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Quem não adotar o método da Estratégia Dedutiva dificilmente vai conseguir ter uma visão e atuação eficaz no futuro.

Tenho defendido que não é possível fazer projeções de médio e longo prazo no atual cenário utilizando as mesmas ferramentas estratégicas.

Fiz aqui um detalhamento comparativo entre o que chamei de Estratégia Indutiva e Dedutiva:

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A Estratégia Dedutiva é propícia quando temos mudanças radicais no cenário, que exigem que tenhamos que analisar alterações similares no passado, como é o caso de uma mudança radical de mídia, que promove a descentralização.

Quando temos essas mudanças radicais, geralmente, precisamos ter uma abertura para aumentar a linha do tempo de análise para procurar fatos e fenômenos similares, se abrir para novas filosofias e teorias, que possam nos ajudar a entender melhor os fatos, bem como novos paradigmas e passar de fatos para conceitos.

É isso, que dizes?

   Mudou a tecno-ecologia, as novas possibilidades nos permitem pensar em um novo ambiente político-econômico.

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Vivemos uma sinuca de bico da espécie.

Estamos fechando um longo ciclo de 200 anos das reformas liberais de 1800 que nos legaram a livre iniciativa e a alternância de poder para fazer frente aos senhores feudais e aos reis e papas.

Tais mudanças nos permitiram salta de 1 para 7 bilhões de pessoas, mas criaram um grave problema de governança, que foi resolvido com concentração de ideias, capital e poder para poder superar os impasses, tirando, infelizmente, diversidade das pessoas.

O liberalismo  trouxe, assim,  coisas maravilhosas para nossa espécie, mas chegou na sua parede, pois as inovações sociais de 1800 já deeram o que tinha que dar, pois estavam contidas dentro dos limites da conjuntura tecno-cognitiva do mundo impresso e depois do eletrônico.

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O crescimento acelerado motivada por esse maior dinamismo provocou:

  • – bolsões de miséria;
  • – desníveis cognitivos (parte ainda é oral, parte escrita, parte eletrônica e parte digital);
  • – mudanças aceleradas.

Vivemos nesse início de século três movimentos distintos:

  • – um fundamentalismo do presente, que quer manter as ideias liberais sem renovação, com um forte viés financista;
  • – um fundamentalismo do passado, que quer questionar as ideias liberais, como se isso fosse possível;
  • – um movimento ainda incipiente e emergente de incorporar as novas tecno-possibilidades para refazer a economia e a política, como se fosse um novo tecno-liberalismo.

Uma Revolução Cognitiva como disse aqui cria uma nova espécie humana.
E como disse aqui abre as portas para uma nova Governança da Espécie.

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Pela primeira vez na história, já temos capacidade de compreender as Revoluções Cognitivas e poder trabalhar de forma mais consciente com elas.

O novo movimento, podemos dizer tecno-liberal, terá que nos levar para mais um ciclo de descentralização de iniciativas e de alternância de poder, muito mais flexíveis e dinâmicos do que temos hoje.

Tanto o movimento neofundamentalista liberal como o neofundamentalista anti-liberal trabalham com a conjuntura tecnológica pré-internet, o que nos leva para um impasse.

Só haverá uma mudança radical na sociedade quando pudermos atacar os bolsões de miséria, incorporando e reduzindo os desníveis cognitivos e reduzindo o medo das mudanças aceleradas.

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Isso é um novo movimento social, político e econômico que descartas as velhas ideologias do século passado que trabalhavam nas margens possíveis da tecno-ecologia vigente.

Mudou a tecno-ecologia, as novas possibilidades nos permitem pensar em um novo ambiente político-econômico.

É isso, que dizes?

Falei da chegada de uma nova espécie humana, aqui.

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O que tenho visto é que nos iludimos que a espécie humana é fixa, ou tem uma “natureza”.

O ser humano tem uma tecno-natureza e vive em uma tecno-ecologia, fortemente influenciado pelas tecnologias que conseguimos inventar.

A espécie humana tem um grande problema, pois, diferente das outras espécie, não tem limites de crescimento, justamente pela sua capacidade de recriar a sua tecno-natureza e a sua tecno-ecologia.

Ou seja, os outros animais são “condenados” a viverem dentro da mesma natureza de seus códigos genéticos, evoluem claro, mas não auto-interferem de forma radical e intencional na ecologia como nós fazemos.

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A espécie humana é mais mutante, pois é uma tecno-espécie e pode, a partir de novas tecnologias, entrar em um processo mais acelerado de mutação.

Vivemos uma relação dialética entre:

  • – tamanho da espécie e/ou a complexidade demográfica que isso gera;
  • – e a governança da espécie que praticamos.

Quando crescemos em termos de demografia, começamos a ter necessidade de sofisticar a espécie e, a partir disso, criar novos modelos de governança mais sofisticados, compatíveis com o novo tamanho.

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Ao observar a última Revolução Cognitiva da Escrita, a partir de 1450, quando massificou a nossa capacidade de ler e escrever, demos um salto quântico em termos de espécie.

Criamos uma autonomia que nos permitiu criar governanças mais sofisticadas, reduzindo o espaço do rei e criando um novo modelo mais descentralizado, mais capaz de lidar com a a complexidade emergente.

Isso nos permitiu crescer como nunca, ter um salto de 1 para 7 bilhões e agora começar a nos preparar para uma nova guinada, saltando de uma governança do homo sapiens escrito para o digital.

Isso vai nos levar a uma maior autonomia de cada indivíduo e uma descentralização ainda maior do poder, pois só a descentralização bem coordenada nos permite lidar melhor com a complexidade emergente.

Todas as macro-mudanças da sociedade nas próximas décadas serão na seguinte direção:

  • – disseminação dos novos aparatos;
  • – mutação da espécie;
  • – latências por mudanças;
  • – preparação para formular as novas mudanças;
  • – implantação da nova governança em ambientes isolados e passando à hegemonia ao longo do tempo.

Precisamos entender que nem o ser humano é fixo e nem a Governança da Espécie, que varia conforme a complexidade demográfica, que força a criação de novas tecnologias para nos fazer sobreviver melhor.

É isso, que dizes?

Quando falo da influência das tecnologias na espécie tem gente que quer me bater.

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Nosso cérebro, que é mais esperto do que nós, transforma tudo que é conhecido em invisível e, por isso, acreditamos que somos uma espécie na ecologia e não uma tecno-espécie na tecno-ecologia.

Quando resolvermos ser humanos, optamos por ser tecnológicos. Somos naturalmente tecnológicos ou tecnologicamente naturais.

Pensar a espécie humana sem tecnologia é desumanizá-la, bem diferente do que os tecnofóbicos acreditam.

Assim, precisamos entender que vivemos dentro de uma conjuntura tecno-ecológica, que modifica a nossa espécie e nossa cultura quando conseguimos chegar a determinadas invenções, que se massificam.

O principal evento da espécie que mais nos altera o rumo é uma Revolução Cognitiva.

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Por quê?

O epicentro da espécie é o cérebro que, diferente dos outros animais, não opera sem tecnologia auxiliar.

Temos uma espécie de “capacete” que nos permite sofisticar nosso cérebro, conforme vamos inventando novas tecnologias cognitivas.

Ou seja, a espécie não é fixa, é cognitivamente mutante, pois há uma “dupla de vôlei” entre o cérebro e a tecnologia que o suporta.

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Se mudamos a tecnologia que suporta, dá poder, flexibiliza o cérebro, temos um novo cérebro e, portanto, uma nova espécie.

