveria servir de guia para os atuais projetos de mudança de gestão das organizações, visando incorporar o novo mundo das redes sociais digitais, que nem sempre estão integrados.

Ao contrário, mal interpretados, isolados a projetos menores, de algum departamento com a mesma mentalidade pré-revolução cognitiva.

Não vai dar boa coisa!

A desintermediação é a força-motriz que rege as mudanças atuais.

É preciso, dentro dessa perspectiva, integrar os esforços que já vêm sendo feitos, tais como  “Implantação de Redes Sociais”, “Gestão de Conhecimento”, “Gestão da Inovação”, “Marketing Digital”, “Comunicação Digital”.

(Ver discussão sobre isso no post sobre Gestão de Conhecimento.)

Diria que conhecimento, inovação, marketing digital, Redes Sociais são consequências de um fator mais amplo e geral: o aumento da população, que exige mais produção, mais inovação, informação descentralizada e, por sua vez, mais desintermediação.

A desintermediação é a resposta para um mundo mais complexo!

Desintermediar significa melhorar os processos, fazendo de nova maneira, incorporando as grandes inovações que os jovens têm feito na Internet para dentro das organizações, porém, isso tem um preço: um novo tipo de controle e uma nova forma de se administrar o poder.

Precisamos, assim, ajustar as organizações a um mundo com mais gente, que começa a procurar nas redes sociais digitais uma saída para resolver seus problemas de gestão, principalmente,  de forma mais dinâmica, revisando mentalidades de um mundo mais controlado e menos preparado para o tamanho do problema que temos hoje.

Não podemos fingir que com 7 bilhões de pessoas podemos controlar os processos do mesmo jeito!

Não avaliamos ainda com calma, mas estamos dobrando a população a cada 50 anos, algo que nunca aconteceu na história da humanidade e isso afeta toda a sociedade, inclusive os negócios de uma maneira radical.

Nossa mentalidade continua a mesma de 50 anos atrás, mas os problemas se multiplicaram, em 1960 éramos 3 bilhões, hoje somos 7, caminhando para 9, em 2050. 

Tudo poderia ficar mais ou menos na mesma latência reprimida, desde que não aparecesse uma tecnologia cognitiva disruptiva/desintermediadora (redes sociais digitais), que permite uma oxigenação geral da sociedade, em termos de ideias, projetos, pessoas, princípios.

A porteira foi aberta e o que aparecia impossível hoje é menos impossível!

Nesse cenário desintermediante, a roda da história passa a girar de forma diferente, abrindo enormes possibilidades para a civilização nesse novo século, que precisa se ajustar a um número maior de habitantes.

Ou seja, precisamos de um diagnóstico mais próximo de qual é a “doença” principal atual da sociedade, a geradora de crises, que as organizações têm que lidar para atacá-la de frente.

Caso contrário, podemos ficar perdidos na fumaça dos gurus de plantão.

Anotem: o fator primordial que precisamos atacar hoje em dia é a adaptação da sociedade para um mundo mais populoso e agora muito mais conectado. E isso exige um grau muito maior de desintermediação, de outra forma de controle mais líquida do que nossos egos analógicos estão acostumados.

Porém, nossas cabeças de semana seguinte, presas à mentalidade passada insistem em não ver o óbvio:

Se estamos com problema de câncer ou de Aids, precisamos fazer o gerenciamento de um ou de outro, pois a febre que aparece depois é consequência da doença e não a causa.

Precisamos, assim,  entender que só se resolve a crise demográfica/produtiva, através de uma gestão da sociedade mais desintermediada, na qual objetiva-se mais dinamismo para mudanças, que um mundo com mais gente, complexo e inesperado nos proporciona.

Para isso, é preciso uma intervenção consciente, a saber:

  • Visão clara do cenário – percepção geral do cenário, com forte lógica histórica para comparar a atual revolução cognitiva com a passada e analisar causas e consequências;
  • Mudança de mentalidade – mudanças necessárias nas mentalidades, regatando princípios humanos perdidos no tempo, em função de um controle rígido das ideias, via mídia de massa;
  • Novos perfis – ajustes no perfil das pessoas (com treinamento e reciclagem) para que possam lidar com um mundo menos controlado, tanto de quem controla como de quem é controlado;
  • Novas metodologias e tecnologias –  que permitam manter uma coerência dentro da desintermediação;
  • Nova forma de medição de resultados – que analise, como se deve sempre, o valor que é gerado com todo o processo de fora para dentro e não análises de dentro para dentro, como muitos dos projetos atuais de gestão disso e daquilo propõem.

Precisamos nesse mundo superpopuloso apelar para câmeras de vídeo para fiscalizar cidades, chips nos bois para melhor gerenciar a boiada, chip na placa dos carros para reduzir engarrafamentos, vender ingresso sem bilheteiros, ir ao banco sem caixa, fazer compras direto pela tela, comprar passagens longe dos balcões das companhias.

Ou seja, tirar intermediários desnecessários e colocando no lugar gerenciadores de comunidades em rede, robôs, geolocalização, sofisticando o trabalho (e não reduzindo como muitos podem supor).

Note que a desintermediação é a retirada de um determinado atravessador obsoleto que faz parte de um tipo de mentalidade mais controladora, que retarda o fluxo e a dinâmica, tornando processos, produtos e serviços cada vez mais caros e menos eficazes.

Isso se sustentava em um mundo mais controlado (na gestão e na informação) e com menos gente, sem concorrentes, com novos modelos de negócios, que estão cada vez mais em redes sociais digitais.

Desintermediamos, assim, porteiros, médicos (em alguns casos), ascensoristas,  bilheteiros, balconistas, corretores, vendedores,  garçons (nos restaurantes a quilo), jornalistas, distribuidores de música, de livros. Precisamos de mais velocidade em um mundo mais complexo, global, conectado e personalizado.

Mas note bem.

Não é uma proposta de criarmos mais um departamento ou gerência : Desintermediation Management com placa na porta! 🙂

É um projeto momentâneo da passagem de uma empresa pré-revolução cognitiva para uma pós-revolução cognitiva.

Ou no popular, organização 1.0 para uma 2.0, ou analógica/hierárquica para digital/rede.

Feita a passagem, fim, acabou, novos perfis, mentalidades, metodologias, tecnologias e medições foram implantadas e estão agora em um novo ciclo.

A passagem não é fácil.

Muitos têm optado por criar uma startup para começar do zero do que tentar uma mudança desse tipo.

Ou seja, sim é um processo difícil de mudança de cultura e mentalidade, mas necessário.

Pode ser feito sem critério ou orientação, ou de formar coordenada.

A diferença é o custo de cada uma das duas opções, a primeira com muitas as crises e um custo maior e a segunda domando o cavalo louco da nova desintermediação, que, repito é apenas mais um jeito de controla e não o descontrole.

Insisto: estamos com o diagnóstico errado de onde estamos e para onde vamos e, por sua vez, com os remédios de gestão inadequados para tratar a mudança que temos que operar!

A gestão necessária é aquela que nos levará a um mundo mais descentralizado, desintermediado.

Enfim: estamos dando xarope para pneumonia e a febre tende a aumentar!

 

Estamos falando da passagem de organizações muito intermediadas para outras menos intermediadas, ou se quiserem, mais desintermediadas. Promover a passagem de um modelo mais vertical para outro mais horizontal, dando continuidade a iniciativas que ocorrem já algum tempo, mas agora de forma mais radical, em função da chegada de redes sociais digitais, que aprofundam a horizontalização em curso.

Sugiro, assim, a criação de projetos, sob um guarda-chuva geral, que podemos denominar Gestão de Desintermediação (que pode se chamar também de gestão de descentralização), que envolve mudanças articuladas e alinhas nas mentalidades e perfil das pessoas, nas metodologias e tecnologias, bem como nos resultados a serem alcançados  de forma a mudar, de forma coordenada e gradualmente, as organizações públicas ou privadas nos próximos anos, ficando mais alinhadas ao mundo mais veloz e mais digital que está chegando sem pedir perdão ou licença aos poderes e as autoridades constituídas.

Acredito que uma postura assim é um atalho para as organizações gastarem menos, terem melhores resultados e estarem alinhadas com o mundo novo que se avizinha.

 

Portanto:

  • Quando falamos em Governo Aberto (ou Governo 2.0)  estamos falando de desintermediação.
  • Quando falamos em Empresas 2.0 estamos falando de desintermediação.
  • Quando falamos de Política 2.0 estamos falando de desintermediação.

Mais: os mais jovens já adotam novos modelos de troca e de relacionamento e, conforme vão crescendo e consumindo terão mais identificação com as organizações mais próximos aos que estão acostumados, tanto para trabalhar, quanto para consumir.

Para que isso ocorra é preciso uma mudança de paradigmas em quatro níveis, ou seja, uma metodologia de passagem entre um ponto a outro, tal como:

Mentalidade/Perfil das Pessoas – há necessidade de uma readequação das pessoas que estão acostumadas com um tipo de controle em alguns aspectos a saber, o que exige uma relação diferenciada com o ego, pois trata-se de uma mudança subjetiva importante que altera em parâmetros subjetivos, da relação de poder, com a informação e de que reconhecimento se espera de cada um:

Menos controlador – da passagem de uma prática de gerenciamento do “eu faço” para o deixar fazer, incentivando iniciativas da comunidade,  isso vale para chefes, gerentes, designers, marketing, comunicação, recursos humanos, finança;

Mais horizontal – deixar que as decisões sejam baseadas no diálogo que passa a ocorrer, não mais com decisões verticais, neste aspecto deve ser baseada a nova forma de remuneração e participação dos resultados da empresa;

Mais participativo – um perfil mais colaborativo, saindo da inteligência individual para a capacidade de trabalho em grupo.

Metodologias  -há necessidade de uma readequação das metodologias que estão estruturadas para um tipo de ambiente mais controlado  em alguns aspectos a saber:

Incentivo para participação das diferentes comunidades do negócio –  para que todos (fornecedores, colaboradores, acionistas, clientes)  se sintam estimulados a participar, garantindo que as mudanças, fruto da interação, de fato, ocorram, isso deve estar alinhada a mudança de mentalidade citada acima. A inovação aberta é uma das metodologias que fazem parte dessa ideia, bem como a criação de redes sociais internas e externas. É preciso, entretanto, unificar estes projetos em um mais amplo de mudança e não segmentado como é hoje;

Critérios de mérito e reconhecimento – incentivos, a partir da visibilidade de cada um dentro do coletivo e o esforço que faz para fortalecer os laços e colaborar com informação para o conjunto. Essa participação será medida, através dos “rastros inteligentes” que devem estar alinhados à plataforma de tecnologia;

Tecnologiashá necessidade de uma readequação das tecnologias que estão estruturadas para um tipo de ambiente mais controlado  em alguns aspectos a saber:

Redes sociais digitais  – muito próximas do Facebook, que substituirão à Intranet e a página da Internet, com participação em vários momentos de fornecedores e clientes, com níveis de restrição, no mesmo ambiente integrado.  Alguns instrumentos novos fazem parte desse aparato: inteligência artificial em rede, algoritmos, geolocalização, uso intensivo de rastros digitais para criar relevância em pessoas e documentos. Não há regra de quando e como usar cada um deles.

Rastros Inteligentes – todos os documentos e as pessoas passam a ser monitoradas por um robô que vai criando, a critério dos administradores, níveis de relevância para saber, dependendo de cada caso, quem e que documento é mais relevante para determinado processo.

 Medições

Como saber que um projeto de desintermediação está cumprindo seus objetivos?

A ver:

  • Menos trabalho burro e repetitivo;
  • Mais capacidade de mudar, conforme críticas recebidas, seja de onde for (colaboradores, fornecedores e clientes/cidadãos);
  • Mais inovador;
  • Mais competitiva;
  • Fazendo mais com menos.
  • Ou seja, tudo que uma melhoria na gestão proporciona!

O objetivo da gestão da desintermediação é, assim, alinhar a visão de cenário/estratégia prática da organização ao mundo que está chegando com força e velocidade, alterando mentalidades, perfis,  metologias, tecnologias, medições.

Que dizes?

 

 

 

É do controle da informação que a hipocrisia se alimentaNepôda safra de 2011;

(Versão 1.4 – 24/10/2011)

Não é comum nas ciências humanas e sociais atribuir mudanças históricas e de mentalidades às Revoluções Cognitivas, tais como a chegada da fala, da escrita ou da Internet.

É algo novo, estranho,  inusitado e causa muito estranhamento para teóricas e práticos de plantão.

(Quem quiser se aprofundar numa visão diferente, sugiro ler a obra de Lévy)

Como a academia brasileira, de maneira geral,  está indo para um lado e a sociedade para outro, estudos mais profundos (de quem pode fazê-los) não podem ser aproveitados estrategicamente,  pois há um fosso entre percepções de quem tem o privilégio de estudar e ações de quem tem o poder de decidir.

É muito mais razoável e confortável  imaginar que a Economia e a Política sejam os grandes fatores de mudanças históricas e, portanto, das mentalidades de maneira geral do que mudanças tecnológicas cognitivas.

Porém, esse pensamento nos leva a um diagnóstico teórico que tem até aqui, de certa forma, gerado confusão e dificuldade  para compreender alguns fatos que estão acontecendo no mundo hoje por causa da chegada da Internet/redes sociais.

Nossa visão economicista, principalmente, não nos tem deixado ver esse novo vetor histórico como algo relevante para explicar as mudanças que estamos e ainda vamos passar.

Sem compreender os efeitos uma Revolução Cognitiva, que é o que estamos passando atualmente, teremos mais dificuldade de explicar fatos da realidade, tais como mudanças no negócio em várias áreas, como a da música e dos jornais, migrando para outros setores, bem como o movimento autônomo do software livre,  da participação dos leitores em jornais, do aumento do poder dos consumidores de maneira geral.

Podemos ver também movimentos políticos, tais como a primavera árabe (Egito/Turquia), Ocupem Wall Street, Revolução Espanhola.

Vários autores têm dito que precisamos urgentemente de um novo paradigma teórico para rever a fórmula das mudanças históricas, ou reperceber como se move a sociedade, a partir de mais um vetor relevante: a chegada de uma tecnologia cognitiva disruptiva/desintermediadora como a Internet/Redes Sociais Digitais.

Teorias são ferramentas úteis para compreender a realidade e quando há fatos novos, que as questionem,  devem haver teorias novas, senão inauguramos crises teóricas, que significam explicações pouco consistentes e lógicas para fenômenos que ocorrem.

Tais crises teóricas, de visão, nos levam a crises na maneira de agir.

Portanto, a realidade hoje está nos obrigando a rever nossa base teórica.

Diria que há uma inversão de causa e efeito importante, a partir desse fenômeno, já que tanto a economia como a política estão sendo (e serão se a história tiver uma certa lógica) muito mais  condicionadas do que condicionantes pelas mudanças  no ambiente cognitivo.

Estamos aprendendo que quando a base da sociedade fundada na informação,  comunicação, conhecimento, relacionamento se modifica, o resto vem atrás.

Diante disso, cabe-nos tentar analisar e aprender o que acontece em um dado momento da história quando nossa civilização produz/é atingida por uma revolução cognitiva como a que vemos hoje.

É importante deixar nossa mente_de_semana_seguinte de molho e tentar subir para o alto da montanha, pois vivemos cotidianamente uma avalanche de achismos, através dos gurus de plantão que juntam fatos e cases, mas não padrões e relações entre as principais forças.

Há que se recorrer à uma visão histórica para nos ajudar.

 (Ver mais detalhes aqui!)

Portanto, a Internet nos leva ao epicentro de uma Revolução Cognitiva diagnosticada por vários pensadores e pesquisadores.

Uma revolução desse tipo só é possível com a chegada de uma tecnologia cognitiva disruptiva/desintermediadora como a Internet/Redes Sociais Digitais –  como foi a chegada da fala (sem data precisa)  ou da escrita 1.0 (50 mil anos atrás) e a 2.0 (escrita impressa) há 500 anos  – que  permitiram que novas ideias passassem a circular na sociedade aonde não podiam e por quem não tinha voz.

Isso é, por si só, um fator explosivo, pois é um fenômeno que oxigena globalmente a sociedade.

É um fato macro-sistêmico de ajuste de uma demanda demográfica/comunicação/informação/inovação/produção x um ambiente cognitivo vertical e centralizado que não permite/permitia que se avance  na troca social.

Emperra o dinamismo necessário que o novo cenário exige.

Tal impasse cria uma latência, uma carência de relacionamento, comunicação, informação, que resulta em uma forte adesão em massa ao novo meio disruptivo/desintermediador.

Com esse movimento macro e global, afetando principalmente os mais jovens, que tem mais poder de mobilização, a roda da história se mexe de forma consistente em novo ritmo.

Esse fato novo reduz gradualmente o espaço, bem difundido anteriormente, de um discurso padrão dominante, que, por sua vez, implica em diminuição da força de persuasão dos grupos que estão no poder.

Há, assim, com a chegada de uma revolução cognitiva, o início de um movimento global por um novo espaço de discussão pública, seguida pela revisão das mentalidades existentes e, por fim, pela revisão e restauração de novos modelos sociais, tanto na política, como na economia.

Foi isso que aconteceu na última Revolução Cognitiva do papel impresso que tivemos notícia similar à chegada da Internet.

O surgimento da prensa, em 1450, que 200 anos depois nos levou à democracia e ao capitalismo, com a eclosão da Revolução Francesa, que basicamente questionava um poder que não mais representava o desejo e inspirações de uma sociedade mais letrada.

Tais grupos de poder são protegidos por uma mídia vertical e pouco oxigenante, passam, de um momento para outro, a serem questionados, pois perdem a proteção de uma certa bolha ideológica,  fruto do resultado de décadas de aprendizado do uso de um ambiente cognitivo, através das mídias de plantão, fechado e centralizado.

Cria-se, assim, um macro-ciclo vicioso que arrasta toda a sociedade para um movimento decadente em um modelo cada vez mais engessado, no qual os sofrimentos passam a não ter vez e voz no modelo social, como vetor de promoção de mudanças.

Tal exposição das latências ganha um grande incentivo quando os que sofrem passam a ter voz e canal de expressão, ainda mais quando isso ocorre de uma hora para outra a nível global.

São as condições necessárias para uma guinada civilizacional, na fórmula:

Sofrimento + Latência + Organizações obsoletas = movimentos de mudanças.

Ou seja, tais fatores centralizadores e verticais das últimas décadas têm resultado, como consequência,  o desequilíbrio das forças sociais, com a balança pendendo muito mais por quem domina os meios, criando um movimento perverso na sociedade, pois todo o poder que devia ser fiscalizado e se modificado, a partir do diálogo, se congelou.

As organizações, de maneira geral, passaram a jogar um jogo viciado.

Passaram a se voltar para o próprio umbigo,  sem comunicação com a sociedade/consumidores/consumidoras/cidadãos/cidadãs, ficando opacas aos desejos da sociedade e entramos em um processo lento de decadência social, na qual os produtos e serviços são muito mais impostos do demandados.

Podemos afirmar, assim, que um dos principais sintomas da decadência de uma sociedade é quando a maior parte de suas instituições (inclusive privadas) passam a avaliar cada vez mais os resultados de dentro para fora.

(Vi no FestRio o filme “A caça de Madoff”, no qual as instituições não são suficientes para impedir a fraude, mesmo que com as denúncias de um grupo de cidadãos.)

Uma instituição que se fecha para o exterior em pouco tempo transforma os princípios originais em  em ganância ou descaso.

As pessoas estão lá, mas voltadas para outros objetivos que não aqueles que a sociedade espera deles, deixando de cumpir a sua original função social. O meio (dinheiro/coisas/objetos de consumismo/status/mesquinhas vantagens) passam a ser o fim em si mesmo.

Ok, que as instituições estão obsoletas até podemos dizer que é um diagnóstico conhecido.

Mas o que não temos consciência AINDA é o quanto esse fator é causado pelo controle informacional e o quanto isso pode ser mudado quando há uma desintermediação cognitiva!

Podemos afirmar, dessa forma, que uma Revolução Cognitiva deve provavelmente desequilibrar fortemente as atuais instituições, pois estas serão um contínuo gerador de crise, pois a ganância/descaso são péssimos conselheiros de decisões futuras, causando mais sofrimento, mais latência e, com as armas atuais, mais movimentos sociais.

 

Diria, assim, que:

Não é a moral dos homens públicos que garante o fim da corrupção ou da falta de compromisso com o cidadão/cidadã/consumidor/consumidora, mas a possibilidade dos governados terem ferramentas efetivas para fiscalizar,  mudar as instituições. Quando homens públicos, em todas as áreas, começam a deixar de servir ao todo para se servirem, ao deixar personalidades (e desejos mesquinhos) acima dos princípios, começamos a ter uma crise de representação. E uma mídia vertical, ao longo do tempo, tem esse tipo de veneno.

Podemos afirmar que quanto mais controle da informação, mais ganância e menos princípios e que:

Toda crise, portanto, reflete a decadência de algum tipo de mentalidade.

Esse é o diagnóstico da crise de mentalidade da ganância que estamos vivendo, principalmente, de princípios, na qual a atual taxa de perversão está muito alta e a de atendimento dos sofrimentos muito baixa. É essa percepção, a meu ver,  que está motivando os jovens, procurar, não sabem ainda como, um reequilíbrio.

Sim, tal taxa  varia de país para país, porém:

Numa revolução social um país se rebela; na cognitiva, é o mundo todo!

A decadência atual  vai gerando um movimento em cadeia que nos leva a um conjunto grave de consequências de mentalidade social, a saber:

  • O discurso do eu, de cada um por si, se sobrepõe, como mentalidade, diante do nós;
  • Reduz-se o espaço da comunicação e do diálogo;
  • Vê-se o mundo não como um processo, com uma forte tendência a-histórica, o que vale é o aqui e o agora;
  • Perde-se o sentido da vida, ampliando o ter em detrimento do ser;
  • O Eu fica cada vez mais Eu e menos múltiplo, sem a possibilidade de olharmos o Eu de fora, justificando uma visão hedonista, o prazer pelo prazer, pois a vida é curta, não importa as consequências ou o sofrimento que eu causo em mim e nos outros.

Muitos atribuem ao capitalismo os males da humanidade, mas é preciso entender que o capitalismo e a república foram construídos e possíveis, em função da Revolução Cognitiva do papel impresso e foram um avanço em relação ao que tínhamos antes, que era o Feudalismo/Monarquia.

Estamos vivendo um momento no mundo muito parecido com as condições sociais prévias da Revolução Francesa, pois temos:

Um grupo bem estruturado e com forte influência nos governos e na mídia, principalmente o financeiro, passaram a governar o mundo sem fiscalização e isso, essa mentalidade do Eu acima de tudo, permitida por um ambiente cognitivo fechado, está em crise, pois há agora o que não havia antes: a possibilidade de diálogo entre os que sofrem as consequências.

Entramos em uma grave crise de mentalidade, assim, também de comunicação (como aponta Wolton), pois o que passou a existir é um monólogo de algumas forças falando para todo o resto, que devem se espelhar nesse centro, porém o centro não deve se espelhar nos demais.

Isso é um reequilíbrio que só se sustenta pelo poder da ideologia (com uma mídia centralizada) ou através da força.

O filme que vi no FestiRio “Um Futuro de Esperança“, de Henry Bateman, descreve o esforço e a procura de uma nova mentalidade de grupos de pensadores e ativistas na Islândia para criar um país, tendo a anti-ganância e a procura de novos princípios como a força chave desse processo.

Recomendo fortemente!

O caminho da Islândia é algo que aponta um futuro.

Que dizes?

Quem olha tudo muito de perto, acaba só vendo o nariz – Nepôda coleção;

Estive em um debate semana passada, vi um filme do Festival do Rio (Conectados) e me veio o insight de como são as diferentes visões que temos sobre a Internet.

Diria que 95% das pessoas, ao fazer uma análise da rede,  estão no achismo, juntando partes soltas, dados, cases e tentando articulá-los da melhor maneira possível.

Um conjunto bem menor tem tentado, além dos dados,  trabalhar a análise da rede em  uma perspectiva histórica.

Diria que há uma diferença abissal entre as duas abordagens, do achismo para a procura de padrões, do presente pelo presente e da tentativa de comparação com outros fenômenos do passado.

No primeiro caso, temos que aceitar os prognósticos de gurus a-científicos e a-históricos.

No segundo, começamos a navegar em áreas mais racionais e científicas, baseado em padrões.

No debate, enfim,  as pessoas falavam de fatos, fatos e fatos, dando a sua versão para o mesmo, juntando as coisas, sem explicar as forças em conflito.

Fatos que iam se juntando, como uma cobertura de frutas em um Yogoberry.

Eram coloridos, mas não rimavam, não se fazia um nexo, não se via as forças atuando sobre o conjunto do ponto de vista sistêmico.

Somos cartesianos (dividimos em parte para analisar o todo).

Uma visão sistêmica vê as partes e o todo dentro de um mesmo corpo e tenta ver como as forças duelam lá dentro.

Uma das doenças correlatas da visão cartesiana é deixar a história de lado, pois agarra-se cada vez mais aos detalhes e não ao cenário geral.

A ciência a meu ver é tentar encontrar os padrões menos visíveis e torná-los cada vez mais visíveis, a partir de estudos e pesquisas, em uma procura constante, nunca um ponto final de chegada.

Lembrei, pensando nisso, de um gesto do Pierre Lévy na palesta da Petrobras.

Ele disse que as pessoas estão vendo o fenômeno muito de perto.

E colocou a mão na frente da cara, quase encostando no nariz.

Diria que para pensarmos um fenômeno dessa magnitude teremos como premissa:

1- identificar sua característica;

2- ver se na história há algo similar;

3- comparar para ver similaridade e diferenças;

4- e, por fim, podermos começar a fazer as diferenças.

Não é assim que temos feito, infelizmente.

Estamos tão envolvidos na pressa de ganhar dinheiro e esquecemos que para se ganhar dinheiro é preciso gerar valor e as grandes oportunidades nessa direção é quando fazemos algo completamente novo.

Para isso, é preciso olhar além e a história está aí para nos ajudar.

Mas quem quer parar para pensar na sociedade de conhecimento? 😉

E entramos geralmente nas palestras, cursos e consultoria no festival de achismos.

O caminho histórico é o único?

Hum, digamos que talvez não, mas diria que seria o que encurta mais o caminho e economiza mais ao se trabalhar com ações.

Concordas?

 

 

 A democracia é a arte de impedir que o poder seja exercido por conta própriaNepô, da coleção;

Versão 1.4 – 14/10/11.

 

Estive na Faculdade Cândido Mendes no seminário “Os desafios da Cultura Digital”, quando falei sobre “Macrocenários: impacto da Internet na sociedade e na política”. 

O post abaixo detalha a discussão.

(Está sendo reajustado e revisado ao longo do tempo, ajude a melhorá-lo!).

Ao tentar prever o futuro, temos que selecionar as forças que agem de forma radical no hoje e no amanhã, desdobrá-las para tentar ter um cenário mais provável.

Podemos avaliar, por exemplo, como vários pesquisadores e organizações já fazem, que a principal força-motriz do nosso tempo tem sido o aumento radical da população nos últimos 200 anos.

Nunca fomos tanto e crescemos tão rápido.

(Sugiro ver  mais dados sobre a crise demográfica aqui.)

Os desafios que temos para pensar o amanhã giram em torno dessa adaptação.

Nais gente significa novos desafios, inadiáveis e irreversíveis.

Ou seja, para cada pessoa que vem para o planeta,  incorporamos uma nova demanda irreversível.

Somos hoje 7 bilhões de habitantes, que demandam todos os dias 21 bilhões de refeições, (se partirmos da premissa de 3 refeições por pessoa). Some toda a logística da alimentação,  além de vestuário, transporte, educação, comunicação, tratamento do lixo, etc e temos um enorme problema emergencial crescente, concordas?

E isso é uma tarefa que toda a sociedade passa a assumir, tanto as pessoas em suas famílias, em particular, como o Estados e as organizações, que produzem produtos e serviços, no coletivo.

Esse novo fator é algo ainda pouco trabalhado na nossa capacidade de distinguir essa força e enxergar o presente e o futuro.

Quanto mais gente, mais precisamos produzir de forma mais inovadora para fugir das crises produtivas que esse aumento nos traz constantemente.

Esta é a nossa tarefa e este é o desafio que o crescimento acelerado nos coloca com o principal problema do século XXI.

Esse crescimento, entretanto, é irregular no planeta.

Países crescem muito mais (China, que proíbe mais que um  filho), outros decrescem (Portugal, que incentiva ter filhos, remunerando famílias).

Porém, o aumento global,  atinge a todos, pois vivemos em um mundo cada vez mais interconectado  e um país que se multiplica influencia aos demais, seja pela demanda (que cria) ou pela oferta que gera (através de produtos mais baratos).

Um bilhão de chineses, por exemplo,  estão fazendo um estrago danado na economia produtiva do mundo mais industrializado, pois introduzem no mercado produtos feitos por uma mão de obra barata e disposta a tudo para competir.

Um choque de produtividade, como sugere Rodrigo Constantino.

Certo?

O tamanho da população afeta nossa vida em vários aspectos.

Podemos dizer, a partir de novas reflexões, que o aumento acelerado da população influencia a chegada da Internet, por exemplo e terá forte impacto no cenário político.

Detalhemos.

Quanto mais gente, mais precisamos produzir, inovar e nada como uma rede cada vez mais dinâmica de informação e comunicação para nos ajudar nessa tarefa.

A adesão em massa a esse novo ambiente cognitivo, como assistimos nesse início de século, é também o resultado dessa pressão populacional por uma conexão maior para resolver de forma mais rápida os problemas gerados pelo aumento da população.

Um fato empurra o outro para frente.

Podemos ainda afirmar que o aumento da população, já diante de um novo ambiente cognitivo, nos forçará a curto médio prazo a mudar a forma como fazemos a gestão geral da sociedade em todos os segmentos.

Governamos organizações e países, através de uma dada intermediação social marcada por uma mentalidade adquirida compatível com os desafios da população passada e, por sua vez, por um ambiente cognitivo mais controlado e vertical.

Daquele jeito funcionava bem para o número de pessoas que tínhamos que atender!

A intermediação, sempre necessária na sociedade, é algo que varia conforme a conjuntura.

Sociedades mais dinâmicas são aquelas em que essa intermediação é mais arejada, permite alterações de seus processos, a partir das necessidades e tem mais facilidade de conviver com alterações de cenários.

E, vice-versa, há intermediações que são fechadas, verticais, que impedem que mudanças ocorram, criando sociedades mais engessadas.

Há na intermediação, no ato de governar, digamos, dois extremos.

  • Uma intermediação arejada que permite e incentiva o diálogo, através da defesa dos interesses das partes, seria a utopia a ser procurada, que é a base da proposta democrática, a intermediação enquanto serviço para a sociedade.
  • E uma intermediação perversa, que usa o poder justamente para fazer o atravessamento, defendendo apenas os interesses de uma das partes, aquela que detém o poder, criando um tipo de intermediação voltada para os interesses de quem exerce o poder.

Essa intermediação (mais ou menos perversa), pois isso não depende apenas das pessoas mas do ambiente,  leva em conta a necessidade das demandas e ofertas e faz um certo equilíbrio dos interesses de quem está no poder, dosando aquilo que oferece e aquilo que recebe, no que podemos chamar de jogo político mais ou menos equilibrado.

Assim, podemos dizer que temos hoje uma mentalidade geral de intermediação moldada por um mundo com um tamanho de população muito menor do que a atual, com cidades menores, com mudanças mais lentas e muito mais controladas, pois era assim a demanda que vinha.

Temos hoje a cabeça de um planeta de 1 bilhão de pessoas, mas já somos 7 bi!

Essa mentalidade nos faz manter um modelo de gestão, que está ficando cada vez mais obsoleto, pois os problemas a serem resolvidos são outros, em outro tempo, em outra quantidade e em outra diversidade.

E esse é o principal dilema moderno que tem gerado e gerará a luta política que teremos pela frente, na procura de um modelo mais desintermediado que represente melhor a demanda dos que não estão no poder, procurando uma intermediação menos perversa que a atual.

Hoje, antes de tudo, com 7 bilhões de habitantes –  parte dele já em rede –  temos que mudar e adaptar a nossa mentalidade intermediadora de uma cultura mais centralizada para outra mais descentralizada, que permita gerenciar melhor esse novo desafio em um planeta super-povoado.

Ou seja, pensamos de um jeito de fazer as coisas, num modelo mais controlador,  que  se torna incompatível para resolver as demandas que as necessidades de uma população maior exigem.

(Os restaurantes a quilo são uma boa metáfora dessa passagem sem intermediação: não há garçom, cada um faz o seu prato, resolvendo quantidade e diversidade de forma rápida com menos intermediários.)

Mas você poderá dizer:

Mas se estamos crescendo há tanto tempo, por que essa crise fica mais evidente agora?”

Aí temos o impacto da chegada de um novo ambiente cognitivo mais desintermediado, que vem justamente dar esse salto sistêmico necessário, com a chegada da Internet, como já ocorreu com a chegada da escrita e da fala.

Ou seja, estamos diante do início de uma macro-crise da intermediação, que vai se agudizar bastante, pois podemos  dizer que o aumento demográfico nos levou, nos leva e nos levará a:

  • A atual forma de se fazer a intermediação, em todos os níveis, ficou obsoleta, pois mais gente agudiza as demandas e pede uma nova dinâmica, isso é uma demanda latente e antiga;
  • Tal desequilíbrio só se conseguiu  manter em função do controle rígido da troca de ideias, através de uma mídia centralizada e verticalizada. Ou seja, a latência existia, mas não era expressa e não permitia uma articulação mais efetiva, nem alternativas reais para superar o modelo passado;
  • A Internet, entretanto, abriu uma verdadeira “porteira” de troca de ideias, alterando o quadro, pois os atuais  intermediários e seus interesses foram para a berlinda, criando um ambiente mais transparente do que de fato está em jogo e como é jogado, “o rei está mais nu do que nunca”;
  • Além disso, a rede viabiliza novas formas de gestão e organização, através do uso de robôs, de comunidades em rede,  dos rastros dos internautas, que vão dando armas gerenciais de se fazer mais com menos, de forma mais descentralizada, sem perder a capacidade de gerir processos, o que abre uma alternativa real e concreta para atender melhor a estas demandas;
  • E, por fim, um novo processo político-social-econômico que se inicia  em um novo patamar, no qual os incomodados pelo ambiente intermediado ganham mais força e começam a querer mudanças.

Assim, qualquer sociedade se organiza definindo como será a sua intermediação e quais são os mecanismos que a população terá para alterá-la e preservá-la.

Somos, assim, netos da intermediação do ambiente cognitivo passado (escrito e da mídia de massa, analógico) que nos ofertou a república, o capitalismo, um modelo hierárquico,  da troca de ideias de forma vertical. Estamos iniciando outra era, na qual estamos indo para um mundo que iremos construir um novo modelo de república, de capitalismo, na troca de ideias baseada na mídia digital em rede colaborativa, muito mais horizontal que a passada, para nos adaptarmos a um mundo mais populoso, que exige respostas mais eficientes e mais rápidas.

Tal ambiente hierárquico gera crises frequentes e por causa delas e para resolvê-las vamos sendo obrigados a migrar para um ambiente mais horizontal.

Assistimos, então,  a luta entre a velha intermediação (que acabou ficando mais pervertida pela falta de controle)  contra a procura de uma  nova intermediação (que reflita melhor as demandas atuais).

Repito: a crise do aumento da população, que não é de hoje,  já colocava em xeque o modelo atual da intermediação, mas faltava o instrumento novo cognitivo para virar o jogo, pois os prejudicados estão começando, aos poucos, a aprender  a usar a rede a seu favor, a ver, pela ordem: eleição do Obama, Primavera Árabe, Revolução Espanhola e agora os indignados de Wall Street são um primeiro parágrafo desse novo livro.

E é essa mudança no ambiente cognitivo que podemos apontar como a nova força real,  a grande novidade dessa antiga crise demográfica, que gera diversas outras,  que ganha outro colorido, agora digital.

 A população já vem crescendo há 200 anos (éramos 1 bilhão em 1800 e 3 bi, em 1960), mas só agora um ajuste de mentalidades pode ser feito, pois há um novo espaço de troca de ideias, com alternativas concretas de desintermediação.

Portanto, está havendo agora condições materiais para viabilizar uma radical mudança no nossa mentalidade intermediadora, que vem tentar se adaptar a um mundo com mais para um com menos intermediação.

Diria, assim,  que a Internet  faz parte de um macro-ajuste sistêmico da sociedade, não liderado de forma consciente por nenhum de seus atores, no primeiro momento, que vem ao mundo para permitir a aceleração do processo de desintermediação geral para viabilizar a continuidade da nossa espécie com menos crises produtivas.

Começamos a experimentar em diversos projetos  novas formas de produzir conhecimento, serviços e produtos: vide Amazon, Google, Wikipédia, Linux, a constituição da Islândia sendo feita com ajuda do Facebook, desconhecido vendendo para desconhecidos, no Mercado Livre, a rede de sebos brasileira, Estante Virtual, etc.

