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Com a rede, estamos, cada vez mais, nos abelhando – Nepô da safra 2011;

Imagine que antes de surgir o papel impresso um ser humano para ser considerado um sábio teria que ter lido praticamente todos os livros manuscritos impressos até ali.

Suponhamos que fossem um total de mil (dado aleatório).

Quando surgiu o papel impresso, a partir de 1450, na Alemanha, a produção de novos livros chegou a uma escala muito maior, ao ponto dos sábios afirmarem que não conseguiam mais ler nem as lombadas (li isso fazendo minha tese).

Há, assim, uma certa relação entre:

capacidade de conhecer  X volume de informação.

Ou seja, quanto mais volume de informação tivermos, menos conhecimento individual cada pessoa terá, pois será incapaz de ler e conhecer tudo que existe.

Parece lógico, não?

O conhecimento e seus dois pilares (informação e comunicação) são, em conjunto, a mola mestra da solução dos problemas, pois conhecemos para resolver, basicamente.

O resto é por lazer, prazer e esporte.

Assim, enquanto a população cresce de tamanho, por sua vez aumenta o volume de conhecimento disponível.

Diante desse cenário, algumas  tendências para o futuro me parecem claras na área de conhecimento:

  • – será cada vez mais priorizada as informações que contêm significado, que agrupam, que sintetizam, que permitem no menor tempo possível ter a maior noção possível do todo. Isso vai gerar muito mais valor do que a informação que não nos ampliar os horizontes;
  • – cada indivíduo tende a saber menos sobre o todo e, por isso, terá mais necessidade de trabalhar em grupos que o complemente,  tendo, assim, uma forte tendência de trabalharmos coletivamente,  que já vinha crescendo e tem agora um canal especial para isso: a Internet.

As duas vertentes nos levarão necessariamente a rever os parâmetros de educação/avaliação das pessoas de maneira geral, seja na escola, (preparação), seja no mercado de trabalho, (atuação), que ficarão cada vez com as fronteiras mais próximas e invisíveis.

Será cada vez mais necessário estimular a educação (presencial e a distância), principalmente em projetos coletivos, pois o relevante é a capacidade de apreender algo, ter noção de como esse algo se junta no todo e conseguir estabelecer canais de trocas com as pessoas que o completam para a solução dos problemas.

É essa a demanda da nova escola: ir virando uma grande colmeia em rede, com divisões claras entre as abelhas sem que percam a noção do todo.

Haverá, a meu ver, uma necessidade de hiper-especialização, porém com uma noção muito maior da integração com o todo, pois o isolamento será um pecado mortal em um mundo cada vez mais mutante.

Nada que dificulte a integração com outras abelhas será tolerado.

As novas gerações serão individualmente muito menos capacitadas intelectualmente do que as anteriores em determinadas bases armazenadas na memória – serão menos “decorebativas“, mas, por tendência, mais associativas.

É uma geração que saberá muito mais aonde estão as coisas quando precisarem delas do que lembrar de cabeça fatos, locais, pessoas.

Se o Dr.Google sabe eu saberei eu sei!

Haverá um preço a ser pago nisso tudo, tanto para coisa novas que ganharemos, tal como a necessidade de egos menos atrelados ao conhecimento; mas também uma perda de capacidade cognitiva nos parâmetros atuais, se formos analisar cada indíviduo.

É bom, ruim?

Dentro dessa linha como ficam concursos como o da OAB e do Enem?

A OAB exige que advogados sejam generalistas e passem em uma prova do sabe tudo, quando, na verdade, o que ser quer é saber da capacidade de ser bem especializado e como conecta esta com o todo.

Na última, só passaram 6%!!!

É uma contra-mão.

Ou termina o exame ou faz revisão completa!

O ENEM, idem.

Perde o sentido, a meu ver, provas que meçam visões generalistas, pois a tendência, desde cedo é a especialização, pois todos vão trabalhar em grupos e não sozinhos.

Complicado?

Como aferir tal situação?

E como aferir capacidade de trabalho em grupo em grandes massas de pessoas?

Provas coletivas?

Desafios do novo século, meu!

É a adaptação que teremos que fazer em um mundo com 7 bilhões de habitantes e toda a informação que essa massa de gente tende a produzir cada vez mais por todos os teclados do mundo.

Estamos indo para o mundo das abelhas especializadas e, ao mesmo tempo, holísticas.

Quem viver, já tá vendo.

Que dizes?

4 Responses to “A geração abelha”

  1. Matheus disse:

    A rede estabelece o novo desafio de saber como e onde buscar a informação. Sabendo isso, o individuo não precisa ser especialista, mas sim multi-disciplinar e sintético. Isso provê a visão macro dos problemas e de como resolve-los.

  2. Paulo Coghi disse:

    Este é o segundo artigo de sua autoria que eu leio, caro Nepô, e gostaria de lhe dar meus sinceros parabéns!

    É desse tipo de artigo que sinto falta. Continue seu excelente trabalho!

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