Podemos dizer, assim, que tivemos:

  • – o homo sapiens oral;
  • – o homo sapiens escrito;
  • – e agora estamos migrando para o homo sapiens digital.

Os movimentos de mudanças são variados e fazem parte da própria evolução, mas há um elemento fundamental para entender o processo: a demografia.

O homo sapiens oral nos permite lidar com um nível de complexidade demográfica. Ou seja, não é melhor e nem pior do que os outros, mas incapaz de lidar com uma complexidade maior.

Quanto mais gente tivermos no planeta, portanto, mais sofisticada, do ponto de vista cognitivo, terá que ser a espécie.

(Não entra nenhum aspecto moral aqui, apenas pragmático.)

Pelo que observo, a chegada de uma Revolução Cognitiva muda a espécie humana, criando uma nova versão da mesma, que, a partir disso, procura cria rum novo modelo de Governança da Espécie, que falarei a seguir.

Que dizes?

Falei mais sobre isso aqui:

Há uma confusão na praça.

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Só entramos na sociedade moderna com a chegada de duas tecnologias sociais:

  • – livre iniciativa;
  • – alternância de poder.

Note que as duas tecnologias sociais vieram fazer o contra-ponto há algo muito pior:

  • – a iniciativa controlada pela monarquia e o clero;
  • – a alternância de poder hereditária.

A inovação humana estava limitada, gerando crises, pois havia um crescimento demográfico, que esbarrava na limitação que um modelo monárquico-clérico impunha.

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Os movimentos liberais pós-idade média foram extremamentes  inovadores, criando um novo modelo da Governança da Espécie, que adaptou o que os gregos tinham inventado para muito mais gente.

  • A criação de parlamentos e de eleições para mudar quando algo não funcionasse;
  • E da livre iniciativa, criando uma rede descentralizada para lidar com a complexidade.

A inovação deu tão certo que saltamos de 1 para 7 bilhões, justamente depois de 1800, quando fechamos com a última revolução liberal, a francesa, como vemos no desenho abaixo:

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Muitos consideram que estas duas novas tecnologias sociais são a base do capitalismo, pois criaram um nome genérico, que é algo que representa um sistema econômico.

Note que elas se consolidaram, mas tiveram a sua base estruturada para um determinado tamanho da espécie e não o atual.

O que temos hoje é uma alternância de poder e uma livre iniciativas analógicas, que vivem a crise do aumento da complexidade demográfica.

O movimento novo e que vai criar um novo modelo de governança da espécie será o aperfeiçoamento tanto da livre iniciativa e da alternância de poder, através da incorporação das novas possibilidades digitais, que nos traz a colaboração (digital) de massa.

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A colaboração de massa só é possível, através, pela ordem:

  • – de implantar plataformas digitais colaborativas;
  • – que tem como base uma equipe de gestores, colaboração de massa e robôs;
  • – tudo gerenciado por algoritmos, o que chamo de comunicação matemática;
  • – que se baseia no reputacionismo e na meritocracia digital, que viabilize todo o processo.

É um complexo processo que precisa ser primeiro compreendido e experimentado, através de projetos pilotos.

Esse é o caminho, criar uma nova governança da espécie mais dinâmica, que nos permita enfrentar os desafios demográficos do novo século.

Que dizes?

 

 

Vivemos uma época de uma pré-revolução de governança da espécie.

O maior sucesso das revoluções liberais de 1800 nos criaram um mega problema.

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As tecnologias sociais da livre iniciativa e da alternância de poder deram um dinamismo nunca vistos na espécie humana.

(Não confunda estas duas tecnologias sociais com o capitalismo, que são coisas distintas. Vou falar mais sobre isso depois)

A espécie humana conseguiu com este novo modelo da Governança da Espécie crescer de 1 para 7 bilhões de pessoas.

Ou seja, só conseguimos dar esse salto em função do novo modelo de Governança da Espécie.

E isso criou a crise da própria Governança, pois quanto mais complexidade demográfica, mais há uma necessidade de gerenciamento.

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As crises atuais podem se resumir como uma incapacidade de gerenciamento do salto demográfico dos últimos 200 anos por mérito das novas tecnologias sociais: livre iniciativa e alternância de poder.

Quando não é possível gerenciar com qualidade, sufoca-se a diversidade para resolver o problema concentrando ideias, poder, produção, inovação.

Toda vez que concentramos poder há o surgimento do poder absoluto, que acaba se voltando para seus próprios interesses, fortalecendo o setor financeiro em detrimento dos demais.

Hoje, a participação da sociedade nas organizações é muito baixa.

Há uma crise de diversidade humana no planeta, que se reflete em sub-crises, como a do meio ambiente, da pobreza, da desigualdades, etc.

Vivemos uma época de uma pré-revolução de governança da espécie.

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Estamos parindo um novo modelo de governar a espécie que qualquer nome que usemos do passado, como neo isso ou aquilo vai se perder em preconceitos.

Os movimentos pós-Idade Média queriam duas coisas:

  • – resolver crises econômica;
  • – e políticas.

O objetivo era descentralizar.

Se pensarmos assim, podemos dizer que nossa espécie vive os seguintes ciclos.

  • – Contração;
  • – Expansão.

Na expansão, aumentamos o número de habitantes, que força uma contração, que nos leva a uma crise por demandas de melhor gerenciamento.

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Há, assim, um movimento de centralização quando estamos nos expandindo demograficamente;
E de descentralização para poder lidar com a expansão demográfica.

  • O Século XX foi o século da contração para lidar com a crise demográfica, baixando a diversidade do planeta;
  • O Século XXI será o da descentralização e da procura de uma nova Governança da Espécie.

É preciso para descentralizar termos tecnologias cognitivas, que nos permitam aumentar a participação, expandir a diversidade, sem perder a capacidade produtiva.

Chamamos os movimentos de descentralização do final do século XVIII de liberais, mas eram movimentos descentralizadores de poder e capital, comparados com a monarquia e o feudalismo que vieram combater.

Desse ponto de vista, o movimento agora poderia se chamar de um novo movimento ou o real movimento neoliberal e nominar o movimento neoliberal do passado como o movimento neofinancista, pois havia algo de descentralização dos antigos poderes estatais, mas não houve descentralização social, mas apenas mudança de controle.

O que temos que inaugurar é um movimento que crie o novo, através das novas tecnologias, que permitam criar uma nova Governança da Espécie.

É isso, que dizes?

Fiz um áudio em que detalho mais o tema:

Santanismo é uma modelo de marketing político que João Santana está disseminando em toda a América Latina de ganhar eleições.

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O Santanismo visa criar uma falsa imagem do candidato que defende e do adversário, a partir do imaginário e da latência da hora.

Não há necessidade nem de ser coerente com o candidato e nem com o adversário, a ferramenta para tomada de decisão é a pesquisa.

O Santanismo é o tipo de marketing político que se adequa como uma luva ao neopopulismo, que tem como característico uma flexibilidade do discurso, conforme a situação para a manutenção do poder como um fim absoluto.

E usar, de forma competente, as ferramentas eleitorais para fazer disso a arma da vitória.

Ou seja, o candidato que ganha não tem uma proposta, mas uma fantasia de proposta O mesmo se faz contra o adversário (considerado inimigo). Ele é como se fosse um tênis que se encaixa no imaginário do eleitor.

Este tipo de marketing político que não cabe no jogo da política.

Por quê?

