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“Nós não somos estudantes de uma qualquer matéria, mas estudantes de problemas; e os problemas podem atravessar diretamente as fronteiras de uma qualquer matéria ou disciplina.” – Karl Popper – da coleção;

Estava lendo a matéria sobre Design Thinking, da HSM, 88, setembro/outubro de 2011.

Design Thinking, segundo o entrevistado, é promover nas organizações a empatia, colaboração e experimentação.

Se analisarmos o discurso de algumas pessoas de inovação aberta, ou da área de gestão de conhecimento ou de implantação de empresas 2.0 vamos lá ver o mesmo discurso que esperam ter como resultado: empatia, colaboração e experimentação.

Ou seja, daqui a um tempo, se pegar e virar moda, as empresas não precisam de empatia, de colaboração e experimentação, mas de Design Thinking.

Pois se esforçará para se vender o nome, o serviço para gerar demanda e as pessoas, então, vão entrar na briga por vender Design Thinking, como o pessoal está aí vendendo projetos de Gestão de Conhecimento ou de Empresas 2.0 e não muitas vezes mais: empatia, colaboração e experimentação.

O problema das especializações é que elas criam um corpo e acabam, para vender serviços, cristalizando a necessidade de se comprar projetos de especialização e não a partir de um diagnóstico da necessidade de empatia, colaboração e experimentação.

Fazem seminário, congressos, criam associações e tudo para vender uma marca que é  uma dada especialização, que começam com novas abordagens, diferentes visões e o diagnóstico o problema vai sendo deixado de lado, pois se quer projetos de Design Thinking.

Vende-se o nome talvez para facilitar, mas a solução para um problema vai se perdendo, pois os especialistas de Design Thinking não vão mais vender um serviço, em função de um diagnóstico, mas Design Thinking pelo Design Thinking.

(Anotem: não tenho nada contra nenhum destas especializações, mas os desvios que acabam quando as pessoas viram especialistas das ferramentas e metodologias e não especialistas em soluções dos problemas.)

Vejo isso na área de Gestão de Conhecimento, não é um problema de área, mas de quem vende e quem compra em ambos os casos as pessoas se acomodam, pois, no fundo, as empresas compram modismo para fingir que estão mudando, muito mais para mostrar para os outros que está por dentro do que de fato, a partir de um diagnóstico bem feito.

As pessoas vivem hoje crise de inovação e precisam resolvê-la, através de uma melhor empatia com toda a cadeia de stake holders, gerando mais empatia e, portanto, mais valor.

Mas tudo isso pode ser empacotado em um projeto de Design Thinking, de Gestão de Conhecimento, implantador de empresas 2.0.

São vários especialistas vendendo suas especializações para problemas que acabam se perdendo na poeira, pois o projeto que era para resolver problemas reais, passa a ser vendido como resultado nele mesmo.

É o problema que acaba acontecendo na maior parte das especializações que se perpetuam.

O rabo fica maior do que o cachorro.

O problema disso é que com o tempo o problema que as empresas vivem e que deveria REALMENTE atacar: falta de empatia com o cliente/fornecedor/consumidor/colaborador, falta de colaboração com os mesmos players e pouco apetite para a inovação, que, de fato,  se resolve com mais empatia, colaboração e inovação acabam virando projetos de Design Thinking.

E começam a sair no mercado pessoas que vendem o nome design thinking e não mais empatia, colaboração e inovação.

Estão promovendo cursos e workshops sobre o tema, pois quer passar o conceito corretamente para os alunos. Ele agora, sua empresa e uma nova leva de formandos serão os especialistas do Design Thinking e as empresas que vão ler a revista HSM vão começar a demandar projetos de Design Thinking e não mais atacar os problemas que têm para resolver, pois falta um diagnóstico global e um planejamento estratégico adequado para entender por que hoje uma organização precisa para gerar valor de mais inovação, empatia e colaboração.

Estranho, não?

Podemos dizer que o mercado vive de modismos, de nomes, de especialistas e, como diz um amigo meu, o mercado é comprador de algo e você tem que acabar vendendo para sobreviver.

Cabe a pergunta:

Antes de vir com seu martelo e prego, não seria interessante saber qual é o problema da parede?

De tudo isso, acho que precisamos urgentemente, antes de receitas, de bons diagnósticos.

Aliás:

Hoje, vivemos a escassez de diagnósticos e o excesso das receitas;

Para não parecer tão radical, podemos dizer que há implementações incrementais necessárias, que existem gerentes mais antenados que percebem necessidades de mudanças e vão tateando soluções, através de especialistas em determinados pregos e vêem nestes projetos oportunidades para avançar metendo o martelo.

Todo mundo feliz, todo mundo sobrevivendo.

Projetos de guerrilhas numa guerra muito maior, mas sem muitas vezes a visão global do campo de batalha!

O problema é que o modismo é resultado da política do curto prazo e do vamos fazendo e depois vamos vendo no que deu que caracteriza uma visão de continuidade nas organizações, que, infelizmente, hoje não é mais possível numa época de ruptura

São projetos, em geral, que atendem a um determinado setor da empresa, muitas vezes sem alinhamento com o planejamento estratégico.

Ou melhor, muitas vezes estes modismos até se alinham ao planejamento estratégico, mas é o planejamento estratégico (muitas vezes feito pensando na semana seguinte) que  não se alinha com o que está acontecendo na sociedade, ou seja,  para onde o consumidor e os concorrentes novos e velhos estão indo.

Não ainda não entramos no epicentro da crise da desintermediação digital em rede e ainda dá para ficar brincando de guerrilha e de projetos da moda.

Isso além de cansar, não gera valor para ninguém!

Que dizes?

 

2 Responses to “O corporativismo das especializações”

  1. Lucia disse:

    Você tem toda razão, as soluções não solucionam, só mudam o nome e algum detalhe e os problemas continuam aí… Mas se você não acompanhar, é chamado de ultrapassado. Fazer MBA abre portas apenas pelo título, as empresas compram o novo, ou o que acham que é novo, sem nem saber o que estão comprando. Me lembrou aquele anúncio: Eu sou um carro velho, eu sou um carro velho, muda uma bobagem, eu sou um carro novo, eu sou um carro novo.

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