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Tudo é ilusão, menos o sofrimento – Nepôsafra 2011;

Não existe fim do sofrimento humano.

Sofrimento faz parte da existência, pois temos nossas necessidades e problemas dos mais diferentes níveis.

Temos necessidades  inventadas e outras menos inventadas.

E, de uma hora para outra, o que está em equilíbrio se desequilibra e o sofrimento aparece com mais intensidade, fica, vai,  desaparece, aparece.

Existem os crônicos e os passageiros.

Somos reequilíbrios constantes, conforme as conjunturas.

Porém, existe por aí (e bem vendido) o mito do mundo sem sofrimento.

Da felicidade, da busca infantil da felicidade, que seria, na verdade, o fim do sofrimento.

Nossas fantasias passam por:

  • O paraíso na terra;
  • Quando eu chegar em tal lugar;
  • Ou depois da revolução;
  • Ou quando fizermos tal coisa, aí sim vai ter jeito;
  • Ou viveram felizes para sempre.

O mundo vive de taxas, taxas de tudo.

Somos sujeitos às conjunturas das macros às micros e variamos, conforme as circunstâncias.

Podemos dizer, pelo que temos estudado, de uma revolução cognitiva que o mundo hoje vive a radicalização de um modelo organizacional, que reflete o modelo informacional, vertical altamente controlado.

No qual, as ideias eram distribuídas por poucos.

  • Controle significa pouca expressão;
  • Pouca expressão significa mais silêncio.
  • Mais silêncio significa menos compartilhamento.
  • Menos compartilhamento significa mais dores enrustidas e mais sofrimento.

Temos taxas menores de sofrimento quando conversamos, ou falamos.

Foi a sacação de Freud: falar para reduzir as neuroses.

Esta é a base da psicanálise: comunicação.

A conversa é a ferramenta humana mais eficaz para minimizar sofrimentos.

Podemos dizer que os últimos séculos com o aumento da população e o controle da mídia e, por sua vez, organizacional e de toda a sociedade no mesmo modelo, tivemos um largo bolsão de sofrimento, de sentimentos não resolvidos e que esse novo mundo 2.0 vem procurar abrir a agenda de vários nós que estão aí para serem desatados.

A lista é grande!

E procurar soluções de uma nova maneira, através de uma nova gestão na sociedade, a partir de um espaço grande de diálogo possível que se abre.

Projetos 2.0 são basicamente de resgate de comunicação, de reabertura de canais, da volta do diálogo, de desentupimento de canais e, em última instância, de redução da taxa de sofrimento.

De tudo que vejo por aí, a grande crise atual é da falta de comunicação que causa mais sofrimento.

Desaprendemos a conversar.

A televisão, o rádio e  o jornal nos deram informação, mas nos afastaram da comunicação presencial.

A Internet que veio com a promessa de nos reaproximar, não é uma garantia disso.

Tudo está em aberto.

E o espaço do diálogo seria na direção contrária, da abertura de canais de comunicação para gerar uma redução da taxa de sofrimento.

Provavelmente, estaríamos procurando reduzir taxas de sofrimento com os encontros pela/na/por/pela/a partir da rede digital.

Mas isso não está dado, exige esforço e entrega de quem quer implantar.

E isso é o mais difícil, pois ninguém implanta comunicação e diálogo sem se comunicar e dialogar. E ninguém dialoga e se comunica sem se desrobotizar.

Ou seja, implantar projetos 2.0 exige uma mudança pessoal de postura, de nova relação com nosso ego robotizado, uma desrobotização.

E quem vai, de fato, encarar essa?

Mas, como temos visto, o espaço aberto tanto pode servir para o reforço do transe hipnótico dos nossos controles remotos, nossos pilotos automáticos, nossa robotização, como vemos grande parcela reforçando um narcismo em rede descoisificado.

Como procurar canais para a revisão do sofrimento, na procura de reencontro com o eu perdido, contra a mistificação, usando os canais para recriar a vida e não repetir a mesma vida passada em outro espaço de troca digital?

A comunicação, de fato, exige a descoisificação de ambos os lados.

Ninguém conversa com coisas, se está com a taxa de coisificação alta.

A verdadeira comunicação, se é que podemos criar essa expectativa, ou uma maior taxa de comunicação, que seria melhor colocado, vem na direção de um processo de afastamento da coisificação em que nos meteram e aceitamos.

Esse é talvez a discussão de fundo que temos hoje ao falarmos em implantação de projetos 2.0 vazios ou plenos de significado.

Alguns tentam  manter a a taxa de robotização e a coisificação humana que nos guiaram até aqui, que cresceram com o ambiente informacional controlado.  São os projetos 1,5, com cara de novo, mas com toda a geração do nível de taxa de sofrimento passada!

Outros procuram criar elemento transformador nas brechas da mídia nova. (Mas são ainda raros.)

Uma tensão constante ainda pendendo mais para o lado da falta de diálogo.

Estamos no início, bem no início.

Pergunta-se: conseguiremos usar a rede para reduzir a taxa de robotização e ampliar a comunicação?

Como?

Será que precisaremos de um Gandhi 2.0 (ou vários), com um discurso espiritual em rede que nos permita criar um espaço menos materiais e mais espirituais (o resgate dos princípios perdidos na sociedade da mídia de massa)?

Me parece que há um espaço aberto nessa direção.

Espiritualidade 2.0 em rede para redução de taxa de sofrimento?

As cartas estão na mesa.

Ou seriam as pílulas de Matrix?

Que dizes?

 

3 Responses to “Sofrimento 2.0”

  1. Marcelo Reider disse:

    O que eu digo? Fico feliz de poder saborear as suas reflexões! Elas injetam novo ânimo à tentativa de transformar (ou, pelo menos, compreender) o mundo à nossa volta! Tenha a certeza de que as suas idéias são como sementes em mentes férteis! Parabéns!

  2. Lucia disse:

    Um dos seu melhores posts de 2011, colocou na lista? bjs

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