A base da alternância de poder, inventada com as Revoluções Liberais do fim do século XVIII, é de que a sociedade escolhe aqueles que vão defender melhor as suas propostas de fato.

Quanto mais próximo a campanha for do que o candidato fizer, mais haverá amadurecimento político e vice-versa.

Sim, as pequenas mentiras são admitidas, mas não a mentira permanente e a distorção sem nenhuma base do adversário.

A eleição é o espaço para o debate das diferentes propostas que irão disputar, a partir do aumento da capacidade política do eleitor. Quando isso não é possível, a eleição não é mais um espaço de criar um debate político, mas para se criar uma fantasia em cima de um vazio.

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O que está acontecendo na América Latina é o uso indiscriminado do Santanismo. Cria-se na campanha um tipo de imagem fake dos participantes, através de um modelo de campanha construtor e destruidor que foge do que cada um, de fato, defende.

Marina não ia acabar com o bolsa família e isso estava no programa, mas a campanha oficial bateu o tempo todo que ia.

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Ou seja, em uma eleição em que todos acreditam no jogo democrático e na alternância de poder, é uma tática que tira do eleitor a capacidade de escolha, há uma infantilização, pois impede-se de comparar propostas.

Há a criação de algo opaco para que não se possa escolher no que de fato é, mas do que aquilo que está se construindo apenas para ganhar, de qualquer jeito, a eleição.

Não sobra aprendizado político, mas apenas um distanciamento, pois tira-se do adversário o direito da própria voz, ainda mais em campanhas com diferença abissais de tempo de televisão.

O Santanismo que é algo que pode ser visto em outras eleições em democracias até mais consolidadas se encaixa perfeitamente no atual movimento neopopulista da América Latina.

O que está havendo nos nossos países é um questionamento frontal ao modelo de alternância de poder da Sociedade Moderna.

Na visão dos movimento anti-liberais, principalmente o marxista, a alternância de poder não é uma democracia legítima, pois quem é responsável pela livre iniciativa (quem produz) é inimigo da sociedade.

Assim, o discurso do nós e eles, entra dentro do menu do Santanismo.

O Santanismo passa a ter uma dupla função:

  • – impedir o adversário de falar;
  • – e reduzir a taxa da possibilidade de alternância de poder.

Pois “eles” não podem voltar.

O que justifica, por exemplo, a candidatura oficial ter conseguido ser eleita sem nenhum programa de governo.

Agora, que ela faz o que disse que não ia fazer, fica o dito pelo não dito, pois a eleição não é mais um espaço de debate, mas de venda de algo que serve apenas para o momento do voto, sem nenhum compromisso posterior.

O Santanismo é algo que reduz tremendamente a taxa de democracia do país, pois faz do debate político algo completamente vazio, sem ética, sem compromisso com o que se diz.

Não serve a nenhum dos lados, mesmo aos vitoriosos, pois cria-se uma fantasia de todos os lados de quem ganhou, de que se ganhou por causa de “minha opinião da vitória”.

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Há um voto abstrato em algo que não se sabe o que é.

E há uma frustração geral na sociedade, que passa a ter representantes cada vez mais falsos, opacos, outra característica forte do populismo.

Ou seja:

Se não houver um questionamento forte do Santanismo, a taxa de democracia brasileira tende ladeira abaixo, que, no fundo, é o projeto do neopopulismo de plantão.

Quanto mais difuso for o quadro, sem ética, mais esse tipo de proposta de poder pelo poder, tende a prosperar.

Note que há dois movimentos diferentes quando falamos em mudanças radicais na sociedade.

  • Uma é a mudança do poder sem descentralização.
  • E outra é a mudança do poder com descentralização.

(E ainda há algo mais perverso que é a mudança de poder com mais centralização, que é um movimento de retorno, de atraso ao que já havia sido conquistado.)

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A última grande mudança generalizada de descentralização de poder da espécie humana foi a queda da monarquia no mundo ocidental, ou a sua perda de poder na sociedade, e a criação e o fortalecimento da República.

Tínhamos um soberano escolhido por Deus, referendado pelo papa, com uma corte ao seu redor e os súditos passivos, resignados com a escolha inapelável do rei.

Não é à toa que quando o rei não estava atendendo as expectativas, logo se pensava em matá-lo para colocar outro no trono. Era uma alternância de poder do sangue.

Os revolucionários da época, liberais de todos os tipos, lutaram para descentralizar o poder do rei.

O grande movimento humano que tivemos com a criação da república foi justamente o surgimento de parlamentos com alternâncias de poder.

Naquele momento não tivemos a mudança de um rei pelo outro, mas uma mudança do modelo de governança da espécie humana, que se descentralizou, tornando a alternância de poder menos sangrenta.

Por que fizemos isso?

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O motivo de mudanças radicais da Governança da Espécie humana, a meu ver, é e sempre será o crescimento da espécie.

Um centro de poder sempre terá o problema para gerenciar de alguma forma a sobrevivência das pessoas que vivem em seu “reino”. Quanto mais gente, mais complexo é o problema.

Essa é o grande impasse humano que nos move.

Quando o centro não consegue lidar com a complexidade, qual a solução que ele encontra?

  • a) reduzir o número de pessoas, de alguma forma, ou matando ou deixando morrer;
  • b) ou retirando a diversidade da sociedade, sufocando a diversidade e tornando a sociedade cada vez mais homogênea, o exemplo da Coréia do Norte é exemplar.

Quanto mais homogênea for a sociedade, quanto mais todos pensarem do mesmo jeito, mais fácil é lidar com ela.

Há, porém, problemas aí quando o poder se centraliza, pois:

  • – cada vez teremos menos diversidade para lidar com as crises;
  • – menos inovação e mais crises;
  • – aumenta-se o sofrimento humano, pois as pessoas terão que reprimir a sua subjetividade;
  • – sem falar no problema do poder absoluto, que vai dando mais e mais uma falta de significado humano para a vida de quem está no centro do poder, abrindo as portas para a corrupção e o uso abusivo do que é de todos por poucos.

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Assim, o aumento demográfico nos lega a seguinte encruzilhada:

  • – ou descentralizamos o poder e criamos um novo modelo de governança mais descentralizado, que seja capaz de lidar com a complexidade demográfica, sem comprometer a diversidade;
  • – ou centralizamos mais e mais o poder, tirando diversidade para que possamos lidar com a complexidade.

Obviamente, que há movimentos políticos pontuais que permitem aperfeiçoar a descentralização do poder em uma dada sociedade, mas a alteração da GOVERNANÇA DA ESPÉCIE se dá apenas com a chegada de uma Revolução Cognitiva.

Mas se analisarmos o movimento da sociedade no longo prazo, incluindo os movimentos das Revoluções Cognitivas (Fala, Escrita, Escrita impressa e Digital), vamos analisar que a Governança da Espécie não é fixa e se move quando há novas possibilidades de gestão da complexidade, através de novas ferramentas de expressão e processamento por parte da sociedade.

Quanto mais gente tivermos no planeta, mais o poder tem que se descentralizar, pois a centralização diante de uma complexidade cada vez maior será geradora de crises.

Assim, o que podemos dizer que o que veio para ficar na sociedade moderna foi o fim da monarquia e o início da tentativa e erro das Repúblicas, que inauguram um novo modelo de GOVERNANÇA DA ESPÉCIE.

