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O melhor antídoto para se manter relevante é a inovação – Narayana Murthy;

(Texto que faz parte do E-book free – em elaboração –> Como fazer o alinhamento estratégico das redes sociais ao negócio? Texto completo –>  Quem comentar aqui, ajudar a revisar será citado na publicação, desde já agradeço –> Clique aqui. O texto atual já sofreu modificações não copie ou revise daqui só do e-book que é mais atual)

Bom, se formos analisar a Revolução Cognitiva do papel impresso, conforme vimos necessário nos capítulos anteriores, ela se deu, evoluiu e influenciou a sociedade podemos ter um cenário mais claro do que estamos vivendo e qual é a previsão que teremos.

O surgimento do papel impresso, em 1450, na Europa,  teve como grande característica a circulação mais desintermediada das  ideias na sociedade. Nas análise que fiz, ainda de forma muito embrionária, carente de mais discussão, estudo, etc…podemos dizer que tivemos quatro momentos na evolução dessa Revolução Cognitiva:

  • O surto tecnológico – momento de expansão das editoras, pequenas gráficas,  por toda Europa, multiplicação de panfletos, jornais, livros, neste momento se caracteriza pela difusão dos livros, panfletos, jornais e a criação de uma nova indústria dos editores, interessada em inovar, vender cada vez mais barato e por mais gente, o que impulsiona fortemente a Revolução Cognitiva, podemos ver a mesma característica na Indústria Web, dos provedores de acesso e a indústria de hardware e software que a cerca;
  • O  surto filosófico – momento do renascimento em que pensadores começam a refletir, a partir do contato com novos pensadores, novas interações despertam novas ideias,  e começam a repensar os valores e conceitos vigentes, através do questionamento do senso comum, como o conceito de que a melhor forma de ser governado é por um rei, de sangue azul, escolhido por Deus. A superação destes valores vai permitir o surto das mudanças sociais que veio logo a seguir;
  • O surto das revoluções  sociais – momento em que novos conceitos são espalhados na sociedade e o modelo vigente  começa a ser alterado, depois de longo período de questionamento, a partir de revoluções sociais, tal como a Francesa e a Americana, que estabelecem um novo modo de gerir a sociedade, bem como o surgimento de um outro sistema econômico tal como o capitalismo;
  • A consolidação do modelo  – momento em que os conceitos se assentam, há um controle das tecnológicas cognitivas por um determinado setor da sociedade e, por sua vez,  uma consolidação de uma ideologia dominante da maneira de pensar da sociedade, que passa a ficar latente de uma nova Revolução Cognitiva, pois um conjunto de latências passa a não mais ser atendida.

Estaríamos concluindo essa etapa agora.

Obviamente, que essa é uma macro-visão histórica, uma releitura muito geral sobre o que se passou na sociedade, a partir da chegada do papel impresso, com milhares de idas e vindas, tais como a chegada do comunismo, as guerras, a tentativa da Alemanha em impor uma ditadura global.

Quando estamos trabalhando com a macro-história cognitiva esse tipo de análise permite ver macro-tendências e não explicar o que acontece a nível micro, aonde entram todas as forças somadas para justificar por que uma revolução acontece aqui e não lá.

Ou por que tivemos tal crise.

(A visão cognitiva da história nos permite ter outra análise dos fenômenos, mas não é agora o único ponto de referência é mais um com um peso relevante.)

Podemos, assim, supor que viveremos daqui por diante, de forma paralela, a contínua expansão da rede, mais gente tendo acesso e aprendendo a usar, o aparecimento de um conjunto novo de pensadores que vão introduzir na sociedade ideias novas, através de várias frentes e, por fim, as primeiras mudanças nas leis que regem a sociedade, culminando na demanda desse surto filosófico.

Isso nos daria um macro-cenário que poderia a facilitar a encadear movimentos micros que vão acontecer de forma isolada e, aparentemente, sem nexo.