Já estamos iniciando, de forma ainda muito tímida, as experimentações dessa desintermediação nas organizações e na sociedade, marcando a luta política entre essas forças que querem essa adaptação, pois se sentem alijadas e insatisfeitas com os resultados obtidos versus os interesses acumulados na intermediação atual, que está ficando passada.

Juntam-se a estes a tendência humana ao conservadorismo, ao piloto automático, dos que não querem mudar apenas por comodismo.

A desintermediação me parece, assim, algo inevitável, pois não conseguiremos viver em um mundo mais populoso, com intermediações rígidas, ao mesmo tempo em que aceleradamente estamos indo para um descontrole informacional. A fórmula não bate! Ao contrário, explode!

  • Como não se pode reduzir a população, pelo contrário, só tende a crescer, pelo menos, até 2050, com previsão de 9 bi.
  • Como a Internet é um processo irreversível, bem como o descontrole informacional.
  • Resta-nos, enquanto civilização, a saída sistêmica da desintermediação! E é para lá que estamos indo aos trancos e barrancos.

A luta, que está apenas começando,  se dará  em todos os setores sociais.

É a batalha dos que se beneficiam da intermediação atual com os querem uma nova forma de gerir o mundo. E é essa tensão que marcará a história social e política, com forte consequência econômica, ao longo do próximo  século.

O “x” da questão é: como conseguiremos mudar mentalidades de uma forma muito mais rápida do que jamais conseguimos antes?

Provavelmente, quem conseguir descobrir um método participativo e colaborativo de massa, via redes sociais e também fora dela, liderará o processo.

Que dizes?

O melhor antídoto para se manter relevante é a inovação – Narayana Murthy;

(Texto que faz parte do E-book free – em elaboração –> Como fazer o alinhamento estratégico das redes sociais ao negócio? Texto completo –>  Quem comentar aqui, ajudar a revisar será citado na publicação, desde já agradeço –> Clique aqui. O texto atual já sofreu modificações não copie ou revise daqui só do e-book que é mais atual)

Bom, se formos analisar a Revolução Cognitiva do papel impresso, conforme vimos necessário nos capítulos anteriores, ela se deu, evoluiu e influenciou a sociedade podemos ter um cenário mais claro do que estamos vivendo e qual é a previsão que teremos.

O surgimento do papel impresso, em 1450, na Europa,  teve como grande característica a circulação mais desintermediada das  ideias na sociedade. Nas análise que fiz, ainda de forma muito embrionária, carente de mais discussão, estudo, etc…podemos dizer que tivemos quatro momentos na evolução dessa Revolução Cognitiva:

  • O surto tecnológico – momento de expansão das editoras, pequenas gráficas,  por toda Europa, multiplicação de panfletos, jornais, livros, neste momento se caracteriza pela difusão dos livros, panfletos, jornais e a criação de uma nova indústria dos editores, interessada em inovar, vender cada vez mais barato e por mais gente, o que impulsiona fortemente a Revolução Cognitiva, podemos ver a mesma característica na Indústria Web, dos provedores de acesso e a indústria de hardware e software que a cerca;
  • O  surto filosófico – momento do renascimento em que pensadores começam a refletir, a partir do contato com novos pensadores, novas interações despertam novas ideias,  e começam a repensar os valores e conceitos vigentes, através do questionamento do senso comum, como o conceito de que a melhor forma de ser governado é por um rei, de sangue azul, escolhido por Deus. A superação destes valores vai permitir o surto das mudanças sociais que veio logo a seguir;
  • O surto das revoluções  sociais – momento em que novos conceitos são espalhados na sociedade e o modelo vigente  começa a ser alterado, depois de longo período de questionamento, a partir de revoluções sociais, tal como a Francesa e a Americana, que estabelecem um novo modo de gerir a sociedade, bem como o surgimento de um outro sistema econômico tal como o capitalismo;
  • A consolidação do modelo  – momento em que os conceitos se assentam, há um controle das tecnológicas cognitivas por um determinado setor da sociedade e, por sua vez,  uma consolidação de uma ideologia dominante da maneira de pensar da sociedade, que passa a ficar latente de uma nova Revolução Cognitiva, pois um conjunto de latências passa a não mais ser atendida.

Estaríamos concluindo essa etapa agora.

Obviamente, que essa é uma macro-visão histórica, uma releitura muito geral sobre o que se passou na sociedade, a partir da chegada do papel impresso, com milhares de idas e vindas, tais como a chegada do comunismo, as guerras, a tentativa da Alemanha em impor uma ditadura global.

Quando estamos trabalhando com a macro-história cognitiva esse tipo de análise permite ver macro-tendências e não explicar o que acontece a nível micro, aonde entram todas as forças somadas para justificar por que uma revolução acontece aqui e não lá.

Ou por que tivemos tal crise.

(A visão cognitiva da história nos permite ter outra análise dos fenômenos, mas não é agora o único ponto de referência é mais um com um peso relevante.)

Podemos, assim, supor que viveremos daqui por diante, de forma paralela, a contínua expansão da rede, mais gente tendo acesso e aprendendo a usar, o aparecimento de um conjunto novo de pensadores que vão introduzir na sociedade ideias novas, através de várias frentes e, por fim, as primeiras mudanças nas leis que regem a sociedade, culminando na demanda desse surto filosófico.

Isso nos daria um macro-cenário que poderia a facilitar a encadear movimentos micros que vão acontecer de forma isolada e, aparentemente, sem nexo.

Se pudéssemos analisar o momento atual das Redes Sociais na Internet é possível afirmar que estaríamos em nos primeiros cinco minutos de um jogo de futebol de noventa, vivendo ainda um surto tecnológico e começando a ensaiar os primeiros surtos filosóficos, questionando o modus pensanti e operandi atuais.

O grande fator que aparece em uma Revolução Cognitiva é o da desintermediação.

Todo o fluxo de ideias e as posteriores ações levam à sociedade a desintermediar primeiro a informação, a comunicação, o conhecimento, através de Redes Sociais Informativas.

Depois, passamos a desintermediar os modelos sociais, passando pela política e pela economia, através de Redes Sociais Produtivas.

Foi isso que ocorreu na Revolução Cognitiva do papel impresso.

Por consequência, assistimos hoje de forma ainda tímida o processo de desintermediação na sociedade apenas se iniciando, que pode ser visto do ponto de vista micro com várias iniciativas isoladas, tal como Inovação Aberta, Gestão de Conhecimento, Design Thinking, Implantação de Redes Sociais, mas todos seguem a mesma direção geral: a procura de formas de se informar, comunicar, aprender e, por fim, produzir mais eficazes dos que as atuais, a partir de novas possibilidades das redes cognitivas disponíveis.

Se formos, portanto, trabalhar com a macro- tendência que temos pela frente podemos apontar o fenômeno da desintermediação como o fator principal a ser contabilizado no futuro.

A desintermediação vem resolver problemas que a intermediação das tecnologias cognitivas passadas não permitiam, o que nos leva a uma discussão das causas desse fenômeno.

O que causaria uma Revolução Cognitiva, quais seus fatores principais, que nos levam a ter uma forte tendência à desintermediação?

Depois de muito estudar e comparar as duas revoluções cognitivas do papel impresso e a atual da Internet, pudemos observar alguns fenômenos e forças que atuam na sociedade que provocam e dão sequência as consequências  na sociedade.

O primeiro fator que nos chama a atenção nos dois momentos foi o crescimento populacional, tanto na Idade Média como agora as populações mostraram taxas maiores de crescimento.

Tivemos do ano zero da nossa era uma população de 300 mil habitantes que se manteve estável até o ano 1000 e depois deu um salto, atingindo já em 1750 o dobro de habitantes 791 mil, com maiores concentrações nas cidades. No caso atual, para termos um exemplo, saltamos de 1800 de 1 bilhão de habitantes para 7 bilhões até o final deste ano (ver mais dados –> (http://pt.wikipedia.org/wiki/Crescimento_populacional)

Conforme   David Bloom  detalhou no Jornal Valor, em  2.9.2011:

O mundo está em meio à maior reviravolta demográfica na história da humanidade. A raça humana levou, talvez, 1 milhão de anos para chegar a 1 bilhão de pessoas (perto do  ano 1800). A partir de 1960, porém, passamos a adicionar outros bilhões a cada 10 ou  20 anos. A população mundial agora é de 7 bilhões de pessoas e a projeção para 2050 é de 9,3 bilhões.  Em outras palavras, entre hoje e 2050, o mundo deverá adicionar um número de pessoas  igual à população total que havia no mundo em 1950. Ou pensando de outra forma, é o  equivalente a agregar outra China e outra Índia. Alimentar, vestir, dar moradia e  abastecer essa adição líquida maciça à população mundial é um dos principais desafios que a humanidade terá de enfrentar.

Tal fenômeno podemos dizer que é um fator irreversível para a sociedade.

Quando um novo habitante chega ao mundo, traz com ele todas as demandas de consumo embutidas: fome, sede, necessidade de vestimentas, abrigo e, por sua vez, de transporte, educação, comunicação, entretenimento, etc.

Esse aumento não significa apenas mais quantidade, mas principalmente mais complexidade para a sociedade e para os negócios.

No livro “Here Comes Everybody“, de Clay Shirky (pg 27), ele traz uma visão interessante, que tenta demonstrar que o aumento das pessoas no ambiente não cresce apenas em número, mas cada vez mais em complexidade, como vemos abaixo.

O chefe de estratégias de investimentos da Legg Masons Capital Management, Michael K. Mauboussin, lembra que um mundo mais complexo tende a mudar a forma como vemos e pensamos o mundo, apontando que não há como entender o sistema como um todo analisando apenas uma das partes. E defende que estamos indo para um mundo mais parecido com colônia de formigas ou colméias de abelhas, que resolvem problemas difíceis, complicados, sem nenhuma liderança, sem plano estratégico ou Congresso. (Harvard Business Review Brasil, setembro de 2011).

Sustenta ainda que as organizações devem ampliar o seu grau de diversidade, sendo a chave de sucesso achar gente inteligente que pense diferente.

Podemos supor que quanto mais gente tivermos na terra, mais adensamentos populacionais e mais necessidade de melhorar o setor produtivo.

Dentro dessa lógica o fator demográfico implica  uma pressão de demanda que vai pressionar de alguma forma o setor produtivo, seja ele público ou privado.

Tal fato nos leva ao pensamento de Thomas Malthus, por volta de 1800, de que quanto mais gente tivermos no mundo mais teremos crises produtivas, pois crescemos de forma geométrica e a produção, de forma aritmética. A  saída para problemas de produção é a Inovação.

A tão badalada necessidade de inovação que tanto se fala hoje em dia teria uma relação com a demografia, com a produção e seria um dos fatores para a necessidade de uma adesão em massa da sociedade por novas tecnologias cognitivas.

Como?

Inovar é algo que não se consegue sem conversa, informação, relacionamento, conhecimento.

Ou seja, uma pressão demográfica, nos leva a uma  de produção, que nos joga para um surto inovador, que demanda flexibilidade de informação, comunicação e conhecimento.

Assim, uma revolução cognitiva seria uma saída sistêmica para resolver problemas do aumento radical da demografia, com mais produção, inovação. Tal fenômeno se enquadra no que Peter Drucker chamou de mudanças de descontinuidades.

O interessante para compor nossos cenário e fazer o alinhamento estratégico nos aponta um certo DNA de uma Revolução Cognitiva que teria as seguintes forças abaixo atuantes.

População que demanda mais produção que pede inovação, que solicita mais e mais informação de forma mais dinâmica, que pede desintermediação, reduzindo hierarquia e reduzindo os intermediários.

Objetivo: mais velocidade de resposta.

Veja abaixo:

 

Podemos afirmar, assim, que o aumento da população nos leva necessariamente para um ambiente mais horizontal, menos hierárquico, pois é preciso produzir mais, inovar mais, informar mais e para isso vai se reduzir intermediários para se ganhar velocidade.

E esta seria outra macro-tendência de uma Revolução Cognitiva: um aplainamento das hierarquias, a retirada de intermediários para produzirmos melhor e resolver as novas demandas que 7 bilhões de pessoas trazem ao mundo.

Mas por que agora?

Por que estas demandas não apareceram antes?

Elas estavam latentes, mas não tinham espaço para aflorar na sociedade, pois o ambiento cognitivo passado mantinha um controle, que agora não tem mais.

Ou seja, se nossa comparação é adequada podemos dizer que nos cenários das organizações aparecerá fortemente um processo radical na sociedade nos próximos anos de pressão pela desintermediação para acelerar a inovação, através de ambientes cada vez mais horizontais, seja internamente entre colaboradores, fornecedores e, principalmente, consumidores.

Os projetos já estão aí com nomes variados: Inovação radical, Inovação aberta, Redes Sociais, Gestão de Conhecimento, Empresa 2.0, Governo 2.0, etc…

Estes movimentos específicos se encaixam no movimento geral e deve de forma racional  refletir nas estratégias, que, por sua vez, devem ser levados para os projetos de desintermediação, tanto em termos de metodologias, quanto de tecnologias, o que nos permite ir para o próximo capítulo.

Estratégias diante de uma inevitável e radical Revolução Cognitiva.

Que dizes?

Os homens não acreditarão no que não se encaixa em seus planos ou em seus pré-arranjos – Bárbara Tuchman;
(Texto que faz parte do E-book free – em elaboração –> Como fazer o alinhamento estratégico das redes sociais ao negócio? Texto completo –>  Quem comentar aqui, ajudar a revisar será citado na publicação, desde já agradeço –> Clique aqui. O texto atual já sofreu modificações não copie ou revise daqui só do e-book que é mais atual))

Muitos acreditam que as Redes Sociais são fenômenos isolados e tendem a ser inseridos dentro do ambiente organizacional atual com alguns ajustes. Vêem na rede mais uma mudança de mídia. Um fenômeno de comunicação, de marketing ou tecnológico sem grandes consequências para a sociedade e com poucas consequências para o negócio.

Tendemos a  isolar o problema “Redes Sociais”  em um departamento específico, dando a ele um peso irrelevante para os rumos da organização.

Não conheço ainda empresa no Brasil que tenha colocado de forma séria e consistente as Redes Sociais no seu cenário futuro e feito um alinhamento mais sóbrio em relação a sua estratégia.

(Quem tiver exemplos, por favor, me enviem para complementar o livro.)

Como vimos antes, de maneira geral, a construção de cenários  precisa medir forças relevantes da sociedade. Faz-se uma fórmula, na qual cada agente transformador (economia, política, concorrentes, matérias primas, legislação, demografia, migração, etc)  é avaliado no seu potencial de interferência no cenário.

Esta fórmula, de maneira geral, por tradição, se baseia em elementos econômicos, desde cotação das moedas, inflação, velhos e novos mercados, matérias primas. Entra um tempero de política: legislações, novas visões e começamos a montar um quadro no qual as organizações montam a sua estratégia para atuar no próximo ano e algumas nas próximas décadas.

Certo?

Diante de mudanças na sociedade é preciso inovar no item dos cenários e é esse um pouco o exercício que tenho feito no meu trabalho, que será refletido nesse e-book.

Podemos dizer, assim, que a fórmula para compor cenários organizacionais até aqui é mais ou menos esta.

Economia (peso 6) + política (peso 2) + mudanças diferenciadas do tipo (tecnologias, clima, mentalidades (peso 2).

Uma fórmula que varia de empresa para empresa, mas que mantêm um peso que se aproxima do visto nesta fórmula.

O que tentarei argumentar é que esta fórmula, com a chegada das Redes Sociais, precisa ser readequada.

E que se não for feita  uma correção a estratégia da sua empresa tenderá a não estar alinhada com a realidade no futuro. Pode parecer estranho, mas gostaria que analisasse os argumentos a seguir.

Diria que uma fórmula mais adequada atualmente seria:

Tecnologias cognitivas (peso 6) + economia (peso 2) + mudanças diferenciadas do tipo (outras tecnologias, clima, mentalidades (peso 2).

A primeira reação que podemos ter é de um total estranhamento. E talvez essa seja o grande desafio da nossa percepção da realidade.

Hoje, pesquisadores dos mais diferentes campos têm afirmado que mudanças cognitivas têm a capacidade de alterar nossos cérebros, mudar a forma como nos relacionamos e serem elas causas para mudanças profundas na sociedade.

Um fator que não levamos em conta até aqui.

É preciso, no mínimo, analisar argumentos para questioná-los, pois já exemplos, sérios e graves, de organizações (indústria da música) que rejeitaram tal pressuposto e estão pagando um preço alto por isso.

Poderão dizer que cada especialista “puxa a sardinha para a sua brasa” e que se fosse uma pessoa de meio-ambiente iria aumentar o peso do clima, por exemplo, idem para os demógrafos, ou os economistas.

Antes de contra-argumentar gostaria de defender o meu ponto de vista, através de uma lógica que tenho desenvolvido, através da conversa e encontros que hoje já somam mais de 1000 alunos de diferentes faixas etárias, de formações e de empresas de todos os tipos.

Não vou basear o meu discurso em algo que você tem que acreditar em mim, pois não sou um guru, apenas um pesquisador, que fiz meu doutorado e me especializei nesse campo de estratégia e nas macro-consequências da Internet na sociedade, a partir de estudos históricos.

Ninguém vai mudar de forma tão radical a maneira de analisar a sociedade sem argumentos consistentes, certo?

Pois bem, acredito que precisamos atualmente trabalhar com argumentos lógicos e convincentes.

Não pretendo convencê-lo, mas coo-vencê-lo de que há um grave erro na fórmula ao projetarmos o futuro e você precisará corrigi-la para alinhar os negócios ao que virá.

Considero que estamos diante de um fenômeno raro e incomum da humanidade com forte impacto na nossa história.

Vivemos o início do que vou chamar de Revolução Cognitiva, na qual a nossa forma de se informar, comunicar, conhecer e se relacionar está mudando, o que leva a sociedade a alterar todo o resto, passando pelos campos da Economia, Política e Sociedade, e os negócios, na sequência.

E isso tem que ser incorporado de forma madura e consistente no seu cenário para o alinhamento posterior!

A pergunta mais comum é: pode, como apresentei na fórmula acima, que tecnologias cognitivas tenham mais peso nas mudanças da sociedade do que a economia, a política e o meio ambiente?

Essa é a questão que vale muitos milhões.

E que muitas empresas como o Google ou a Amazon, que apostaram suas fichas nisso, perceberam há algum tempo.

Vamos detalhá-la.

A construção de um cenário é feita a partir de determinadas forças atuantes.

Para que possamos analisar forças precisamos analisar o passado.

  • Como uma determinada força vem agindo ou agiu na sociedade?
  • Quais as consequências que teve na sociedade e nos negócios?

A partir dessa lógica, podemos adaptar o cenário passado e aplicá-lo no presente e futuro para compor um  mais exato, certo?

Muito bem como podemos aplicar e avaliar a força da chegada de uma nova tecnologia cognitiva na sociedade, em uma Revolução Cognitiva?

  • O que de fato é uma tecnologia cognitiva?
  • O que é uma Revolução Cognitiva?
  • Qual período da história podemos dizer que tivemos a chegada de uma tecnologia cognitiva como a das Redes Sociais?
  • Como podemos compará-la para chegar ao peso adequado, que justifique a fórmula que apresento?
  • Por fim, qual o peso das tecnologias cognitivas para compor um cenário futuro e como alinhar todo o resto à Organização?
Bom, comecemos.
O que podemos entender como tecnologias cognitivas?

São ferramentas que usamos para expandir nosso cérebro.

Note que muitas vezes confundimos mudanças nas tecnologias, em todas elas,  e colocamos todas  em um mesmo pacote.

Atribuímos a mesma força de mudança a diferentes tecnologias que têm pesos específicos, uma capacidade de influência diferente,  ao se analisar um cenário futuro.

Podemos separar as tecnologias, assim, em duas categorias:

As tecnologias fins – são aquelas criadas pelos nossos cérebros e nos ajudam a expandir nossa capacidade física – viajar mais longe (transporte), ver no escuro (luz), carregar mais peso (guindaste, macaco, alavancas), gerar energia para colocar estas ferramentas para funcionar de forma automática (energia).

As tecnologias meios (ou cognitivas)  – são aquelas criadas pelos nossos cérebros para ampliar nossa capacidade de nos informar, comunicar, aprender, conhecer, se relacionar e, com isso, sofisticar e melhorar a produção de tecnologias fins. São exemplos de tecnologias cognitivas: a fala (que é uma tecnologia biológica), a escrita, a calculadora, o rádio, a tevê, o computador e, finalmente, o computador em rede, que potencializa todas as demais. Podem ainda determinar o fluxo de ideias e, assim, influenciar na maneira de se exercer o controle e o poder de uma dada sociedade. Por esse conjunto de fatores devem receber um peso maior no cenário.

Assim, se melhoramos tecnologias fins melhoramos (e muito) as tecnologias meios e abrimos, em alguns casos, um momento de ruptura geral do poder.

Podemos dizer, então, a procura de pesos de influência do futuro, que uma tecnologia meio, como é a cognitiva, tem um peso maior em termos de influências nas mudanças futuras do que mudanças nas tecnologias fins. E reflexos na maneira que o poder da sociedade é exercido.

Concordaria? Tem lógica? Vamos detalhar.

As  tecnologias cognitivas, além de exercerem um papel importante na sociedade, do ponto de vista de alavancar outras tecnologias, têm um elemento fundamental na influência do futuro.

Com elas, podemos ou não podemos permitir, a circulação de ideias.

São as tecnologias cognitivas ferramentas do exercício de poder de uma dada sociedade, pois se exerce o poder, principalmente, controlando o fluxo de ideias.

Quando, por exemplo, se estabelece uma ditadura, vide nosso exemplo em 1964, os primeiros até é impedir reuniões, circulação livre de ideias, através da censura.

No sentido inverso, quando há uma abertura, como temos agora, começamos a observar movimentos políticos ganharem espaços inimagináveis, o que justifica a primavera árabe, a revolução espanhola, a eleição de Obama, entre outros.

É um fator de fundo, que, alinhado a outros, causa movimentos, antes impensáveis.

Essa característica nos leva a tornar esse tipo de tecnologia mais relevante para pensar o futuro, ainda mais quando temos rupturas.

Podemos dizer que com a chegada do papel impresso, em 1450, na Europa, a sociedade pode desenvolver um conjunto de novas tecnologias, que culminou, por exemplo, com a Revolução Industrial.

E, ao mesmo tempo, permitiu um descontrole social, que culminou com a chegada, 200 anos depois de uma nova ordem política, que foi o surgimento da República e do conceito de democracia que temos hoje, através, pela ordem, da Revolução Francesa, seguida da Americana.

Assim, para colocar a tecnologia cognitiva em seu devido lugar, é preciso dar  graduações distintas a elas, pois existem duas, as que alteram mais e menos o controle do poder.

Tecnologias cognitivas incrementais – são aquelas que alteram pouco a forma do controle da circulação de ideias, pois apesar de novas e relevantes para a sociedade ficam restritas a um determinado grupo que controla e se mantém no poder da sociedade. São exemplos de tecnologias cognitivas incrementais: os grandes jornais, o rádio, a televisão, o computador sem estar na rede.

Tecnologias cognitivas disruptivas –   são aquelas que alteram de forma radical as tecnologias cognitivas existente, rompendo principalmente o controle da circulação de ideias restrita a um determinado grupo que controla a sociedade. Há uma desintermediação gradual e inevitável. São exemplos de tecnologias cognitivas disruptivas: a fala, a escrita, o papel impresso e a Internet, principalmente, a partir dos fenômenos das Redes Sociais.

Ou seja, recapitulando, podemos dizer que as tecnologias cognitivas influenciam a sociedade mais do que outras, pois são meio e não fim para a construção de novas tecnologias. E que permitem mais ou menos controle da circulação de ideias, conforme sua característica de intermediação/desintermediação social.

Portanto, as tecnologias cognitivas disruptivas quando chegam não só permitem muito mais inovação para a criação de novas tecnologias, mas causam também descontrole do poder, pois abrem o espaço para a livre troca de ideias.

Não é sempre que temos na sociedade a chegada de tecnologias cognitivas disruptivas. São movimentos que duram séculos para se repetirem e isso nos coloca nesse momento especial de difícil previsão e de montagem de estratégia organizacional.

Temos trabalhado cada vez mais no curto prazo, mas o modelo que construímos de montagem de cenário tem um erro, pois precisa lidar com um modelo cognitivamente mais distante e aprofundar melhor o impacto de uma Revolução Cognitiva para a sociedade e os negócios.

Para fazermos algo consistente, precisamos, então, para avaliar melhor o cenário comparar mudanças que ocorreram com tecnologias disruptivas no passado para saber que peso podemos dar na fórmula de cenários para as organizações, certo?

Até aqui me parece que há uma certa lógica na construção, concordas?

Pois bem, quando no passado tivemos a chegada de uma tecnologia disruptiva igual à Internet e Redes Sociais?

Vemos que o jornal, o rádio e a televisão eram tecnologias cognitivas, mas mantiveram um certo controle da circulação de ideias, pois quem detinha o poder podia de alguma forma controlar o fluxo.

Jornal, rádio e tevê têm em comum o custo de produção de ideias, o que limitavam e limitam que mais gente pudesse utilizar de seus benefícios. Permitem ainda um certo controle e repressão para aqueles que se utilizam destes meios para publicar sem autorização, o caso mais conhecido é o das rádio piratas, que podem ser rastreadas e reprimidas com facilidade.

Assim, o erro de comparar a chegada da Internet e das Redes Sociais a mais uma mudança de mídia não se sustenta, pois a de massa tem como característica uma continuidade de fluxo de ideias, não estabelecendo uma ruptura de descontrole como vemos na Internet.

São tecnologias cognitivas mais incrementais e não disruptivas.

Para analisarmos, uma tecnologia cognitiva disruptiva temos que ir mais para trás e fixar um momento similar ao da Internet para conseguirmos dar o peso adequado para a construção do cenário.

Apesar de ser incomum, mas necessário, temos que ir a 1450 quando Gutenberg cria a prensa de tipos móveis na Alemanha e reduz de maneira drástica o custo de circulação de ideias.

Gutenberg estava longe de ser um revolucionário, se aproxima muito mais a um Steve Jobs ou a um Bill Gates da época, que queria vender indulgências na porta da igreja com um custo menor.

O que, entretanto, a chegada do papel impresso traz para a sociedade?

O controle das ideias era feito através do discurso oral (padres na missa) e pelo fechamento do acesso aos livros manuscritos que eram de difícil mobilidade, fechados em bibliotecas invioláveis (lembre do filme “O Nome da Rosa”).

A sociedade estava com seu fluxo de ideias limitado por essa tecnologia cognitiva.

O surgimento do papel impresso descentralizou a produção de ideias, em função da redução de custo e permitiu que um conjunto de ideias latentes na sociedade passassem a circular livremente, criando um fenômeno que vou chamar de “Revolução Cognitiva”.

Uma Revolução Cognitiva se caracteriza pela chegada de uma tecnologia cognitiva disruptiva que permite que em um dado momento da civilização, a partir de uma região, que se espalha para todo o globo, os indivíduos passam a contar com uma nova forma de circulação de ideias sem o controle da tecnologia cognitiva anterior.

Esse fenômeno tem um impacto muito forte na sociedade, pois as pessoas passam a criar canais de informação e comunicação novos, têm mais espaço para expor, organizar e articular suas latências e começam a querer modificar o mundo, a partir de uma nova lógica.

Ou seja, quando começamos a falar e a escrever toda a sociedade foi influenciada por essas duas redes cognitivas mais sofisticadas, que nos permitiram crescer enquanto tamanho de espécie e realizar tarefas mais sofisticadas, bem como, criar espaços de vida mais e mais complexos, vilas, cidades, países.

Assim, se estamos hoje diante de uma ruptura similar à chegada da fala e da escrita, através da troca, podemos aferir que há uma ruptura no ambiente cognitivo de toda a humanidade e essa mudança tem que receber  um fator “X” ao montar o futuro, pois de uma vez só estamos movendo com todas as outras forças.

Essa é a nova lição que uma Revolução Cognitiva traz para a sociedade. É capaz em um pequeno movimento movimentar todas as outras forças, o que justifica aumentar em muito o seu pese na fórmula de montagem do cenário das organizações.

Ao comparar a chegada das Redes Sociais na Internet com a chegada das Redes Sociais do papel impresso um conjunto de pesquisadores acreditam que toda a nossa sociedade pode ser compreendida pelo poder da circulação de ideias, via papel impresso.

Essa Rede Social do papel impresso permitiu a redução do custo de circulação de ideias, desdobrando a partir de 1450 com a chegada de várias mudanças, tal como, pela ordem, uma nova Igreja, um novo conceito de Deus (menos presente e mais abstrato, já que o rei era indicação de Deus e coroado pelo Papa), do capitalismo, da república, com o modelo atual de democracia, com o surgimento das organizações que concebemos hoje, a escola, a academia, através de um longo processo de tecnologias que avançam, conceitos que mudam, revoluções que ocorrem e consolidações do modelo.

Estes autores consideram que estamos agora terminado uma fase de nossa civilização e iniciando outra que será regida pelas novas tecnologias cognitivas.

Ou seja, que a chegada de um novo ambiente cognitivo molda toda a civilização, criando um novo ambiente social, político e econômico.

Somos uma civilização que estaria concluindo uma etapa de forma influência do papel impresso e pelas mídias de massa, mas não nos demos conta disso, pois são movimentos que durou vários séculos.

Porém, para sermos consistentes na montagem de cenário futuro,  não podemos comparar o momento atual com nada parecido, a não ser se imaginarmos que estamos vivendo outra ruptura radical nas tecnologias cognitivas que usamos e temos que procurar o peso adequado, a partir da comparação com o momento similar.

Tem lógica até aqui?

Quando ouvimos a expressão “precisamos entrar nas redes sociais”, ou precisamos ter “uma política nas redes sociais” estamos apenas usando esse processo como uma tática geral dentro de uma estratégia previamente definida, de um cenário conhecido, marcada por tecnologias cognitivas que estão sendo, aos poucos, alteradas e substituídas, que compuseram um ambiente que está ficando para trás!

Não dar o peso adequado às tecnologias cognitivas disruptivas é o erro principal na visão de cenário, estratégia e  implantação de projetos de maneira geral das organizações, que está desalinhada com o mundo que estamos entrando!

De fato, o cenário futuro com a chegada de uma revolução cognitiva disruptiva é bastante incerto, mas será muito mais, se não pudermos comparar com fenômenos similares no passado e apontar algumas mega-tendências que ocorrem quando a sociedade vive momento similar.

Tais mudanças  deveriam estar sendo refletidas no cenário e nas estratégia das organizações e nos projetos subsequentes.

E, infelizmente,  não estão.

E esse é o erro principal que deve ser corrigido, através de um novo alinhamento o que nos leva para o próximo capítulo “Quais são as consequências prováveis de uma Revolução Cognitiva para a sociedade e os negócios?”.

Com isso, podemos começar a corrigir o erro do cenário.

Que dizes?

A falha mais frequente na história das previsões tem sido subestimar o impacto das tecnologias – Peter Schwartz;

E-book free – prévia –> Como fazer o alinhamento estratégico das redes sociais ao negócio? Texto completo –> (Quem comentar aqui, ajudar a revisar será citado na publicação, desde já agradeço) –> Clique aqui.  (O texto atual já sofreu modificações não copie ou revise daqui só do e-book que é mais atual)

Qual o problema a ser analisado neste e-book?

O objetivo do presente texto é o de tentar apoiar as organizações (privadas e/ou públicas) a construir cenários mais factíveis e definir estratégias, a partir das redes sociais para que possam se preparar de forma mais adequada para decidir e recriar seu futuro.

Hoje, os projetos são muito práticos, restritos a um determinado setor e há multiplicidade de ações, tais como gestão de inovação, de conhecimento, que, veremos, vão na mesma direção e acabam sobrepostos nos seus objetivos.

Por fim, não se definiu claramente como deve se medir os resultados.

Constata-se que de maneira geral, as organizações, desde pequenas às grandes, mudam, se estruturam e se planejam, a partir de um roteiro mais ou menos formal que passa pelas seguintes etapas::

  • Criam um cenário factível (geralmente mais do que um), a partir de uma visão específica da sociedade, na qual as forças atuantes são mensuradas e comparadas para analisar como poderá ser o futuro, isso pode ser feito com ou sem uma metodologia mais formal;

  • Traçam, a partir desse cenário uma estratégia   que passa a balizar diversas ações das organizações;

  • Alinham, a partir da estratégia, projetos de ação para se aproveitar do cenário previsto;

  • Adotam novas ou velhas metodologias e tecnologias, a partir destas estratégias, e definem, de maneira geral, qual deve ser o perfil mais adequado dos profissionais  que irão executá-los nos seus diferentes escalões;

  • Definem metas a partir disso para consolidar o alinhamento feito do cenário geral ao dia-a-dia, medindo rotineiramente os resultados esperados.

Assim, cria-se um conhecido bordão de “vamos alinhar tal ação à estratégia da Organização” nos mais diferentes setores.

Essa lógica de construção de cenário pode ser exemplificada pela Dupont, empresa com 209 anos de existência.

Recentemente, a empresa analisou as mega-tendências para a sociedade no futuro para definir os mercados que iria atuar e investir. Identificou, assim, forças relevantes na sociedade que iriam afetar seus negócios.

Por exemplo, levaram em conta, ao fazer o seu planejamento de cenários, que o crescimento populacional vai ter um forte impacto nas próximas décadas, fator fundamental porém muitas vezes  invisível para maioria dos estrategistas.

A Dupont alinhou, assim, o seu cenário a um fato da realidade concreto e analisou que riscos e oportunidades o crescimento populacional de 9 bilhões, até 2050, poderia gerar para seus negócios.

Diante disso, resolveu investir nas áreas de alimentação e energia, através de seus criados ou já existentes 150 centros de inovação em todo o mundo, em um investimento de 1,7 bilhões de dólares, com um retorno já de 31% de faturamento, a partir das inovações criadas dentro da nova estratégia (Exame 1000 – 21/09/2011).

Peter Schwartz no clássico livro “A arte da visão de longo prazo” lembra que elaborar cenários é uma arte (e não a ciência) de tentar identificar, entre tantas, as forças motrizes que influenciam os resultados dos eventos no presente e, provavelmente, com mais intensidade no futuro.

Considera que é preciso escolher os elementos relevantes que acionam os mapas dos cenários.  Para ele,  sem a identificação destas forças não é possível começar a pensar num cenário e, portanto, fazer estratégicas eficazes, que levaram as empresas a um futuro menos incerto.

Defende que algumas perguntas devem ser respondidas para compor esse quadro geral:

  • Quais as forças motrizes?

  • O que é incerto?

  • E o que é inevitável?

Defende que as visões de cenários devem ser debatidos e compartilhados de forma intensa com a fundamental participação dos níveis mais elevados da administração.

Schwartz sugere ainda que o objetivo de cenários é tomar decisões estratégicas que sejam plausíveis para todos os futuros possíveis para permitir agir com confiança e encarar incertezas, bem como, superar pontos cegos que criamos para nós mesmos.

Cenários, segundo ele, são veículos que ajudam pessoas a aprender e que vêm superar uma tendência dos administradores que preferem manter a ilusão da certeza a compreender riscos e realidades.

Diz:

Para viver em um mundo incerto é preciso desenvolver uma capacidade de reperceber, questionar suposições de como o mundo funciona.

Propõe ainda que se deve procurar pessoas que estejam com o pulso na mudança, que podem enxergar forças importantes e surpreendentes que vão afetar nossos destinos.  Diz ainda que, por tendência, a estrutura, o poder e a inércia institucional tendem a inibir inovadores e a forçá-los para periferia.

Por fim, defende que cenários não dizem respeito a predizer o futuro e sim a perceber futuros no presente, que é preciso separar o mundo dos fatos e o das percepções as quais nos agarramos por diferentes motivos. Além de um longo e persistente e honesto trabalho de penetrar em nossas defesas mentais, tomando consciência dos filtros que possuímos e fazendo ajustes que permitam  entrar mais dados a respeito do mundo.

Diante disso, vamos defender aqui neste e-book, que há um erro geral na  formação dos cenários na maior parte das organizações.

Que hoje, por limitações cognitivas, não há ainda uma prática da incorporação da força de mudança  Redes Sociais como um elemento importante na mudança do futuro das organizações.

Tratamos essa força de forma reduzida, a valorizamos de forma inadequada  e nesse detalhe pode conter um risco grande para o futuro das organizações.

Giovanni Gavetti na Harvard Business Review Brasil, julho de 2011, lembra que geralmente os estrategistas trabalham com visões mais próximas e estreitas, deixando de lado as que tenham um ponto de vista cognitivamente distante.

Recorda, porém, que é justamente nesse pensar a prática de “fora da caixa”, em pensamentos menos ortodoxos, que estão contidas as grandes oportunidades.

Assim, defendemos aqui que, como norma, deve-se incorporar na visão de cenário novas  forças da sociedade capazes de interferir no futuro das organizações, mesmo aquelas que normalmente não fazem parte dos assuntos dos estrategistas.