Ganhamos aí duas armas, duas tecnologias político-sociais, que viabilizaram o fim da monarquia e o do feudalismo:

  • – a livre iniciativa para produzir, sem o centro, criando redes produtivas mais dinâmicas e com mais facilidade para lidar com a complexidade;
  • – e a alternância de poder para escolher o melhor “rei” (seja um primeiro-ministro ou presidente), não está bom, muda-se.

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Note, entretanto,  que o atual “sistema” tanto político e econômico está na fase final da Era Analógica, que se inicia em 1450 com o papel impresso.

Tanto a livre iniciativa como a alternância de poder estão desgastadas, precisam de um novo gás.

Ou seja, hoje temos uma baixa capacidade de descentralização da iniciativa privada e da alternância de poder. Porém isso não é um problema destas duas tecnologias sociais, mas justamente do fim de uma etapa e o início de outra, em que elas precisam de novas tecnologias para serem mais eficazes!

O que as levou a perder o viço foi a grande concentração de poder das ideias e na sequência, empoderar além do que deveria as organizações: o rabo passou a balançar cada vez mais o cachorro, e isso faz com que novas alternativas sejam procuradas.

Como o movimento de uma nova tecno-ideologia é algo ainda muito incipiente, procura-se, como temos visto na América Latina um retorno para algo ainda mais do passado centralizado (próximo à monarquia), questionando as conquistas da sociedade moderna, como a livre iniciativa e a alternância de poder, ao invés de aprimorá-las.

Ou seja, em termos de lidar com a complexidade é um retorno e não um avanço, o que tende a gerar cada vez mais crises, pois quer se resolver uma crise com um remédio que já perde em muito a validade.

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O que temos agora no século XXI são três caminhos distintos, nesse início da nova Era Cognitiva Digital, que quebra todas as barreiras tecnológicas que tínhamos no passado:

  • 1 – a manutenção do atual sistema do jeito que está, sem grandes alterações, mantendo a concentração, mas com a livre iniciativa e a alternância de poder como parâmetro;
  • 2 –  o retorno para algo ainda mais centralizado, porém com outros atores que se consideram “melhores” do que os atuais, questionando a livre iniciativa e a alternância de poder, atirando para o lado errado, questionando a república/livre iniciativa com uma semi-monarquia e iniciativa centralizada;
  • 3 – e a terceira via, que estou empenhado, que aponta a descentralização do poder, usando as novas tecnologias e explorando as novas possibilidades com o foco em mais alternância de poder, com mais qualidade e mais livre iniciativa, com mais participação da sociedade nos rumos das organizações.

A AL, infelizmente, está indo para o item 2, o que acaba tendo um efeito reverso positivo:

  • – há um aumento no interesse da política que passa a procurar novos caminhos;
  • – e um maior espaço para se debater a nova tecno-ideologia.

Termino por dizer que, a partir do que tenho estudado, as grandes mudanças sociais, políticas e econômicas são aquelas que criam tecnologias sociais que permitam a descentralização real do poder, pois se tornam mais eficazes para lidar com a complexidade, que permitam a maior interferência da sociedade nas organizações.

A sociedade humana, como a de todos os outros animais, têm sempre essa função: lidar da melhor forma possível com a complexidade.

Tudo que nos levar à concentração e a redução da diversidade terá um prazo de validade e não se perpetuará no tempo, ainda mais quando já tivermos uma Revolução Cognitiva para criar uma nova Governança da Espécie.

É isso, que dizes?

Não me canso de ouvir esta palestra:

Nela, Ricardo Goldenberg defende que existem duas psicanálises, que vou interpretar a minha maneira.

  • Uma psicanálise sólida e vertical – uma em que o analista é o centro, aquele que sabe o que o paciente tem ou pode ter, ou sentir, ou ser. Aquela em que o paciente acaba virando a cara do psicanalista, que nos leva a uma redução da diversidade do mundo, que tem o poder de enquadrar o sujeito no sistema e não criar um sujeito que vai questioná-lo, por que precisa procurar o seu lugar no mundo. Seria a psicanálise de enquadramento.
  • Uma psicanálise líquida e horizontal – em que o analista é um parceiro do analisando, no qual o (im)paciente procura se descobrir, mas que parte de algo indefinido, no qual o terapeuta procura deixar o paciente se descobrir, através de seu próprio movimento. Nessa linha, o eu e a realidade são líquidas, incertas e nunca serão conhecidas. Aqui se amplia a diversidade. Seria a psicanálise do desenquadramento.

A diferença é que na primeira há uma fantasia de que existe um “eu” fechado, a ser descoberto, através do auto-conhecimento e que se a pessoa olhar bastante para lá, com a ajuda do psicanalistas vai chegar a se descobrir. A segunda defende que o ser é algo incerto e que é a relação com o outro e a realidade que vamos nos descobrindo.

  • Seria algo como um Eu definido, em que eu vou atrás, pois um dia acho.
  • E o outro Eu indefinido no qual eu me jogo em um rio em que nunca haverá uma chegada.

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Isso nos remete a uma discussão filosófica na qual de um lado temos um pensamento de que a realidade existe lá fora, assim como um EU aqui dentro e que há um esforço para se chegar a isso e esse trabalho é individual.

Tal visão é usada para o fortalecimento dos centros de poder, pois há alguém que tem a capacidade de estar mais perto do seu próprio EU e da realidade e que pode me ajudar no meu caminho.

Nossa Escola é baseada nesse princípio, bem como todas as nossas organizações.

Este tipo de pensamento, a meu ver, será mais hegemônico e terá mais peso na sociedade quando vivermos movimentos do Pêndulo Cognitivo, quando houver:

  • – aumento de complexidade demográfica;
  • – e, por sua vez, concentração de poder para que se possa gerenciar esse aumento;

Na Contração Cognitiva o centro se fortalece e se dissemina essa ideia do mundo sólido, em que existe um centros poderosos que nos permitem conhecer a realidade e a nós mesmos ATRAVÉS DELES e só, por eles, que podem nos AUTENTICAR.

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O movimento do Eu líquido, ou do EU indefinido passa a ser necessário, quando a sociedade passa para uma Expansão Cognitiva, pois as organizações de plantão deixam, aos poucos, de ser as únicas responsáveis pela dinâmica das mudanças sociais, da produção de ideias e da inovação.

(Tais movimento serão também sentidos quando há movimentos sociais de concentração ou descontração de poder em função de movimentos políticos.)

Ou seja, há uma perda de poder do centro e a necessidade de que outras vozes possam ser ouvidas.

Neste momento, a corrente filosófica de um mundo líquido e de um eu indefinido passa a fazer mais sentido, pois há uma necessidade de abertura para o outro, pois há novos outros que estão criando mudanças que me afetam e eu preciso compreendê-las.

Nos momentos de Expansão Cognitiva, na verdade, começamos a ter que falar necessariamente com muito mais gente e com pessoas que não estão hierarquicamente acima de nós. Nestas fases precisamos desenvolver uma capacidade maior de comunicação, pois eu só vou me conhecer em processo, pois o mundo está também mais líquido.

A liquidez da realidade tem que significar a liquidez do meu EU e da minha percepção da realidade. Eu passo a aprender e a ter mais liberdade para ser distante dos centros de poder.

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Diria que os dois movimentos filosóficos sempre estará presentes na sociedade.

  • O Eu sólido sempre será mais aceito e difundido pelo sistema estabelecido, procurando homogenizar o mundo;
  • E o EU líquido quem quer descentralizar o poder, procurando aumentar a diversidade do mundo.