Se pudéssemos analisar o momento atual das Redes Sociais na Internet é possível afirmar que estaríamos em nos primeiros cinco minutos de um jogo de futebol de noventa, vivendo ainda um surto tecnológico e começando a ensaiar os primeiros surtos filosóficos, questionando o modus pensanti e operandi atuais.

O grande fator que aparece em uma Revolução Cognitiva é o da desintermediação.

Todo o fluxo de ideias e as posteriores ações levam à sociedade a desintermediar primeiro a informação, a comunicação, o conhecimento, através de Redes Sociais Informativas.

Depois, passamos a desintermediar os modelos sociais, passando pela política e pela economia, através de Redes Sociais Produtivas.

Foi isso que ocorreu na Revolução Cognitiva do papel impresso.

Por consequência, assistimos hoje de forma ainda tímida o processo de desintermediação na sociedade apenas se iniciando, que pode ser visto do ponto de vista micro com várias iniciativas isoladas, tal como Inovação Aberta, Gestão de Conhecimento, Design Thinking, Implantação de Redes Sociais, mas todos seguem a mesma direção geral: a procura de formas de se informar, comunicar, aprender e, por fim, produzir mais eficazes dos que as atuais, a partir de novas possibilidades das redes cognitivas disponíveis.

Se formos, portanto, trabalhar com a macro- tendência que temos pela frente podemos apontar o fenômeno da desintermediação como o fator principal a ser contabilizado no futuro.

A desintermediação vem resolver problemas que a intermediação das tecnologias cognitivas passadas não permitiam, o que nos leva a uma discussão das causas desse fenômeno.

O que causaria uma Revolução Cognitiva, quais seus fatores principais, que nos levam a ter uma forte tendência à desintermediação?

Depois de muito estudar e comparar as duas revoluções cognitivas do papel impresso e a atual da Internet, pudemos observar alguns fenômenos e forças que atuam na sociedade que provocam e dão sequência as consequências  na sociedade.

O primeiro fator que nos chama a atenção nos dois momentos foi o crescimento populacional, tanto na Idade Média como agora as populações mostraram taxas maiores de crescimento.

Tivemos do ano zero da nossa era uma população de 300 mil habitantes que se manteve estável até o ano 1000 e depois deu um salto, atingindo já em 1750 o dobro de habitantes 791 mil, com maiores concentrações nas cidades. No caso atual, para termos um exemplo, saltamos de 1800 de 1 bilhão de habitantes para 7 bilhões até o final deste ano (ver mais dados –> (http://pt.wikipedia.org/wiki/Crescimento_populacional)

Conforme   David Bloom  detalhou no Jornal Valor, em  2.9.2011:

O mundo está em meio à maior reviravolta demográfica na história da humanidade. A raça humana levou, talvez, 1 milhão de anos para chegar a 1 bilhão de pessoas (perto do  ano 1800). A partir de 1960, porém, passamos a adicionar outros bilhões a cada 10 ou  20 anos. A população mundial agora é de 7 bilhões de pessoas e a projeção para 2050 é de 9,3 bilhões.  Em outras palavras, entre hoje e 2050, o mundo deverá adicionar um número de pessoas  igual à população total que havia no mundo em 1950. Ou pensando de outra forma, é o  equivalente a agregar outra China e outra Índia. Alimentar, vestir, dar moradia e  abastecer essa adição líquida maciça à população mundial é um dos principais desafios que a humanidade terá de enfrentar.

Tal fenômeno podemos dizer que é um fator irreversível para a sociedade.

Quando um novo habitante chega ao mundo, traz com ele todas as demandas de consumo embutidas: fome, sede, necessidade de vestimentas, abrigo e, por sua vez, de transporte, educação, comunicação, entretenimento, etc.

Esse aumento não significa apenas mais quantidade, mas principalmente mais complexidade para a sociedade e para os negócios.

No livro “Here Comes Everybody“, de Clay Shirky (pg 27), ele traz uma visão interessante, que tenta demonstrar que o aumento das pessoas no ambiente não cresce apenas em número, mas cada vez mais em complexidade, como vemos abaixo.