Se são relevantes da sociedade, devem ser relevantes para o destino da organização!

Certo?

A Internet, por exemplo, para ficarmos em alguns números, saltou de um tráfego em 2005 de 155 petabytes por ano para uma previsão de 26.286, um aumento de mais de oito vezes, até 2015.  Prevê-se que teremos um salto dos atuais 890 milhões de usuários em 2005 (14% da população mundial) para 3 bilhões em 2015, (40% da população do planeta), ampliando-se bastante o acesso móvel, que passará a ser de 13%, em 2015, 4 vezes mais do que é hoje, que está em torno de 3% (dados Revista Exame, 1000).

Ou seja, estaremos muito mais conectados, com muita mais gente, muito mais móveis.

As redes sociais deram saltos e mudaram a forma de consumir uma série de produtos e se aventuram a lidar com problemas complexos da humanidade.

Pergunta-se: isso vai afetar de alguma forma os negócios? Só algumas áreas? Ou todos os negócios? Em quanto tempo? Como afetará o meu negócio? E o que devo fazer para me preparar para esse futuro?

Algum passo precisa ser dado e, acredito, que ele começa tendo uma segurança maior do significado das mudanças, certo?

Schwartz nos lembra que uma inovação científica uma vez oferecida ao mundo, não pode ser tomada de volta, o que dá a Internet um caráter de ser um fenômeno irreversível.

As redes sociais poderiam, assim, se enquadrar no que podemos conceituar como um elemento predeterminado que não depende de cenários, pois é algo que fará parte de forma inapelável no futuro, como uma força-motriz inevitável, que deve ser levada em conta na hora de projetar cenários e tudo que resulta dessa etapa: estratégia, metodologias, tecnologias, pessoas e medições de resultados.

O autor lembra, aliás, que é uma falha frequente na história ao se montar cenários factíveis subestimar o impacto das diferentes tecnologias.

Podemos, sob esse ponto de vista, até especular que faltou, por exemplo, a Indústria Fonográfica, há 10 anos, por exemplo, incluir no seu cenário geral e depois na estratégia de longo prazo as tecnologias que deram origem às Redes Sociais, que levaram, de fato, a uma maneira completamente nova de comercializar músicas, principalmente na última década.

Nessa direção, Schwartz recorda o erro estratégico da Xerox, há algumas décadas, ao afirmar que os computadores pessoais eram algo que não iriam prosperar, “pois ninguém vai querer essas coisas em cima da escrivaninha”. Avalia que estes problemas ocorrem não por falta de informação, mas por negação e ausência de metodologias de cenários.

Diz:

Quando não se quer enxergar passa a ser um problema, mas é muito maior quando não há nenhum mecanismo que os force a isso.

Cenários, macro-cenários, segundo ele, são úteis para visualizar para onde o mundo pode ir, de forma que possamos aprender a tempo, como fazer algo diferente.

A mesma falta de metodologia de criação de cenários podemos dizer que ocorre com as empresas de mídia, que estão ainda despreparadas para o chamado Jornalismo Participativo, no qual o leitor deixa de ser passivo e passa a ser um consumidor ativo. Os especialistas na área acreditam que os jornais virarão grandes redes sociais, mas quem está realmente apostando nisso e se preparando hoje para colher os frutos amanhã?

O mesmo podemos dizer da Indústria de software, frente ao desenvolvimento do software livre. A indústria de cinema diante do Youtube e similares. E o seu negócio diante da Inovação aberta, redes sociais produtivas, novos negócios.

Normalmente, como o mercado analisar todo esse cenário de forma simplificada como mais uma irrelevante mudança de mídia, as organizações de outros setores, consideram que a chegada das Redes Sociais é um fato isolado, que vai atingir algumas indústrias que exploram os negócios da informação e comunicação.

Aqui não!

Lembra aquele poema do Brecht, algo assim: primeiro, levaram um vizinho, mas não disse nada, pois não era eu…

Porém, as mudanças nas Redes Sociais começam a influenciar nos rumos da política, novas empresas surgem em todos os setores, novas formas de inovação aparecem e começamos a duvidar de que este novo fenômeno não deve constar no cenário geral de todas as organizações sobre o futuro.

Parece-me muito mais insanidade não incorporar tal fato do que incorporar, certo?

A pegunta que podemos fazer é:

Ok, se vamos analisar, como vamos começar a fazer isso? De que ponto de vista?

O que tenho constatado entre meus clientes e alunos é que a não inclusão das redes sociais como forte elemento de mudança no nosso futuro causa um erro grave de percepção do que vai acontecer no mundo.

E que todo o alinhamento posterior (da estratégia aos resultados esperados) incorpora esse erro, gerando um problema sério para a competitividade das organizações, sejam públicas ou privadas.

Ou seja, há um desalinhamento das organizações ao futuro e isso é algo muito sério para quem quer se manter competitivo.

O objetivo deste e-book, “Como fazer o alinhamento estratégico das redes sociais ao seu negócio? (que será publicado no blog ao longo de sua produção) visa ajudar a refazer o erro de cálculo no cenário geral e ir depois detalhando para ajudar a alinhar a estratégia, as ações, as metodologias, as tecnologias e, por fim, os resultados esperados, a partir da avaliação baseada em estudos e lógicas das consequências das Redes Sociais para a sociedade e, principalmente, para os negócios.

É possível fazer esse alinhamento sem uma discussão tão formal do ponto de vista estratégico?

Acredito que sim, sem a menor sombra de dúvida os processos, como estão sendo feitos aos borbotões, de tentativa e erro vão levar as  organizações a alguma lugar, a pergunta é:  a que preço?

Porém, o que tenho constatado, é que com uma ação mais consciente, racional e planejada se gastará menos dinheiro e tempo, reduzindo riscos e ampliando bastante o leque das oportunidades de negócio que estão se abrindo.

Ou seja, um cenário mais realistas, incluindo as Redes Sociais, é uma grande economia e uma grande oportunidade  hoje para o  amanhã ainda incerto.

É nisso que tenho me especializado, dito nas palestras e no meu curso e agora já tenho capacidade de colocar esse contexto em um discurso lógico.

Esse e-book, acreditem, levou anos e muita conversa, leitura e esforço para ser produzido.

Aproveite!

Que dizes?

Da esquerda para direita: Sérgio, Juliana, Marcus, Gualter, Márcia, Helenise, Vanessa, Helena, Graziella, Eu, Lea, Garcez, Manuela, Érica, Fabiana, Bruno e Mônica.

 

Muito bom estar com vocês.

Vou blogando e avisando.

 

O verdadeiro mundo off-line é o cemitério…;)Nepôda safra 2011;

Bom, cada vez mais fará menos sentido separar os dois mundos on-line e off-line.

A mídia adora chamar a Internet de mundo virtual, mas virtual é aquilo que pode vir a ser e a Internet já é.

Ela é digital, a distância, mas faz parte da nossa vida, nos altera e, portanto, não é virtual, é real.

Mais: celulares 24 horas por dia plugados nos colocarão permanentemente em rede.

A ideia de um mundo online e outro offline irá ainda sofrer mais uma junção com o aprofundamento ainda maior do uso do satélite, registrando cada vez mais aonde estamos.

Muita gente vai achar isso uma invasão de privacidade, é também, mas vamos querer cada vez mais um mundo personalizado e encontrar nossas tribos e isso vai ajudar.

As lojas saberão que você está entrando e o que pode te oferecer.

Isso vai acontecer mais rápido do que imaginamos.

Ou seja, estaremos entrando no mundo onffline completamente unido.

O mito do mundo virtual está caindo, pois nunca se sustentou.

Há o mundo e os aparelhos que nos ajudam a circular nele.

E temos que pensar um pouco o que devemos compartilhar nesse nosso dia a dia.

Por exemplo, tenho um celular que permite a escrita por uma caneta e anoto frases que me vem na cabeça ao longo dos dias.

Fui registrando sentimentos, como mandou meu homeopata, e procurei dar um sentido nisso, através de resumos de sensações, via frases.

Isso virou um hábito, muito pelo fato de ter colocado em rede e ter tido uma boa aceitação.

Tenho compartilhado estes micro-aprendizados na rede (Twitter, Facbeook, Linkedin).

Além disso, minhas leituras não são mais individuais.

Vou marcando as páginas, selecionando frases para mim, as quais compartilho também na rede.

Cheguei a conclusão que com o excesso de informação que temos hoje precisamos mais de significado do que dados.

Frases, ensinamentos, pensamentos são mais interessantes e mais a cara de um mundo mais dinâmico, se conseguimos reduzir isso para 140 caracteres isso faz uma diferença, pois leu, bateu, levou, ou não levou.

Não tem muito que deixar para depois.

Pode reparar que tudo que deixamos para depois na Internet é uma forma de não  assumir que não vamos ver, mas não temos coragem de admitir. 

Às vezes, me pergunto se tudo isso não está moldando meu mundo e se já não estou me condicionando a ler já compartilhando, a produzir frases da mesma maneira?

Sim, estou, mas tem como fugir do que é contemporâneo?

O interessante que mesmo não tendo, por opção, uma conexão 24 horas na rede, minhas ações todas são para e na rede querendo ou não.

A vantagem é que vou percebendo como o que vou pensando, lendo e refletindo vai sendo visto e compartilhado pelos demais.

Sem falar, na presença que acabo fazendo o que é útil para a troca e, claro, para o reforço da minha marca profissional de professor, consultor e pesquisador.

Ser compartilhado é algo necessário e, diria, não opcional, temos apenas que nos habituar a viver dessa maneira.

Onffline estou agora e acho que de forma definitiva.

Que dizes?

“Nós não somos estudantes de uma qualquer matéria, mas estudantes de problemas; e os problemas podem atravessar diretamente as fronteiras de uma qualquer matéria ou disciplina.” – Karl Popper – da coleção;

Estava lendo a matéria sobre Design Thinking, da HSM, 88, setembro/outubro de 2011.

Design Thinking, segundo o entrevistado, é promover nas organizações a empatia, colaboração e experimentação.

Se analisarmos o discurso de algumas pessoas de inovação aberta, ou da área de gestão de conhecimento ou de implantação de empresas 2.0 vamos lá ver o mesmo discurso que esperam ter como resultado: empatia, colaboração e experimentação.

Ou seja, daqui a um tempo, se pegar e virar moda, as empresas não precisam de empatia, de colaboração e experimentação, mas de Design Thinking.

Pois se esforçará para se vender o nome, o serviço para gerar demanda e as pessoas, então, vão entrar na briga por vender Design Thinking, como o pessoal está aí vendendo projetos de Gestão de Conhecimento ou de Empresas 2.0 e não muitas vezes mais: empatia, colaboração e experimentação.

O problema das especializações é que elas criam um corpo e acabam, para vender serviços, cristalizando a necessidade de se comprar projetos de especialização e não a partir de um diagnóstico da necessidade de empatia, colaboração e experimentação.

Fazem seminário, congressos, criam associações e tudo para vender uma marca que é  uma dada especialização, que começam com novas abordagens, diferentes visões e o diagnóstico o problema vai sendo deixado de lado, pois se quer projetos de Design Thinking.

Vende-se o nome talvez para facilitar, mas a solução para um problema vai se perdendo, pois os especialistas de Design Thinking não vão mais vender um serviço, em função de um diagnóstico, mas Design Thinking pelo Design Thinking.

(Anotem: não tenho nada contra nenhum destas especializações, mas os desvios que acabam quando as pessoas viram especialistas das ferramentas e metodologias e não especialistas em soluções dos problemas.)

Vejo isso na área de Gestão de Conhecimento, não é um problema de área, mas de quem vende e quem compra em ambos os casos as pessoas se acomodam, pois, no fundo, as empresas compram modismo para fingir que estão mudando, muito mais para mostrar para os outros que está por dentro do que de fato, a partir de um diagnóstico bem feito.

As pessoas vivem hoje crise de inovação e precisam resolvê-la, através de uma melhor empatia com toda a cadeia de stake holders, gerando mais empatia e, portanto, mais valor.

Mas tudo isso pode ser empacotado em um projeto de Design Thinking, de Gestão de Conhecimento, implantador de empresas 2.0.

São vários especialistas vendendo suas especializações para problemas que acabam se perdendo na poeira, pois o projeto que era para resolver problemas reais, passa a ser vendido como resultado nele mesmo.

É o problema que acaba acontecendo na maior parte das especializações que se perpetuam.

O rabo fica maior do que o cachorro.

O problema disso é que com o tempo o problema que as empresas vivem e que deveria REALMENTE atacar: falta de empatia com o cliente/fornecedor/consumidor/colaborador, falta de colaboração com os mesmos players e pouco apetite para a inovação, que, de fato,  se resolve com mais empatia, colaboração e inovação acabam virando projetos de Design Thinking.

E começam a sair no mercado pessoas que vendem o nome design thinking e não mais empatia, colaboração e inovação.

Estão promovendo cursos e workshops sobre o tema, pois quer passar o conceito corretamente para os alunos. Ele agora, sua empresa e uma nova leva de formandos serão os especialistas do Design Thinking e as empresas que vão ler a revista HSM vão começar a demandar projetos de Design Thinking e não mais atacar os problemas que têm para resolver, pois falta um diagnóstico global e um planejamento estratégico adequado para entender por que hoje uma organização precisa para gerar valor de mais inovação, empatia e colaboração.

Estranho, não?

Podemos dizer que o mercado vive de modismos, de nomes, de especialistas e, como diz um amigo meu, o mercado é comprador de algo e você tem que acabar vendendo para sobreviver.

Cabe a pergunta:

Antes de vir com seu martelo e prego, não seria interessante saber qual é o problema da parede?

De tudo isso, acho que precisamos urgentemente, antes de receitas, de bons diagnósticos.

Aliás:

Hoje, vivemos a escassez de diagnósticos e o excesso das receitas;

Para não parecer tão radical, podemos dizer que há implementações incrementais necessárias, que existem gerentes mais antenados que percebem necessidades de mudanças e vão tateando soluções, através de especialistas em determinados pregos e vêem nestes projetos oportunidades para avançar metendo o martelo.

Todo mundo feliz, todo mundo sobrevivendo.

Projetos de guerrilhas numa guerra muito maior, mas sem muitas vezes a visão global do campo de batalha!

O problema é que o modismo é resultado da política do curto prazo e do vamos fazendo e depois vamos vendo no que deu que caracteriza uma visão de continuidade nas organizações, que, infelizmente, hoje não é mais possível numa época de ruptura

São projetos, em geral, que atendem a um determinado setor da empresa, muitas vezes sem alinhamento com o planejamento estratégico.

Ou melhor, muitas vezes estes modismos até se alinham ao planejamento estratégico, mas é o planejamento estratégico (muitas vezes feito pensando na semana seguinte) que  não se alinha com o que está acontecendo na sociedade, ou seja,  para onde o consumidor e os concorrentes novos e velhos estão indo.

Não ainda não entramos no epicentro da crise da desintermediação digital em rede e ainda dá para ficar brincando de guerrilha e de projetos da moda.

Isso além de cansar, não gera valor para ninguém!

Que dizes?

 

Com a rede, estamos, cada vez mais, nos abelhando – Nepô da safra 2011;

Imagine que antes de surgir o papel impresso um ser humano para ser considerado um sábio teria que ter lido praticamente todos os livros manuscritos impressos até ali.

Suponhamos que fossem um total de mil (dado aleatório).

Quando surgiu o papel impresso, a partir de 1450, na Alemanha, a produção de novos livros chegou a uma escala muito maior, ao ponto dos sábios afirmarem que não conseguiam mais ler nem as lombadas (li isso fazendo minha tese).

Há, assim, uma certa relação entre:

capacidade de conhecer  X volume de informação.

Ou seja, quanto mais volume de informação tivermos, menos conhecimento individual cada pessoa terá, pois será incapaz de ler e conhecer tudo que existe.

Parece lógico, não?

O conhecimento e seus dois pilares (informação e comunicação) são, em conjunto, a mola mestra da solução dos problemas, pois conhecemos para resolver, basicamente.

O resto é por lazer, prazer e esporte.

Assim, enquanto a população cresce de tamanho, por sua vez aumenta o volume de conhecimento disponível.

Diante desse cenário, algumas  tendências para o futuro me parecem claras na área de conhecimento:

  • – será cada vez mais priorizada as informações que contêm significado, que agrupam, que sintetizam, que permitem no menor tempo possível ter a maior noção possível do todo. Isso vai gerar muito mais valor do que a informação que não nos ampliar os horizontes;
  • – cada indivíduo tende a saber menos sobre o todo e, por isso, terá mais necessidade de trabalhar em grupos que o complemente,  tendo, assim, uma forte tendência de trabalharmos coletivamente,  que já vinha crescendo e tem agora um canal especial para isso: a Internet.

As duas vertentes nos levarão necessariamente a rever os parâmetros de educação/avaliação das pessoas de maneira geral, seja na escola, (preparação), seja no mercado de trabalho, (atuação), que ficarão cada vez com as fronteiras mais próximas e invisíveis.

Será cada vez mais necessário estimular a educação (presencial e a distância), principalmente em projetos coletivos, pois o relevante é a capacidade de apreender algo, ter noção de como esse algo se junta no todo e conseguir estabelecer canais de trocas com as pessoas que o completam para a solução dos problemas.

É essa a demanda da nova escola: ir virando uma grande colmeia em rede, com divisões claras entre as abelhas sem que percam a noção do todo.

Haverá, a meu ver, uma necessidade de hiper-especialização, porém com uma noção muito maior da integração com o todo, pois o isolamento será um pecado mortal em um mundo cada vez mais mutante.

Nada que dificulte a integração com outras abelhas será tolerado.

As novas gerações serão individualmente muito menos capacitadas intelectualmente do que as anteriores em determinadas bases armazenadas na memória – serão menos “decorebativas“, mas, por tendência, mais associativas.

É uma geração que saberá muito mais aonde estão as coisas quando precisarem delas do que lembrar de cabeça fatos, locais, pessoas.

Se o Dr.Google sabe eu saberei eu sei!

Haverá um preço a ser pago nisso tudo, tanto para coisa novas que ganharemos, tal como a necessidade de egos menos atrelados ao conhecimento; mas também uma perda de capacidade cognitiva nos parâmetros atuais, se formos analisar cada indíviduo.

É bom, ruim?

Dentro dessa linha como ficam concursos como o da OAB e do Enem?

A OAB exige que advogados sejam generalistas e passem em uma prova do sabe tudo, quando, na verdade, o que ser quer é saber da capacidade de ser bem especializado e como conecta esta com o todo.

Na última, só passaram 6%!!!

É uma contra-mão.

Ou termina o exame ou faz revisão completa!

O ENEM, idem.

Perde o sentido, a meu ver, provas que meçam visões generalistas, pois a tendência, desde cedo é a especialização, pois todos vão trabalhar em grupos e não sozinhos.

Complicado?

Como aferir tal situação?

E como aferir capacidade de trabalho em grupo em grandes massas de pessoas?

Provas coletivas?

Desafios do novo século, meu!

É a adaptação que teremos que fazer em um mundo com 7 bilhões de habitantes e toda a informação que essa massa de gente tende a produzir cada vez mais por todos os teclados do mundo.

Estamos indo para o mundo das abelhas especializadas e, ao mesmo tempo, holísticas.

Quem viver, já tá vendo.

Que dizes?

Sem teorias incertas, injustificáveis, ousadas não há mutação na Ciência-  Karl Popper – da coleção;

(Continuidade deste post.)

Vivemos uma verdadeira sinuca de bico teórica.

E isso tem consequências graves para o futuro das  organizações e da sociedades, apesar das pessoas acharem que as teorias não são relevantes.

Até a chegada da Internet a sociedade aceitava, bem ou mal, o seguinte:

A força preponderante na sociedade é a economia, se olharmos para a economia e seus desdobramentos poderemos estar melhor preparados para o futuro.

Esse pensamento, válido de certa forma, pois a economia é um dos fatores principais a serem observados ao se pensar em cenários futuros, veio outro que é dependente deste.

A mudança que estamos vivendo no século XXI é a passagem econômica de um mundo que vivia sobre a égide de um modelo industrial/força de trabalho braçal para outro que passa a viver de um modelo industrial do conhecimento/força intelectual.

Nessa direção se cunhou o termo: “sociedade do conhecimento/informação”.

Na qual, o peso maior não é o campo/fábrica, mas o que conseguimos criar e pensar, a força agora é a informação/conhecimento.

Estamos saindo do peso das forças tangíveis para as intangíveis.

Certo?

E isso nos fez criar um conjunto de estratégias e ações, tais como os métodos de gestão de conhecimento, cursos, pós, etc…

Mas note que esse conjunto de metodologias está ancorado numa premissa maior:

A economia é o principal fator de transformação da sociedade e, por consequência, estamos entrando na sociedade do conhecimento para a qual é preciso fazer a sua gestão.

Certo?

Mas e se não for?

A visão economicista do mundo é fortemente apoiada por quem quer gerar valor e riqueza, porém, se houver uma falha nesse cálculo, nessa fórmula, várias decisões serão tomadas de forma equivocada e podemos cair do cavalo.

O castelo todo de carta tende a ser repensado, das teorias às metodologias!

Como detalhei aqui, depois da palestra de Lévy no Rio, o autor é o que consegue, de forma simples e eficiente, questionar essa premissa maior.

O que ele no fundo está apontando?

A sociedade, em alguns momentos, é governada por forças muito maiores do que a economia: quando há mudanças nos ambientes cognitivos, todas as outras forças passam a ser condicionadas por esta. Ou seja, a economia que era condicionante passa a ser condicionada, assim como a política, os negócios, etc.

As redes cognitivas, por serem parte integrantes do ser humano, nos alteram a forma de ser e de pensar e, portanto, leva a sociedade de roldão.

A fórmula economia com o peso maior, nestes momentos tem que ser redirecinado, pois a nova rede recondiciona tudo, inclusive algumas leis da economia que eram falsas, mas se escondiam numa lógica em um ambiente mais controlado em uma rede menos desintermediadora!

Para aceitarmos a teoria de Lévy temos que admitir que as nossas premissas não eram tão eficazes e isso exige a revisão na fórmula mestra da teoria que tínhamos da história social.

De fato, vemos fatores econômicos que mudam em uma sociedade cujo peso do capital intelectual aumentou, mas, além disso, estamos diante de outro fenômeno, em termos de escalas e consequências, muito maior.

O maior contém o menor e não o contrário e estamos olhando o rabo balançando, mas não o cachorro!

E para esta nova premissa nós não estamos tão preparados!!!!

É preciso, antes de tudo, uma revisão teórica da fórmula para depois rever a estratégia, para, só então, entrarmos nas metologias e começar a obter os resultados esperados, que é a geração de valor.

Um longo caminho que a nossa sociedade não tem tempo, cabeça, cultura para empreender, mas é neste árduo e estranho caminho que temos as melhors oportunidades e a redução dos riscos das mudanças que se avizinham.

Vivemos a macro-passagem de uma sociedade regida por um ambiente cognitivo do papel impresso/mídia de massa para um regido pela rede digital, que incorpora todos os outros, cujo efeito principal é a desintermediação.

Se essa força é superior aquela temos que criar metodologias que possam diagnosticar nossa incapacidade de lidar com essa rede digital e metodologias para nos facilitar a entrar nela e nos preparar para um mundo muito mais desintermediado do que estávamos acostumados.

Temos que criar metodologias para gerir a rede digital e não a sociedade do conhecimento, pois está é condicionada por aquela e não o contrário!

Ou seja, é preciso metodologias não para gerir o conhecimento, como se ele fosse o mesmo, mas que possam ser capazes de compreender teoricamente de forma diferente de onde estamos e para onde vamos e auxiliar a sociedade a entrar no mundo digital em rede.

Eis a sinuca de bico principal, que nos tem levado a cometer erros atrás de erros ao se pensar projetos na sociedade e, principalmente,  nas organizações!

A partir daí, temos que rever os conceitos que acabaram marcando nossa maneira de pensar o novo século.

Da mesma forma que a fala, a escrita cunharam as sociedades, o mundo digital vai moldar a sua maneira o novo mundo, criando uma nova civilização que começa a se delinear de forma mais clara nessa década que entra, com projetos cada vez mais ousados e diferentes que a lógica economicista anterior é incapaz de compreender.

Ou seja, isso é algo que coloca as teorias de cabeça para baixo, todas, de maneira radical, inviabilizando a abordagem que tínhamos anteriormente que era ajudar a sociedade a gerir o conhecimento e a informação.

É a chamada crise teórica paradigmática, não adianta fazer se existe algo maior que se alterou. Parar para pensar é uma grande economia.

Precisamos, por fim, criar métodos URGENTE para nos auxiliar a fazer a passagem da cultura da rede digital analógica (hierárquica e fortemente intermediada) para a sociedade digital em rede (horizontal e fortemente desintermediada).

Temos uma premência de inovação e precisamos de uma velocidade maior para dar conta das demandas que temos pela frente.

É aí que está o valor, pena que nosso mundo enfumaçado pela visão economicista (ironicamente em nome da riqueza e do lucro)  não nos deixa ver.

Que dizes?

 

 

 

 Não estamos em uma época de mudanças, mas em uma mudança de época – Chris Anderson – da coleção;

(Bom, estou fazendo uma série de posts, a partir do insight que tive sobre a palestra de Pierre Lévy no Rio. Vou continuar a detalhar mais um pouco os desdobramentos dessa nova visão.)

Comecemos com as teorias e seu papel na sociedade.

Teorias são ferramentas humanas para lidar melhor com a vida.

Basicamente, uma teoria deve analisar determinado fenômeno e destacar quais são as forças que atuam para que ele se realize, em que conjunturas estas forças interagem e quais são as anomalias possíveis.

Esse conjunto de regras em movimento constituem as teorias que aplicamos para definir estratégias, metodologias e, a partir delas,  lidar no dia-a-dia  com estes fenômenos.

Toda ação humana é precedida de alguma teoria, ponto!

Uma teoria nos leva necessariamente à praticas de gestão de fenômenos: gestão de conhecimento, da informação, de empresas, de pessoas, de talentos, de mudanças, etc…

Ou seja, qualquer gestão de fenômenos/estratégia/ação parte de uma visão geral, que analisa que existe um fenômeno que precisa:

  • a) ser conhecido – teoria;
  • b) ser projetado – estratégia;
  • c) ser gerenciado – metodologia;
  • e) ter resultados – ações.

Ou seja, estratégias, metodologias, resultados partem de uma premissa teórica mais ampla.

Por isso, qualquer gestor seja de qualquer coisa for, deve ter um olho na sua prática (no método que adotou), mas deve ser também um conhecedor na teoria que o sustenta, pois um, na verdade, é resultado do aprofundamento do outro.

Impasses podem ser sinais de que a teoria mais geral pode conter equívocos, ao analisar, por exemplo,  que determinadas forças têm um peso muito maior e outras forma sub-valorizadas. Isso vai aparecendo no dia-a-dia, quando alguns fatos escapam da eficiências de determinadas ações.

Estamos hoje vivendo uma macro-crise teórica no início do novo século.

Estamos  diante de duas visões distintas de mundo que tendem a nos levar por caminhos completamente diferentes na gestão dos fenômenos da sociedade, que têm FORTE E GRAVES implicações nas estratégias, metodologias e resultados que esperamos:

  • Uma via, que é a que vem do passado, avalia que a força principal da sociedade é a economia, que condiciona todas as outras forças. Tal teoria super-valoriza o peso da economia e não consegue incorporar movimentos como os que assistimos agora com a chegada da Internet, que não se inserem neste – a força das mudanças em ambientes cognitivos;
  • A outra, encabeçada por Lévy, defende que a economia é relevante, mas é muito mais do que condicionante, condicionada pelas mudanças dos ambientes de conhecimento, informação e comunicação, tal como tivemos a chegada do mundo oral, escrito e agora o digital.

Ou seja, o que está, afinal, na mesa de reflexão sobre a sociedade?

  • Visão econômica como força motriz – que nos leva a montar estratégias, metodologias e ações para lidar melhor  com  uma sociedade do conhecimento, visão econômica;
  • Visão cognitiva como força motriz – Ou de uma sociedade em rede digital, na qual a economia também se altera, mas não é o fator condicionante principal. Aqui a gestão é outra!

São duas gestões completamente diferentes, pois a primeira estabelece que precisamos conhecer as novas  regras do jogo, focando apenas mudanças no aspecto econômico, que vai condicionar os demais, como estamos acostumados ao longo dos últimos séculos.

A segunda é mais ousada e mais disruptivas, porém mais eficaz para lidar com as atuais crises e mudanças,  pois aponta que a sociedade é muito mais influenciada do que imaginávamos pelas rupturas dos ambiente cognitivos e que essas alterações têm uma força mais ampla, condicionando a economia muito mais do que sendo condicionada por esta.

A gestão, seja lá do que for, se alteram quando as teorias que as sustentam ficam obsoletas diante de determinados fenômenos e autores conseguem de uma forma mais eficaz ver o quadro e as forças de forma mais coerente com os fatos.

Veja a diferença.

Se vamos gerir a sociedade do conhecimento, queremos dizer que vamos:

Ajudar a sociedade a gerir a passagem de uma sociedade economicamente industrial para a economicamente do conhecimento, basicamente é isso.

Mas se a força principal não é a econômica tal gestão se torna obsoleta, pois a gestão que precisa ser feita é em algo maior do que isso, tornando nossas ações ineficazes, ou seja:

Ajudar a sociedade a gerir a passagem de uma sociedade em rede do papel impresso e da mídia de massa para uma da rede digital!

Se estamos vivendo a passagem cognitiva com implicações culturais em todos os campos vamos para outro patamar.

Não estamos mais falando de um modelo econômico para outro modelo econômico, mas de algo maior, que seria de uma mudança cultural na civilização condicionada a um ambiente cognitivo para outro, o que nos ajudaria a ver de forma mais clara a lidar e prever com menos risco mudanças em curso em todas as áreas, tais como na forma de ensinar, de fazer política, de nos relacionar, de inovar, de comprar, vender, pensar, produzir, comunicar, pois tudo isso está em ebulição. 

O que nos facilitaria ter estratégias/gestões/resultados mais compatíveis com o que estamos precisando e não as que temos hoje que estão baseada numa teoria que sub-valorizou uma força-motriz principal, que é o principal promotor as mudanças que assistimos!!!

E esse é o principal impasse teórico atual que implica em perda ou ganho de muito dinheiro!

Acredite!

Estamos usando a teoria econômica para um fenômeno cognitivo disruptivo que é muito mais amplo.

Todas as gestões que estão embaixo dele começam a apresentar resultados pífios diante de uma realidade muito diferente, que está sendo impactada por forças maiores e com efeitos muito mais amplos.

Ou seja, é uma mudança de rumo radical na forma como pensamos a sociedade, como fazemos sua estratégia,  gestão para  obter os resultados que esperamos.

A economia, portanto, não seria mais a mãe de tudo, é condicionada por mudanças no ambiente cognitivo que a condiciona esta e não o contrário!!!

Enquanto não aprofundarmos essa questão e criarmos teorias, estratégias e metodologias que nos ajudem a comprender esse fato e ter melhores resultados do que estamos tendo, continuaremos atolados, como estamos.

Que dizes?

 Continuei o assunto aqui.

As teorias válidas são as que não foram ainda refutadas –  Karl Popper – da coleção;

Talvez, um dos grandes desafios para a sociedade nas próximas décadas será o de preencher um vazio entre estratégias e metodologias, de um lado, e teoria de outro.

Por tradição, deixamos a academia cuidar das teorias (“aquelas coisas chatas e sem sentido”) e a sociedade, principalmente, as organizações das estratégias, metodologias e ações, pois o importante é fazer, pois o mundo já é conhecido e não precisamos repensá-lo.

Ainda vivemos a ilusão que o mundo não muda, apesar do aumento brutal de velocidades das mudanças!

Criou-se um fosso, um limbo, pois a academia vive o seu mundo particular, no qual o importante é publicar e não ajudar a sociedade a repensar o mundo.

E as organizações que arrogantemente já sabem tudo e não precisam parar para pensar, pois tempo é dinheiro.

Porém, parar para pensar é um dos principais vetores para a geração de lucro!

Nas áreas tecnológicas isso tem sido até superado, mas nas dos estudos da sociedade, nem tanto.

Aparecem os primeiros mestrados/doutorados profissionais, mas querem discutir coisas práticas como se teorias aplicadas à sociedade não fossem algo extremamente prático!

Confunde-se prática com ação, mas refletir é algo extremamente prático, ainda mais quando temos impasses, dúvidas e crises muitas delas teóricas que implicam em crises concretas e perda de dinheiro.

Boas teorias geram lucro.

Aliás, o que gera mais lucro é apostar na melhor teoria que possa ajudar a reduzir os erros ao se prever o futuro!

Temos fé que conhecer é um processo direto com as coisas.

Eu –> coisa

E não:

Eu–> teorias –> coisas.

Entretanto, ao penetrarmos nas teorias sobre o conhecimento mais eficazes nos parece mais razoável e efetivo imaginar que a realidade é algo que é construída (uma ilusão em processo), que nossas teorias podem ser repensadas, principalmente quando a realidade não se encaixa mais naquilo que pensamos.

Esse é o grande nó que acontece com meus alunos quando temos que rever o conceito de “realidade/conhecimento”.

Por questão subjetivas, nos agarramos ao que pensamos como se fossem verdades e todo o resto é consequência dessa crença.

As universidades corporativas não estão ainda com um foco maior nesse tipo de discussão mais teórica, pois acreditam que é o papel da academia e nesse limbo muito dinheiro se perde!

Entretanto, conhecer é justamente olhar para esse aquário teórico invisível para ver se o que pensamos pode ser alterado, a partir das coisas que ocorrem a nossa volta.

O que se chama por aí: “pensar fora da caixa”.

Pensar fora da nossa caixa teórica, pois só fazemos coisas diferentes quando pensamos diferente!

E isso é algo grave e sério e tem consequências.

As pessoas querem que todo mundo pense fora da caixa, mas acham um absurdo levantar questões teóricas.

Acorda: a caixa é a teoria que achamos que é a realidade!

Nossas teorias (a maior parte delas invisível)  moldam nossas estratégias e metodologias e, por sua vez, nossas ações.

Ou seja, quando escolhemos uma especialização e uma empresa a adota, algo moderno, existe um aquário teórico por trás, invisível, que a sustenta.

Quando queremos, por exemplo, implantar projetos de gestão  existe um marco teórico que se orm pouco eficiente joga tudo para o buraco.

Falarei mais sobre isso amanhã!

Que dizes?

 

 Teoria útil é aquela que ajuda a prever o futuro e vice-versaNepô da safra 2011;

Num mundo de 7 bilhões de habitantes criamos a sociedade da inovação mutante.

Nunca mudamos tanto tão rapidamente.

A novidade, como diz Cortella, não é a mudança (que é algo eterno), mas a velocidade.

Ser é, cada vez mais, aprender a se reinventar.

Interconectados estamos e ficaremos cada vez mais.

Precisamos de uma ciência do futuro que nos possa servir de base para tomar decisões no presente, pois o futuro nunca foi tão incerto.

Na verdade, toda a ciência tem como missão prever o futuro, através de fórmulas.

Se eu junto duas laranjas com outras duas no presente o que terei no futuro?

Quatro laranjas / Lei básica da matemática.

Se um determinado produto com demanda começar a ser difícil de ser encontrado o que acontecerá no futuro?

O valor deste produto tenderá a  subir e ficará mais caro / Lei básica da economia / da oferta e da procura.

Obviamente, existem fórmulas e fórmulas, mas o objetivo quando se estuda fenômenos é estabelecer relações entre forças, suas condicionantes, anomalias para que possamos olhar o porvir com mais eficácia!

Devemos, assim,  procurar nas Ciências Humanas Aplicadas como as partes se relacionam, como se degladiam, se degladiaram e degladiarão (ontem, hoje e amanhã) para pensar qual é a maior probabilidade sobre o futuro.

E depois de ver a regra procurar as conjunturas.

A regra é tal, mas se…. a, b, ou c, pode dar d.

E ainda as anomalias.

A regra é tal, mas se, se, se é possível que…em alguns casos…

Na ciência humana aplicada sobre o futuro, portanto, é importante conhecermos as forças motrizes que vão balizar nossos prognósticos para as próximas décadas.

Quais são, como andam e como vão entrar em choque com a maior probabilidade possível?

No livro “A Arte da visão de Longo Prazo” de Peter Schwartz, ele defende que temos que analisar forças motrizes e destaca algumas mais relevantes:

  • Sociedade;
  • Tecnologia;
  • Economia;
  • Política;
  • Meio-ambiente.

A relação entre estas diferentes forças nos dão prognósticos para o amanhã.

Diz ele:

Construir cenários é procurar forças motrizes que influenciam o resultado dos eventos – Peter Schwartz;

O futuro, assim,  não é uma linha contínua, pois imagina-se que toda a ação deve promover uma reação, pois as forças tendem ao reequilíbrio em um jogo constante.