Quando aumentos a população, temos sempre um movimento de homogenização, que só é possível ser superado com novas Tecnologias Cognitivas que permitam aceitar a diversidade sem perder a capacidade produtiva.

Vivemos com a chegada da Internet um movimento de Expansão, que nos leva a poder mais e mais caminhar na direção de um Eu mais líquido, a base para a construção da nova sociedade mais descentralizada.

É isso, que dizes?

 

Não precisa ser um gênio para saber como vai acabar a aventura neopopulista latino americana.

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Vai acabar como foi o Muro de Berlim por falta total de entrega.

O movimento neopopulista latino é hiper conservador, pois quer resgatar algo de monarquia em um mundo cada vez mais complexo. Quer resgatar um modelo neocomunista, colorido com um papo de socialismo do século XXI, que tem uma incapacidade total de entrega e de lidar com a complexidade demográfica atual.

A Venezuela é uma radicalização clara e evidente desse futuro.

Crises profundas e incontornáveis, que vão demorar décadas, talvez um século para que o país consiga voltar a ser um país compatível com o novo século.

Estima-se que quase 10% da população emigrou, sendo 100 mil de nível superior e 7 mil médicos, isso somado é quase como se houvesse tido um terremoto no país e escolhido mentes em que houve um alto investimento no país.

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O movimento neopopulista é um vôo de galinha, pois não é histórico, é a-histórico.

É um movimento fundamentalista que sonha com um retorno ao que não deu certo, turbinado por oportunistas de plantão que conseguem ver nesse sonho perdido uma oportunidade para ficar no poder. Não há teoria nova, apenas uma metodologia nova.

O fundamentalismo a-histórico tem espaço para crescer, pois:

  • – há bolsões nítidos de miséria;
  • – não há uma ideologia anti-sistêmica competente.

E o que há, então, é um presente não satisfatório, um passado que não deu certo e, assim, investe-se em um futuro utópico, sem nenhuma base de sustentação, a não ser a fantasia de um mundo melhor.

A colheita do neopopulismo será trágica.

Aonde ele conseguir plantar suas raízes mais fundo, mais tempo levará para que o sofrimento passe.

Teremos algumas semi-ditaduras no continente, incapazes de solucionar as graves crises, o que as levará a ser cada vez mais ditadura, em um processo perverso em um círculo vicioso de tentar impedir que a realidade se mostre, pois há uma incapacidade de auto-crítica. O grande problema do fundamentalismo é justamente este, a incapacidade de auto-crítica faz com que ele mais e mais acredite que o seu projeto vai dar certo, mesmo que tudo não esteja dando certo.

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É preciso, assim, uma nova teoria social, que me parece ser o colaboracionismo e a república digital, que aponte saídas para os bolsões de miséria e que possa ser anti-sistêmica, indo contra a atual concentração das organizações financeiras.

Sem isso, o processo fica nebuloso.

A luta do século XXI é, assim,  é uma BRIGA PELA DESCENTRALIZAÇÃO DO MERCADO, em que a subjetividade e a diversidade das pessoas possam interferir muito mais na realidade do que hoje em dia.

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Desde que o ser humano é humano, inventou o mercado. Alias, só somos humanos por causa do mercado.

Nenhum ser humano sobrevive sozinho e, por isso, cria um mercado de trocas de bens, serviços, produtos, informação para que possa viver melhor. O mercado é o espaço das trocas, sem mercado não há ser humano.

O que existe é o controle do mercado, impedindo que ele tenha mais ou menos participação das pessoas.

  • – No mundo neopopulista/neocomunista querem acabar com o mercado para transformar no mercado estatal, em que um poder central regula tudo, triando das pessoas a participação.
  • – No mundo neoliberal quem manda são as instituições financeiras que estabelecem a sua lógica em que tudo tem que girar em torno do rabo que balança o cachorro.

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No fundo, o problema que temos não é com o mercado, mas com a capacidade das pessoas poderem ter mais participação NO MERCADO e que ele possa ser menos manipulado por um centro.

Isso é possível?

As trocas humanas são reguladas por tecnologias.

O ser humano não se relaciona diretamente no mercado, mas tem tecnologias que o ajudam a trocar, mesmo que seja uma troca primitiva de palavras, as palavras são tecnologias inventadas para que pudéssemos trocar.

No fundo, o que temos é um tecno-mercado, que é feito dentro de uma conjuntura tecnológica que tem os seus limites. Estamos saindo do mercado analógico para o digital, que abre novas possibilidades gigantescas para aumentar a participação das pessoas no mercado.

Quando questionam a concentração do mercado atual, concordo 100%, pois o que aconteceu é que tivemos, desde 1800 um processo de consolidação e centralização das ideias, em função de tecnologias cognitivas cada vez mais centralizadoras, tal como o rádio e a tevê. Quando há concentração de ideias, por consequência, há concentração no mercado!

Nestes momentos da história, como aconteceu no fim da idade média, o poder do dinheiro passa a falar cada vez mais alto, o mercado passa a ser dominado pelas grandes organizações, principalmente as financeiras, que só pensam no curto prazo e nos seu próprio benefício.

O rabo passa a balançar mais e mais o cachorro!

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Porém, o problema não é o mercado e nem a rede produtiva, mas a concentração que há no mercado, que impede uma participação maior das pessoas, com sua diversidade e subjetividade nele.

A luta do século XXI não é, assim, uma luta CONTRA O MERCADO, pois seria uma luta contra a própria espécie humana, que precisa de um mercado sofisticado para lidar com mais e mais complexidade demográfica.

E nem uma luta contra os atuais donos do mercado por novos donos, que seriam “mais humanos”, pois o que acontece é que eles vão também controlar o mercado a seu bel prazer, mais dia ou menos dia.

A luta do século XXI é, assim,  é uma BRIGA PELA DESCENTRALIZAÇÃO DO MERCADO, em que a subjetividade e a diversidade das pessoas possam interferir muito mais na realidade do que hoje em dia.

Isso, tenho aprendido com meus estudos, não acontece mais com teorias sociais antigas que já foram tentadas no século passado e nem com as novas teorias neopopulistas, neocomunistas ou neoliberais.

Mas na superação das crises, através de um novo tecno-mercado, no qual as ferramentas de mais participação, tal como Plataformas Digitais Colaborativas, com uso intenso de algoritmos que permitem mais poder para as pontas, através de novas instrumentos como a comunicação matemática, o reputacionismo, ou a meritocracia digital.

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O movimento progressista do século XXI é por um mercado mais participativo e menos controlado, que traga, com saídas criativas, propostas de solução dos graves problemas sociais que temos, sem perder a nossa capacidade de entrega, pois já somos 7 bilhões, rumando para 9 bilhões até 2050. 

Ou seja, não é nem neoliberalismo, nem neopopulismo, nem neocomunismo, mas um pós-capitalismo, tal como o colaboracionismo, via república digital.

É algo como um tecno-liberalismo social.

Não podemos pensar, como diz o Gil Giardelli, novos caminhos com velhos mapas.

Religiosidade primitiva e o pensamento fundamentalista

http://nepo.com.br/2014/11/25/religiosidade-primitiva-e-o-pensamento-fundamentalista/

Se pegarmos a base do pensamento religioso cristão primitivo, teremos:

  • – um padre acima do bem e do mal, uma pessoa “sagrada”;
  • – pessoas do bem, cristãs, que adotam o lado do céu contra o mal e o diabo;
  • – e pessoas do mal, não cristãs, que adotam o lado do inferno contra o bem e Deus.