O chefe de estratégias de investimentos da Legg Masons Capital Management, Michael K. Mauboussin, lembra que um mundo mais complexo tende a mudar a forma como vemos e pensamos o mundo, apontando que não há como entender o sistema como um todo analisando apenas uma das partes. E defende que estamos indo para um mundo mais parecido com colônia de formigas ou colméias de abelhas, que resolvem problemas difíceis, complicados, sem nenhuma liderança, sem plano estratégico ou Congresso. (Harvard Business Review Brasil, setembro de 2011).

Sustenta ainda que as organizações devem ampliar o seu grau de diversidade, sendo a chave de sucesso achar gente inteligente que pense diferente.

Podemos supor que quanto mais gente tivermos na terra, mais adensamentos populacionais e mais necessidade de melhorar o setor produtivo.

Dentro dessa lógica o fator demográfico implica  uma pressão de demanda que vai pressionar de alguma forma o setor produtivo, seja ele público ou privado.

Tal fato nos leva ao pensamento de Thomas Malthus, por volta de 1800, de que quanto mais gente tivermos no mundo mais teremos crises produtivas, pois crescemos de forma geométrica e a produção, de forma aritmética. A  saída para problemas de produção é a Inovação.

A tão badalada necessidade de inovação que tanto se fala hoje em dia teria uma relação com a demografia, com a produção e seria um dos fatores para a necessidade de uma adesão em massa da sociedade por novas tecnologias cognitivas.

Como?

Inovar é algo que não se consegue sem conversa, informação, relacionamento, conhecimento.

Ou seja, uma pressão demográfica, nos leva a uma  de produção, que nos joga para um surto inovador, que demanda flexibilidade de informação, comunicação e conhecimento.

Assim, uma revolução cognitiva seria uma saída sistêmica para resolver problemas do aumento radical da demografia, com mais produção, inovação. Tal fenômeno se enquadra no que Peter Drucker chamou de mudanças de descontinuidades.

O interessante para compor nossos cenário e fazer o alinhamento estratégico nos aponta um certo DNA de uma Revolução Cognitiva que teria as seguintes forças abaixo atuantes.

População que demanda mais produção que pede inovação, que solicita mais e mais informação de forma mais dinâmica, que pede desintermediação, reduzindo hierarquia e reduzindo os intermediários.

Objetivo: mais velocidade de resposta.

Veja abaixo:

 

Podemos afirmar, assim, que o aumento da população nos leva necessariamente para um ambiente mais horizontal, menos hierárquico, pois é preciso produzir mais, inovar mais, informar mais e para isso vai se reduzir intermediários para se ganhar velocidade.

E esta seria outra macro-tendência de uma Revolução Cognitiva: um aplainamento das hierarquias, a retirada de intermediários para produzirmos melhor e resolver as novas demandas que 7 bilhões de pessoas trazem ao mundo.

Mas por que agora?

Por que estas demandas não apareceram antes?

Elas estavam latentes, mas não tinham espaço para aflorar na sociedade, pois o ambiento cognitivo passado mantinha um controle, que agora não tem mais.

Ou seja, se nossa comparação é adequada podemos dizer que nos cenários das organizações aparecerá fortemente um processo radical na sociedade nos próximos anos de pressão pela desintermediação para acelerar a inovação, através de ambientes cada vez mais horizontais, seja internamente entre colaboradores, fornecedores e, principalmente, consumidores.

Os projetos já estão aí com nomes variados: Inovação radical, Inovação aberta, Redes Sociais, Gestão de Conhecimento, Empresa 2.0, Governo 2.0, etc…

Estes movimentos específicos se encaixam no movimento geral e deve de forma racional  refletir nas estratégias, que, por sua vez, devem ser levados para os projetos de desintermediação, tanto em termos de metodologias, quanto de tecnologias, o que nos permite ir para o próximo capítulo.

Estratégias diante de uma inevitável e radical Revolução Cognitiva.

Que dizes?

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