  • Ou seja, meio-ambiente = poluição prevê luta contra ela.
  • Sociedade = Violência, idem, etc.

O que tenho levantado aqui como hipótese é que há na sociedade hoje, por falta de experiência e dificuldade de reflexões cognitivamente distantes, uma dificuldade nossa de enxercar o peso do fator “Tecnologia” com a sua devida repercussão.

A Internet, principalmente, uma tecnologia cognitiva disruptiva,  muda nossa forma de pensar, informar, conhecer e comunicar e nos leva para mudanças muito específicas e raras que têm um peso muito maior do que imaginava nossa vã filosofia ao pensar em cenários para o futuro.

Temos uma nova fórmula geral que precisar ser aplicada na sociedade pós-Internet.

Em termos de fórmula, podemos dizer que:

X População = x Desintermediação

Quanto mais população (um fator irreversível) + produção de produtos e serviços  + necessidade de inovação (cada vez mais rápida e de qualidade para produzir mais com menos) + informação (que precisa ser descentralizada).

Tudo isso somado resulta em uma necessidade de aumentar a velocidade do ciclo, que nos leva a latência da desintermediação, também chamada de horizontalização da gestão, mais democracia, menos hierarquia, etc.

Ou seja:

x de expansão de novas tecnologias  desintermediadoras = X desitermediação 

Ou seja, quanto mais a população vai crescendo mais há uma latência da sociedade por desintermediação!!!

Justifica-se para aumentar a velocidade e qualidade na resolução dos problemas e demanda por tecnologias que nos ajudem nessa direção.

E que essa intermediação só é possível quando uma nova tecnologia cognitiva se massifica como foi a fala, a escrita e, agora, a rede digital.

Precisamos de um novo ambiente cognitivo para 7 bilhões de almas.

Ou seja, nas previsões sobre o futuro quem não colocar o FATOR DESINTERMEDIAÇÃO RADICAL no horizonte dificilmente fará um bom cenário.

Teremos, então, que fazer um exercício que é o seguinte:

Qual o peso da taxa de desintermediação na:

  • Sociedade x Desintermediação?
  • Tecnologia x Desintermediação?
  • Economia x Desintermediação?
  • Política x Desintermediação?
  • Ambiente x Desintermediação?
Muitas vezes algumas pessoas consideram que por estudarmos uma área queremos que o nosso ponto de vista ou nossa teoria seja fundamental para a sociedade, cada um puxando a brasa para a sua sardinha.

Ou seja, pode-se afirmar que não há essa urgência de desintermediação na sociedade e que essa teoria é apenas mais uma entre tantas e o peso não é tanto a ser dado ao se pensar o futuro.

Será?

É preciso, então, olhar para o que acontece para ver se as hipóteses são coerentes com os fenômenos que ocorrem. Isso é a validação de argumentos, certo?

Sobre isso, Schwartz lembra a frase de Barbara Tuchman que gostei bastante:

Os homens não acreditarão no que não se encaixa em seus planos ou em seus pré-arranjos;

Assim, se alguém questionar o fator desintermediação, é preciso explicar tais fatos de uma maneira lógica e coerente.

A desintermediação que houve na indústria da música (Napster e similares), na do vídeo (Youtube), na do software (Linux e similares), na de compra e venda por pequenos vendedores compradores  (E-bay, mercado livre, estante virtual), nos bancos (e-banking), no cinema (ingresso.com), no Governo (Governo Eletrônico), nas livrarias (Amazon), no comércio (e-commerce).

A primeira década (2000-2010)  foi concluída com a rede e estamos entrando na outra, a tendência, então, é ir adiante com o aprofundamento ainda maior da desintermediação.

Schwartz nos lembra que existem fatores que passam a ser constituintes da nova realidade e que as tecnologias depois que se massificam nunca mais voltam para trás, são fatores irreversíveis (ele chama fator pre-determinado) que devem constar da nova fórmula.

Na íntegra:

Uma inovação científica uma vez ofertada ao mundo não pode ser tomada de volta.

Quantos estão incluindo o fator desintermediação trazido pela rede dicital no seu cenário futuro?

Muito poucos.

Ou seja, quem pensa o futuro, em estratégia de longo prazo, e não colocar a desintermediação provocada pela rede digital no seu cenário, pode se preparar, pois vai levar um susto do mesmo tamanho que a indústria da música já levou na última década.

A caixinha de surpresas está aí para ser aberta não seria hora de dar uma olhada nela com mais carinho?

Que dizes?

 Democracia 1.0: diga muito, mas não mude nadaNepô – da safra 2011;

Começa a aparecer por aí a campanha, inclusive de gente boa e consciente, de que o voto distrital é a saída para a democracia brasileira.

E outros, mais perversos, sugerem voto em lista, o que, em ambos os casos, ao invés de ampliar a representação vai piorar o quadro, pois  vamos, até com boas intenções,  fechar ainda mais o que nunca foi totalmente aberto.

Tenho acompanhado a série de artigos de  Alberto Carlos de Almeida no Valor, estudioso da política, que afirmar que o  “voto distrital é uma camisa de força que traz vários prejuízos para o sistema de representação” . 

Que tem sido utilizado em outros países, que nos leva necessariamente ao bi-partidarismo e que a proporção nas cadeiras do parlamento irá prejudicar fortemente pensamentos diferentes e minoritários.

É isso que queremos?

Ver mais sobre os riscos do voto distrital aqui.

Não podemos nos cegar.

O sistema de representação em todo o mundo terá uma forte mudança, que começa a mostrar a sua nova cara nesta década, a partir da possibilidade de desintermediação de poderes que a  Internet permite, pois agora é possível:

  • – debates em rede, do cidadão participando, desde casa, do trabalho, quando puder;
  • – voto em rede, qualquer hora e qualquer dia;
  • – robôs que podem nos ajudar nas métricas mais eficazes de representação.
Junte estas três tendências e a demanda por representação e bingo, as pessoas vão juntar tudo isso em projetos concretos espalhados pelo mundo.
Cada um mais interessante que os outros para serem reverberados.
A tendência é termos algo glocal, aprofundamento do local, sem perder de vista o global, pois um está completamente interconectado com o outro!
É algo completamente novo no universo do que temos hoje!
Ao pensar esse futuro democrático não podemos olhar apenas o retrovisor, mas também e, principalmente, o pára-brisa!

A Islândia optou, por exemplo, por refazer a sua constituição com forte apoio das redes sociais, veja o exemplo.

É um primeiro passo, mas não é tudo.

Se vamos defender mudanças que seja para algo melhor, novo e mais representativo e não imitar aquilo que as pessoas já estão descartando!

Não fará mais sentido no futuro que determinadas decisões não possam ser tomadas de casa/locais públicos  pelos cidadãos.

Plebiscitos, debates específicos podem ser corriqueiros e contar com cada vez mais adesão dos eleitores, seja para questões micro-regionais ou macro-questões.

Ao invés de 20 deputados podemos ter 200 mil eleitores debatendo um determinado tema.

De fato, não temos ainda clareza do potencial que será aliar robôs + redes sociais + voto eletrônico.

Mas este é o desafio da década, talvez das próximas décadas.

Ou seja, podemos testar e tentar.

O Brasil pode – e é papel de quem está na frente desse movimento 2.0 sugerir –  que algumas cidades voluntárias no país comecem a fazer experiências/protótipos de cidades com representação digital em rede

Para que testemos uma nova forma de representação que possa ir se espalhando por mais e mais cidades, aos estados e por todo o país na próxima década.

Se queremos mudança não vamos repetir o que não deu certo.

E algo em que o cenário e as opções dos eleitores era outra completamente distinta da atual.

Vamos criar algo novo já que vamos mudar!

Vamos na carona dos jovens espanhóis sobre a democracia 2.0:

“Não sabemos o que é, mas, com certeza não é nada isso que está aí”.

Que dizes?

Para entender situação desconhecida, lançamos mão de elementos conhecidos e, por causa disso, não conseguimos entendê-la – Proust – da coleção;

O conhecimento humano é feito de dois movimentos:

Descoberta – Fenômenos que sempre existiram (menos mutantes) que encadeamos de forma diferente: lei da gravidade, da relatividade, evolução. Nestes casos, colocamos um óculos novo para ver algo que já estava lá, mas não víamos direito;

Ser cobertos por fatos novos – Uma pandemia, uma mutação genética, um tipo de doença provocada pelo excesso de poluição, a Internet. Nestes casos, não só o fenômeno não estava lá, mas os óculos que usávamos precisa ser ajustado. (A Internet está nesse segundo caso.)

Vamos detalhar.

Por exemplo, quando Einstein sintetizou a teoria da relatividade, o que ele fez?

Leu muita gente, contou com alguns novos instrumentos, alinhavou teorias antigas e criou uma nova visão sobre algo que já existia, pois nada do que ele percebeu já não existia antes.

Os átomos estavam lá, o tempo, o espaço.

O cérebro dele foi associativo e sintético pra produzir: e=mc2.

Digamos que ele des-cobriu, tirou o véu de algo que existia e conseguiu dar uma nova roupagem, uma nova síntese, que permitiu ver as coisas de nova maneira.

É uma observação sobre fenômenos existentes com um novo óculos.

Obviamente, que para ele chegar aonde chegou contou com os acertos e erros dos cientistas passados e um conjunto de novas tecnologias.

Podemos até dizer que temos objetos menos mutantes, tal como a terra, os átomos, os elementos químicos, que vamos descobrindo, que demoram mais tempo para evoluir e se alterarem.

São objetos que estão lá e para compreendê-los, somos nós que trocamos de óculos, tais como a compreensão melhor do universo, com telescópios e sondas cada vez mais sofisticadas.

Porém, existem aqueles que o objeto estudado se altera mais rapidamente no tempo, é mutante, tal como a sociedade humana, os grupos de animais, que migram, mudam, se adaptam, evoluem,  etc.

E nós precisamos ir ajustando a lente do óculos ao mesmo tempo que vão mudando, com teorias que sofrem rupturas não só por que mudamos de óculos (grandes insights), mas por coisas novas que acontecem com estes objetos.

É um processo sempre dos dois lados (o objeto que muda e nossa visão do objeto).

São elementos mais mutantes que são mais afeitos a fatores conjunturais, que mudam mais constantemente para os quais as teorias são mais mutantes também.

O importante dessa distinção para o nosso caso em particular é compreender que a Internet é um fenômeno que nos cobriu, não foi descoberto.

Não é algo que estava ali há 50 anos e agora estamos trocando o óculos, como foi a sacação de Einstein sobre a relatividade.

É algo que explodiu e, ao mesmo tempo que vemos a sua evolução, temos que ir trocando de grau do óculos ao mesmo tempo,  que torna mais complexo o estudo do fenômeno.

Mais: o estudo de elementos sociais carrega um forte grau de interesse o que nubla ainda mais o estudo, pois as forças procurar reforçar posições, situação, por exemplo, que um astrônomo ou um arqueólogo não sente tanto.

O que reforça esse fato é que nenhuma ciência social (incluindo as de comunicação e da informação) previu que de tempos em tempos o ambiente social, através da comunicação, informação e conhecimento entrava em processo de ruptura radical, com vários fatores atrelados.

Já trabalhei aqui com o pai dessa descoberta.

Lévy, que conseguiu perceber as etapas na história e colocar a Internet em perspectiva de forma fácil de ser compreendida.

Sem os conceitos de Lévy fica ainda mais difícil entender o fenômeno.

Ele é um estudioso de um fenômeno mutante (Internet) que veio à terra sem um planejamento humano consciente.

Ou seja, ninguém quando começou a pensar e desenvolver a Internet tinha a noção da dimensão que o fato ia tomar.

Que estava fazendo algo na mesma dimensão da escrita ou da fala, por exemplo, com forte impacto na sociedade presente e, principalmente, futura.

Fomos cobertos pela Internet e estamos tendo agora que conseguir – no olho do furacão – descobrir suas características para entender melhor o futuro e suas alternativas.

Pior: em torno da visão do que é a Internet entra um conjunto de interesses, de dogmas, o que nos dificultam ver o processo com clareza, pois se é algo de continuidade, continuamos do mesmo jeito com algumas mudanças.

Essa é a panela teórica que estamos envolvidos.

Compreender um fenômeno novo, com novos óculos em um panorama coalhado de interesses dos mais distintos.

Mas uma boa teoria, entretanto, deve ser capaz de nos ajudar a reduzir a taxa de incerteza futura.

A maioria dos pensadores tenta encaixar a Internet com outras mudanças de mídia, tal como o jornal, o rádio e a televisão.

E nos parece óbvio que existe um DNA de desintermediação que está presente na rede digital, que não aparece claramente em nenhum destes fenômenos anteriores da mídia, a não ser a chegada do papel impresso, por exemplo.

E que esse DNA de desintermediação (a consequência mais impactante) é que deve ser analisado de nova maneira pelas ciências humanas com um novo óculos, refazendo conceitos que tínhamos sobre a sociedade, o ser humano, colocando um peso e características diferentes nos fenômenos da informação, comunicação e conhecimento.

Ou responder a questão central:

O que acontece na sociedade quando um ambiente cognitivo de massa possibilita uma forte desintermediação como estamos vendo agora?

As cartas estão na mesa sendo embaralhadas e distribuídas.

Os óculos precisam ser ajustados.

 

 

 Queira ou não queira, ainda que de maneira não intencional você é um teórico praticante  – Christensen e Raynor – da coleção de frases;

(Continuidade de raciocínio deste post “Por que a chegada da rede digital não está no planejamento estratégico?”.)

Vamos tentar diagnosticar a crise teórica/estratégica/prática que as organizações vivem hoje.

As organizações  funcionam num modelo que vou descrever abaixo.

Temos as teorias gerais nas quais se ancoram:

Como funciona a sociedade? Qual é o papel das organizações? Quais as necessidades dos consumidores? Como eles se organizam? Como eu gero valor? E, por fim, como posso obter lucro?

Destas teorias gerais são feitas as estratégias.

Quais são estas demandas?  Como sair na frente daqueles que desejam o mesmo que eu (meus concorrentes)? O que devo fazer de maneira geral? Para onde devo caminhar?

Que resultam em ações concretas:

O que devo fazer em detalhes para gerar valor e atender a estas demandas? Como me organizar para isso? Quais ações? Quando? Quem? Como? Com que ferramenta? Com que recursos?

Como podemos ilustrar nesta figura:

 

Normalmente, estabeleço a análise de cases, fatos, dados, situações para aprender sobre estas etapas e ajustar gradualmente as minhas teorias, estratégias e ações concretas.

Como o mundo estabeleceu teorias gerais bem consolidadas sobre o funcionamento da sociedade ao longo dos últimos anos, décadas e séculos, o esforço maior das empresas está  focado cada vez menos nas teorias e estratégias, mas muito mais nas ações concretas.

Usando um critério aleatório que resolvo propor, podemos dizer que, grosso modo, há um esforço, de menos de 1% com teorias (estudo de mudança de percepção do mundo), 10% em estratégias e o restante todo (89%) nas ações e estudos de casos (como? quando? com quem?).

Por causa disso, há um forte e intenso interesse em “cases”, em como fazer, em como proceder, em como agir, quais melhores ferramentas podem resolver melhor, os problemas concretos.

As pessoas partem do princípio que as teorias continuam válidas, as estratégias idem e devemos apenas olhar para o que os outras fazem com sucesso, as melhores práticas.

Estudar os cases, assim,tem nos ajudado bastante a basear nossa estratégia.

Por causa disso, possíveis necessidades de mudanças nas teorias da sociedade pouco são avaliadas, pois pouco importam para o desempenho geral dos negócios.

Acabamos ganhando um certo preconceito, pois mais atrapalhavam do que ajudavam, pois vivíamos em um mundo menos mutante e que não havia sido abalroado por uma revolução cognitiva.

Os estrategistas que ando lendo (Christisen, Schwartz e Gavetti) apontam essa invisibilidade das grandes teorias o principal defeito das empresas ainda mais em um mundo mutante!

Dessa forma, as estratégias das organizações acabam sendo todas moldadas no sentido experiência –> estratégia (de baixo para cima da prática para o pensamento abstrato).

E muito pouco ou quase nada teoria –> estratégia (do pensamento abstrato para a prática)

Assim, as teorias gerais que temos, pois elas existem e foram construídas, passaram a ganhar um dom de invisibilidade.

Não conseguimos mais ver como pensamos, pois achamos que o que pensamos é a própria realidade!

Não achamos que nossas teorias precisam ser revistas, apenas os pequenos detalhes das melhores práticas, certo?

Esse fato dificulta tremendamente a capacidade dos gerentes e estrategistas a “pensar fora da caixa” a olhar o mundo de outra forma, ainda mais um mundo mutante e ainda mais um mundo sobre o efeito avassalador de uma revolução cognitiva.

Isso tem forte impacto em pensar estratégias cognitivamente distantes, construindo apenas cenários próximos, como foi detalhado na parte final deste post, nas reflexões de Gavetti.

São teorias tão arraigadas e inquestionáveis que não são repensadas, pois o que varia são os detalhes do  Quando? Quem? Como? Show me de Cases? Os detalhes e com que ferramentas?

Quando pensa-se em treinamento, basicamente, o que queremos é justamente um caminho mais curto para esse mar de ações para que não se perca tempo e dinheiro com o que não estão “dando certo”.

Sinto fortemente isso nos meus encontros quando vamos argumentar que precisamos repensar nossas teorias gerais e as pessoas querem saber o como, como, como.

Nem sempre o como pode ser aplicado, ainda mais quando as teorias gerais da sociedade estão ficando pouco eficazes.

Tal como:

“O sucesso de uma teoria deve ser medido pela exatidão com que é possível prever o resultado”  – Christensen e Raynor;

Certo?

Me parece que muitas ações oriundas da rede não estavam no script das teorias sociais.

Ou seja, as teorias que nos ancoravam passaram a ficar menos eficazes com a chegada da Internet.

Há um processo em que há uma incompatibilidade entre o que achávamos que ia acontecer, as previsões, com o que de fato está ocorrendo.

Nossas teorias que nos ajudam a ver o futuro de forma mais eficaz estão se mostrando falhas, pois estamos num mundo mutante digital em rede.

O que mudou?

Como disse aqui, Levy trouxe uma nova teoria fundamental para um ajuste na maneira de ver a sociedade.

O que ele disse (a partir das minhas interpretações e síntese)?

  • Que o papel que tínhamos na sociedade da informação, do conhecimento e da comunicação estava sub-valorizado.
  • Que estes três fatores formam uma ecologia social que define a sociedade com muito mais peso do que imaginávamos;
  • Que estes ambiente social, permeado por estes três fatores (nos quais vamos basear as nossas estratégias), não é contínuo, mas, pelo contrário, vive momentos de ruptura e que isso tem um forte impacto na sociedade e também na maneira de fazer negócios.
  • E, por fim, que estamos no início desse processo de mudança com a chegada da rede digital e isso vai impactar fortemente o futuro da sociedade e das organizações com mudanças na percepção de toda a sociedade sobre valor, organização, lucro, consumo, etc!

O que nos faz concluir que deve haver por parte das organizaçôes:

  • Um esforço de perceber a conjuntura e fazer um ajustes na forma de moldar suas estratégias, refazendo seu estudo não mais, apenas, das ações para a estratégia, mas reestudando a teoria para refazer a estratégia, o que vai contra o senso-comum e a prática atual, pois exige pensar cognitivamente de forma distante, prática pouco adotada;
  • Que este estudo deve ter como meta novas teorias gerais para podermos repensar as estratégias, e, por fim, estarmos pronto a rever as ações. Copiar estratégias e ações com teorias pouco eficazes é perda de tempo e dinheiro.

O problema é que esse tipo de ação demanda a consciência do momento histórico e vai contra o “modus-operandi” do mercado, na taxa 89% de foco na prática, no como, como, como.

Soará para muita gente como desperdício de tempo e de dinheiro, se já deu certo do jeito que fazemos há tanto tempo, por que não daria agora?

Porém, é o caminho de atalho para a geração de valor para o futuro.

E é o principal diagnóstico a ser feito, ou seja, refazer as teorias, para repensar a estratégia e, só então, começar a ter ações concretas é a coisa mais prática a ser feita nesse momento!

As organizações mais promissoras terão que se enquadrar nesse novo mundo mutante, tendo mais espaço para refletir sobre teorias,  com uma nova forma de conceber sua estratégia.

São universidades corporativas pensando o novo mundo e alinhando os riscos e oportunidades às estratégias, balizando de forma mais segura as ações concretas.

Que dizes?

 

 

Tudo é ilusão, menos o sofrimento – Nepôsafra 2011;

Não existe fim do sofrimento humano.

Sofrimento faz parte da existência, pois temos nossas necessidades e problemas dos mais diferentes níveis.

Temos necessidades  inventadas e outras menos inventadas.

E, de uma hora para outra, o que está em equilíbrio se desequilibra e o sofrimento aparece com mais intensidade, fica, vai,  desaparece, aparece.

Existem os crônicos e os passageiros.

Somos reequilíbrios constantes, conforme as conjunturas.

Porém, existe por aí (e bem vendido) o mito do mundo sem sofrimento.

Da felicidade, da busca infantil da felicidade, que seria, na verdade, o fim do sofrimento.

Nossas fantasias passam por:

  • O paraíso na terra;
  • Quando eu chegar em tal lugar;
  • Ou depois da revolução;
  • Ou quando fizermos tal coisa, aí sim vai ter jeito;
  • Ou viveram felizes para sempre.

O mundo vive de taxas, taxas de tudo.

Somos sujeitos às conjunturas das macros às micros e variamos, conforme as circunstâncias.

Podemos dizer, pelo que temos estudado, de uma revolução cognitiva que o mundo hoje vive a radicalização de um modelo organizacional, que reflete o modelo informacional, vertical altamente controlado.

No qual, as ideias eram distribuídas por poucos.

  • Controle significa pouca expressão;
  • Pouca expressão significa mais silêncio.
  • Mais silêncio significa menos compartilhamento.
  • Menos compartilhamento significa mais dores enrustidas e mais sofrimento.

Temos taxas menores de sofrimento quando conversamos, ou falamos.

Foi a sacação de Freud: falar para reduzir as neuroses.

Esta é a base da psicanálise: comunicação.

A conversa é a ferramenta humana mais eficaz para minimizar sofrimentos.

Podemos dizer que os últimos séculos com o aumento da população e o controle da mídia e, por sua vez, organizacional e de toda a sociedade no mesmo modelo, tivemos um largo bolsão de sofrimento, de sentimentos não resolvidos e que esse novo mundo 2.0 vem procurar abrir a agenda de vários nós que estão aí para serem desatados.

A lista é grande!

E procurar soluções de uma nova maneira, através de uma nova gestão na sociedade, a partir de um espaço grande de diálogo possível que se abre.

Projetos 2.0 são basicamente de resgate de comunicação, de reabertura de canais, da volta do diálogo, de desentupimento de canais e, em última instância, de redução da taxa de sofrimento.

De tudo que vejo por aí, a grande crise atual é da falta de comunicação que causa mais sofrimento.

Desaprendemos a conversar.

A televisão, o rádio e  o jornal nos deram informação, mas nos afastaram da comunicação presencial.

A Internet que veio com a promessa de nos reaproximar, não é uma garantia disso.

Tudo está em aberto.

E o espaço do diálogo seria na direção contrária, da abertura de canais de comunicação para gerar uma redução da taxa de sofrimento.

Provavelmente, estaríamos procurando reduzir taxas de sofrimento com os encontros pela/na/por/pela/a partir da rede digital.

Mas isso não está dado, exige esforço e entrega de quem quer implantar.

E isso é o mais difícil, pois ninguém implanta comunicação e diálogo sem se comunicar e dialogar. E ninguém dialoga e se comunica sem se desrobotizar.

Ou seja, implantar projetos 2.0 exige uma mudança pessoal de postura, de nova relação com nosso ego robotizado, uma desrobotização.

E quem vai, de fato, encarar essa?

Mas, como temos visto, o espaço aberto tanto pode servir para o reforço do transe hipnótico dos nossos controles remotos, nossos pilotos automáticos, nossa robotização, como vemos grande parcela reforçando um narcismo em rede descoisificado.

Como procurar canais para a revisão do sofrimento, na procura de reencontro com o eu perdido, contra a mistificação, usando os canais para recriar a vida e não repetir a mesma vida passada em outro espaço de troca digital?

A comunicação, de fato, exige a descoisificação de ambos os lados.

Ninguém conversa com coisas, se está com a taxa de coisificação alta.

A verdadeira comunicação, se é que podemos criar essa expectativa, ou uma maior taxa de comunicação, que seria melhor colocado, vem na direção de um processo de afastamento da coisificação em que nos meteram e aceitamos.

Esse é talvez a discussão de fundo que temos hoje ao falarmos em implantação de projetos 2.0 vazios ou plenos de significado.

Alguns tentam  manter a a taxa de robotização e a coisificação humana que nos guiaram até aqui, que cresceram com o ambiente informacional controlado.  São os projetos 1,5, com cara de novo, mas com toda a geração do nível de taxa de sofrimento passada!

Outros procuram criar elemento transformador nas brechas da mídia nova. (Mas são ainda raros.)

Uma tensão constante ainda pendendo mais para o lado da falta de diálogo.

Estamos no início, bem no início.

Pergunta-se: conseguiremos usar a rede para reduzir a taxa de robotização e ampliar a comunicação?

Como?

Será que precisaremos de um Gandhi 2.0 (ou vários), com um discurso espiritual em rede que nos permita criar um espaço menos materiais e mais espirituais (o resgate dos princípios perdidos na sociedade da mídia de massa)?

Me parece que há um espaço aberto nessa direção.

Espiritualidade 2.0 em rede para redução de taxa de sofrimento?

As cartas estão na mesa.

Ou seriam as pílulas de Matrix?

Que dizes?

 

Sou muito mais provocador do que pesquisador – Nepô – da safra de 2011;

(Aviso: texto que estou amadurecendo aos poucos, ajude.)

Muita gente afirma por aí que os blogs não são uma ferramenta de ciência.

Alguns pensadores já chamaram até os blogs de espaço para textos efêmeros. 😉

Há um preconceito em relação aos blogs em geral.

Tenho para mim que os grandes pensadores do passado (como ocorre com alguns do presente) nunca deixariam de fazer do blog, pelo menos, como seu caderno de rascunhos.

Os  blogs, a meu ver, deveriam ser o centro da produção da ciência!

Todo o pesquisador deveria ter um blog e fazer dele um caderno público de anotações para servir de referência/divulgação da continuidade do seu trabalho.

Hoje, não faz mais sentido em pensar em pesquisas prontas e acabadas.

Estamos saindo das verdades sólidas para as líquidas.

Dos textos para as telas.

Das pesquisas concluídas para as pesquisas permanentemente em processo.

Obras em construção livres e abertas no mundo digital.

O pesquisador lê texto, faz resumos, assiste aulas e guarda isso tudo para ele?

Tem lógica isso? Em que planeta?

Vejo entre meus alunos isso, cada um anotando individualmente, mas sem um espaço coletivo ou individual em rede, que possam colaborar e reduzir esforços.

Pior, não só estaria colaborando com a comunidade em torno dele, mas também com o seu próprio trabalho em um exercício de consolidação pública.

Claro que pode ser um blog individual ou coletivo, ou dentro de uma rede social de pesquisadores, pouco importa, mas um espaço digital de publicação sem tanto compromisso, passível de discussão, comentários e ainda com a possibilidade de ser rastreado pelo Google para permitir que outros pesquisadores que estão no mesmo tema espalhados por aí se encontrem para trocas.

 

Além disso, o papel do blog ganha uma relevância fundamental na Ciência 2.0 em termos de custo e tempo. Para conhecer vivenciamos algumas etapas meio distintas:

Insight –> Hipótese –> Pesquisa –> Conclusões. 

Tem-se uma brilhante ideia sobre um dado fenômeno, acreditando de que o que é visto ou feito de uma determinada maneira poderia ser feita de outra.

São estes insight que vai virar  hipótese.

E é esta hipótese que servirá de base para a pesquisa.

A hipótese será  mais ou menos original, mais ou menos eficaz.

Quanto mais original e eficaz, melhor.

A hipótese, entretanto,  é a base da ciência, pois é a partir dela que todo o resto se desenvolve.

Digamos que se você parte de uma hipótese pouco eficaz, todo o trabalho de pesquisa sofrerá dessa consequência, não tem jeito.

As boas hipóteses, entretanto, economizam tempo e recursos.

Quanto mais eficazes, melhor, pois se perderá menos tempo em hipóteses que já foram questionadas, ou que podem ser pensadas de forma mais sofisticada.

O problema atual da academia é que, apesar de ser haver espaço de debates, principalmente presencial, os pesquisadores trabalham, em sua maioria, de forma isolada muito mais baseados na troca de papel do que na digital em rede.

Há pouco espaço para jogar ideias para o alto para ver como quicam de forma mais despretenciosa.

Cada um no seu canto, produzindo com seus orientadores.

Ficam restritos a um relacionamento com seus pares/orientadores em ambientes fechados e as hipóteses são resultados desse debate restrito.

São, por tendência, hipóteses mais pobres e menos relevantes para a sociedade.

Seriam mais relevantes se pudessem sofrer um processo maior de debate.

Tem lógica?

Assim, hipóteses que desdobram pesquisas, dissertações, teses, que levam anos são pouco debatidas na sua raiz.

O que leva a uma perda de tempo incomensurável, pois se a hipótese fraca ou equivocada está jogando tempo e dinheiro fora, concordas?

Assim, de maneira geral, os blogs (ou redes sociais científicas)  seriam um ótimo instrumento para discutir hipóteses, antes dos pesquisadores irem para campo, além de um diário de bordo, um divulgador permanente do processo da pesquisa e não apenas do seu resultado final.

Poderia ir se atualizando/discutindo e melhorando o processo a cada post.

O que hoje não é feito, infelizmente.

A Capes, por exemplo, ignora blogs de pesquisadores.

Ignora-se solemente o esforço que muitos estão fazendo em prol da ciência e da sociedade!!!!

Capes 1.0: Ciência séria é no papel e em publicações reconhecidas

(Pior, estimulam publicar em revistas que o próprio pesquisador que escreveu tem que pagar para ler!!!)

Algumas vantagens de se fazer a pesquisa apoiada por um blog:

  • Conhecimento de hipóteses similares e pesquisas;
  • Mais aprofundamento das hipóteses, fortalecimento, mudanças de rumo, etc;
  • Exercício constante da escrita mais aberta, evitando entrar no “academês”;
  • Conversas para balizar a relevância da pesquisa/ a partir da hipótese para a sociedade, pois o blog é aberto e não fechado apenas para a academia.

Assim, os blogs/redes sociais acadêmicas seriam  os novos  espaços  relevantes para o debate das hipóteses, mais ainda como se diz por aí: para a divulgação científica ao longo de todo o processo da pesquisa, balizando, ainda mais, quem está fazendo o que exatamente, via Google.

Além disso, a pesquisa, conforme vai andando pode ir sendo postada no blog, numa espécie de pesquisa aberta para que os interessados naquele campo possam ir acompanhando.

Isso vale para qualquer área e em qualquer tempo e acho que ninguém pode jogar pedra nessa proposta.

Os argumentos contra tal prática são a perda de ineditismo e cópia das ideias.

Ineditismo num mundo chacoalhado de informações?

Talvez em 5% dos casos isso faça sentido, quando se fala de patentes, mas na área de ciências humanas/sociais isso me parece algo do século retrasado!

Mais:

  • – pela velocidade das mudanças, precisamos de mais agilidade e flexibilidade para discutir hipóteses, pois cada vez há menos tempo e recursos a serem desperdiçados;
  • – e diante da mudança radical de paradigma no estudos de fatos sociais/humanos o blog pode ser um instrumento fundamental para acertos de rumos.

Vou falar desta segunda (quebra de paradigmas), em particular.

A hipótese de Lévy e de vários outros pensadores é de que estamos entrando em outra era da civilização e que  o papel da comunicação, informação e do conhecimento está/estava sub-valorizado na maneira que olhamos a sociedade.

Não há nas teorias sobre a sociedade/seres humanos a previsão/consequências de  rupturas informacionais como a atual.

Tais mudanças  são capazes de alterar bastante a  sociedade e, por sua vez, repensar a maneira que olhávamos o humano e nossas ações

O que seria o fim de um paradigama sobre a sociedade sem rupturas informacionais, utilizando o conceito de paradigma de Kuhn.

Tal mudança provoca a necessidade da revisão de vários fenômenos sociais, que devem ser revistos em função de rupturas informacionais, como a chegada do livro impresso e da Internet, por exemplo.

Não sabíamos que estávamos tão a mercê destes fatos!

Mas a realidade, que é a nossa principal professora, está dizendo que estamos, estávamos e estaremos!

Kuhn afirma que em momentos assim as pesquisas baseadas no paradigma passado perdem o valor, precisando um novo olhar para readequar a eficácia das novas hipóteses, diante da nova maneira de pensar.

Muitos podem afirmar: vivemos um novo paradigma?

Bom, basta olhar em torno para você me dizer.

Digamos, a meu ver, que estamos diante de um divisor de águas na maneira de se pensar a sociedade, que deve passar a ser incluído como um FORTE elemento.

A maioria da academia hoje na área social e humana ignora esse tipo de ruptura, bem como, a incorporação da ruptura da Internet, digamos, na forma e no conteúdo, como se tudo fosse ficar igual como antes.

Será?

Fecham-se num mundo e criam suas hipóteses num paradigma pré-revolução informacional, o que é uma loucura!

Acham que podem pensar a sociedade sem incluir as mudanças provocadas pelas redes digitais?

Vide o resultado em pesquisas cada vez menos eficazes!

E cada vez mais esparadrapadas teoricamente.

O espaço dos blogs/redes sociais para discutir as hipóteses desse tipo ajudariam nesse momento de crise de visão, pois poderiam ainda mais abrir o debate, problematizando hipóteses que não passem pela questão dessa quebra do paradigma.

Debater com pessoas/pesquisadores/provocadores que têm outras visões, enriquecendo o início de tudo, evitando-se ir adiante em paradigmas que podem estar completamente equivocados na sua raiz, pois:

Nunca perdemos tanto tempo falando de coisas tão ultrapassadas!

Não se pode afirmar que Lévy e os demais estejam na direção mais eficaz, mas também não se pode ignorá-los, como muita gente tem optando claramente.

Ou seja, os blogs/redes sociais estão e devem cada vez mais se incorporar à Ciência, da mesma maneira que o papel impresso passou a ser o nosso instrumento principal, questão de tempo e geração.

Assim, se você vai pesquisar, sugiro um blog ou uma rede social para te guiar/ajudar/divulgar/pensar.

Que dizes?

 

Valor 2.0

Pode dar o nó em pingo d´água que quiser, mas uma organização em crise é aquela que perdeu a noção do valor que tem que gerar para a sociedade – Nepô da safra 2011;

O que gera valor?

Aquilo que resolve o problema das pessoas.

Por que criamos organizações?

Para resolver o problema das pessoas, tanto as que lá trabalham, mas principalmente daquelas que as usam para resolver os seus problemas, seja consumindo produtos ou serviços.

Por que as empresas perdem isso de vista?

Por que a tendência dos grupos humanos, como o tempo, e sem agentes externos que provoquem mudanças,  é se fechar em tribos, países, condomínios, grupos religiosos e/ou raciais, defendendo os interesses mais imediatos, seus próprios problemas e vão perdendo a noção do valor que podem gerar para a sociedade.

Vivem o mal estar das organizações.

E começam as crises de valor, já que as pessoas na sociedade vão procurando trocas que atendam às suas necessidades  e quando não acham procuram outra ou começam a boicotar quem não a atende.

Mais ainda.

As pessoas vão acreditando que é o dinheiro que gera valor, mas o dinheiro é uma representação do valor.

E quando se aplica dinheiro em algo que não gera valor, o dinheiro não se sustenta sozinho e vai se desvalorizando.

Pode demorar mais tempo, mais vai.

Vidas vazias de significado e, portanto de valor, das pessoas e das organizações são aquelas provocadas pelo conceito equivocado de que é  dinheiro que gera valor e não aquilo que ele pode gerar.

Reduzi-se a geração de valor para o outro, para quem deveríamos servir e passa-se ao auto-valor de si mesmo priorizando coisas e não aos princípios.

Menos princípios e mais valorização das coisas.

O que nos leva a crises, pois se todo mundo embarca nessa a sociedade vira o caos.

É preciso realinhar o tempo todo organizações ao objetivo coletivo para manter o foco no valor.

E podemos até dizer que amor (geração de energia entre as partes)  é valor e desamor (pouca energia)  é o não-valor.

Quando uma empresa perde os princípios, no fundo, está num círculo de desamor e vice-versa.

E o que fazemos?

Vamos criando ações dentro das organizações, mas nem sempre focadas no problema central do valor com métricas fechadas, reengenharias, grandes mudanças enfumaçadas, do rabo perseguindo o próprio rabo.

(Projetos de redes sociais, gestão de conhecimento, entre outros estão indo nessa direção, pois acabam adotando métricas e avaliações em que não avaliam o valor gerado entre as partes, aumentando a crise e não reduzindo.)