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Note que o pensamento religioso primitivo é simplista, pois permite que pessoas com baixa capacidade de autonomia de pensamento adotem os preceitos.

A terra é dividida entre o bem e o mau.

Entre as pessoas que abraçam um lado da luz, contra aqueles que abraçam o lado da sombra.

O movimento fundamentalista, qualquer que seja ele, abraça, de alguma forma, esses preceitos primitivos, preto e branco, pois são de fácil compreensão e mobilização.

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O neopopulismo latino-americano bebe de duas fontes:

  • – a cristandade que é a base de formação da maioria da população;
  • – acrescida de uma visão mitificada anti-liberal, daqueles que lutam pela liberdade e as injustiças, pessoas do “bem”, que apareceram como os “mocinhos” da luta contra e pós ditadura.

Assim, o fundamentalismo e ainda mais agora o neopopulismo aposta na visão primitiva do bem e do mal e num mundo futuro sem injustiças, rumo a um paraíso na terra.

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Esta é a base da meta de um mundo ideal, utópico, justo, só de pessoas do bem, aqueles que defende a “nossa” causa.

Como a realidade tem se mostrado diferente disso ao longo dos últimos milênios, o fundamentalista precisa controlar a realidade, quem tenta apontá-la, maquiando-a e impedindo o contraditório, pois o  pensamento bom versus o mau é ótimo para conseguir adeptos mas se mostra incapaz de lidar com a realidade complexa.

O fundamentalismo sempre existiu e sempre existirá, pois ele está na base do pensamento primitivo em toda a sociedade. Quanto menor é a capacidade de autonomia de pensamento, mas o fundamentalismo tem chance de avançar.

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Se tivermos como gatilho:

  • – crises conjunturais;
  • – ou injustiças estruturais.

É isso, que dizes?

 

A crise da Sociedade Moderna é tecnológica!

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http://nepo.com.br/2014/11/25/a-crise-da-sociedade-moderna-e-tecnologica/

Há um diagnóstico completamente equivocado sobre a sociedade moderna.

Os anti-liberais e os liberais continuam brigando com as armas e conceitos do século passado.

Uns ainda não aceitam as grandes conquistas humanas de 1800 que foram a alternância de poder, que tirou o rei do trono e a livre iniciativa que fez frente ao senhor feudal.

Estas duas tecnologias sociais foram a base que nos permitiram saltar de 1 para 7 bilhões de pessoas, mas, de fato, chegaram ao seu limite.

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É preciso, assim, entender algumas coisas para entender a crise da sociedade moderna:

  • – somos uma tecno-espécie, a única que cresce em termos de membros sem limites;
  • – quando as crises da complexidade demográfica chegam, inventamos primeiro novas tecnologias cognitivas e depois novas tecnologias sociais.

A invenção da alternância de poder e da livre iniciativa, duas poderosas tecnologias sociais, só foram possíveis, pois tivemos como pré-condição:

  • – a descentralização das ideias, com a chegada do papel impresso;
  • – o aumento de autonomia do cidadão, através da alfabetização massificada;
  • – que permitiu a criação das tecnologias sociais de descentralização social, que foram a alternância de poder e a livre inciativa.

Note que tivemos nesse momento uma conjuntura demográfica e uma saída tecnológica, que passaram os últimos 200 anos mostrando serviço.

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O que aconteceu nesse período de 1800 para cá é que houve um movimento natural de concentração de ideias e vou explicar por que.

Quando você aumenta a complexidade demográfica, você gera mais diversidade que precisa ser processada pelos ambientes sociais. Quando isso não é tecnologicamente possível, a tendência é centralizar para poder resolver a crise.

Estamos, portanto, saindo de um longo período de concentração de ideias, que gerou concentração de poder, de capital e de iniciativas.

As organizações passaram a ser servir da sociedade e viraram o rabo que está balançando o cachorro. E este rabo tende a cada vez ser mais materialista focado no curto prazo, nos bens materiais, no baixo significado.

Assim, o meu diagnóstico não é colocar a culpa “no sistema”, no “capitalismo”, mas na incapacidade que tivemos até aqui de superar tecnologicamente os impasses da livre iniciativa e da alternância de poder.

Nem os liberais e nem os anti-liberais têm a saída para a crise, pois ela só é possível ser superada pela inovação de tecnologias cognitivas e depois com tecnologias sociais, que podem ampliar as barreiras tanto da livre iniciativa, como da alternância de poder, descentralizando-as.

Estamos entrando em uma nova Era Social, na qual vamos reinventar novas tecnologias sociais mais robustas do que temos hoje para poder viver melhor com as 7 bilhões de almas humanas que habitam o século XXI, rumo aos 9 bilhões.

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A crise da sociedade moderna é uma tecno-crise que só será resolvida com mais inovação que amplie o poder da livre iniciativa e da alternância de poder.

Seria uma saída tecno-liberal, aceitando as críticas que são feitos pelos anti-liberais, que é mais ou menos o que pede os movimentos sociais de rua em todo o mundo.

Isso não é uma mudança de discurso, mas de prática e é basicamente, através do uso de plataformas que permitam a colaboração de massa, onde é possível processar mais diversidade com mais eficiência.

É isso, que dizes?

Algumas verdades precisam ser ditas.

  • 1- o inimigo da sociedade humana é e sempre será a complexidade demográfica;
  • 2- complexidade demográfica geram demandas diárias que terão que ser atendidas DE QUALQUER FORMA;
  • 3- precisaremos ter no poder (institucional e produtivo) os mais capacitados a lidar com ela;
  • 4- antes de resolver problemas de injustiças precisamos resolver o problema do abastecimento gerado pela complexidade demográfica;
  • 5- depois do problema de abastecimento equacionado, podemos começar a pensar em minimizar as injustiças, desde que não percamos de vista o problema do abastecimento.

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Estas regras guiam a sociedade humana.

As duas grandes invenções que tivemos na modernidade, com as revoluções liberais de 1800, foram:

  • – a livre iniciativa, que é uma rede produtiva mais descentralizada para lidar com a complexidade demográfica;
  • – a alternância de poder, que permite que possamos testar os líderes que estão no poder e trocá-los, quando não estão atendendo.

A alternância de poder e a livre iniciativa foram a base para que pudéssemos saltar de 1 para 7 bilhões de pessoas nos últimos 200 anos.

São formas mais sofisticadas para lidar com a complexidade que já conseguimos inventar até aqui.

São melhores do que a da monarquia, pois são mais sofisticadas e nos permitem lidar melhor com a complexidade demográfica.

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Todo o movimento fundamentalista depois de 1800, seja religioso, ideológico ou racial deseja, no fundo, o retorno de um rei.

O rei é algo de mais fácil significação e atende bem a determinadas crises profundas como a da Alemanha que pariu o nazismo ou do movimento neopopulista da América Latina.

Só é possível viver bem dentro da iniciativa privada e da alternância de poder se tivermos mais e mais autonomia de pensamento.

A baixa autonomia de pensamento pede saídas mágicas e aí tendemos à monarquia, seja um califado ou um populista.

O problema da monarquia no século XXI é que a centralização de poder nos leva para a centralização produtiva e a uma rede menos sofisticada.

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Aonde houver o retorno ao modelo monárquico, teremos:

  • – o aumento de crises de abastecimento;
  • – o aumento da violência, pois o centro é incapaz de conter sozinho às demandas de todo o tipo;
  • – o aumento de corrupção, em função do aumento do poder absoluto.

E com a instalação do poder mais absoluto:

  • – a redução da diversidade;
  • – a incapacidade de inovação;
  • – a redução de espaço do livre pensamento.

Tais modelos podem ter uma vida um pouco mais longa em países em que há matéria primas de grande atração internacional, como podemos ver nos Emirados Árabes.

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O retorno ao um modelo próximo à monarquia será sempre uma opção dada aos oportunistas que querem se tornar reis, explorando a fragilidade dos segmentos mais desinformados.

O combate a esse fundamentalismo monárquico se dá com o aumento da capacidade de autonomia de pensamento, que nos leva a poder viver em uma sociedade de livre iniciativa e alternância de poder.

Sim, há uma crise da alternância de poder e de livre iniciativa, que falarei a seguir.

É isso, que dizes?

Um áudio sobre o tema:

 

Note que toda a dominação da Idade Média foi feita pela Igreja.

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Os padres eram homens acima do bem e do mal.

Não casavam, não trabalhavam.

Passava-se a ideia de alguém que podia ser o representante de Deus na terra.

A ideia de super homem, ou do super líder, ou do líder bom para todos os males também acompanhou os reis e continua a criar a fantasia das sociedades modernas. Ou seja, muda-se a época, mas procura colocar um manto de sagrado em pessoas de carne e osso para exercer a dominação.

Quanto menos autonomia de pensamento e de vida tem um determinado cidadão ou cidadão mais terá a necessidade de acreditar no super homem acima do bem e do mal para que ele passe a representá-lo.

As instituições, leis, normas, regras são conceitos abstratos.

Pessoas são de carne e osso.

É mais fácil ser iludido por pessoas.

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Assim, pessoas com menos autonomia de pensamento e isso não quer dizer grau de escolaridade somente, apesar de isso ajudar, precisam de super homens.

A democracia  moderna só foi capaz de se instalar na sociedade depois de um forte movimento de autonomia de pensamento, motivado pela escrita, disseminada pelo papel impresso.

A base do pensamento marxista, por exemplo, é motivada pelo mito do super homem ou do novo homem.

O homem bom acima do bem e do mal.

O mundo os homens bons e justos.

E isso nos leva necessariamente a acreditar nas pessoas e não nas instituições e leis e ordem que possam restringir a atuação das pessoas.

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A aposta no super homem sempre vai tirar das pessoas a capacidade de construir instituições fortes, pois vai se passar para alguém o poder de mediar os conflitos.

Tirando raras exceções, o homem bom não existe, mas o ser humano se aproveita dessa ingenuidade para colocar suas perversões para fora.

O mito do homem bom, como do padre, acima do bem e do mal, a mãe do povo, o pai do povo, o líder eterno, blá, blá, blá, nos levam a tirania.

O Papa ontem fez um discurso sobre a ganância.

O papa está errado.

O problema do mundo não é a ganância, mas o ambiente que permite que a ganância se expanda. Quanto menos transparência, mais ganância teremos,. Em nome da luta contra a ganância, aliás, muita gente fecha o ambiente e o que acaba provocando é mais ganância.

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Há uma visão filosófica equivocada, que foi a base inclusive do Marxismo, de que o ser humano é mais forte do que o ambiente que vive.

Sim, há exceções, que justificam a regra.

De maneira geral, o ser humano é mais influenciado individualmente do que influencia o ambiente.

O grande aprendizado que temos na história política do Brasil é justamente a quebra dessa regra com o PT.

O PT afirmou que era o partido mais honesto do mundo e seu integrantes eram todos super-homens do bem. E que o que faltava ao país era falta de vontade política.

Ou seja, o ser humano mais forte do que o sistema, incapaz de ser corrompido por ele.

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Passado quase 35 anos, vemos que a tese filosófica inicial estava equivocada.

A ideia de que o homem nasce bom e é corrompido pelo sistema não se sustentou.

O que aprendemos com o passado é que todo o sistema tende a se corromper quanto mais obscuro ele for e menos transparente. A melhor forma de combater a corrupção, como se diz, é a luz do sol.

A tese do “homem bom”, do “novo homem” de algo que nunca foi visto até aqui nos milhares de anos da história é justamente a ideia de construir um ser humano melhor ou superior aos demais, criar um mito sobre a humanidade.

Assim, se estes homens “superiores” estiverem no poder, acima do bem e do mal, podemos dormir tranquilos e nem precisamos aprimorar nossas instituições.

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Ao invés do estímulo de participação e de um povo fiscalizador e ativo, queremos o contrário. Um povo submisso e crente de que aqueles “homens bons” cuidarão de nós. É óbvio que isso não está funcionando.

É isso, que dizes?

 

Muita gente olha para o mundo e vê um futuro sombrio.

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Isso por que está com um olhar indutivo.

Olha para o que sente.

Eu trabalho com o olhar dedutivo.

Olho para o que estudo.

Meus estudos mostram que vivemos uma Revolução Cognitiva Digital.

E chegamos com ela ao fim de um longo ciclo de concentração de ideias, de capital, de poder, de iniciativas, de inovação e tudo que quiser colocar dentro.

Este ciclo denota o seguinte impasse:

  • – aumentamos tremendamente o número de pessoas;
  • – aumentamos, portanto, a diversidade;
  • – mas não tínhamos instrumentos para processar essa diversidade;
  • – por isso, sufocamos a diversidade para nos manter produtivos.

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Existem três movimentos que vão caracterizar as próximas décadas:

  • – um movimento fundamentalista, que quer voltar a origens antigas, completamente incapaz de lidar com a complexidade, isso vai criar muito sofrimento;
  • – um movimento conservador que quer manter o mundo do jeito que está e impedir que os novos ambientes tecno-econômicos e políticos se disseminem;
  • – e o novo movimento tecno-político, que será a verdadeira vanguarda.

Posso afirmar, com certeza, que quem vencerá é o último por mais tempo, sofrimento, sangue, contradições que isso possa levar.

Nossa espécie sempre optou pelo caminho do menor esforço.

Não há outro jeito.

Hoje, se a maior parte dos países optou pelo modelo empresista-republicano é justamente por ser o que mais tem a oferecer para lidar com a complexidade.

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Temos, entretanto, outro modelo ainda mais sofisticado e melhor.

O que junta o empresismo e a democracia com mais horizontalidade.

Muitos dirão que estou defendendo um mundo melhor.

Mas não é bem isso.

Temos que criar um mundo mais compatível com 7 bilhões de habitantes.

Não será um mundo justo, mas será mais adaptado aos problemas que temos pela frente.

Isso já está em marcha, dentro da área de inovação, que é onde o movimento político mais avança sem ter esse nome.

O futuro será mais adaptado aos 7 bilhões.

O problema é que temos um longo caminho até ele virar hegemônico.

E as próximas décadas serão difíceis, entre estes três pólos, que já, de alguma forma, apareceram nesta eleição: com Marina, Aécio e Dilma.

É isso, que dizes?

Há uma relação vital para entender o conceito de capacidade de lidar com a diversidade das pessoas.

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Diversidade significa aumentar nossa capacidade de lidar com ela.

Mais gente = mais diversidade.

Quando temos formas de lidar com a diversidade, podemos abrir nossos ambientes sociais, quando não temos precisamos fechar.

Diversidade, assim,  gera basicamente um problema de processamento de dados.

Quanto mais um sistema é padrão e uniforme, mais fácil é para lidar com ele.