Lucro, assim,  é consequência de um valor gerado e não o contrário.

As organizações que mais duram são aquelas que não perseguem o lucro a qualquer custo, mas as que estão sempre vendo-o como consequência de um serviço bem feito.

Quanto maior a crise, por outro lado, mais os especialistas dos fins que justificam os meios aparecerão, pois quando uma empresa se fecha nela mesma é que já houve internamente uma vitória parcial ou total de um grupo que perdeu o foco do coletivo.

Acabam criando um conjunto de interesses, que  estão alinhadas com o caminho do pouco valor ou do não-valor, ou do desvalor, se quiserem.

Haverá, portanto, sempre uma tensão permanente entre estes dois grupos internos da organização: os que querem o imediato com  uma visão fechada centrada no eu (no lucro para nós)  e outro com a mais aberta englobando o cliente/cidadão (lucro do nós + social).

Estamos hoje saindo de uma era do lucro para nós radical, pois há uma relação entre a radicalização do não valor com o controle do fluxo de ideias, que, aos poucos, nos leva á cegueira do valor real.

Diria, assim que as organizações estão com uma taxa de auto-interesse e pouco foco no lado de fora muito acima do aceitável hoje em dia, em função do pouco poder do consumidor/cidadão, em função de um ambiente informacional altamente controlado.

Dessa maneira, as organizações se fecham, as artérias começam a acumular gorduras, o ataque cardíaco ou o AVC é eminente quando aumenta-se o fluxo de ideias na sociedade, mostrando os pontos de entupimento.

É o chamado corporativismo do não-valor, ou do valor, para mim mesmo, no qual  os meios estão acima dos fins, de costas para a função real de dada organização para o coletivo, que tende a ficar radicalizado, conforme vai se controlando mais e mais o fluxo de ideias.

(Discuti esse impasse humano neste texto do mal estar das organizações.)

São projetos desalinhados que fazem muita fumaça, mas não fogo, sem “alinhamento ao negócio da sociedade”.

Alinhamento ao negócio é gerar valor,  pois negócio é troca com o coletivo e quanto mais troca há, mais se gera valor e vice versa.

O problema das organizações é que há uma forte tendência a geração de valor de seus próprios membros para eles mesmos, levando-a à decadência ao longo do tempo delas e arrastando a sociedade com elas.

Vive-se uma tendência na ilha da fantasia do não-valor, até que o princípio da realidade venha, mais dia, menos dia, através de ações externas que geram desequilíbrio.

E isso pode acontecer de várias formas, desde um concorrente, uma nova tecnologia ou uma mudança radical na maneira da sociedade em lidar com a informação, como agora, note, entretanto, que as primeiras são localizadas, mas a segunda é global.

Numa revolução cognitiva como a atual, a métrica das organizações é pega desprevenida, pois está invertida.

Uma organização decadente será aquela em que a métrica está cada vez mais deslocada da geração de valor para fora!

E vão perdendo valor intangível na sociedade (imagem)  e depois tangível (perdem negócios), seja na bolsa de valores, quando estão lá,  seja no descrédito de uma dada empresa ou instituição perante quem a contrata.

Pois os seres humanos, como animais sociais demandantes, sempre vão querer seus problemas resolvidos da melhor forma possível.

É uma questão apenas de oportunidade e circunstâncias.

Pode demorar, mas é para lá que sempre vamos tentar ir, como utopias que esperam a hora de virar realidade, como em revoluções cognitivas.

Os projetos desalinhados com essa noção de valor, sejam quais forem, perdem o foco.

O meio passa a ser o fim em si mesmo.

E começam a girar no próprio rabo.

Exemplos?

  • O Congresso Nacional perdeu a noção do valor, que é legislar para resolver problemas dos eleitores, cada vez mais em causa própria;
  • A academiam brasileira perdeu noção do valor, pois a métrica exigida pelos reguladores atuais não é a de resolver os problemas do país, mas apenas de quem publica mais e aonde, claramente um fim em si mesmo;
  • Empresas brasileiras que conseguem se manter no mercado por arranjos, monopólios, primotocracia e cartéis, pois é na falta de competição que se esconde o não-valor, com uma exacerbação maior no mercado financeiro.
Os conceitos de democracia 2.0, de academia 2.0 e empresas 2.0 têm na sua base a redefinição de valor e de sentido destas e de outras organizações sociais, no Brasil e fora dele com mudanças distintas, conforme cada caso! É o resgate dos fins que  voltem a ser fins.

O que muda na noção do valor na sociedade quando temos um novo ambiente informacional, tal como a massificação de uma rede digital como a Internet, trazendo descentralização?

O falso-valor ou o desvalor demora mais tempo a ser desbancado em uma sociedade controlada informacionalmente e sem competição (no caso informacional) entre as diferentes propostas de valores.

Quanto mais controle informacional se tem numa sociedade mais teremos falso-valor e vice-versa.

A sombra informacional que se cria na sociedade permite que organizações/líderes/gerentes/autoridades de pouco valor sobrevivam, pois se fecham em ambientes que se auto-protegem na sombra.

Conseguem agir nessa sombra, através de acordos e ajustes não transparentes, tendo mais mérito dentro destes ambientes voltados para si e não para o coletivo.

Deixando de fora da estrutura aquele que pensa na geração valor real, que passa a ser taxado de ingênuo.

É o rabo balançando o cachorro.

O valor  está invertido, levando a organização a ficar cada vez mais dependente de ambientes estagnados, nos quais tem o controle informacional.

É um circulo vicioso da sombra para cada vez mais sombra.

Quando  se abre o ambiente informacional –  como estamos vendo agora com a chegada de uma rede mais descentralizada e mais desintermediada –  permite-se que ideias e trocas passem a acontecer a despeito dos canais antigos em todo o globo ao mesmo tempo, impulsionando um forte impacto de procura de re-valor na sociedade.

E nada pior para o vírus do não valor do que uma revolução cognitiva!

Mais luz vem da e para a sociedade e os não-valorosos vão ficando cada vez mais claramente e nitidamente  obsoletos, sendo o tempo da vingança da meritocracia dos valorosos, que miram o coletivo.

A luta surda a favor do valor social ganha aliados poderosos: os consumidores/cidadãos.

Há um reposicionamento da balança de forma radical e global, mesmo que aconteça lentamente, mas é em algo disruptivo e não de continuidade.

Foi  o que ocorreu com a chegada do papel impresso, na Europa, em 1450, que iniciou o processo de mudança e o fim de uma era da monarquia e do feudalismo quando um fenômeno similar à Internet ocorreu na sociedade há 500 anos.

Exemplos atuais que estamos em um processo de revalorização das organizações?

  • A indústria da música não inovou e vivia/vive na sombra e é/está sendo desbancada por uma rede aberta de troca de músicas, não há assim uma crise da música, mas da indústria da música e seu desvalor com a própria música, seus artistas e a sociedade, que está, de certa forma, se vingando;
  • A do software idem, vide o esforço que os players estão fazendo para se manter atualizados, diante do software livre, da produção coletiva, etc;
  • Além da mídia tradicional e das editoras de livros, pois começam a sentir a influência de uma distribuição diferenciada. Estão agarradas ao meio (livro/jornal)  e não no fim (circulação de ideias). Ou seja, vivem uma crise ética, pois querem impedir que a informação circule livremente, perdendo a noção do valor que podem gerar dentro desse novo ambiente.

Porém, não é apenas quem vive do mercado da informação que será e foi atingido pelo novo ambiente de troca cognitiva, pois muda-se (e se mudará gradualmente) não só a maneira de vender informação, mas também de produzir e vender qualquer coisa.

Estamos alterando a forma de distribuir é certo, mas também a forma de produzir, adaptando-se a um mundo informacionalmente mais aberto, que exige outra relação de valor.

A forma de se organizar, mais aberta e com a meritocracia com mais força mexe na geração de valor em todas as organizações, o que é difícil de se perceber claramente  no centro do olho do furacão.

A defesa do coletivo é o resgate de princípios para gerar o valor que a primavera  informacional exige!

(Não é à toa que livros como a do Cortella, Qual é a tua obra? ou Presença de Senger e outros viram best-seller e ganham espaço dentro das organizações, pois introduzem de novo a questão do fim em lugar do meio pelo meio, na tentativa de se resgatar os princípios.)

Organizações do mundo toda estão discutindo uma nova forma de inovar na geração do valor, através de mudanças de canais ou de redes com seus colaboradores e os de fora, desde fornecedores e/ou consumidores, desintermediando e colocando para escanteio os que se beneficiavam da sombra.

Inovação aberta, por exemplo,  é um dos resultados da chegada dessa rede digital, um espaço e tanto para os meritocráticos.

É uma tentativa da geração do neo-valor, basicamente resgatando o diálogo com a sociedade para voltar a gerar relevância.

Ou seja, fazendo a auto-crítica do monólogo da era informacional decadente que estamos, finalmente, deixando para trás.

Precisamos voltar a conversar com que não conversávamos mais, ou nunca conversamos de verdade!

Assim, novas iniciativas começam a entrar na brecha para a regeração de valor real.

As pessoas começam a ter noção de quanto estavam consumindo não-valor.

Já que conversam mais entre elas e podem acessar o que não podiam antes.

(Tal como desconhecido compra e vender para desconhecidos, vide Mercado Livre e Estante Virtual.)

Mas note, antes que me venham com fotismos:

Estamos apenas nos cinco minutos de um jogo de dois tempos.

(Fotismo é a prática intelectual de tirar foto em processos sociais em movimento e querer analisar a foto (momento) sem querer ver o processo (movimento).)

E entramos em um ciclo de renovação da geração de valor, baseado mais na meritocracia do que antes.

Todo esse movimento nos leva a um revitalização da geração de valor para enfrentar os novos desafios de uma sociedade, que tem de novo basicamente a presença de 7 bilhões de habitantes, que exigem mudanças mais rápidas, inovação e um novo modelo de sociedade mais compatível com esse nova demografia.

O Valor 2.0 veio gerar, assim, o mesmo valor de sempre,  mas só que dentro de um novo ambiente informacional mais meritocrático e aberto, com menos sombra.

Por isso, as organizações terão que se realinhar ao novo ritmo da geração de valor, que agora é mais transparente, no qual o cliente terá muito mais razão do que antes.

A eficiência para inovar passa a ser a palavra de ordem e o espaço da mediocridade do não-valor se reduz, mas nunca acaba, pois são taxas que variam conforme as circunstâncias, tendo com um dos fatores, o controle informacional (Como já disse acima, novos concorrentes, abertura de mercado, também têm esse efeito, mas não numa escala global).

Porém, a mudança é macro, geral e global , como ocorreu com a chegada do papel impresso e isso terá o mesmo impacto, diferente de fatores mais localizados e passageiros.

(Quem quer se diferenciar no mercado, deve estudar aquele período de forma profunda.)

E essa é a briga surda do novo século, que se inicia muito velozmente.

É o impasse, aliás, que está por dentro da discussão da implantação de redes sociais, gestão de conhecimento, da informação, etc etc…muitas delas voltadas para o meio (seus especialistas e seus métodos)  e não para o fim (o resgate do valor da organização), que é o que está verdadeiramente em crise.

E para a qual os esforços têm de ser direcionados.

Ou seja, a semente da mudança radical das taxas nas organizações do não-valor atual para outras com mais valor já estão subindo de forma acelerada em alguns pontos da sociedade, porém ainda não tão evidentes para a maioria.

Quando se fala disso, as pessoas usam o fotismo, não estou vendo.

Ok, estamos apenas começando, sugiro Drucker:

“Quem quer ver o futuro deve olhar para as árvores pequenas que estão nascendo e não as grandes, pois a floresta do futuro será formada pelas primeiras”.

A taxa de mais valor na sociedade está crescendo lentamente no novo ambiente informacional.

 

Quem viver, já vê.

 

 “Quando o consumidor muda, tudo muda!” – Nepô – da safra 2011;

(Ontem, fiz palestra sobre “As novas regras do marketing na era digital”, preparatório para o novo curso de Marketing Digital da FGV, a convite do Nino Carvalho e Luis Sá. Eis aqui um resumo do que apresentei.)

O ser humano estabelece redes sociais, desde que saímos das árvores e das cavernas.

Estas redes sociais são baseadas na confiança entre os membros para que todos possam se sentir seguros para resolver seus problemas da melhor forma com o menor esforço.

As redes sociais criam relações baseadas na comunicação, na informação e no relacionamento que vão construindo uma base sólida de trocas de todos os tipos.

Motivo:  sobrevivência.

Isso é algo constituinte do ser humano, que muda e se adapta, conforme as necessidades históricas.

Sempre foi assim e sempre será assim, com variações das épocas, pois somos animais grupais e sem o grupo tendemos a perecer.

Temos crescido população a taxas cada vez maiores (principalmente nos últimos 200 anos/de 1 bi para 7 bilhões) e criamos um setor produtivo sofisticado para permitir que todos possam sobreviver e viver na atual sociedade.

O setor produtivo para gerar valor foi sentindo necessidade de sofisticar essa relação com seus consumidores para que estes, a partir da confiança, memória, lembrança de determinado produto ou produtor se sentisse impelido/ou tranquilo para consumir.

Esse processo estratégico cada vez mais sofisticado de trocas e criação de imagem é o que podemos chamar de marketing.

Marketing é um  elemento fundamental para a sobrevivência das empresas e também da sociedade, pois é ele que faz o ajuste entre a oferta e a demanda para deixar todos menos insatisfeitos possível nessa constante troca.

(Obviamente, que o marketing não se resume apenas ao setor produtivo, pois todos os setores da sociedade, Igreja, ONGs, Governos fazem marketing, porém quando falamos do marketing acabamos falando mais do setor produtivo, pois é o que acaba empregando a maioria.)

O marketing procura estabelecer uma imagem positiva em quem consome para que se sinta vontade de se continuar trocando com aquele produto/produtor.

Há diversas atividades do marketing, mas essa é a essêncial: manter a relação ativa, o canal de troca aberto, através de várias ações nessa direção, transformando desejos e latências em produtos.

Por fim, o marketing se estabelece tanto em termos de ações reais e concretas, mas também – e cada vez mais até aqui – na capacidade dos produtores de criar uma determinada imagem do produto ou produtor.

O marketing é parte ação e parte criação de ilusão.

Já que toda imagem construída é uma ilusão  que vai se reforçando, ou se quebrando, a partir da relação que vai se estabelecendo no longo do tempo.

Não há, entretanto,  imagem que resista a problemas ou a consciência dos mesmos ou ainda o conhecimento do que o outro produtor está oferecendo algo melhor.

Ou seja todo trabalho do marketing pode se desmanchar no ar.

O marketing trabalha assim com percepções e nem sempre com fatos.

Um jogo entre ilusão, de um lado, e frustração, de outro.

O objetivo permanente é de que o consumidor tenha uma imagem positiva do produto/produtor sem deixar a frustração chegar.

Isso pode ser feito de duas maneiras: manter a ilusão, quando os problemas aparecem, criando fumaça. Ou tentar resolver o problema, provocando e mantendo o fogo.

Podemos dizer que hoje estamos saindo da fase do marketing fumaça e com um grande desafio do resgate do marketing do fogo.

A variação entre estas duas taxas (fumaça/fogo)  é dependente dos canais pelos quais circulam as informações, as comunicações e os relacionamentos entre os consumidores.

Quanto mais controlado forem estes canais mais o marketing tem espaço para criar ilusão e fumaça, pois menos poder tem o consumidor para influir no processo;  e quanto menos controlado, mais este espaço se reduz, mais poder tem o consumidor e mais o marketing tem que produzir fogo.

Ou seja, dizer algo e fazer outro é possível, desde que o espaço entre as duas ações não seja descoberto, fique escondido na fumaça.

O ser humano se aproveita da sombra quando é possível, como afirma Freud, que é a civilização que contém o ser humano, que não é bom por natureza.

Para isso, o marketing desenvolveu um conjunto de recursos bem sofisticados que a a rede social da mídia de massa ajudou a construir.

O marketing atual se viciou na fumaça e está pouco preparado para viver no mundo do fogo.

Na solução dos problemas do consumidor.

As empresas dizem que é o consumidor que tem razão, mas, de fato, é o acionista, antes de tudo e o lucro de curto prazo que estão no topo da pirâmide.

O que acabou resultando na sociedade uma imagem do consumidor, que interpreta a palavra  marketing como mentira, com algo que não é real, com alguém que quer passar a perna no outro.

Não é fato?

É esse modelo ilusório do marketing fumaça que está ficando obsoleto com a chegada da rede digital.

E este é o principal desafio do marketing 2.0, resgatar o conceito original do marketing que é estabelecer uma relação entre produtor e consumidor com menos fumaça possível, em uma relação ganha-ganha.

Para isso, há necessidade de uma mudança mais profunda das organizações, que começa no topo e que o marketing é mais um setor que precisa se alinhar a ela.

Nesse sentido, muito mais do que um problema de marketing, são as empresas que estão na berlinda, pois precisam repensar seus valores, cujo o marketing é o espelho.

A transparência que a Internet traz para o mundo deixa o rei da corte e os nobres do marketing nus.

E, como já ocorreu com a chegada de novas redes sociais no passado, há uma crise de ética que começa a se formar, gerando cada vez mais crises, entre o que se diz que faz e o que se vê, de fato, através da lente de aumento de um mundo mais transparente.

O que antes era aceito por desconhecimento ou falta de articulação social, passa a não ser mais.

É uma crise que afeta a sociedade como o todo, as organizações principalmente e, por sua vez, o marketing que é a ponta dessa relação com o mercado.

Quando o consumidor muda, tudo muda!

O que está mudando, afinal?

Estamos aprendendo às duras penas que as redes sociais humanas mudam com o tempo, pois as redes sociais cognitivas de troca (informação, comunicação e relacionamento)  que achávamos que eram montanhas são vulcões.

As redes sociais não são estáticas e quando mudam de forma radical vão alterando a sociedade com ela.

Não são causa, mas provocam consequências e aceleram as causas.

Detalhei essa mudança aqui.

E isso é fundamental para pensar marketing e sua respectiva estratégia para o século XXI.

Ou seja, já tivemos:

  • O marketing na rede social oral, que fazia um tipo de relação, vide igreja até o século XIV;
  • O marketing na rede social do papel impresso;
  • O marketing na rede social da mídia de massa;
  • E o marketing na era da rede social digital.
Mesmo que não chamássemos o marketing assim no passado ele estava lá cumprindo a sua função, mediando a relação entre pessoas e instituições.

O que muda nestas passagens?

O consumidor vai ganhando, a cada uma destas etapas, mais  canais de informação, de comunicação e de novos relacionamentos e vai adquirindo mais poder e maturidade, impedindo que o setor produtivo, incluindo o poder estabelecido, possam continuar a fazer determinadas coisas que faziam antes.

Vai colocando um tipo de marketing ilusório na berlinda.

A relação muda, pois há mais poder do lado do consumidor, que obriga mudanças de atitudes éticas do produtor, que se refletem na estratégia do marketing.

Ou seja, o espaço de algumas práticas do setor produtivo se reduz quando novas redes mais abertas chegam à sociedade, pois o que estava mais na sombra vem mais para a luz, pois sempre haverá sombras e a tentativa de se jogar luz.

Assim caminha a humanidade.

Apontaria, então,  alguns pontos que são visíveis na passagem da rede social da mídia de massa para a rede social digital:

  • o consumidor sabe mais sobre os produtores e se articula muito mais do que antes, pois pode blogar, filmar, postar, comentar, criticar, espalhar e conversar e saber o que pensa e sofre o outro consumidor. Isso é fatal para quem quer iludir;
  • as ferramentas permitem que você compre de desconhecidos, alterando o critério de reputação, o que abre espaço para micro-empreendedores, que podem se tornar mega-competidores, tanto com projetos comerciais ou livres (como foi o caso do Linux, por exemplo, que criou uma enorme dor de cabeça para a Microsoft, por exemplo);
  • empresas não produzirão mais sozinhas, precisarão do consumidor, o que altera a maneira de atrair, pois passamos do consumo passivo para o consumo ativo, aumentando muito a fidelização e a relação contínua com os clientes.

Em resumo, há um reequilíbrio de forças entre o setor produtivo e os consumidores, que passam a ter mais poder do que tinham antes e isso nos leva a tendências:

  • – mais coerência entre o que se diz e o que se faz / o que se diz que vende e o que de fato vende ( o que anda se chamando de capitalismo 2.0);
  • – uma relação de diálogo, de co-criação (que exige uma relação de confiança muito maior);
  • – e um alinhamento do marketing com outros setores da empresa, pois estabelece-se uma grande rede produtiva ( e não mais ações isoladas em que um vai para um lado e o outro, para o outro).

Pois bem, o marketing existe independente de estar no mundo digital ou não, portanto, concordo quando muita gente diz, inclusive a Martha Gabriel, que existe Marketing no mundo digital e não Marketing Digital.

Porém, há mudanças históricas na sociedade, pois a base do relacionamento produtor/consumidor está em desequilíbrio cada vez mais evidente com a transparência da rede e isso afeta diretamente como vai se estabelecer essa base de relação de confiança, que agora precisa ser cada vez mais estreita.

As empresas precisam e estão procurando se renovar, procurando reconceituar o seu papel ético na sociedade. E o marketing 2.0 vai junto se alinhar e ajudar nessa tarefa.

É isso.

Que dizes?

Num mundo que muda velozmente, uma empresa só se fortalece se estabelece condições de sinergia – Cortella;

Há um desespero geral das organizações por reinventar a gestão.

Uma correria doida para resolver uma macro-crise ainda mal diagnosticada pelos estrategistas de plantão, muito mais preocupados em olhar o concorrente do que as oportunidades que o novo mundo digital está abrindo.

Basicamente, vou de Cortella:

A novidade do mundo não é a mudança, que sempre existiu, mas a velocidade – Cortella;

As pessoas não se dão conta, que precisamos procurar para entender o novo mundo digital  ideias cognitivamente distantes (como definiu Giovanni Gavetti).

É preciso subir no alto da montanha para ver melhor o cenário.

Lá de cima podemos perceber as grandes alterações do ambiente, tal como o salto demográfico  de 1 bilhão de pessoas,  em 1800 para 7 bilhões, em 2011.

(Note que em 1960 éramos 3 bilhões, quando eu nasci, e só na minha geração mais do que dobramos a população.)

Tome como exemplo o Brasil, que tinham 90 milhões em ação na Copa de 70 e hoje bate na casa dos 200 milhões, quase o triplo!

A meu ver essa é a base da crise de gestão que vivemos hoje, no modelo abaixo, que relaciona a mega-crise que nos metemos:

Me parece lógico, como vemos acima, que aumentar a população nos cria um problema irreversível e que nos leva a uma crise de produção, que força a investir cada vez mais na inovação (resolver mais com menos).

Tal demanda pede  ambiente de informação mais dinâmico, que pede desintermediação da gestão, criando mais democracia interna nas organizações e na sociedade, através de desintermediação, possível agora pelas ferramentas das plataformas colaborativas.

Assim, a meu ver não temos uma sociedade da informação, nem do conhecimento, nem da inovação, mas uma sociedade de 7 bilhões de pessoas, que criam problemas grandes e complexos.

Quanto mais gente, mais a coisa vai ficando complexa.

No livro “Here Comes Everybody“, de Clay Shirky (pg 27), ele traz uma visão interessante, que tenta demonstrar que o aumento das pessoas no ambiente não cresce apenas em número, mas cada vez mais em complexidade, como vemos abaixo.

Obviamente, que parte destes 7 bilhões demanda menos do que a outra parte, mas somando o todo temos uma hiper-crise produtiva, sem planejamento que nos leva para as suas consequências: mega-cidades, poluição, fome, falta de energia, agressão ao ecosistema, etc.

Isso tudo é agravado por um modelo produtivo voltado para poucos e não para o todo.

Por isso, haverá uma mudança profunda no modelo geral, como já está aparecendo aqui e ali, tanto em termos teóricos, quanto práticos.

Teóricos falam em um novo capitalismo mais social. E as empresas procuram transformar o discurso da sustentabilidade em prática.

Ainda engatinhamos.

O modelo das organizações no sistema atual não comporta esse tamanho da população com o mesmo paradigma.

Essa complexidade, que gera aumento global de  velocidade demanda uma nova sociedade e esse é instintivamente o propósito de uma nova rede de trocas.

Vou complementar dizendo que nos organizamos em grandes redes informacionais/relacionais/comunicacionais para sobreviver e atender a essas demandas.

(Sugiro se familiarizar com teorias de Lévy aqui.)

E, da mesma maneira que tudo na vida, estas redes não mudam na continuidade, mas aos saltos, na linha do que Kuhn definiu para a Ciência, porém em espaços que demoram algumas décadas ou mesmo séculos.

Há rupturas de tempos em tempos, um movimento coletivo por redes mais dinâmicas, quando temos problemas demográficos dessa natureza a solucionar.

Pois bem, o que temos, então, é uma crise produtiva que pede uma nova rede que é a base de troca de todas as organizações.

O problema que as organizações não se vêem como redes.

Acreditam que as redes são algo externos a elas, como discuti aqui.

Diria que:

  • O modelo de rede atual é obsoleto e precisa mudar para um mais dinâmico;
  • O novo modelo já está sendo testado pelos adolescentes;
  • A forma mais dinâmica de se produzir hoje é na rede digital;
  • E que as empresas, podem demorar, mas vão aderir a esse novo modelo de troca.

Qual o problema?

Democracia.

Há uma relação do aumento de população empurrando a sociedade para algo mais democrático.

Não dá para aumentar em volume sem mudar a forma, como dizia Galileu.

Ou seja, vamos precisar desintermediar para solucionar e ganhar velocidade.

Para isso, um conjunto de privilégios, interesses, regras, controles que hoje moldam a nossa sociedade e as organizações terão que dar lugar a um outro modus-vivendi e operandi mais eficaz.

E esse é o conflito que estamos assistindo em todos os recantos do planeta, na luta contra as redes das aranhas contra as das estrelas do mar.

Portanto, quando falamos em gestão, temos que falar em conhecimento da gestão, ou da nova gestão na rede digital, que engloba em um patamar completamente diferente o que chamamos hoje de gestão do conhecimento, ou da informação ou da comunicação em redes sociais, ou marketing digital.

Tais iniciativas,  no paradigma antigo estabelecem métricas compatíveis com a visão distorcida.

Estão procurando resultados que mascaram a grande crise, que deve ser resolvida como mais inovação, mais competitividade e uma mudança na gestão, através da desintermediação para redes mais dinâmicas.

Ponto.

O que é preciso ser gerenciado é a passagem da de uma rede obsoleta para outra mais dinâmica.

Precisamos de uma nova gestão em rede digital, mais aberta e democrática, para viver num mundo de 7 bilhões de pessoas.

Que será necessariamente um mundo mais desintermediado do que a atual, o que não quer dizer com menos sofrimento para o conjunto geral.

Isso depende do que faremos com essa rede digital.

Falta nos conscientizarmos disso, colocar isso na estratégia, nos projetos em linha e ir em frente rumo ao novo século, deixando o século passado para trás.

Nesse processo, infelizmente, não há marcha ré.

Nunca uma rede humana nova voltou para trás, nem a oral, nem a escrita, nem a escrita impressa, nem a da mídia de massa e não será a digital que vai pagar esse mico.

Vide adolescentes com outra maneira de se relacionar com a informação, comunicação e entre eles.

Vamos acordar?

Concordas?

 

 “Muito do que é estratégico relevante é cognitivamente distante” Giovanni Gavetti – da coleção de frases;

 

Foto: Thelma Vidales

 

Estive semana passada na Petrobras para a palestra de Pierre Lévy, aqui no Rio.

(Finalmente, Lévy ao vivo, a cores e em 3D.)   😉

Lévy tem se dedicado mais recentemente a desenvolver uma nova linguagem, um projeto prático que visa facilitar a interpretação dos códigos da rede.

Quer humanizar o que ainda é não humanizável na rede digital, tal como os resultados do Google, de tal forma a você mexer dentro dele, poder manipular os algoritmos.

Só vamos poder ver se tem valido a pena não tê-lo escrevendo mais e mais, na hora que sair algo concreto, que possamos experimentar.

No seu último projeto prático, não se massificou, como foi o caso do software da árvore do conhecimento.

Foto: Thelma Vidales

Tenho dúvida se este é o melhor caminho dele (mais prático do que teórico), mas quem sabe agora ele acerta?

Porém, com certeza, o forte de Lévy é a sua rara capacidade associativa/sintética que consegue criar um cenário. baseado na história humana,  mais factível das mudanças que estamos passando com a chegada da rede digital (Internet) e escrever isso, como sugere Einstein, de tal forma que qualquer vovó entende.

Levy está a uns 20 anos na frente, assim como esteve em 99, quando avaliou a partir da história o que estávamos enfrentando com a Internet a chegada de nova era cognitiva no seu livro Cibercultura (que recomendo como porta de entrada para quem não conhece a sua obra).

Na palestra da Petrobras, como vemos no quadro acima, ele não trouxe algo totalmente novo, pois vem aprofundando a base que o fez um dos maiores pensadores atuais e um, senão o principal,  sobre Internet.

Em resumo ele disse:

  • – É preciso olhar a história para compreender a Internet, se não nos perdemos;
  • – A Internet permitirá mudanças no planeta com repercussões em vários aspectos da nossa vida.

Percebi que deu uma arrumada melhor na sua divisão histórica, antes falava nas fases (tempos de espírito)  oral, da escrita e do digital.

Hoje, inclui a relevância do alfabeto e da mídia de massa como passagens relevantes, etapas da evolução da mídia, que chamou de midiosfera. E começa a fazer a relação entre estas mudanças na política, na economia (até onde ele mostrou por lá).

Mas foi só no sábado, pedalando,  quando a poeira do encontro assentava, que me veio claramente a importância do legado de Levy que tem influenciado um amplo leque de pesquisadores pelo país afora, dentre os quais me incluo.

Levy propõe, na verdade, ver o mapa mundi de cabeça para baixo.

 

Explico.

Alguns pensadores ao longo da histórica tiveram esse mérito.

Pegaram um ponto adormecido da maneira que olhávamos o mundo e repensaram, recolocando ou trazendo luz nos dando a possibilidade de ver a realidade sob outro ponto de vista, a partir de problemas que não podiam mais ser pensados da mesma maneira, pois geravam crises de percepção, que, por consequência, desembocavam em crises práticas.

(Basta ver o despreparo das organizações para lidar com a rede digital.)

Entre outros:

  • Darwin/Marx – Evolução/Economia/Ideologia – Século XIX;
  • Freud/McLuhan/Einstein – Inconsciente /Comunicação/Relatividade – Século XX;
  • Lévy – Conhecimento/Mídia/Informação – Século XXI.

A grande bandeira de Lévy é muito ousada e, portanto, tão difícil de ser digerida pela sociedade e, principalmente, pelo dito mercado.

Ele nos propõe a repensar completamente o papel do conhecimento/informação/comunicação na sociedade, pois víamos esses fatores como algo secundário influenciado pela política e economia, por exemplo.

Eram condicionados e não condicionantes.

A chegada da Internet nos colocou uma realidade que tal este tipo de visão não é tão eficaz, pois a sociedade começa a fazer macro-mudanças inexplicáveis por causa da chegada da rede.

Novas empresas, novos movimentos políticos, novas formas de se vender, de comprar, de se informar, se comunicar, de se relacionar.

E não é nem a economia, nem a política e nem o social que estão provocando tais fatos, mas a macro-mudança no ambiente da mídia, que envolve o conhecimento, a informação e a comunicação.

Como isso é possível dentro das teorias que temos hoje?

Ou seja,  a rede digital criou um desafio teórico, que Lévy resolveu encarar de frente.

E gerou, a partir de suas teorias,  uma crise paradigmática, de concepção, que nos faz repensar a base de como vemos a sociedade e nós mesmos.

Lévy sugere inverter o mapa conceitual vigente, demostrando, através de uma lógica histórica, que, ao contrário de nossa vã filosofia de que o conhecimento/informação/comunicação, encapsulados em uma nova mídia,  criam a estrada na qual a economia, a política e a sociedade irão trafegar de forma radicalmente diferente no futuro.

E não, como achávamos antes, o contrário.

Ou seja, se não entendermos as mudanças neste campo não conseguiremos entender a dos outros. Isso é uma ruptura radical na nossa maneira de enxergar a realidade! E o principal desafio teórico do século XXI. É o mundo teoricamente de cabeça para baixo.

A nova rede digital influencia a sociedade, que passa a influenciar a rede, mas sem a rede, a sociedade não poderia se influenciar e ser influenciada.

Ele lembra que há momentos na história tal como a chegada da fala, da escrita, do alfabeto, da mídia de massa, da Internet que uma grande mudança serve como marco, que permite que as outras (econômicas, políticas e sociais) possam ocorrer em larga escala.

Não é causa, mas uma forte consequência.

Lévy deixa isso claro: não é a mídia que cria a mudança, mas sem ela as mudanças seguintes não serão e não foram possíveis.

A nova mídia é o berço no qual o bebê se deita.

Ponto.

Foto: Thelma Vidales

Outros autores, principalmente historiadores, falaram algo parecido, mas não com a clareza, simplicidade e o alcance que os pensamentos de Lévy atingiram na sociedade entre uma parcela importante de pesquisadores e pensadores, principalmente os menos preconceituosos e menos dogmáticos.

Leia abaixo com cuidado essa comparação entre economia x mídia para reforçar a ideia do que influencia o que.

Note que Lévy apresenta que a chegada de novos mídias afeta e permite a economia das caçadas, da agricultura, do comércio industrial e agora da economia do conhecimento.

Assim, podemos dizer que o erro teórico principal atual é ignorar o papel da chegada da rede digital como um fator relevante de análise para o futuro!

Por exemplo, quando se analisa os recentes movimentos dos países árabes ou europeus (Espanha ou Inglaterra), lembra-se do papel da rede, mas não imagina-se que estamos procurando construir uma nova forma de fazer política, viável agora com o novo ambiente da mídia.

Só uma visão Levyniana permite ver com mais amplidão estes fenômenos, como primeiros passos de uma nova forma de fazer política e não movimentos isolados do movimento histórico do avançar de uma nova mídia desintermediadora.

Ou quando se fala do futuro da economia (capitalismo cognitivo e/ou digital)  e da política (2.0)  não se enxerga, quase nunca,  o papel que a nova rede digital terá de forma contundente, marcante nesse processo, fundando uma nova civilização.

Onde você lê isso com destaque nas revistas de economia?

Ignoram as teorias de Lévy e de outros que caminham na sua trilha, tal como Castells no Brasil e no mundo.

Esse é o principal papel de Lévy para as teorias sobre a sociedade. Olhávamos o mundo da economia, da política e da sociedade como influenciadores do conhecimento, da informação e da comunicação e não o contrário.

E é esse mapa_teórico_mundi  invertido que estamos vivendo hoje e é tão difícil de aceitar e ver de forma distinta.

Lévy apresenta um atalho mais eficaz para compreender o mundo, mas a sociedade não quer ver, ignora, pois estamos, como sempre estaremos,  no piloto automático, avessos às novas ideias radicais, como sofreram os pensadores associativos/sintéticos do passado como Marx, Freud, Darwin, Einstein entre outros.

Acho que nessa direção vale a leitura do texto “A nova psicologia da liderança estratégica“, da Harvard Business Review, edição brasileira, de julho, de Giovanni Gavetti,  parte do texto pode ser lido aqui.

Gavetti nos diz que, ao se pensar o futuro, as pessoas (principalmente os estrategistas) tendem a vê-lo com os olhos do passado e, no máximo. do presente imediato.

E que se perde muito tempo analisando o que está fora (fatos) e não o que está dentro “nossos processos mentais” (como pensamos).

Ou a maneira equivocada, viciada, domesticada de vermos o mundo.

Que os estrategistas (responsáveis pelos cenários do porvir)  tendem a chegar as mesmas conclusões, pois pensam de uma forma muito esquemática e pouco criativa, não associam, apenas somam as informações.

Que as grandes oportunidades disponíveis (e as mais lucrativas) não serão atingidas se continuarmos pensando de forma usual.

Que temos a tendência de nos deixar levar pelos pensamentos cognitivamente próximos daquilo que as empresas fazem e rejeitar ideias cognitivamente distantes.

Para isso, segundo ele, é preciso praticar um tipo de cognição associativa que nos tire do senso comum.

(Vejo hoje no mercado justamente essa GRANDE dificuldade ainda mais por que somos filhos, netos e bisnetos da escola não-associativa muito mais baseada na memória do que na criatividade.)

Estamos tão viciados e tão aflitos para resolver os problemas do hoje (fala-se em valor e lucro imediato) como se todos estivessem vendo o mundo de forma prática, mas no fundo da mesma maneira.

Aqui vale chamar o Cortella:

“O mundo ocidental capitalista especializou-se nos “comos” e deixou de lado os “por quês”” 

(do Livro “Qual é a tua obra? que considerei um dos melhores de 2011.)

Queremos resolver o como e não perguntamos os por quês das coisas, aonde estão as grandes mudanças que geram as grandes oportunidades!

Nos cursos que faço, muitos dos participantes querem tudo mastigado, pois não querem pensar cognitivamente distantes.

Acham pouco prático algo que será extremamente útil.

Querem resolver demandas e não criar demandas, a partir de um cenário construído por ideias distantes como estas do Lévy e afins.

Mas, como lembra Gavetti precisamos olhar as coisas de forma diferente se quisermos pensar a estratégia de forma mais eficaz.

E é justamente isso que Lévy traz para o mundo.

Essa visão cognitiva distante de Lévy, que bate de frente  com a visão do  mundo que tem pressa de ganhar dinheiro para ontem, mas, por incrível que pareça, e está cada vez mais cego para as  grandes oportunidades que  pensadores associativos/sintéticos  projetam de forma eficaz para o futuro.

Justamente onde estão as grande oportunidades de gerar valor.

Ou seja, quer se gerar valor, desde que não precise mudar quase nada!

É o valor da mesmice!

Esse é o dilema (e mesmo o drama) dele e da nossa civilização, a primeira da nova era digital.

Nossas cabeças cognitivamente viciadas  não conseguem (por enquanto) compreender o que, de fato,  vivemos e o mega-desafio que temos pela frente.

Lévy está aí para ajudar, mas quem quer, de fato, ouvi-lo e praticar o que ouviu?

Fica tudo uma grande curiosidade, mas quando acaba todo mundo volta para casa e para a sua mesa de trabalho..ouve-se:

Ok, agora vamos voltar para “a realidade”. 🙂

É isso!

Que dizes?

O Google já sabe mais de mim do que eu mesmoNepôda safra de 2010;

 

Há um DNA micro em toda  mudança macro.

Digamos que no macro está representado o micro, pois nada que é humano acontece com todo mundo sem acontecer com cada um.

É o um expandido.

A informação é um dos epicentros da nossa relação com o mundo.

  • a comunicação serve para nos relacionarmos.
  • E a informação para fixar e registrar como nos comunicamos.

A evolução humana, com o crescimento da nossa matilha, nos leva necessariamente a ter que fixar aquilo que está no ar.

Sem a escrita as cidades não podiam evoluir, pois havia a necessidade de criar contratos, estabelecer regras, leis, normas e isso não podia ficar voando ao vento, nas palavras orais.

  • Mas não foi isso que combinamos?
  • Mas eu tinha entendido diferente?
  • Pena que fulano que ouviu já tenha morrido…

A escrita tornou possível que evoluíssemos, enquanto espécie.

Fixou o que estava no ar.

E evitou que muitas coisas que tinham margem para interpretações distintas não pudessem mais.

Tava escrito, fixado, detalhado.

Os registros, do jogo do bicho às leis, fixam aquilo que as relações estabelecem.

Ou seja, há um DNA entre:

informação –> redução das interpretações –> sombra/luz.

Quanto mais conseguirmos fixar as nossas relações, menos teremos espaço para que interpretações ocorram.

(Note que todo o desonesto adora não querer nada no papel, não ser gravado ou filmado.)

A escrita, entretanto, no papel impresso, principalmente, criada a partir de 1450, estabelece uma nova relação do ser humano com a informação sem rastro, do mundo oral e do mundo da escrita manuscrita.

Ou seja, saltamos do oral para a escrita e desta para a escrita impressa, mas o acesso a um livro, um jornal, a uma televisão ou até uma estação de rádio não deixavam rastros.

Eu –> informação –> nenhum rastro.

Ninguém poderia saber quanto tempo demorei para ler um livro, ou em que página fiquei mais tempo, ou mesmo quais a que marquei.

Sim, era e é possível prever macro movimentos:

  • Quais livros foram mais vendidos ou consultados na biblioteca?
  • Ou que programa na tevê ou no rádio tem mais audiência, mas não o que cada um em particular está fazendo com aquele difusor da informação?

O grande salto que temos hoje com a chegada da rede digital é que entre eu e a informação colocamos uma interface, uma máquina, que deixa rastros, pois a cada acesso eu tenho que digitar, clicar e vou me deixando enquanto vou me informando.

Eu –> equipamento digital –> rastro.

E isso coloca a humanidade em outro patamar.

Por quê?

Por que se tivemos a fixação, ou a redução do espaço de interpretação na chegada da escrita, agora reduzimos ainda mais.

Já é possível saber com muito mais exatidão o que é lido, visto, ouvido de forma muito mais barata e rápida (vide o sucesso que o Google faz), bem como, é possível saber o que cada um exatamente está fazendo.

Discussão de privacidade à parte, isso marca a passagem de uma civilização que era muito mais ingênua e tinha muito mais espaço de interpretação sobre os fatos, para outra que passa a saber muito mais, em detalhes, como o mundo está caminhando, do Wikileaks, ao Youtube.

Essa nudez informacional é que nos faz amadurecer enquanto pessoas e não aceitar mais as autoridades que se baseavam na sombra da informação passada.

Hoje, se a informação está mais nua, nos leva ao rei que também está mais nu.

Pois ele precisava dos véus da informação para fazer aquilo que ninguém podia ver e se manter no poder

E esse DNA é a base para a construção de uma sociedade mais madura e mais sofisticada.

Para lidar com problemas muito mais complexos.

E é esses rastros que nos permitirão gerenciar o mundo de outra maneira.

Que vou detalhar mais no post futuro “Gestão por rastros”.

 

 

Sou esta tensão entre o que consigo ser e o que o mundo não deixa da safra de 2011;

Ok, galera, não, não morri e nem vou me suicidar, mas tenho para mim que morrer faz parte de estar vivo, certo?

Mas acho que vivemos na sociedade da ilusão da eternidade constante. É fato: a sociedade do consumo precisa transformar valores em mercadoria.

E um destes valores é o conceito da eternidade eterna.

Ando por aí e vejo pessoas preocupadas com coisas tão pequenas e mesquinhas como se fossem vampiras que nunca irão morrer, apesar de gostarem tanto de espelho.

Talvez por causa disso gosto de ouvir Cazuza enquanto pedalo:

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
(…) 

Pras pessoas de alma bem pequena

Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

E logo penso que não têm a noção exata de como somos insignificantes e passageiros.

E que, ao final de tudo, todos iremos para o mesmo lugar.

E te digo que o que há mais no cemitério são arrogâncias nos seus devidos lugares. 

E assim pensei em deixar um resumo aqui do trabalho que tenho deste blog há alguns anos e reflexões sobre esse novo mundo que estamos entrando.

Como disse Sinatra ( e um amigo meu que morreu de repente gostava de citar) :

Viva como se cada dia fosse o último (um dia você acerta).

O primeiro ponto fundamental das minhas reflexões é de que construímos uma versão do mundo dentro de um ambiente interessado.

Ou seja, a realidade, como bem mostrou Matrix, é um conjunto de códigos que acreditamos tantos neles que se tornam verdades.

Obviamente, que há entre os códigos e a vida um duelo constante.

E vamos criando um mundo em que a vida que bate é interpretada no código que está pronto.

E as crises nada mais são que a frustração das ilusões (mar) que criamos sobre as coisas (rochedo).

E existem micro crises individuais.

E macro crises civilizacionais.

Estamos vivendo esta última.

É um senso comum genérico, um contrato social ideológico em que todos pensamos mais ou menos do mesmo jeito com algumas nuances.

O principal elemento da vida que entrou na nossa casa pela porta, sem pedir licença foi a rede digital, que chamamos genericamente de Internet.

Um conjunto de atores desarticulados e sem o propósito claro de suas intenções criaram a rede, assim como inventamos a fala e depois a escrita manuscrita e depois impressa.

Se existe algo que podemos dizer que é uma construção coletiva são as ferramentas de conhecimento, informação e relacionamento.

Vão sendo construídas de uma forma descontrolada, com pontos de controle, que são descontrolados mais adiante, normas da língua, da escrita, registros, normas de publicação, etc.

Pois bem, a rede digital, que inaugura uma revolução cognitiva é um fenômeno da vida que não estava devidamente registrado nos livros.

São raros os autores, talvez MacLuhan, que tiveram a dimensão de algo similar.

Ninguém, ninguém previu a chegada da Internet, apesar de termos tido a ruptura da prensa e da escrita no passado.

Achávamos que o ambiente da informação e da comunicação mudava, mas nem tanto.

Eis a pedra fundamental da nova civilização que bate à porta e não vemos.

As ciências não tinham e ainda não têm registro de fenômenos sociais dessa natureza e nem a devida avaliação das consequências para a vida da sociedade quando algo assim ocorre.

(Se a ciência ignorava, imagina os gurus de negócios!!!)

O mais interessante que nos achamos na sociedade da informação, da comunicação e do conhecimento e muito pouco sabemos sobre fenômenos tão relevantes.

Como somos arrogantes!

Ou seja, nossa maneira de pensar produzida e construída dentro de uma bolha controlada informacional, comunicacional está entrando em contato com um fato completamente novo.

Sobre esse fato de uma revolução cognitiva, nós contemporâneos a ele, temos duas atitudes:

  • – sub-valorizar – “é algo corriqueiro”;
  • – super-valorizar – “é algo que muda a natureza humana”.

Ao longo dos meus estudos, tenho visto que há um caminho estreito no meio destas duas visões entre o tecno-otimismo e a tecno-fobia de plantão.

Que é por onde a sabedoria vai escoar.

A rede digital, como a chegada da escrita impressa, rompe a bolha do contrato social estabelecido anteriormente, pois permite que as pessoas se informem, escolham seus filtros, possam se articular, a pensar novos projetos de todo tipo (de negócios, políticos, de lazer, etc).

Começamos a ver Matrix de fora.

É uma porteira que se abre para um novo mundo.

Ou seja, o que muda basicamente não é o mundo, mas como víamos o mundo!

E ampliamos nossos limites individuais e coletivos.

Tal fenômeno  abre um novo canal para que haja  ajustes profundo na sociedade, uma adequação, a meu ver, da formatação das redes humanas, pois precisamos de uma nova forma de gerir a sociedade de forma mais dinâmica, principalmente influenciada pelo aumento radical da população.

Saltamos de 1 bi em 1800 para 7 bi em 2010!!!

Essa teoria é sustentada por diversos autores, como Galileu, que diz que quando um determinado corpo cresce em tamanho precisa mudar de forma.

Ou por Shirky que defende que aumento das pessoas no ambiente não cresce apenas em número, mas cada vez mais em complexidade.

Ou seja, não é possível nos organizarmos com a mesma rede hierárquica do passado com essa complexidade toda.

O fato que deve ser analisado com a Internet, não é  dela simplesmente existir, pois os rádio-amadores já eram algo que apontavam uma latência para conversa a distância por pessoas comuns.

Um chat, via rádio.

Mas, principalmente, pela adesão da população a esse novo canal.

É preciso assim alinhar = latência com tecnologia cognitiva barata, acessível e capilarizada.

Abraçamos tudo isso por uma latência voraz, por sentir que um mundo como o nosso precisava de um novo tipo de rede humana de troca.

A fala, a escrita, a comunicação, a relação a informação é algo tão profundo e arraigado que trabalha na ordem do intuitivo e emocional.

Sentimos e agimos nessa direção.

Se informar e se comunicar é o ato que mais fazemos depois de respirar.

A maioria das pessoas, por estarem dentro de Matrix até a raiz do cabelo, os imortais, robôs de um mundo cotidiano, presos a coisas, a imediatice fugaz, obviamente, não olharão para esse fenômeno com o devido distanciamento histórico.

Demoraremos muito tempo para chegarmos a dimensão do que vivemos.

E mais algum para termos uma sociedade que vai aderir a essa nova forma de rede.

É triste mas a academia que deveria ajudar a essa compreensão está perdida dentro de uma rede fechada, pouco inovadora, resultado de anos de controle, hierarquia e tudo de decadente que há nesse processo. Fazem parte da mesma teia obsoleta e vão sofrer um grande choque de realidade.

Obviamente, que os exemplos desse novo mundo mais participativo estão aí.

Novas formas de empresas, cidades, governos, escolas….

Tudo muito incipiente e quando ocorrem estão cercados pelo antigo ambiente que acabam desvirtuando o modelo, mas que já servem como primeiros sinais de fumaça de um novo tempo que avança.

Prevejo que viveremos, como foi depois da chegada da prensa, quatro fases distintas, que podem se mesclar, conforme a velocidade:

  • a tecnológica (a atual);
  • a filosófica (que questionará os códigos mais arraigados);
  • a da revolução social (quando o novo ambiente se consolidará em propostas concretas/leis de regulação social);
  • E, por fim, a consolidação (que estabelecerá uma nova sociedade e uma nova classe dominante), prontos para novas revoluções cognitivas e novas crises.

Já me conscientizei que o futuro não é temporal, mas um local.

Locais  onde coisas novas acontecem.

O problema é que quando vemos as coisas novas acontecerem não olhamos aquilo como o futuro, mas como uma anomalia do presente.

Por fim, diria que a base de tudo que estudei está na seguinte fórmula:

Mais gente –> exige mais produção –> que exige mais inovação –> que exige um canal novo de informação –> que exige uma nova gestão democrática.

Isso é, a meu ver, um teorema humano, que pode ser testado em um churrasco, em uma festa, em uma empresa que se expande, no mundo todo.

Se esses fatores não estiverem alinhados teremos crises constantes de produção, o que leva as pessoas a quererem outra forma de governo.

Caminhamos, assim, para um mundo compatível com 7 bilhões de pessoas que o modelo social/econômico atual não é mais compatível: é obsoleto.

Faremos um ambiente mais eficiente e, para isso, teremos muito sangue mais adiante, pois os que estão hoje montados no cavalo não vão querer desmontar de jeito nenhum.

Para a sociedade resolver um conjunto de problemas, precisará abrir muitas bocas que estão profundamente presas nos ossos da civilização passada.

Porém, mesmo com uma sociedade mais aberta e democrática do que conhecemos hoje nada nos garante que seremos mais humanos.

Uma taxa de mais humanidade depende claro de condições sociais e econômicas.

Mas a tecnologia não influencia diretamente nessa taxa, pois a cada dia, a cada semana, a cada mês estaremos sendo mais ou menos humanos, dependendo de fatores individuais e coletivos.

Não  podemos deixar que as pessoas fiquem sem o seu sustento, pois o que há de mais animal em nós será despertado.

Ou seja, a humanidade é algo em que o fator espiritual no ser humano, não religioso, as causas nobres precisam pender mais para cima do que para baixo.

Isso é uma gangorra.

Por isso, acredito que um profissional de que área for deve adotar a missão de gerar menos sofrimento para as pessoas.

Redução de taxa de sofrimento é tudo que cada um pode colaborar e passar seu tempo, já que nada nunca terá muito sentido diante da finitude.

Invente algo, então, mais nobre!

Uns dias mais para cima, outros mais para baixo.

E assim iremos.

 

 Quando a estratégia é ineficaz, não tem gênio que consiga ajeitar a táticaNepô – da safra de 2011;

(Desenvolvi mais o assunto aqui.)

Saiu um bom artigo na Revista DOM, da Fundação Dom Cabral, nº 15, com o título “Impactos e resultados de um planejamento por cenários“, de Arão Sapiro, não disponível na rede.

O autor avalia que as organizações são mais passivas e ativas e que para se conseguir mudar esse quadro é preciso avaliar melhor o futuro para poder construí-lo ou, no mínimo, acompanhá-lo.

Para fazer um planejamento estratégico por cenário é preciso identificar, além de outros pontos:

  • Questões relevantes a respeito do futuro;
  • Principais tendências;
  • Forças Motrizes;
  • Categorização de forças motrizes.

E que é preciso saber separar as inovações necessárias da ordem do aprimoramento das inovações disruptivas.

Mais ainda.

É fundamental além de conseguir  identificar as principais tendências, que se avalie os elementos predeterminados, que acontecerão de uma forma ou de outra.

O interessante no artigo, que fala de planejamento é aplicá-lo aqui ao nosso mundo 2.0, ou seja, o impacto que as redes digitais terão no futuro das organizações.

Na visão das empresas, ao olhar para o futuro e fazer planejamentos estratégicos, temos de forma geral uma certa passividade, (isso é a minha avaliação e não a dele):

  • prática cada vez mais burocrática na arte de se fazer planejamentos;
  • repete-se o passado com poucas atualizações, mesmo que haja elementos novos, como é o caso das mudanças advindas da rede digital;
  • cada vez menos tempo para fazê-lo;
  • e um foco cada vez maior no curto prazo.

Na questão específica das redes digitais:

  • um planejamento estratégico que se baseiam em livros pré-revolução informacional;
  • a não problematização da chegada das redes digitais dentro do planejamento estratégico;
  • a não problematização de seus impactos nos negócios, na gestão, na visão da própria empresa;
  • não se coloca, por incrível que pareça, o tema no planejamento estratégico.

Coloca-se, no máximo, a necessidade de abordar aquestão “Redes Sociais” para um setor operacional, pois é um lugar, uma mídia, um problema a ser resolvido pelo marketing e pela comunicação.

Ok, isso está funcionando?

Acredito que as organizações estão perdendo oportunidades e ampliando riscos.

Como tenho dito, estamos diante de uma nova rede humana de troca que está modificando a forma como a sociedade se relaciona, se informa, se comunica, conhece, aprende, consome.

Não é algo lá fora, mas aqui dentro, apenas está se espalhando aos poucos.

A primeira pedra caiu no epicentro da sociedade, os negócios que vivem de informação e comunicação, mas vai, aos poucos, estabelecer esse novo modus operandi para toda a sociedade, pois é cavalgado pela nova geração.

A ela o futuro pertence.

Esse é, a meu ver, o grande calcanhar de aquiles, o grande risco que todas as organizações vivem no atual momento.

Não conseguir avaliar de forma correta,  como e quando algo  deve ser FORTEMENTE problematizado no cenário futuro com ações corporativas.

Vamos levar bastante tempo para suprir esse gap, pois estamos muito mais bem preparados para o que  aprimora para aquilo que rompe.

Ou seja, vivemos num momento e num mundo de ruptura, porém com a cabeça totalmente feita para a continuidade.

A seguir assim algo de muito sério está para acontecer!

Que dizes?

 

 

 Vamos redesenhar o modus vivendi e o modus operandi – Silvio Meira  – da coleção de frases;

Como resolvemos problemas no mundo?

Via rede.

Estruturamos uma rede informacional/comunicacional/relacional de troca.

Tivemos a rede oral, a escrita e agora a digital.

(Veja um histórico das redes da escrita para a digital aqui.)

Tudo é uma grande rede conectada, que vamos sofisticando.

Montamos nossos ambientes produtivos em cima, ou por dentro, ou em torno, destas redes de troca.

E isso é o que chamamos de gestão – organizar o setor produtivo para resolver problemas humanos na terra, via rede.

E ter uma motivação para isso.

No caso, atual, o lucro.

Qual é o nosso equívoco de percepção até o momento de tudo isso?

Não víamos a rede!

E este é o problema principal dos gestores diante do novo e irreconhecível mundo digital.

Vemos a rede como algo de fora da gestão.

  • A gestão hoje não é por rede e tem a rede lá fora;
  • A Internet é uma rede e nós fazemos um outro tipo de gestão, pois não somos rede;
  • A gestão não é por rede, rede apareceu agora com a Internet;
  • As redes da nossa empresa são um folclore à parte;
  • A Internet é uma mídia em rede, mas não vai mudar a nossa gestão, que é outra coisa, que não é rede.

Ou seja, temos a ilusão de que existem redes na empresa, mas a empresa não é uma rede.

O que estamos percebendo e acordando de um longo sono é que:

  • Empresas operam em rede;
  • As redes das organizações foram se centralizando;
  • As redes foram perdendo sua capacidade criativa;
  • As redes foram se burocratizando;
  • As redes foram se engessando;
  • Conforme a população cresceu – e muito 0 as atuais redes estão obsoletas no mundo;
  • Precisamos criar outro modelo de rede para resolver estes novos problemas!

Projetos de guerrilha de implantação de redes digitais dentro das empresas não são redes folclóricas, mas o futuro das organizações, tudo vai migrar para aquele jeito de troca.

É uma passagem difícil.

Sabe por que?

É uma mudança que mexe com algo profundo afetivo/cognitivo humano.

Fomos criados em uma rede muito vertical e não conseguimos imaginar outra forma de resolver os nossos problemas.

Compaixão geral!

E aí a população cresceu e as redes centralizadas foram ficando obsoletas.

Cada vez mais de costas para a sociedade, resolvendo o problema dos de dentro esquecendo que foram criadas para resolver os de fora.

A grande crise organizacional hoje é ética.

O que era fim virou meio e vice-versa.

Há uma espécie de traição das organizações com a sociedade.

E quando isso ocorre, perde-se valor.

Foram criadas para resolver problemas e se transformaram no nosso problema.

(Veja como esse conflito se dá, aqui no mal estar das organizações.)

Eis a crise de credibilidade das empresas hoje que estão sendo questionadas por todos os lados, das públicas às privadas, passando pela gestão da sociedade, políticos, inclusive.

O lucro passou a ser o fim e não o meio de gerar valor.

O dinheiro ganhou status de Deus.

E é esse ponto que o capitalismo 2.0 vem tentar superar.

Não há valor social na produção, apenas da própria organização dela para ela mesma. Isso se sustenta com fumaça de redes verticais controladas, mas na transparência de redes mais abertas isso fica evidentemente grotesco e inaceitável ao longo do tempo.

Quem viver já está vendo.

E o consumidor começa a perceber que nunca teve razão de fato.

Era um conto da carochinha no reino da rede fechada, que a tudo e a todos enfumaçava.

O que segurava a rede obsoleta, analógica, hierárquica?

  • Falta de alternativa.
  • Muita fumaça da chamada comunicação corporativa, vertical;
  • A impossibilidade do diálogo consumidor-consumidor;
  • E a falta de um ambiente de negócios em rede para criar alternativas de novos concorrentes.
Estamos grávidos de uma nova classe social, uma burguesia 2.0 muito mais ecológica, plugada, com uma visão diferente da geração de valor.

A atual classe dirigente mudou muito na gestão, é fato, mas muito pouco no seu DNA,  na sua forma de controle vertical e na distribuição do valor.

O controle ficava mais ou menos igual, pois era impossível gerir com eficácia com as tecnologias de rede que tínhamos, até então.

Eis o que o capitalismo 2.0 almeja, uma nova forma de controle e de distribuição, compatível com uma sociedade mais plugada e participativa.

E aí vem a rede digital, com uma nova classe de pensadores, um novo consumidor e uma nova geração que não quer mais trabalhar nas empresas analógicas, fechadas, sem participação efetiva na gestão e no lucro.

Com, uma demanda de uma nova forma de gestão da rede, tendo consciência da rede.

Dos limites das atuais para as novas.

Uma forma mais barata, rápida, dinâmica, inovadora, aberta, que gera muito mais valor do que a rede passada.

O que é preciso?

  • Entender a passagem;
  • Perceber que o que realmente muda é o controle, uma nova forma de metodologia e de gestão;
  • E como podemos migrar da rede analógica vertical para a digital horizontal e continuar produzindo valor?
  • Incluir tudo isso no planejamento estratégico;
  • E tomar atitudes do tamanho que o momento exige.

Ou seja, os problemas humanos continuam iguais, só que com mais quantidade de gente.

Por isso, a rede digital cai tão bem.

Resolve de forma mais barata os problemas atuais mais complexos.

Ou migra-se para ela, ou se estará fora da briga dentro em breve.

Repito: quem viver, já vê.

Simples assim dentro do quadro pra lá de complexo.

Ou seja, a rede digital ajuda a resolver essa avalanche de pedidos de uma forma sustentável.

Os  jovens, que já nasceram na nova rede, já se adaptaram a uma nova forma de resolver os velhos problemas de dentro do seu quarto de forma colaborativa e vão reproduzir isso para o mundo, basta terem poder para isso.

Veja como  os adolescentes fazem seus  deveres e verão como vamos decidir as coisas mais complexas no futuro!

É uma questão apenas de tempo para que eles resolvam velhos problemas com uma nova forma.

O ponto de inflexão é:

Nós adultos continuamos a gerir a atual sociedade resistimos com nossas cabeças (prá lá de feita, de aranha) da rede passada.

A meu ver é essa a discussão relevante da gestão moderna, que deve estar espelhada nos planejamentos estratégicos, mas infelizmente, não está.

O resto é fumaça.

(Pior de tudo –>  planejamento estratégico com redes digitais? Vou falar sobre isso amanhã!)

Que dizes?

Profeta digital

Especialista em cibercultura, o francês Pierre Lévy critica intenção inglesa de controlar redes sociais e fala sobre o futuro dos livros. Lévy estará no Rio semana que vem, finalmente, acho que vou conseguir vê-lo ao vivo.

Veja o que achei melhor:

Publicada em 16/08/2011 

 

 –> http://advivo.com.br/blog/luisnassif/pierre-levy-e-a-imprensa-dinossauro

1 – O preconceito, na maioria das vezes, é gerado pela ignorância;

2–  Os jornalistas tinham todo o tipo de preconceito com a comunicação digital, e hoje todos estão usando essas ferramentas;

3 – No futuro, não haverá suportes físicos para levar a informação;

4- . Os grupos de mídia que não se adaptarem ao novo momento, em que as comunicações são completamente descentralizadas e mais distribuídas, serão dinossauros e vão morrer;

5 – Eu acho que as notícias serão consumidas através das redes sociais, como Twitter, Facebook ou Google+; (Mussoi ex-globo tem a mesma opinião, veja aqui. <—);

6 – A mídia social permite que você escolha suas fontes e ordene suas prioridades entre as fontes. Você pode personalizar a forma como vai receber as notícias;

7– O  usuário terá a habilidade de priorizar as fontes e os temas e escolher deliberadamente o que ele quer saber. Será uma atividade que a próxima geração já vai aprender a fazer nas escolas;

8 – O  ranking formado pelos algoritmos do Google é bastante primitivo. São mínimas as possibilidades de personalização de seu ranking;

9-  O sistema de escrita que usamos hoje na web é desenhado para mídia estática. Nós ainda temos que desenvolver sistemas simbólicos de escrita que sejam capazes de explorar todas as capacidades de um computador;

10 –  no futuro, a grande maioria dos livros será lida nos tablets ou em periféricos como o Kindle, muito pela possibilidade de interatividade. Os livros passarão a ser escritos dessa forma, com esse objetivo.

 

Vamos redesenhar o modus vivendi e o modus operandi – Silvio Meira – da coleção de frases;

Já brinquei que nossa geração é aquela que vai passar 40 anos no deserto até pensarmos de outra maneira e chegar na terra 2.0 prometida.

Somos formatados para entrar de um lado um problema e sair rede centralizada do outro.

Só sabemos resolver problemas de uma forma, com um tipo de  modelo de controle da informação e da gestão também.

Se não for assim, sei não, não vai dar certo! 

Anotem: já vi projetos acabar, acabar mesmo, fechar, final, the end, exatamente por causa disso, de querer resolver problemas gigantescos na rede digital com a cabeça de aranha.

Este é o grande desafio da gestão atual sair da maneira de pensar aranha para o estrela do mar.

Coloca nesse bolo a gestão de conhecimento, da informação, da gestão de tudo que você quiser, coloca em um liquidificador, bate, e vai sair ainda uma solução aranha.

Cuspimos aranha, no café, no almoço e janta.

É assim que sabemos resolver as coisas, mas o mundo mudou, está mudando de várias maneiras, com uma em especial, uma nova rede de troca e isso deixa nossa cabeça de aranha obsoleta.

E vai mudar muito mais em direção a uma cabeça estrela do mar.

Porém, é com esse modelo aranha obsoleto que resolvemos os problemas da sociedade, pessoais, profissionais, até hoje e vai demorar muito tempo para que algumas pessoas consigam pensar de forma diferente.

Talvez seja algo para uma nova geração, para ser algo bem massificado.

 

Somos a Barsa, a TV Globo, o Partido Político, o terapeuta, o médico, o professor, somos todos estes que estão ali dando o seu recado e dizendo o que é a verdade absoluta para as pessoas.

Somos uma sociedade extremamente autoritária, fechada, vertical, pouco meritocrática.

E avisa-se geral: ISSO NÃO FUNCIONA MAIS!

Estamos saindo de um mundo fechado, nós temos esse mundo embaixo da nossa placa mãe, marcado em letras douradas, uma tatuagem profunda no lado escuro do nosso coração.

Somos 1.0, somos verticais, do monólogo.

Aprendemos a ser assim.

Quando tento me ver livre desse estigma, ao conversar com as pessoas, todos tendem a repetir o mesmo modelo.

Quando falo na importância de grupos de mútuo ajuda ou de terapias do grupo, vêm falar do terapeuta individual em uma sala fechada, com o poder e seus interesses pecuniários envolvidos.

Nada contra, mas é eficiente?

Não é um poder exagerado?

Sou contra a terapia individual?

Não, mas se não houver um grupo ajudando, sou descrente, pois é uma relação muito forte de poder.

O mesmo quando converso com uma amiga que é editora de uma emissora.

Ela tem a cabeça formada num modelo de televisão muito pouco Youtube.

Ela define o que vai ser passado e visto.

Há um filtro.

Será sempre assim no futuro?

Acredito que não, cada um terá meio a sua própria tevê.

E a emissora de tevê serÁ uma espécie de opção de curadoria e você seleciona a que quer, fazendo você mesmo o seu canal.

Está tão perto disso, vejo isso claramente por aí, mas nossa cabeça de aranha não consegue olhar para as pequenas estrelas do mar que aparecem.

No livro do Shirky “Cultura da Participação“, ele diz que a geração web é a primeira que vê menos tevê do que a de seus pais.

(Estou preparando um grupo de estudos sobre o livro dele.)

Estamos saindo da Tevê para outro modelo de ver vídeo a distância.

Estamos vivendo, como disse aqui, a passagem da rede das aranhas para a estrela do mar.

Este modelo abaixo é fundamental para olharmos para esse mundo novo.

É a passagem que está acontecendo que é tão radical e tão estranha.

Detalhei mais aqui.


Somos o marisco entre os dois modelos de redes que solucionam problemas.

Uma é o modelo solucionador obsoleto e caro que estamos saindo e o outro é o novo mais dinâmico e mais barato.

O problema que nossa cabeça aranha e nosso coração aranha não estão preparados para ele.

Talvez nem um nem outro sobrevivam, procurando um meio termo.

Que só vai acontecer aos poucos e mais adiante.

Porém, está aberta a temporada de oportunidades.

Está na hora de ir adiante e tentar aumentar as estrelas do mar.

Estamos começando a sair do papo para ação.

Aguardem!

  • O uso de dois pesos e duas medidas também costuma ser chamado de hipocrisia – Rodrigo Constantino – da coleção;

 (O post é um resumo e um mix de outros para aprofundar o tema.)

Segundo Houaiss, Hipocrisia é o ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade.

A hipocrisia é a cortina social entre o que falamos para todos e o que fazemos, no particular ou até no público, mas não queremos que joguem luz.

Gandhi propunha menos hipocrisia na ação do mundo ao defender que:

Você tem que ser a mudança que você quer para o mundo”

Ou seja, trabalhar com uma taxa baixa de hipocrisia. Nesse buraco está a diferença entre a intenção e, de fato, o que se pretende. Mas tem um dado interessante:

A hipocrisia da sociedade é maior ou menor, conforme o controle dos filtros de informação.

Quanto mais controlada for a informação, mais hipocrisia, por tendência, teremos, pois se dirão coisas que não se poderá comprovar, na prática, se estão coerentes com o discurso.

O poder adora escuridão.

Todo regime autoritário nos leva a fechar/controlar a mídia para esconder os fatos.

Já vi gente defender a volta da ditadura, pois nada melhor para a hipocrisia do que a sombra.

É melhor não saber, ou pensar, vamos fingir que não existe.

A Internet é uma revolução da informação que vai refazer a nossa civilização justamente rever a hipocrisia 1.0.

Vamos construir uma nova sociedade, com novos valores, sendo que a hipocrisia atual ficará velha e criaremos uma nova, verdinha, que aos poucos vai amadurecer, pois aprender  manipular a hipocrisia da vez é a arte de qualquer poder.

Foi o que aprendemos nos últimos 500 anos depois da monarquia e o poder da igreja.

Acorda, não há poder sem hipocrisia!

O que existe são taxas de hipocrisia, no qual o poder se sente iluminado pela luz da informação e fica meio sem ação.

O que se tenta é ir controlando o foco de luz para criar o que se deseja na sombra.

O ego humano sempre quer que o indivíduo e seus desejos sejam maiores do que o coletivo e para isso serve a sombra onde a hipocrisia planta suas árvores.

Vivemos com a redes sociais uma hipocrisia mais complexa,  sem dúvida.

A informação está lá, mas há que se ter um esforço para ser difundida, pois a vida em sociedade é essa eterna luta para reduzir (mas nunca acabar, pois é impossível) o espaço contra os abusadores do coletivo,  do bem comum.

Uma sociedade saudável é aquela que recicla sua hipocrisia em menos tempo e vice versa.

Estamos no início da batalha de saber usar melhor as verdades que estava escondidas (vide Wikileaks).

Esse é o  cenário da luta contra a hipocrisia 1.0.

Reduzimos, assim, o  espaço das  mentiras  sociais, construindo uma sociedade menos hipócrita, do que a passada, porém mais hipócrita que a futura, num eterno jogo de poder/hipocrisia/controle da informação.

Sobre hipocrisia ainda diria mais.

Que a hipocrisia da atual sociedade tem seu preço e está atrapalhando.

Atrapalha a todos, por isso teremos o surgimento ainda incipiente de uma nova classe social dominante menos hipócrita, que vai assumir os rumos do capitalismo 2.0, ou seja lá o nome que vamos dar para criar uma nova hipocrisia 2.0, mais competente que a atual.

(Que obviamente se não for vigiada vai criar a sua própria incompetência, sombra e hipocrisia.)

No velho filme, assim, caminha a humanidade.

Vejamos.

O crescimento populacional deu uma apertada geral na sociedade.

Não dá mais para determinadas incompetências acontecerem.

É cara, anti-produtiva, não gera valor. E explode em crises.

Toda a incompetência sempre bate no muro da próxima crise!

A incompetência é fruto de algo que se faz, se repete, ninguém vê (ou não se quer ver), ninguém pune e continua a se repetir. Há, assim,  uma relação entre incompetência, sombra e hipocrisia. Quanto mais incompetente é determinada sociedade, empresa, governo, mais vai precisar de hipocrisia entre o que faz e o que diz que faz para se manter incompetente.

 

Para isso, vai fazer fumaça para reduzir a transparência, ampliando a sombra para esconder a hipocrisia, que, por sua vez, mantém a incompetência.

Transparência significa reduzir o espaço entre o que se diz e de fato faz.

E, dar subsídios, para o coletivo corrigir o que está inviável, atrapalhando a todos.

Revoluções informacionais têm essa característica.

 

Vêm ao mundo para reduzir determinada hipocrisia, que gera uma  incompetência, dentro de determinada sombra, que atrapalha o produzir para mais gente, quando há um salto quântico, como agora, na demografia.

Isso é feito basicamente dando espaço para novos talentos olharem velhos problemas com olhos novos e darem novas soluções, viáveis a partir da troca que se estabelece nos novos canais, no caso, a Internet.

Uma revolução social faz isso de forma limitada, pois são poucos olhos.

Numa revolução da informação são muitos, ao mesmo tempo, é uma revigorada geral na civilização inteira.

Se me perguntarem qual é o objetivo da chegada da Internet no mundo, direi:

A Internet é uma nova mídia que veio resolver uma crise de demanda, em função do aumento da população, que precisa de um ambiente produtivo mais eficiente, por isso mais inovador e, portanto, com mais liberdade e, principalmente, qualidade e velocidade de informação.

No mundo pós-Internet já temos algumas tendências para reduzir a hipocrisia, que é monitorar o que antes não era monitorado.

O quadro da televisão em Barueri do CQC é exemplar.

Chip, celular, satélite dentro de uma televisão doada para uma escola mostrou o desvio de conduta da diretora que levou o aparelho para a casa dela.

O bip colocado dentro da tevê levou o pessoal da televisão para a casa da marginal da educação, como um cavalo de tróia, que apitava.

Alta tecnologia do século XXI (transparente) contra um fazer do século XIX (sombra), tirando de crianças uma aparelho.

Quer algo mais perverso do que isso? (Não seria um crime hediondo?) É um exemplo claro da relação que se estabelece entre hipocrisia x transparência / sombra x luz / fazer x dizer / tecnologia nova x prática antiga.

O mundo tecnológico-cognitivo, com menos controle informacional e mais fontes alternativas de informação,  inibe a hipocrisia passada. No caso, usou-se na mídia antiga com ferramentas novas.

Note que o pessoal do CQC é filho do Youtube, novos talentos, novo formato, que rapidamente migra também para a Internet, o video lá bombou! Do que se trata afinal?

Precisamos de uma nova classe social que consiga saber utilizar a nova sombra que essa nova mídia proporciona com taxas maiores de competência e menores de hipocrisia.

Ela vem com a missão de  resolver as demandas postas, não compatíveis com a filosofia, tecnologia, metodologia, hipocrisia, sombra da classe passada pré-Internet.

Talvez, seja a mesma revigorada, uma nova geração, porém a mudança cognitiva é tão radical, que não acredito que será assim tão fácil.

De qualquer forma, esse é o embate político do século XXI, que apenas está começando: um conjunto de novos capitalistas atuando dentro de uma nova sombra, com menos hipocrisia 1.0  versus os da sombra passada, um modelo produtivo que gere mais valor em um ambiente mais competente.

O mundo analógico deixava poucos rastros e a taxa de hipocrisia tendia a ser maior do que teremos no futuro digital. (Eis a explicação para uma série de distorções sociais do decadente mundo analógico.)

É fato: a digitalização é muito mais cheia de pegadas na areia sem tanto mar para apagá-las:

  • Hoje temos muito mais registros e o que é registrado tem o poder muito maior de diapasão (filmes, fotos, relatos, via redes sociais);
  •  E o que clico e faço é documentado, pois entre e mim e os fatos digitais há um mouse e um teclado.

Há, portanto, um karma digital que agora nos acompanha e nos limita a agir individualmente contra a coletividade. A sociedade ganhou, assim, mais poder de fiscalização sobre ela mesma e seus representantes.

Qualquer sociedade, portanto, será sempre moldada por aquilo que podemos fazer à luz do dia.

Quanto mais luz, menos espaço de sombra e mais atitudes aceitáveis pelo social devemos adotar.

Não por que queremos, mas por sermos obrigados.

  •  Foi o que o papel impresso teve de impacto na vida dos reis e dos papas.
  •  E o que rede digital fará (e já começou) com a política atual das organizações (públicas e privadas) de todos os setores.

Portanto, o mundo 2.0 digital tende a ser mais meritocrático, com taxas de hipocrisia menores do que as atualmente praticadas.

Será uma sociedade que não aceitará mais determinadas hipocrisias que campeiam o mundo analógico. Haverá hipocrisias, claro, mas serão muito mais sofisticadas dos que as atuais.  

Que dizes?

Insanidade é querer o mesmo mundo de 200 anos atrás com uma população 7 vezes maior – Nepô da safra de 2011;

Não é eficaz entender a sociedade como um processo evolutivo contínuo.

A história, infelizmente,  não deixa que esse peça se encaixe no quebra-cabeças!

Gostaríamos de ver o mundo de um jeito, com as nossas melhores  ilusões, mas a vida, malvada, não deixa.

Nós somos animais sociais.

Conforme a “matilha humana” esteja resolvendo seus problemas somos mais ou menos agressivos.

Coloque os lobos humanos com fome, como foi antes da II Guerra na Alemanha e eles terão vontade de morder gente, basta que apareça um lobo-alfa disposto a rosnar e apontar o caminho.

Não iremos aprender com o passado, pois todo dia acordamos com fome, sede, sono, frio e calor e se as coisas não forem bem, somos capazes de tudo.

E não tem livro de história que fique na frente.

Ser humano é uma vida de reequilíbrio constante.

Somos taxas.

Não vamos um dia:

“ter jeito”, “agora sim”, “então finalmente”, etc…

Tudo é um equilíbrio passageiro, que muda, conforme o dia nasce e a vida que segue.

A cada geração começa quase tudo de novo, dentro de uma nova configuração econômica, social, política, tecnológica, informacional, comunicacional, relacional.

Vamos sempre estar nos reequilibrando, conforme formos caminhando com mais ou menos fome pelas planíces.

Ponto!

Podemos incorporar algumas boas práticas, mas sempre com um espaço para a loucura coletiva sair de qualquer lugar, desde que alguns parâmetros de baixa-sobrevivência sejam atingidos.

A sabedoria seria tentar evitar chegar a tais pontos, mas….a tendência de quem consegue melhorar de vida é colocar grades, muros, fronteiras em torno de si e esquecer os demais.

E a vida com seus lobos arranjam um jeito de pegar um avião e jogar em cima de um prédio, ou explodir uma bomba no metrô, ou matar gente no parque.

A terra é uma bola que, por enquanto, não se tem para onde fugir.

Nosso espírito lobo aparece em  filmes nos quais cai um meteoro e a nova população sobrevivente começa a criar currais de gente para comer no porão.

Se não gosta de ficção, abra o jornal todo dia para ver do que estamos falando.

Acredito em zumbis, em lobisomens, desde que determinadas luas cheias apareçam.

Concordas?

Assim, não vamos entender NUNCA o movimento radical que estamos fazendo no mundo com a chegada de rede digital se não pensarmos  como esses lobos das estepes.

Uivando diferentes tipos de músicas  (G) lobais no alto da colina.

Há um fator meio invisível para compreender os movimentos agressivos inconscientes da matilha que é o aumento do número de lobos.

(Vá a São Paulo e sinta a maior agressividade no ar.)

Quanto mais lobos, mais teremos dificuldade de combater a taxa de baixa-sobrevivência.

Como pássaros -que migram em direção a um mundo mais repleto de lobos –  nos organizamos em redes.

Assim:

+ lobos =  redes de lobos diferentes.

As redes são nossas formações de sobrevivência.

(Sugiro ler o post de ontem.)

Nelas, como as formigas, avisamos sobre os perigos, aonde tem comida, com quem nos reproduzimos e, através delas produzimos tudo que nos dá a sobrevivência.

É a nossa ecologia social baseada em redes, desde a época que não se tinha época.

Quando estamos bem vamos tendendo ao conforto, à centralização das redes, a uma ilusão que tudo aquilo vai se eternizar, pois vamos relaxando e deixando que pessoas tomem conta da nossa vida, pois está dando certo.

É o efeito medo da morte e vontade de nos eternizarmos em uma rotina fechada.

E isso vale também para o contrário.

Basta a vida piorar e já queremos mudar, discutir, descentralizar.

As formações de redes variam conforme nossas necessidades conjunturais a curto prazo e estruturais ao longo, conforme aumenta a matilha.

Quando entramos em crise, tendemos a abrir espaço para o novo, a prospectar novidades e descentralizar as redes e vice-versa. Isso vale para nossa vida, para a vida das empresas, da sociedade.

Não é fato?

Assim, as redes também evoluem, ficam mais complexas do seu ponto mais centralizado ao mais descentralizado.

Tais movimentos não são da ordem do controle, da consciência, são coisas que ocorrem de forma coletiva, como gansos voando, que vão trocando a formação  no ar.

Como uma manada que dispara em direção a qualquer lugar por medo de um felino.

Como nossa matilha atual eletrônica que não precisou ser convencida a usar celulares, redes sociais e a fazer coisas impensáveis anteriormente dentro delas  dentro de algo que é o imponderável, aquilo que cada membro da matilha não tem controle.

E o fator fundamental, a meu ver, é o aumento da população, que vai nos obrigando a sermos mais mutantes, pois quanto mais lobos, mais a formação da matilha tem que se sofisticar.

 

Ou seja, usamos diferentes redes na vida, mas de tempos em tempos migramos todos para redes mais sofisticadas, em função do aumento da matilha, pois a anterior fica obsoleta para nos proteger das intempéries.

É mais do que uma passagem, mas uma mutação coletiva.

De lá para cá, nossos cérebros, corpos, maneira de pensar, agir, relacionar, comunicar, se informar, tudo migra para essa nova formação e passamos a variar, de novo, para as mais fechadas e mais abertas, conforme a ocasião, mas em outro patamar.

Como cobras que trocam de peles, todos juntos, porém em momentos diferentes, em regiões distintas, sem uma explicação plausível, a não ser um macro-ajustes do tamanho da matilha.

Eis o fato.

Uma foto desse movimento pode ser vista aqui na topologia das redes, feita em 1964, por Paul Baran que veio de novo à tona, trazida pelo artigo que me mandou o Augusto de Franco.

 

Os três modelos vão variar, conforme a situação da matilha.

Não acredito que estamos evoluindo da mais centralizada para a mais distribuída, pois temos a tendência mais adiante e ir centralizando.

Não haverá, aliás, nenhuma rede 100% centralizada ou distribuída, ou descentralizada, são utopias de ambos os lados quem quer total controle e quem não quer.

São tentativas e vão acontecer, conforme necessidades da matilha.

Não é uma formação estática, varia em vários lugares, conforme o perfil das pessoas, momento econômico, social e político de um grupo, etc, país, região.

Porém, há digamos uma macro-forma de rede que estabelece uma modelo geral de operarmos, que marcam eras na sociedade, pois arrasta todos a sociedade nessa direção, começando de um ponto e migrando para outros e voltando ao ponto original em um macro movimento.

Estamos justamente agora saindo do modelo mais centralizado da mídia de massa, por exemplo.

O que podemos chamar de macro-eras das topologias de rede na História,  que são os modelos gerais que acabam moldando uma etapa de uma civilização, como a nossa marcada mais distribuída por criada em 1450 com o surgimento do papel impresso, que nos deu a possibilidade de reinventar o mundo: criando a democracia republicana e o capitalismo x a monarquia e o feudalismo.

Somos a matilha do papel impresso que aprendeu a ver rádio e tevê logo depois.

Somos filhos dessa rede muito  mais complexa criada em 1450, mas esse processo chegou ao princípio do seu fim, podemos ver o ciclo mais abaixo, na qual tento criar um modelo dos últimos 500 anos, com o surgimento do rede do livro impresso que veio substituir a rede oral e do papel manuscrito, veja como observamos o movimento, de lá para cá:

Quando

Macro-topologia

Observações

Antes da prensa – pré-1450

 

Um modelo fechado da Igreja e da Monarquia, através do controle de tudo que circulava, ideias e produtos, gerando um processo de decadência, em função do aumento da população da época, que demandava inovações que a rede não permitia, pois o controle, a intermediação é lenta, reduz a velocidade das trocas e causa problemas de abastecimento.

Surgimento da prensa – 1450 – Passagem de um modelo muito fechado para um radicalmente aberto, que passam a conviver no mesmo período histórico, no qual os papéis impressos e depois as mercadorias passaram a circular sem condições de controle,  que acontece de novo agora, no qual o poder vigente não tem como evitar a circulação de ideias. Momento que abre um  surto filosófico, renascença e a constituição das bases conceituais para as revoluções sociais que  vêem a seguir, a procura da adaptação da matilha ao novo número de integrantes, que a rede passada não permitia. As duas redes convivem juntas por um tempo e se equilibram na rede abaixo.

 

Consolidação da prensa, através de editoras, jornais e o início da mídia de massa, chegando ao século XX.

 

Na evolução, os hubs vão se consolidando, o poder aprende a dominar o modelo e começa o processo de consolidação. É uma nova classe social, que apresenta uma nova proposta da sociedade e vai dominando o modelo e aprendendo a controlá-lo. Gera o início de decadência, pois não atende as novas demandas de uma população que cresce ainda mais, pois consegue-se reduzir a taxa de mortalidade, a inventar formas de manter mais gente viva, porém com o modelo de rede passada.

Consolidação da Indústria da mídia de massa, já no século XX.

 

Os canais vão se fechando praticamente para o novo, asfixiando a sociedade que precisa resolver problemas de formas diferentes. É um momento de procura inconsciente de saídas, ainda mais quando as condições criadas permite um salto populacional de 1 bi em 1800 para 7 bi em 2012.

Rompimento em novos modelos completamente inusitados, vide Redes Sociais, sem controle se compararmos ao modelo anterior.Que vêm com uma tentativa de uma inovação radical para fazer os ajustes do passado. Estamos nessa fase, com redes completamente abertas tentando um vão diálogo com as fechadas do século passado.

E temos hoje claramente a briga entre os dois modelos, como foi com a chegada da prensa, completamente diferentes apresentados do lado. O modelo aranha e o modelo estrela do mar. Que convivem ao mesmo tempo no mesmo momento histórico, com a tendência de ir se consolidando e fechando os hubs para o modelo descentralizado, porém não no mesmo patamar, pois há um processo de mutação da matilha nesse processo. Vamos viver em redes muito mais complexas e as redes espelharão isso. Elas tendem a ser mais controladas ao longo do tempo, porém vão ter a característica e a dinâmica de um novo tipo de troca compatível com os 7 bilhões de habitantes. Entramos assim numa nova era da civilização com uma rede mais complexa e compatível com a nova população, que tende a um equilíbrio mais adiante.

   

É preciso fazer alguns poréns sobre a tabela acima:

1) quando se olha uma rede distribuída, imagina-se que TODOS os cidadãos devem estar nelas e em não estando, isso não corresponde à realidade. A história mostra que as mudanças de redes quando atingem os países mais desenvolvidos em termos econômicos, estes servem de locomotiva e puxam os demais. O que caracteriza a passagem é a adesão nestes locais que influenciam todo o resto. Repito: são modelos que nunca vão ser totalmente puros;

2) muitos podem argumentar que uma rede distribuída nunca será alcançada e que hoje a Internet não é distribuída. Prefiro trabalhar com taxas de descentralização/centralização. O objetivo é demonstrar que temos hoje uma taxa de desintermediação de processos muito grande em relação à rede passada, e é apenas uma forma gráfica de apresentar a grande passagem.

Eis, então,  o nosso dilema do momento atual.

Estamos no contexto histórico de choque entre estas duas topologias completamente distintas.

Uma completamente distribuída (querendo inovação) e outra completamente centralizada (impedindo que esta ocorra).

A resposta que vale 800 bilhões de dólares, como ir juntando de forma menos traumática possível as duas para criarmos um novo mundo que suporte a nova matilha de forma melhor possível?

Auuuuuuuuuuuuuu

Que dizes?

 

 

Quem não estuda a história da informação, desde os tempos da linguagem, seus movimentos de ruptura, nunca irá compreender a Internet com mais clareza;

 

Sabe qual a diferença entre um projeto bem sucedido e um mal sucedido em Redes Sociais Digitais?

A consciência história.

Quem tem ou quem não tem.

  • Quem não tem procura implantar redes sociais pensando que tudo continua igual, como era antes.
  • Quem tem toma cuidado, pois sabe que os paradigmas que tínhamos antes já não servem mais.

O problema é que estamos vindo de um processo tão acelerado de alterações da sociedade que vivemos uma espécie de estafa devido ao excesso de mudanças.

E quando isso ocorre você já não mais se preocupa e vai tocando as coisas, pois se tudo está mudando não tenho muito tempo para entender.

E aí está o grande diferencial de quem vai atuar de forma mais ou menos eficaz ao implantar projetos colaborativos em organizaçõs.

Apesar de todas as mudanças, existem tonalidades diferentes entre elas.

Uma mudança em tecnologias fins e tecnologias meio.

Carros modernos nos facilitam a andar melhor e mais rápido, gastando menos energia, com GPS que não nos deixa perder, maravilhoso, mas é uma tecnologia fim, que nos permite chegar em outro lugar, nos dá mais mobilidade, mas não permite desenvolver novas tecnologias, a partir do carro.

Há consequências mais ou menos limitadas e controladas dessa ação na sociedade.

A chegada de um computador é algo diferente, pois é uma tecnologia cognitiva, meio, que nos permite ampliar a capacidade de nosso cérebro e, só então, fazer carros mais sofisticados.

A expansão do cérebro é algo que nos permite algo mais além, aberto.

Obviamente, que precisamos de carros para levar computadores para a casa das pessoas, mas são duas coisas diferentes e devem, em termos de futuro, serem colocados, na balança do peso histórico de forma diferente.

Concordas?

  • Uma tecnologia de carro tem um impacto, digamos X na sociedade.
  • Uma tecnologia cognitiva tem um impacto, digamos 100 x na mesma sociedade.

E para ampliar essa visão temos dois tipos de tecnologias cognitivas com impactos distintos.

  • Uma tecnologia cognitiva que amplia apenas nossa capacidade de pensar, tal como foi o computador, a calculadora, que não permite a descentralização da informação e da comunicação tem um impacto 100x.
  • Diferente de uma tecnologia cognitiva, que além disso, nos permite ampliar nossa capacidade de trocar informação, comunicação e nos relacionarmos com outras pessoas, que atinge a marca de 10000x.
Detalhemos:

A sociedade é marcada por um bolsão de poder, que estabelece regras e controles e a sociedade aceita essa condição para continuar vivendo.

É o que podemos chamar de senso comum aceito.

Para que isso funcione a contento precisamos de um ambiente comunicacional e informacional controlado, que acaba se tornando conservador e avesso à mudanças.

O que nos leva à perda de meritocracia, de dinamismo, da nossa capacidade de inovar.

A tendência humana é pelo conservação, mas esta nos gera crises, pois a vida lá fora mostra que as coisas mudam e nos obriga a ajustar.

Quando uma tecnologia cognitiva altera e permite a descentralização radical da informação e da comunicação há um furo dessa bolha e tudo se abre.

O poder que tinha o controle deixa de ter.

E abre-se um largo espaço de reforma geral da sociedade para ajustes variados.

Nunca antes imaginado, pois o ambiente controlado não permitia!

Demandas reprimidas vem à tona e está aberta a temporada de macro-mudanças na sociedade num patamar não costumeiramente visto.

(Foi o que aconteceu com a chegada da tecnologia cognitiva do papel impresso que nos tirou do feudalismo e da monarquia e nos permitiu criar o capitalismo e a república, vindos na aba a academia e as organizações, através da revolução industrial.)

Sem os livros não teríamos revolução industrial, com certeza!

Assim, qualquer projeto de implantar novas tecnologias cognitivas descentralizadoras (como popularmente chamamos de redes sociais)  exige que se perceba o impacto de mudança que estamos lidando de 10000x, diferente de quando implantamos outras tecnologias menos explosivas.

E é este o impasse que vivemos.

Como diz o Cortella vivemos a civilização Miojo, aquela que quer tudo resolvido em 3 minutos, porém determinadas massas levam mais tempo para cozinhar!

Diria, assim, nunca tivemos uma mudança tão radical e nunca estivemos tão despreparados para enfrentar uma mudança como essa.

Por isso, que implantar projetos 2.0 sem consciência histórica vai enriquecer muita gente, que implanta, mas vai pode deixar mais pobre quem pagou!

Que dizes?

 

“A felicidade bestializa: só o sofrimento humaniza as pessoas” – Mário Quintana – da coleção de frases ;

A mídia tem tripla função na sociedade.

  • É uma empresa como outra qualquer: visa lucro;
  • Tem a função oficial de gerar informação/comunicação;
  • E nas entrelinhas criar ilusão social de que tudo está bom e pode ficar do jeito que está. É uma apaziguadora de ânimos, coloca panos quentes nos conflitos.

A mídia é e sempre será aliada do poder de plantão.

Sem controle da mídia não há poder e vice-versa.

E sem poder não há sociedade.

Bem-vind@ à humanidade com suas celas e limites!!!

Ou seja, a liberdade de imprensa, de opinião existe, desde que trabalhe dentro de algumas fronteiras.

Não é algo malévolo, mas regulador social.

Obviamente, que há poderes e poderes, mídias e mídias.

Veja, por exemplo, a postura da mídia americana em relação à Guerra do Iraque pró-Bush, nacionalista e patriota. E superficial ao apontar a raiz das seguidas crises financeiras.

É uma liberdade de imprensa dentro de determinado jardim.

Esse processo, entretanto, é algo que tende gerar decadência, pois vai evitando que determinadas mudanças necessárias ocorram na sociedade. Criam latências que vão se acumulando e resultam em:

  • De forma mais comum, revoltas, tumultos, alternâncias fortes de grupos de poder (que impactam de alguma forma na mídia, por ajustes menores);
  • Quando o sofrimento geral passa de determinado limite (vide revoluções sociais, que criam outros veículos);
  • Quando e a população cresce e exige uma mudança radical na sociedade (vide revoluções cognitivas, que criam outra forma de controlar a informação, de forma mais descentralizada – vide passagem do papel manuscrito para o impresso).

Ou seja, não há mídia que não esteja afinada com a estrutura de poder.

Se não está, ou o poder vai construir uma nova mídia (vide Chavez na Venezuela) ou vai cair.

Não tem como.

Faz parte das sociedades humanas.

Porém, como disse o Castells, aonde há poder há resistência.

O poder cria uma ilusão e quem está na resistência tentar criar uma anti-ilusão, que tem contida nela uma nova, já que na vida adotamos a ilusão que mais nos convém em dada circunstância econômica, que se reflete no político-social.

Somos a ilusão que viabiliza nossa sobrevivência, diante de uma dada conjuntura de relação de poder dos diversos interesses sociais e a capacidade de articulação de quem está satisfeito ou insatisfeito com o status quo.

Diante disso, não me surpreende alguns pontos dos Princípios editoriais das organizações globo, publicado esta semana,  que considerei um dos textos mais importantes do ano, pois:

a) a globo é um dos principais veículos do país;

b) tem tido iniciativas com as redes sociais (vide jornalismo participativo);

c) o texto aponta perspectivas sobre informação, comunicação e relacionamento com leitores;

d) aborda o mundo digital;

e) e revela como (tenta) pensar o futuro o principal grupo de comunicação do país.

Conhecê-lo, analisá-lo, ver os pontos eficazes e pouco eficazes sobre a visão do futuro que chega é algo fundamental e importante para quem está atuando nessa área.

No documento no último parágrafo, depois de muito texto tem  algo que assume essa função criadora da ilusão, lá diz:

“Entendemos mídia como instrumento de uma organização social que viabilize a felicidade”.

Ou seja, o critério final para se saber se os veículos da Globo estão cumprindo o seu papel é se estão viabilizando a felicidade!

Criando a ilusão, já que a felicidade é um estado de espírito, seguido de momentos de tristeza, que uma sem a outra não existe, assim como precisamos conhecer a depressão para saber o que é a euforia e vice-versa.

A procura da felicidade é um conceito altamente lucrativo e interessante de uma sociedade de consumo, que vende de tudo para que você não fique triste, inclusive remédios tarja pretas.

É coerente ainda com o status quo da nossa atual  sociedade centrada na força do indivíduo (egoísmo) em detrimento ao coletivo.

O que, na verdade, é o movimento contrário que o atual movimento que surge na rede procura contrapor: projetos coletivos para equilibrar o poder atual dos indivíduos.

O documento como um todo levanta questões muitos interessantes para o debate, pois já mostra a influência da Internet em vários momentos, porém, ao se ler em detalhe,  tudo acaba na mão de alguém regulando todo o fluxo.

Ou seja, a visão, como não poderia deixar de ser, é a manutenção desta sociedade com o modelo informacional de controle que conhecemos, com algum leve verniz de modernidade.

Há uma pretensa ode à participação, mas o modelo central é o do controle final por um editor (mais experiente e mais maduro), independente da demanda dos clientes (leitores, telespectadores e ouvintes).

No modelo secular da comunicação vertical. Pouco se sente a brisa da participação coletiva nos rumos da imprensa.

Não chegou a tanto, nem se esperava que chegasse.

É um documento em que se vê claramente a atual briga da aranha com a estrela do mar.

Vai ser, aliás, o tema do meu próximo Nepô ao Vivo.

(Não perca!)

Vou arrumar algumas coisas nessas ideias, a partir de um papo maior, por e-mail,  com o @augustodefranco.

Vou detalhar:

As revoluções cognitivas e as mudanças das topologias das redes.

(Que vai sair na segunda.)

Adianto o seguinte:

  • Apesar das mídias terem o papel de reguladora social, através da construção de uma ilusão, isso é um processo em equilíbrio e reequilíbrio, que muda conforme a população aumenta radicalmente e ganha a alternativa de mídias mais descentralizadas;
  • Que no caso particular, de uma revolução cognitiva, que é fruto de um radical aumento populacional, o modelo de criadora de ilusão passado perde o sentido, pois procura-se outros modelos, criando uma alternativa à mídia de plantão, que começa a entrar em decadência (vide resultados dos últimos anos).
  • E que a nova mídia será muito mais colaborativa do que a atual, mantendo um novo tipo de controle muito mais sofisticado que o atual, via plataformas, algoritmos e novos “editores de desejos de comunidade”.

Quem não se preparar para esse mundo perderá espaço, pois a sociedade começa a parir as mudanças na qual a mídia será engolfada.

O documento é extenso, mas ignora o fundamental: o momento histórico da passagem de um ambiente aranha para estrela do mar, de redes centralizadas com um tipo de controle para mais abertas, com um novo.

Falo mais disso na segunda e mais ainda ao longo do mês.

Que dizes?

 

 

 As redes sociais cívicas são aquelas que dão vazão ao desejo humano de ajudar a mudar o mundo – Nepô (inspirado pelo Shirky);

O principal mérito do último livro de Shirky (A Cultura da Participação), escolhido por mim como um dos melhores do ano, levanta algumas questões interessantes.

O conceito principal até aqui foi o excedente cognitivo.

(Estarei discutindo este livro do Shirky em setembro, mais detalhes aqui.)

Em resumo, excedente cognitivo, segundo ele, é o tempo que as pessoas de dedicam a fazer coisas, além de trabalhar, lazer, tocar a vida.

Algo que nos tira da frente da televisão, basicamente.

Separa o uso desse excedente em projetos cívicos, que alteram coisas na nossa vida e aqueles que nos mantém no mesmo lugar.

O que reforça que nem toda a inteligência coletiva vem para mudar, pode vir também para manter-nos iludidos e oprimidos!

E sobre projetos que nos mantêm no mesmo lugar, cita em particular os seguidores de séries de tevê.

Se colocasse o termo “Inteligência Coletiva” de Pierre Lévy no meio, podemos dizer que seria a criação de inteligência coletiva para mudança ou para a manutenção do status quo.

Shirky ainda lembra que a sociedade, ao crescer a população, cria situações de extremo sofrimento (lembra o surto de gim na Europa, 1720, com o aumento das cidades)  e que a sociedade tende, no primeiro momento a se entorpecer e depois vai criando canais de participação.

Para transformar sofrimento em ação e da ação para mudanças que reduzam o sofrimento.

A Web, nessa direção, viria, segundo ele, propiciar  redução radical de tempo necessário e custo para as pessoas trocarem, se articularem, como se fosse uma nova mídia em que a latência por mudanças começa a ter espaço para virar excedente cognitivo que agora pode desaguar na direção das mudanças sociais.

A partir de Shirky, podemos pressupor que há diferentes momentos de mais ou menos consciência e espaço de mudanças, individuais ou coletivos:

  • Sobreviver em condições não confortáveis, que gera latências;
  • O que gera distração alienante para suportar o sofrimento de não ter canais para mudar a realidade;
  • O que causa mais sofrimento acumulado, angústia, alienação e vontade de mudar.

Para que isso ocorra é preciso realizar atividades extras, fora trabalho e lazer para construir um caminho futuro. E com esse excedente cognitivo preparar a mudança de “A” opressor para “B” menos opressor.

Esse tempo que dedicamos a mais, como o pessoal que vai estudar de noite, depois do trabalho, no caso individual. Ou no coletivo quem vai para reuniões de condomínio, de bairro, de partidos, seja lá o que for, está dedicando um tempo a mais para que haja uma mudança, não só individual, mas coletiva.

Só podemos mudar, assim, se criamos tempo para isso, reduzindo ou o dedicado à sobrevivência (nem sempre possível) ou da distração tóxica que tenta aplacar as angústias de uma vida coisificada sem processo, voltado para atividades, ou vícios, que nos alienam mais e mais.

(O AA é um exemplo típico de um grupo cívico para sair de uma situação de não-mudança, por exemplo.)

Coletivamente, é preciso ou um esforço ou uma redução do tempo/custo de articulação.

A rede digital, que viabiliza uma revolução cognitiva. vem se colocar como alternativa à televisão e criar um espaço de construção de um espaço de soma de excedentes cognitivos.

Algo como, ele diz:

Os americanos assistem TV durante cerca de 200 bilhões de horas por ano, mais ou menos 2 mil projetos na Wikipédia;

Shirky lembra que essa geração é a primeira que tem visto menos televisão do que os pais.

E que o tempo que se fica na Internet é a possibilidade de criar estes canais para articular excedentes cognitivos que realmente mudem e reduzam sofrimento, através de projetos cívicos e que não necessariamente todos os projetos na rede têm esse caráter.

O interessante, isso são as minhas digressões, é que uma revolução cognitiva faz com que todo o planeta, de diferentes maneiras, comece a ganhar esse tempo para propor mudanças e resolver problemas insolúveis antes das novas possibilidades.

Abrindo espaço da migração da civilização analógica 1.0 para a digital 2.0.

É a revisão possível dos problemas mais estruturais da civilização que agora podem ser questionados e alterados, sob um novo canal de troca e de possibilidade de fazer as mesmas coisas de outro jeito.

O excedente cognitivo, digamos assim,  pode ser mantendedor ou alterador do mundo.

Vai de vários jovens perderem semanas discutindo o fim do Harry Potter sem alterar nada a sua vida e seus sofrimentos, apenas anestesiando-os. Ou criar uma estrutura que garanta uma escola melhor.

Uma coisa não exclui à outra naturalmente, mas o ideal que seja algo equilibrado.

Quando é uma coisa só, tanto de um lado quanto de outro, há problemas.

É um assunto que dá muitas telas de texto.

A ver.

(Estarei discutindo este livro do Shirky em setembro, mais detalhes aqui.)

Que dizes?

Quem não colhe as flores das oportunidades, pode ficar com as do risco” – Nepô – da safra de 2011;

Este ano praticamente fiz um ano sabático, só estou topando o que vier nessa direção, evitando me envolver em projetos como no passado que desenvolve o paradigma pré-redes digitais colaborativas.

É um risco em um futuro para muitos incerto, para mim, inevitável.

Se eu não acredito nele, quem vai?

Resolvi reservar uma grana que ganhei o ano passado para me dedicar exclusivamente a projetos 2.0 conceituais, sem aditivos transgênicos 1.0.

O que seriam afinal projetos 2.0?

Aqueles que criam desintermediação na sociedade, a partir de redes digitais.

São aqueles em que o coordenador passa a não mais incluir conteúdo e administra a comunidade e as plataformas que a suportam, através de robôs, meritocracia, relevância dos documentos, através de cliques, etc.

Estante Virtual e Mercado Livre são dois bons exemplos de empresas desintermediadoras que geram valor para seus integrantes, para o consumidor e para a sociedade.

São os modelos para os quais as empresas estão caminhando.

Redes de fornecedores, em que um centro monta o produto e entrega personalizado para o usuário.

Eis a trilha.

Tenho feito um esforço muito grande com diversas empresas, grandes e pequenas;

Mais ou menos inovadora, mas é difícil.

Em resumo o que escuto do mercado:

– sim, estamos entrando em outra sociedade, mas isso vai demorar;

– não temos tempo para discutir isso, pois estamos muito envolvidos com o dia-a-dia;

– legal essas ideias, abriu a cabeça do pessoal, mas vamos voltar ao trabalho; 🙂

– quando os concorrentes começarem nessa direção, nós vamos.

Muita gente do lado de cá, agentes de mudança 2.0,  têm optado por um discurso de convencimento do medo e do risco.

“Ou você implanta redes sociais ou vai estar fora do mercado!”

Acredito que é um discurso vazio que ainda não cola, por um motivo simples.

Tirando as áreas já atingidas (todas que lidam no epicentro do furacão, mídia e afins) o pessoal olha para os lados e não vê projetos 2.0 no horizonte.

É natural, num mundo competitivo como o nosso, em que as pessoas têm cada vez menos tempo para pensar, que todo mundo quer fazer sem perguntar exatamente o por que das coisas, que uma mudança paradigmática como a atual vá para um quarto escuro do futuro.

Os concorrentes estão tão cegos quanto ele.

Ou seja, estamos em um grande jardim de oportunidades, mas para que possa se colher às flores é preciso:

a) olhar diferente e perceber o quanto estamos mudando, os sinais ainda são para especialistas muito atentos;

b) entender bem o DNA da mudança, de onde estamos para onde vamos;

c) e criar novos projetos para gerar valor nesse novo mundo.

Acredito que empresas grandes poderiam estar financiando pequenas empresas para serem as que vão destruí-los no futuro.

Investidores poderiam ter verbas exclusivas para projetos de desintermediação.

Mas não é isso que vejo.

Nesse processo, me veio uma frase, daquelas que escrevo no meu anotador digital de bolso:

Quem não colhe as flores das oportunidades, pode ficar com as do risco;

É preciso, então, mudar o discurso.

Dificilmente, empresas grandes vão acordar para todo o dever de casa que precisa ser feito num curto espaço de tempo.

Isso vai demorar e o tempo urge.

É hora, meus amigos, das start-ups 2.0.

E é para lá que sugiro que as forças 2.0 devem direcionar seus fósforos, pois ali tem muito mais gasolina para ser incendiada do que no resto de toda a sociedade.

É um jardim de oportunidades que vai gerar risco para quem não vier junto.

É isso.

Que dizem?

 

 

Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência. – Santo Agostinho;


 1- concentre-se nos livros relevantes e passe os olhos nos interessantes;

 2- um livro relevante é aquele que te economiza tempo e/ou faz pensar;

 3- identifique o problema que incomoda o autor (nenhum livro relevante é escrito se não houver um incômodo);

 4- compare a situação que ele apresenta e qual alternativa sugere para solucioná-la (esse é o DNA do livro!);

5 – perceba a diferença entre boas frases, bons conceitos e dados relevante: marque-os;

6- identifique os links externos ao livro: autores novos, bibliografia e os sites que não conhece;

 7- faça um resumo de tudo para fixar as ideias;

 8- compartilhe ao máximo;

 9- visite os links externos;

10 – só então, passe para outro.

 

 O poder  está fundamentalmente em nossas mentes: não fora, mas dentro de nós – Castells – na seleção de 50 frases; 

Podemos dizer que estamos entrando em algo chamado “capitalismo digital”?

Se sim, o que seria o capitalismo que estamos saindo?

A saber:

1) qualquer sistema social, seja político ou econômico é um acordo social;

2) controlado ou pela força –  alguém aceita que quem está no poder tem mais força do que os que querem estar;

3) ou pelo convencimento –  já que os argumentos de quem está fora do poder não é convincente o suficiente  para que, através dos canais estabelecidos, possa mudar as regras do jogo.

Nos últimos 500 anos, quando iniciamos a nossa civilização do papel impresso com suas consequências construímos um ambiente informacional específico que podemos dizer marcou o capitalismo analógico ( que esteve aí superando crises nos últimos séculos), definido como:

1) controle dos meios de comunicação, através de mídias verticais, definindo fortemente uma ideologia social de cima para baixo;

2) um modelo hierárquico de controle da produção, através de intermediação das decisões;

3) um modelo de lucro condizente com essa relação de força entre os que se beneficiam mais dele e os que se beneficiam menos.

Não temos noção disso, mas está ficando cada vez mais claro que uma revolução cognitiva, como a atual,  é um importante marco  na civilização, pois a sociedade constrói uma ilusão sobre si mesma, impulsionada por diversos interesses de quem detém o controle da mídia cognitiva da vez.

Essa ilusão (ou falta de força de quem não concorda com ela de quebrá-la) nos coloca diante de um mundo construído em que alguns conceitos e princípios só podem ser aceitos naquela conjuntura informacional específica e naquela dada co-relação de poder e de controle da mídia.

Em outra conjuntura, ela passa a não ser mais sustentável, pois é uma ilusão construída por um modelo de mídia, que em outro mais aberto não tem o mesmo efeito.

E é por causa disso que as grandes mudanças da civilização ocorrem por causa de revoluções cognitivas, quando um veículo de transmissão de ideias se populariza e baixa o custo da circulação de ideias, sem a possibilidade de um controle de curto e médio prazo de quem detém o poder.

Há uma mudança na maneira de pensar a sociedade, uma turbulência de percepções, um descontrole do poder sobre a construção dessa ilusão, que abre espaço para uma outra em outro modelo.

E aí vem a criatividade humana para resolver problemas que antes não eram possíveis com a ilusão que reinava por causa da mídia controlada.

Seria esse um resumo do que ocorreu de 1450 até agora, com a chegada da prensa que viabilizou a passagem do feudalismo/monarquia para um novo mundo completamente distinto do capitalismo/república, que moldou nossa sociedade, com uma tentativa do comunismo no meio.

Assim, com um ambiente informacional como estamos entrando agora, abre-se a possibilidade da reconstrução de uma nova “ilusão social”, pois os canais não mais fechados como eram viabilizam o surgimento de  novos projetos, ideias, conceitos e entramos em um espaço de mais transparente e arejado.

Vide Wikileaks, por exemplo.

Assim, determinadas regalias que eram sustentáveis no feudalismo/monarquia se mostraram inviáveis no capitalismo/república, porém não sem antes passar por um período fortemente turbulento de mudanças e revoluções.

Vivemos hoje o início de algo similar.

Estamos em uma janela entre dois mundos, duas civilizações, que se abre para a reconstrução e macro-ajustes em conceitos construídos e fortemente arraigados em todos nós oriundos de um capitalismo analógico.

Por isso, que temos tido tanta dificuldade de compreender a Internet. É o início de um movimento macro-histórico que desfaz um conjunto de ilusões fortemente interessadas e consolidadas nas nossas mentes!

O que ocorre quando se quebra uma ilusão dessa forma, todos ao mesmo tempo, em vários lugares, como é a marca de uma revolução cognitiva?

As pessoas repensam seus problemas, sofrimentos e procuram repensar estas latências e torná-las verdades no mundo.

Há uma reconceituação geral, uma desilusão, uma frustração que agora tem um canal para torná-la ação!

Exemplos simples:

  • Por que pagar por um CD inteiro se quero apenas uma música?
  • É certo falar em colaboração sem dividir os lucros das empresas?
  • Quem afinal tem razão é o acionista ou o consumidor?

Procura-se, assim,  fazer ajustes com o passado, tendo como locomotiva desse processo uma nova burguesia, digital,  uma burguesia 2.0, que procura imprimir outra maneira de se fazer a gestão da sociedade e das corporações.

E essa ideologia digital em rede, por tendência, tende a migrar como modelo de gestão de toda a sociedade, em direção a uma nova ilusão, porém, mais ajustada a alguns fatores, principalmente o populacional.

Minha tese é que a ilusão do capitalismo analógico teve um grande problema estrutural: o crescimento da população, que tem nos trazido crises sociais, políticas e econômicas, pois o sofrimento humano e da natureza tem crescido e a maneira de tentarmos resolver estes problemas, com nossa ilusão atual, tem se mostrado incapaz, pois existem problemas estruturais na maneira de pensar da nossa ilusão atual, que impedem determinadas soluções necessárias.

Defendo a tese de que o crescimento da população de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos trouxe um problema complexo para a sociedade.

E é este, a meu ver,  o principal que está corroendo o capitalismo analógico, que começa a sua fase final com a chegada de um canal de expressão que permite a quebra da ilusão vigente de forma coletiva, veloz e global.

E é o principal fator de desequilíbrio do atual capitalismo analógico, pois não é mais capaz de resolver a crise que essa nova demanda nos coloca.

Isso vem sendo maquiado, minimizado ou empurrado para debaixo do tapete, em algumas regiões, através da força (mundo árabe)  e na outra com o controle da mídia e, muitas vezes, com o estímulo radical ao entretenimento (países centrais).

Pão chicote e circo, algo que vem desde Roma.

A nova classe empresarial digital hoje tem outra proposta, por tendência ela tem como bandeira:

1) mais ecológica;

2) não tem o lucro tóxico (a qualquer preço) como meta;

3) defende a abertura de canais de diálogo e de produção coletiva com o consumidor;

4) e traz o colaborador interno para sócio da organização, derrubando muros hoje intransponíveis e inviáveis com a ilusão e tecnologia passadas.

Ou seja, vem criar uma alternativa aos  limites da capacidade de iludir do capitalismo analógico.

Esta é  a macro-tendência para onde vão as organizações, que querem ser manter competitivas.

(Obviamente, que não será um processo fácil, sem idas e vindas, sem disputa.)

Se notarmos bem, esse movimento já tem ocorrido de certa forma, como discurso, mas nem sempre como prática efetiva.

Muita fumaça para pouco fogo.

O capitalismo digital, entretanto,  irá radicalizar cada vez mais essas tendências, por alguns fatores:

a) o consumidor/cidadão terá cada vez mais poder de voz, articulação, comunicação e construção coletiva de projetos, o que força as organizações (público ou privadas) a serem menos hipócritas entre o que diz que vai fazer e do que faz de fato;

b) a concorrência migrará para onde se gera valor social, tendendo a aderir à estas novas bandeiras, principalmente a uma nova gestão mais participativa dos lucros, o que cria uma taxa de menor competitividade para quem não aderir;

c) a nova geração de trabalhadores tende a não vai mais aceitar trabalhar em empresas que não estejam afinadas com essa ideologia de espaço arejado e lucro compartilhado, além de uma empresas comprometida com as causas sociais mais prementes, o que gera um problema sério de retenção de mão de obra. Isso já vem ocorrendo.

O capitalismo digital, assim, aparece como uma alternativa para se resolver a crise produtiva de um mundo hiper-povoado e que precisa de uma nova gestão das organizações públicas e privadas.

Uma nova ilusão social, de fato, mas mais eficiente do que atual.

Quando me perguntam se esse futuro será  melhor?

O que dizer?

Se considerarmos que a passagem do feudalismo/monarquia para o capitalismo/república, diante do aumento da população daquela época não foi pior nem melhor, mas necessário.

Diria que é inevitável.

Qual é a variante que temos no processo?

  • Pelo que mostra a história, depende em muito da capacidade dos novos líderes/seguidores em defender esse projeto;
  • As resistências da atual classe dirigente analógica;
  • A capacidade do cidadão interferir no processo;
  • O espaço para discursos mais espirituais (não religiosos) conseguirem ter mais espaço, reduzindo o ter para o estar e ser, fundamental como uma visão mais global nesse novo mundo (tivemos algo similar na renascença).

Porém, independente das utopias, precisamos de algo que consiga se ajustar melhor os humanos aos 7 bilhões de habitantes.

Porém, se essa análise da história apresentada aqui estiver com relativa eficácia, com certeza, podemos dizer que rumamos para outro sistema político/econômico.

Algo que podemos hoje denominar capitalismo digital necessário pela demanda de 7 bilhões e viabilizado por uma nova tecnologia cognitiva desintermediadora.

Que dizes?

 

 

 

 

 Quanto menos tiver influência e pressão social sobre dada organização, mais ela tenderá a se acomodar e passar a pensar mais em seus privilégios e menos nos princípios que a trouxeram ao mundo – Nepô;

Versão 1.2 – 28/10/2011 – ainda em revisão.

Há um certo ciclo que precisamos entender dos seres humanos, para pensar o futuro das organizações com a chegada da rede social digital.

Precisamos, antes, entender o papel das organizações na sociedade e a tensão em cumprir esse papel e, administrar a vida daqueles que dependem dela internamente.

E pensar um pouco como os seres humanos obedecem as regras sociais e tornam-se mais ou menos colaboradores com o coletivo.

  • Basicamente, podemos dizer que todos nós precisamos sobreviver no mundo.
  • Para sobreviver, precisamos de uma renda.
  • E essa renda é obtida, através de algumas horas dedicadas dentro de uma organização.

Temos exceções dos que não trabalham, mas todos dependemos de alguma forma de que uma dada organização sobreviva.

Ou seja, do faxineiro ao presidente todos dependem daquela organização para ter um final de mês menos tristes, o que faz com que todos procurem preservar e conservar aquele espaço.

Assim, por tendência e com o tempo passando, os membros da organização vão tendo atitude preservacionistas do local que lhe dá sustento.

Essa tendência é um fator que tem resultados, pois as pessoas acabam por se dedicar para manter, mas, dependendo da taxa de conservadorismo, isso pode começar a deixar de ser uma qualidade para ser um defeito.

 

Digamos, que há uma tensão constante no ar, entre o mundo lá fora que quer ser bem atendido, na melhor qualidade possível e o de dentro que pode, por comodismo, não ter o mesmo ímpeto.

Diria que isso não é algo resolvível, mas uma taxa de adaptação de uma dada organização ao meio e a sua capacidade de bem atender, superando seu conservadorismo e criando critérios de motivação, estímulo para não deixar que a tendência conservadora se sobreponha ao atendimento.

(Lembro-me do Bradesco, por exemplo, com seu sistema de ouvidoria, que é bem eficiente em cobrar de seus funcionários qualquer problema.)

Há, assim, uma tensão interessante.

Toda instituição, pública ou privada, por tendência luta para não mudar, pois o corpo que ali está quer continuar sobrevivendo com o menor esforço possível e o mundo do lado de fora exigindo que eles façam o que prometem.

É o setor produtivo, que acaba se apoderando do poder para continuar produzindo, tende a gerar uma sociedade mais conservadora que seja espelho de seu projeto político-produtivo, que podemos dizer que é o interesse daqueles que detém o poder.

Isso não é do agora, mas, a meu ver, o de sempre.

As organizações, portanto, são, antes de tudo, um espaço para o qual aqueles que dela vivem, passam a ser seus protetores e aqueles que precisam dela passam a ser seus cobradores.

  • Uns, de dentro, teoricamente, lutam para não mudar;
  • E os de fora querem que ela gere valor para resolver da melhor forma possível os problemas para os quais foram criadas.

Nota-se, por exemplo, que  isso ocorre tanto em instituições públicas como privadas.

E o que vai determinar a capacidade de continuar atendendo bem são fatores de gestão, que permitam que a cobrança de fora para dentro seja feita, de forma dinâmica e que esse fator conservador, não possa ser dominante.

Fatores que reduzem essa cobrança, por proteções de mercado (cartéis) ou por estabilidade (estatais) tendem a precisar de mais ação interna para que esse relaxamento não ocorra.

E cabe a sociedade como um todo, ao diagnosticar o problema, colocar estas organizações mais passíveis de fiscalização externa.

Esse seria um mal estar da civilização, com taxas variantes, conforme a conjuntura.

Ou seja:

Quanto menos tiver influência e pressão social sobre esse corpo, mais ele tenderá a se acomodar e passar a pensar mais em privilégios e menos em princípios.

Por tendência, cria-se um processo de decadência, com a valorização de questões menores, brigas internas vazias pelo poder, decisões tomadas sem nenhum critério, redução da meritocracia, criatividade, inovação. Tudo que conspirar para manter do jeito que está tende a ser hegemônico.

Tal situação é potencialmente geradora de crises, pois a organização tem um papel social, que cada vez passa a atender menos ao coletivo. Mudanças de conjuntura política (principalmente no caso da pública) e novos concorrentes (nas privadas) são fatores em que a decadência apresenta a conta, nem sempre barata.

Os exemplos são variados.

Veja que a Microsoft que se burocratizou, cresceu muito e perdeu o ritmo de inovação dos concorrentes.   Suas ações estão congelada há mais de uma década em 25 dólares. Ao passo que a Apple saltou de 17 dólares, a partir de setembro de 2004 para 320 dólares. E o Google de 105 dólares para 486 no mesmo período (Dados da Info – 305, nas bancas).

A defesa interna pela não mudança gera gradativa perda de musculatura para mudar, uma constante não adaptação às mudanças externas e, na continuidade, uma decadência, marcada, claramente, por uma perda contínua de valor social, pois cada vez menos, ao longo do tempo, menos atende aos interesses para os quais foi criada.

Lembro que:

Toda empresa é a solução criativa para uma angústia gerada por um problema – Duailibi & Simonsen;

Um político, por exemplo, que usa uma instituição pública para seu benefício é o exemplo típico das forças de dentro se afastando de seu objetivo principal, bem como governantes que sucateiam instituições públicas, retirando meritocracia e verbas, bem como, empregados que lutam por salário, mas não por melhor qualidade de atendimento na sua prática cotidiana.

As empresas privadas se caracterizam, na maior parte atualmente,  por uma procura do lucro a qualquer custo (que vou chamar de lucro tóxico), a despeito do respeito pelos clientes e colaboradores. Práticas não aceitas pela sociedade que vão criando uma desconfiança social ao longo do tempo e optando por concorrentes mais coerentes com seus desejos, possibilidades e necessidades.

Ou seja, a organização de solucionadora de  problema passa a ser criadora do  mesmo.

Tais situações são administradas, através de uma taxa de mutação para a qualidade de atendimento mais alta ou mais baixa dependendo da conjuntura e de quem a lidera.

Isso é algo, assim, a ser administrado e gerenciado para se chegar a um equilíbrio.

Não há jeito, saída, momento em que isso se resolve.

É uma taxa para cima e para baixo.

É, diria, o conflito entre gestão  saudável versus a gestão tóxica.

Da inovação pelo modismo vazio versus a inovação pela necessidade da sociedade.

Isso tudo sofre um impacto radical quando o consumidor/cidadão recebe de mão beijada uma revolução da informação no colo, pois a balança da não mudança, do não atendimento, que estava parado, em um patamar,  se desequilibra radicalmente.

E passamos todos a operar em outro tipo de tensão entre as partes, pois quem estava do lado de fora ganhou – e muito – em poder.

A regra do jogo dependia fortemente de quem estava apitando.

Se muda o regulador, que é a mídia, muda-se todo o cenário.

É mais do que um novo jogo, mas outro campeonato, em alguns casos, outro tipo de esporte!

As forças conservadoras das corporações  perdem força e passam a estar diante da necessidade imperiosa da mudança, já que o ambiente está mudando, os concorrentes, idem.

(Se isso não é totalmente visível em todos os setores, é por que tudo caminha como uma onda, começaram os setores de tecnologia, de mídia e se espalhando por todos os outros da sociedade é esperar para alguém bater na porta.)

Por quê?

Está caindo a ficha para cada vez mais gente que grande parte da manutenção tradicionalista das organizações se dava e ainda se dá (cada vez menos)  em torno do controle da comunicação, da informação e da relação entre os consumidores.

Que aceitam uma empresa com pouco valor por falta de opção dos concorrentes, por falta de informação, por falta de articulação entre os pares para reclamar e mudar o quadro e por falta de comunicação para poder dizer o que realmente pensa e sente.

O cliente sempre teve razão, desde que fosse a mesma do acionista, certo?

Tudo que mantinha a balança da não mudança para as forças tradicionalistas, começa a ter que mudar.

E é esse o dilema da atual sociedade.

As organizações atuais mais tradicionalistas (principalmente as decadentes),  perderam a sua arma principal: a fumaça ideológica de dominação sobre a sociedade.

É mais radical agora a necessidade de ter que romper com esse conservadorismo, via mídia vertical com o controle quase absoluto das fontes relevantes e do controle das ideias na sociedade.

Hoje, está mais fácil e barato ter e divulgar ideias distintas, se articular, denunciar e criar projetos inovadores indevidual e coletivamente.

E isso mexe com o equilíbrio conservador instalado.

E é nessa roda da mudança que as organizações precisam entrar, pois surgem concorrentes mais rápidos, mais ágeis, com um corpo menos tradicionalista e vão ampliando o fosso entre a inovação e a conservação.

São empresas que se aliam mais aos interesses dos clientes, conseguindo administrar a tensão de dentro e fora de forma mais interessante, via redes sociais produtivas.

 

O que impedia a mudança se rompeu, já que as possibilidades de informação, comunicação, relação e de geração de novos negócios mudou radicalmente de patamar, gerando um novo consumidor.

Faltava-nos clareza de perceber o quanto o nosso mundo era o nosso mundo por causa do controle que se tinha da circulação de ideias, da comunicação e relação entre as pessoas. E o espaço que faltava para novos projetos acontecerem, dentro desse novo ambiente.

É isso que se coloca como um grande cenário irreversível que empurrará as organizações para o futuro digital em rede, muito mais mutante dos que estamos acostumados.

(Por mais que todo o corpo interno das organizações  não queira e resista.)

É, sem dúvida, a maior mudança organizacional, desde que o capitalismo foi fundado há quase 500 anos.

É a chegada de um capitalismo digital, que combaterá, como princípio,  o lucro tóxico do capitalismo analógico, hoje completamente decadente, procurando criar outro forma de equilíbrio mais dinâmica entre a tensão do mal estar das organizações.

Que dizes?

 

  “Onde quer que haja dominação, haverá resistência” – Castells;

O que Castells, Augusto de Franco e Clay Shirky têm em comum?

Todos os três e mais alguns outros, nos quais me incluo, têm uma visão clara de que a chegada da Internet é claramente uma mudança na estrutura de poder da sociedade.

E isso é um pouco diferente que o discurso de mercado hoje.

  • Estes autores-compositores falam em ruptura e descontinuidade em uma nova sociedade, no qual alguns paradigmas que estamos acostumados tendem a mudar de forma radical;
  • Os outros falam em continuidade em prosseguimento em fazer pequenos ajustes de forma isolada.

Esta, a meu ver, é a bifurcação teórica/prática operacional/estratégica  sobre esse nosso mundo pós-revolução digital.

  • Quem analisa o mundo como continuidade aposta no mesmo governo, empresa, escola sociedade com pitadas sociais, mas no mesmo paradigma, quer receitas de bolos, determina que um dado setor tome conta das mudanças, não problematiza a questão no planejamento estratégico;
  • Quem analisa o mundo como descontinuidade aposta em outro modelo de governo, democracia, escola, sociedade com outro paradigma quer trabalhar em cima de uma lógica futura, problematiza a questão no planejamento estratégico e envolve toda a organização no processo de mudança;

De formas distintas, os três chegam à essa conclusão, que posso sintetizar da seguinte maneira, mixando a meu critério, o novo e-book de A.Franco, o novo livro de C.Shirky (para o qual estou preparando um curso online) e o discurso fundamental de Castells na Espanha:

  • O poder é fundamental, sem ele não sobrevivemos (Castells);
  • Para manter o poder se controla a mídia  (Castells);
  • Poder cria uma noção embutida e falsa da realidade  (Castells);
  • Nos cria a fantasia de um mundo único (Augusto de Franco);
  • Quando há o descontrole da mídia, as pessoas passam a conversar e querer mudar, pois sempre haverá gente insatisfeita em uma sociedade (Castells);
  • O crescimento das cidades nos jogou para um mundo mais opressivo e a televisão foi uma espécie de droga (Shirky);
  • As pessoas quando passam a poder conversar e se articular podem mudar o mundo (Castells);
  • Ficamos hipnotizados pela televisão perdendo um tempo de troca que agora passamos a ter na Internet, gerando um excedente cognitivo  (Shirky).

Quando temos excedente cognitivos, descentralização da mídia, troca entre as pessoas, criamos um ambiente de mudança coletivo.

Só que, diferente, de uma revolução social, na qual há uma intenção de determinado grupo e é um movimento localizado.

Numa revolução da mídia, cognitiva,  saltamos para um movimento de desintermediação coletivo, global, que atinge, principalmente, as principais economias, locomotivas, gostando-se, ou não, da história.

Consolida-se a visão de autores que considero importantes, pois no mundo de hoje devemos escolher bem quem e o que devemos ler, de que rumamos para algo bem diferente.

Diria eu para uma nova civilização, abrindo um novo cenário político, conforme determina  Castells:

E quando os poderes se derem conta de que as praças falam sério – pois ainda não se dão conta disso – reagirão, provavelmente de forma violenta. 

Será que será algo radical, assim, ou haverá etapas?

Que dizes?

 

 

 Resumo feito, a partir do texto do Nós da Comunicação.


Coloquei as 10 que mais me chamaram a atenção na frente:

 

1. O poder  está fundamentalmente em nossas mentes: não fora, mas dentro de nós; .   

 

2.    A dominação das mentes é muito mais eficaz que a tortura;

 

3.    Onde quer que haja poder, haverá resistência a ele;


4.     Quando os poderes se derem conta de que as praças falam sério – pois ainda não se dão conta disso – reagirão;

 

5.     A única forma de superar o medo é sair da solidão;

 

6.    Medrosos do mundo inteiro, uni-vos pela rede!

 

7.     O medo é a emoção primordial do ser humano;   

 

8.    O mais importante não é o que se propõe, mas como se propõe;

        9.     Estudos mostram que 75% das pessoas votam contra alguma coisa, e não a favor;

     10. O mais importante da política mediática não é tanto o que dizem os meios, mas o que eles ocultam: a ausência de mensagens, opiniões e alternativas;

Seguem as outras:

     11.  As relações de poder são essenciais em todas as sociedades e através da História;

 

12.  Quem tem poder constrói as instituições em função de seus interesses e valores; 

      13.  A única forma de superar o medo é juntar-se com os demais;

      14.  Em todo o mundo, estamos vivendo uma crise muito séria e profunda da democracia;

      15.  Um poder que se apóia apenas na violência é sempre débil;

 

16.  O direito à estupidez é um direito humano fundamental, e deve ser respeitado;

 

17.  Toda a sociedade está baseada na capacidade de instigar o medo nas pessoas, e na capacidade das pessoas em superar esse medo;

 

18.  A superação só pode ser feita em grupos, nunca individualmente;

 

19.  A  batalha do poder está em nossas mentes, na forma que pensamos; 

 

20.  Quando as pessoas já não estão sozinhas, quando sabem que estão juntas, produz-se a mudança mais importante nas mentes.

 

21.  Todos somos descendentes de covardes, pois se os valentes não corressem o suficiente, eram pegos pelas feras;

 

22.  A superação, através da reunião de indivíduos em grupos não pode deixar que as pessoas percam a sua individualidade;

 

23.  Precisamos substituir a democracia dos partidos para a democracia das pessoas;

 

24.  Quando não estão sozinhas, as pessoas são mais fortes.

 

25.  A nova democracia sairá de práticas coletivas, que vão experimentando novos mecanismos de deliberação, representação e decisão;

 

26.  O conjunto do sistema passivo de comunicação e de democracia consiste em isolar essas pessoas e agregá-las em função dos que controlam os sistemas de poder nas instituições;

 

27.  O sistema passivo de comunicação e democracia consiste em isolar as pessoas e agregá-las em função dos que controlam o poder

 

28.  A interação entre o espaço urbano e o da rede virtual organiza, mobiliza, modifica as relações de poder e influencia as mentalidades das pessoas;

 

29.  Com a Internet, ampliou-se extraordinariamente o espaço para a comunicação conflitiva e o espaço de auto-representação das pessoas na sociedade;

 

30.  Pode-se organizar redes horizontais de comunicação interativa não representados pelos sistemas corporativos de poder;

 

31.  As instituições que vivemos são, cada vez mais, simples expressões destas relações de poder;

 

32.  Os governos deve ter transparência informativa absoluta pela internet em sistema dinâmico, usando técnicas como as da publicidade;

 

33.  Vivemos a passagem de sistema dominado pela comunicação de massas para um de auto-comunicação de massas, através da internet.

 

34.  Quando mudam os processos de comunicação, como consequência mudam-se as relações de poder;

 

35.  O que não existe nos meios, não chega aos cidadãos – e, portanto, não existe;

 

36.  O controle da informação e da comunicação foi sempre a forma fundamental de exercício do poder;

 

37.  A política transformou-se em algo midiático;

 

38.  Quem contesta o poder e apresenta ideias novas, se tem poder suficiente, vai mudando estas instituições;

 

39.  O que aparece como ‘normal’, ‘natural’, ‘estabelecido’, ‘acordado’ são resultados de negociação que se dão entre distintos interesses e valores na sociedade;

 

40.  Onde quer que haja dominação, haverá resistência a ela;

 

41.  Os que podem mudar são justamente aqueles que se beneficiam dele;

 

42.  As pessoas precisam poder acessar à Internet quando necessitarem;

 

43.  A comunicação é fundamental, pois é a base da relação entre poder e contra poder;

 

44.  É necessário que a ideia de uma reconstrução da democracia esteja nas ruas, aqui e no mundo;

 

45.  A mudança social inicia com as mentes; mudar a forma de pensar de si mesmas e das demais, ensar diferente e pensar juntos;

 

46.  Esse desencontro entre o que as pessoas pensam e seus representantes significa que uns caminham para um lado, enquanto representados pra outro;

 

47.  Há sempre, nas sociedades, não apenas poder, mas, também, contra-poder;

 

48.  Dois terços dos cidadãos do mundo acreditam que não são governados democraticamente;

 

49.  A democracia representativa é reduzida, a distância em relação aos cidadãos aumenta;

      50.  A classe política organiza-se como classe própria, como trabalho profissional.

 

 

 

 

 

“Imagine tratar o tempo livro dos cidadãos escolarizados do mundo como um coletivo, uma espécie de excedente cognitivo”Clay Shirky;

Veja detalhamento em vídeo:

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 (Compre aqui o livro na Estante Virtual)

Folder em PDF do curso.

Objetivo: realizar debate coletivo, a partir de um dos principais livros sobre cultura digital de 2011, lançando este ano no Brasil, finalmente Shirky, em português;

Período: Setembro – 23/08-29/09

(23 a 30 de agosto semana de ambientação)

Didática: 

  • Levantamento das principais questões sobre o livro dos participantes, através de formulários do Google Docs;
  •  Ordenamento dos debates, a partir das questões, através de PDFs organizativos feitos pelo provocador dos debates;
  • Produção de vídeos pelo coordenador personalizados, postados no Grupo Exclusivo da turma no Facebook, a partir das questões mais relevantes;
  •  Troca de e-mail, via Google Groups para grupo fechado.

Para se increver aponte “”Eu vou”  no Facebook no link do seguinte evento;

 Ambientes:

  •  Facebook – grupo exclusivo para assistir os vídeos, avisos, apontar que tomaram conhecimento, através do “curtir”;
  • Google Groups – troca de e-mails;

Pré-requisitos:

  •  Leitura do livro (que não leu, pode ler em agosto);
  • Conta no Facebook com respectivos plug-ins para acesso a vídeos;
  • Experiência prática profissional sobre redes sociais e/ou pós-graduação e/ou mestrado/doutorado em área afim.

 Investimento:

  • R$ 220,00;

(transferência para conta do coordenador)

 Carlos Eduardo Nepomuceno da Silva
Bradesco
Ag 3228-0 – Ipanema
71402-0
CPF – 594371207-06

Certificado (PDF emitido por e-mail):

 (Para os que participarem das atividades previstas)

 Currículo do provocador dos debates:

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense. Jornalista e consultor especializado em Redes Humanas, com especialização no mundo Web, desde 1995.  É pesquisador dos efeitos da Ruptura 2.0 e procura ajudar a sociedade a lidar melhor com essa passagem.

Professor nas seguintes instituições MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE/Coppe/UFRJ,  Gestão Estratégica de Marketing Digital e/ou Mídias Digitais nos cursos de Pós-graduação da Faculdade Hélio Alonso (IGEC), no Senac/RJ,  na Fundação Getúlio Vargas e Escola Superior de Propaganda em Marketing – ESPM/RJ.

É ainda palestrante do AgendaPolis (Brasília), para o qual já promoveu oito encontros sobre o tema “Governo 2.0” para diversas organizações dos Governos Federal, Estaduais e Municipais.

Escolhido como um dos 50 Campeões brasileiros de inovação, pela Revista Info, em 2007.  É ainda co-autor do primeiro livro sobre Web 2.0 no Brasil: Conhecimento em Rede, da Editora Campus/Elsevier em co-autoria com Marcos Cavalcanti.

Por fim, Diretor Executivo da Pontonet, primeira empresa de Consultoria da Web Brasileira, fundada em 1995, que reúne na sua carteira mais de 300 projetos de consultoria estratégica em Internet, mais recentemente trabalhado com Vale, BNDES, Petrobras, Dataprev, Prodesp, Embrapa e Natura.

Depoimento de quem já participou de atividades comigo -> ver aqui.

 Para se increver aponte “”Eu vou”  no Facebook no link do seguinte evento;

 

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 “Estamos numa bolha” – Eli Parisier;

Eli Pariser colocou o dedo na ferida.

O vídeo dele no TED circulou e fez sucesso.

Além de uma matéria de 4 páginas na última Info, 305.

O que ele está denunciando, ou inaugurando, é um novo debate político:

Precisamos abrir a discussão democrática dos algoritmos.

Antes da Internet, os jornais tinha um código de ética, ou tentavam ter.

Filtravam humanamente o mundo para nós.

Um editor decidia o que íamos ler, ver e ouvir no jornal, no rádio e na tevê.

Vivíamos numa bolha da mídia de massa.

E era ele que nos enredava de realidade.

Agora, a Internet veio com uma promessa muito badalada, mas impossível: sermos livres!

Não vai haver essa liberdade ampla, geral e irrestrita, por um motivo simples: precisamos de filtros para nos orientar na vida,  temos limitações enquanto espécie animal social.

Nossa vida – cada vez mais corrida – precisa de alguém (seja gente ou seja máquina) que nos facilite a filtragem da informação.

Ou seja, ser gente é ser filtrado. Ponto final!

O que temos que discutir agora é como será feito isso?

E qual é o grau de interferência que as pessoas terão para controlar esses filtros mecânicos, via algoritmo.

O Facebook, o Google, o Google+ todos estão, de alguma forma, selecionando aquilo que devemos (ou podemos ver).

Acredito que a Web 3.0 será a nossa capacidade de termos um assistente digital, que vai discutir conosco essa personalização, que é feita hoje em massa, dialogar com os algoritmos dos sites que acessamos e nos filtrar de forma mais interativa.

Nós teremos mais opções de escolha.

Vamos definir em que grau queremos mesmice e em que grau queremos novidades.

A preocupação é válida e é em torno dos algoritmos que o debate político se dará no futuro, já que tudo – cada vez mais – será plataforma digital, que regularão nossas vidas.

 

Desfiltrados

Nós não temos um problema de excesso de informação, mas de filtros – Clay Shirkyda coleção;

(Começando a revisar os melhores posts de 2011)

Como lidar com o excesso de informação?

(Detalhei depois sobre isso na discussão sobre fofoca e significado. Post mais de ajuda do que reflexivo.)

Eis a questão que vale um trilhão!

Precisamos de novas metodologias, tecnologias e principalmente cognição. Estamos em fase de reequilíbrio na  maneira que estávamos acostumados a filtrar o mundo.

Vivemos o desequilíbrio da chegada de novos filtros informacionais da sociedade, com o computador, inicialmente, e depois da Internet, com seus desdobramentos participativos e colaborativos.

O mundo é vasto, bilhões de fatos acontecem nesse exato momento.

Quais deles são relevantes para nossa vida na terra, da nossa região, para meu emprego ou para o meu negócio?

O que terá impacto na vida da nossa família e amigos e para nós, em particular?

Como saber que tais fatos aconteceram, seu desdobramento  e que ações terei que tomar para me preparar para eles?

E o que posso fazer para me antecipar e aproveitar as oportunidades?

Essa noção mais consistente de futuro é o que podemos chamar de qualidade de informação, que implica necessariamente, mais adiante, em qualidade de vida, através da geração de valor.

Quem está bem informado, sabe o que vai acontecer, ou as possibilidades, e decide melhor e vice-versa.

Estar bem informado, entretanto, não é saber de tudo, mas apenas do que, de fato, é relevante, entre tudo que temos contato.

Assim, quem, teoricamente,  sabe de tudo, não sabe nada.

Precisamos, assim, entre bilhões de fatos, saber filtrar o que é relevante, do que é apenas interessante.

Filtrar significa: ter acesso, interpretar, comparar com o que se faz e decidir.

É o que CH Marcondes defende como o papel dos filtros, dos profissionais da informação: economizadores de energia para se chegar na informação de qualidade.

Quanto mais receber qualidade com menos esforço, melhor!

Assim, o ser humano precisa saber filtrar a informação interessante da relevante.

A primeira serve para o lazer, mas não é a que faz a diferença.

A indústria de informação (incluindo a de comunicação no meio) tem como papel filtrar o mundo para nós.

Criaram um mito de que são empresas de conteúdo, mas se enganam no seu papel.

(Vejam matéria do Nelson, comigo no Globo, na coluna “Conexão Global”)

O que se quer dos filtradores, entretanto, é que gerem filtros competentes para que possamos tomar sábias decisões.

Acorda, amor!

(Já disse que quem precisa de conteúdo é coxinha de galinha.)

O ser humano precisa é de filtros informacionais relevantes para decidir e viver melhor!

Ponto de exclamação!

O problema é que o mundo está cada vez mais complexo: mais gente, mais aglomeração, mais conexões, mais global, mais rápido….

E a maneira de filtrar anterior, através de intermediários fixos e com um grau de sofisticação incompatível, cria um problema de qualidade informativa.

Jornalistas, médicos, bibliotecário, arquivistas, etc…perderam velocidade e, portanto, qualidade precisam mudar a cabeça, deixar de querer ser o dono da parca informação para gerentes de um mundo abundante em informação sem significado.

Ou entendem isso, ou vão sucumbir.

Um mundo mais complexo exige que usuários e profissionais de informação se sofistiquem!!!

Precisamos a aprender a todos a ajudar a decidir num mundo hiper-informado, por isso que criou-se a colaboração – filtros coletivos!

Não estamos acabando com os intermediários (isso é importante), mas precisamos de outros com outra cabeça!

Desfiltrou-se o que era filtrado e isso de uma vez só para todo mundo.

Abriu-se a porteira e nós continuamos com a cabeça da boiada passada.

Mugindo perdidos.

É preciso, assim, nos prepararmos para lidar com um novo tipo de filtro, no qual vamos ter que ter mais maturidade do que tínhamos antes.

O que vinha de mão beijada e criava um mundo mais infantil, com um poder correspondente, não serve mais.

Vamos ter que amadurecer e – é esse amadurecimento – que fará a mudança para uma sociedade 2.0 mais descentralizada, pois só se consegue democracia, empoderando as pontas.

As pontas terão que ser  capazes de tomar mais decisões sozinhas e, portanto, de filtrar informações de maneira melhor. Bingo!

(Isso dá até outro post. )

É o preço que o mundo 2.0 traz, quando tira os antigos intermediários e coloca novos.

(Ver a discussão sobre quem segue quem no Twitter mais embaixo, já nos comentários.)

Você acessa tudo, mas vai ter que se virar em fazer seus próprios links cognitivos e aí que mora o problema.

Não temos AINDA capacidade de fazer isso.

Para filtrar é preciso:

– ter uma noção clara dos processos fundamentais;

– identificar forças em conflito, que atuam nos processos fundamentais;

– compreender como as pessoas que agem nesses processos, pensam, saber separar escolas de pensamento;

– e passar a acompanhar muito mais macro-tendências, tendências, do que o dia-a-dia dos problemas fundamentais, nos quais os micros transitam.

Quem vais nos ajudar nessa direção é um pensamento mais holístico, menos dogmático, mais abstrato, em suma, mais filosófico, mais global.

Algo que hoje não temos em casa, na escola, na sociedade e, principalmente, na mídia!

Por isso, prevejo que depois da fase tecnológica, que estamos passando, que nos leva à explosão informacional virá outra que é um surto filosófico.

Por outro lado, será preciso superar problemas afetivos-cognitivos que foram criados por um mundo mais infantilizado.

(Isso deu um outro post, que publiquei aqui sobre abuso e outro sobre autoridades.)

Em resumo, precisamos aprender a ver o mundo com nossos próprios novos filtros e, portanto, olhos.

E isso é complicado.

Vamos ter que sair da casa dos nossos pais-filtradores, que era tão quentinha.;)

Que dizes?

Erros 2.0

Antigamente, se organizava para publicar, hoje na rede, se publica para organizar – Clay Shirky;

Não resta dúvida que teremos que ter uma relação diferente com nossos erros, principalmente os de texto.

Nossa cabeça está mais rápida, mais desatenta, estamos mais ligados em questões gerais e menos nos detalhes.

Isso vale para quem lê e quem escreve.

Tudo que se coloca online circula mais rápido.

Aqui no Blog diria que tenho algumas fases de revisão ao longo do dia e até depois disso.

Quando alguém cita o artigo, por exemplo, vejo que ele está circulando de forma mais ampla e tenho curiosidade de dar uma revisada para ver se escapou algo.

Fui me acostumando a achar erros e ir revisando ao longo do processo, inclusive, com ajuda dos leitores.

Se entrar nessa paranóia de que só pode sair sem erro,  não consigo manter o ritmo de publicação que me alivia dos pensamentos de tantas interações que tenho nas turmas, nos textos, livros, etc…

Preciso descarregar e isso se dá escrevendo.

Ter essa meta de zero erro para quem quer estar no ritmo de publicação atual é quase impossível!

Um amigo questiona:

Mas se publicar de dois em dois dias?

Acredito que o problema vai ser o mesmo, não é um problema de quantidade, mas de ritmo.

Pego ao longo do tempo erros de digitação, concordância e até de lógica, de falta de comunicação.

Muitas vezes os próprios leitores  me chamam a atenção.

Muita gente vai atribuir esse problema ao caos que o novo mundo está criando.

Mas desenvolvo a ideia que revisão em blog, em textos centralizados, no qual todos vêm até você para ler, é algo assim:

Escreveu, viu depois o erro, arrumou, mudou, lavou: tá novo!

Ou seja, a diferença não é mais se a pessoa erra mais ou menos, mas qual é a metodologia que adota para corrigir seus erros pelo caminho.

Diria até que isso é a cultura que estamos entrando que é mais propícia à inovação, de ir deixando as coisas meio soltas e ir arrumando sem grandes problemas naquilo que não é fundamental.

Assim caminha a Wikipédia, por exemplo.

Não é à toa que resolvi chamar o blog de rascunhos compartilhados, pois rascunho é o mundo atual sujeito à ajuste o tempo todo.

A ideia de algo pronto e acabado, em um meio digital mutante, me parece passado.

O que deve ser cobrado e perseguido é ir melhorando a metodologia para evitar ao máximo o erro, mas errar faz parte do próprio contexto.

Tudo é meio beta para desespero dos perfeccionistas.

Devemos nos preocupar muito mais do que com os pequenos erros, mas com as ideias que estão no texto contido!

Claro, que revisar, revisar, revisar é preciso, mas mais do que revisar, publicar, compartilhar, receber comentários e mudar é preciso.

Uma coisa puxa a outra.

E vamos descendo a ladeira 2.0 do jeito que se pode.

Que dizes?

 

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