Minha tese sobre o mundo é que quando aumentamos a complexidade demográfica, vamos necessariamente precisar:

  • – ou reduzir a diversidade pela incapacidade de processar dados;
  • – ou criar novas ferramentas para processar dados que permita lidar com mais complexidade.

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A crise mundial dos últimos dois séculos foi justamente o aumento da complexidade demográfica sem a capacidade de mudar de forma mais consistente a capacidade de processar a nova diversidade emergente.

O que fizemos?

Sufocamos a diversidade, centralizando poder, ideias, capital, iniciativas, criando um mundo mais padronizado que nos permitisse viver nele.

A Internet e seu novo poder de processamento de dados, através da comunicação matemática, reputacionismo e colaboração de massa passaram a permitir sair desse impasse.

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Hoje, podemos processar mais dados, garantindo que possamos processar mais diversidade, saindo do impasse padronizador do século passado.

A grande revolução que temos que promover é incorporar novo potencial de processamento de dados para criar diversidade com sustentabilidade produtiva e ecológica.

Note que o processamento de dados implantado, até antes da Internet, era todo de dentro para dentro das organizações, pois não permitia a horizontalização e o aumento de poder do cidadão e do consumidor.

O processamento de dados até antes da Internet era padronizador.

Com a colaboração de massa, com a comunicação matemática e o reputacionismo, temos agora a possibilidade de um processamento horizontalizador, que permite o aumento do processamento da taxa da diversidade.

Ou seja, é um processamento inclusivo e não reprodutor de um padrão.

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A colaboração de massa é a saída.

No Brasil, tivemos as manifestações de 2013 que apontaram nessa direção, mas não tivemos capacidade, ainda, de transformar latência em projetos políticos.

Mas chegaremos lá.

Vimos aqui o problema do “cérebro indutivo”.

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O problema na América Latina hoje é que esse cérebro indutivo se acostumou a uma vida de consumo graças ao modelo da livre iniciativa, inventada nas revoluções liberais de 1800.

Muita gente confunde a livre iniciativa com capitalismo e capitalismo com concentração financeira, ganância, incentivador de pobreza. É o caminho mais fácil, mas não o mais eficaz.

(Eu chamo capitalismo de empresismo e não vejo nada no horizonte melhor do que esse modelo, precisando de fortes ajustes com a chegada da Revolução Cognitiva.)

Há um problema que toda espécie animal enfrenta no mundo: sobrevivência.

Quanto mais complexidade demográfica temos em uma espécie, mais sofisticado terá que ser o seu modelo de governança para que possa resolver o problema básico da sobrevivência.

Minha tese é de que mais complexidade demográfica pede necessariamente mais descentralização do poder e da produção, através de aumento de autonomia do cidadão/consumidor para enfrentar as crises cada vez mais sofisticadas.

Assim, temos que analisar o mundo e nós no planeta como uma espécie que precisa a cada dia se alimentar para chegar no dia seguinte.

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Essa complexidade diária e inapelável será a base de todo o ambiente produtivo.

A saída que nossos ancestrais inventaram é a criação de um modelo descentralizado, em que cada um cuida de uma pequena parte do problema da complexidade, através do seu próprio negócio, motivado por alguma coisa, que chamamos de lucro (mas pode mudar).

O problema é que, como disse antes, nosso cérebro se acostuma com o que é natural e passamos a achar que várias conquistas da humanidade são dela mesmo, tais como podermos consumir produtos e serviços quando quisermos.

Isso foi inventado e construído ao longo dos últimos 200 anos.

Há, com o costume, o que podemos chamar de “invisibilidade da livre iniciativa”.

Ou seja, tudo o que temos nos parece natural e nos dá a falsa ilusão de que tudo que fizermos contra os problemas do mundo, podemos contar com os resultados da livre iniciativa, pois elas são “naturais”.

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A livre iniciativa não faz propaganda dela mesma, pois ela é muito pragmática e tem outras coisa a se dedicar. Porém, é fácil que um conjunto de pessoas, que não TEM A RESPONSABILIDADE DE MANTER A RODA GIRANDO possam ver as injustiças, que sempre existirão, e considerar que o problema da sociedade é da livre iniciativa, pois tudo que ela produz, o seu mérito, é invisível.

Assim, começamos um processo de achar que vamos resolver os problemas da sociedade, esquecendo que boa parte dos problemas que foram superados depende fortemente da liberdade de produzir, que a livre iniciativa permite.

O processo é danoso, pois começamos a ir contra uma das grandes invenções da modernidade, que nos permitiu salta de um para 7 bilhões de pessoas no mundo.

E entramos em um processo de passado, quando, justamente, agora é o momento de aperfeiçoar a livre iniciativa, descentralizando-a mais e mais, a partir das novas tecnologias disponíveis de produção e participação colaborativa.

É quase como se estivéssemos, depois de vários anos no mar, chegando a uma praia e uma onda nos levasse para trás, ainda mais longe da areia.

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Ao longo dos últimos anos, a livre iniciativa se preocupou em produzir, mas não fazer propaganda de seus méritos, que pareciam implícitos, quando um conjunto grande de pessoas não vinculadas e não comprometidas com o setor produtivo, fez um efetivo trabalho contra essa invenção.

Hoje, colhemos o preço dessa campanha vazia de propostas, mas de fácil difusão.

A livre iniciativa virou vilã das injustiças do mundo.

O grande problema é que esse erro de diagnóstico nos levará, como já está levando, a crises em que milhões de pessoas entenderão que, em nome de melhorar, tiramos uma carta fundamental do castelo de carta que é a base do estado moderno.

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Sairemos de tudo isso muito mais tecno-liberais, resta saber em quanto tempo e qual será o valor do sofrimento a ser pago.

Veja um áudio que fiz sobre este tema:

Nosso cérebro é um economizador de energia.

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Por isso, absorve tudo que está à sua volta, transformando tudo em “natural”.

Quando saímos de casa, achamos que tudo é extremamente conhecido, sem nos dar conta de que uma cidade levou séculos para se transformar no que ela chegou e está mudando.

Nosso cérebro, assim, é um cérebro indutivo, pois induz as mudanças que consegue perceber.E fica atento apenas para as ameças possíveis, tornando mais e mais o que é conhecido como algo que significa “não perigo”.

Mudanças mais amplas e profundas vão contra o sistema de economia do cérebro e exigem um outro tipo de esforço conceitual que a maioria de nós tem dificuldade de desenvolver.

Além disso, essa capacidade de tornar invisível o que é visto, traz um grave problema para projetos de mudança e inovação.

Aquilo que é invisível passa a ser legítimo, o que é bom, o verdadeiro e tudo que vai contra ao que estamos acostumados, algo ameaçador.

Enxaqueca aumenta o risco de lesões no cérebro

Por isso, combatemos, com tanta ênfase o novo.

Momentos como o atual de tantas mudanças, embaralha o cérebro e o torna mais afeito ao fundamentalismo, pois se agarra a raízes mais profundas, com medo de perda de identidade.

Temos dois problemas aí:

– não queremos mudar para algo completamente novo;
– e não defendemos coisas que nos são fundamentais, pois achamos que elas são eternas.

Falarei mais disso adiante.

 

Precismos colocar futuro e mais futuro para combater todos os fundamentalistas do passado! Ou seja, o que quero dizer é que a terceira via é tecno!

Tem feito muito sucesso o vídeo de Gloria Alvarez, que sugere a luta contra o fundamentalismo na AL, através das tecnologias:

Acredito que o fundamentalismo não se dá apenas pelo lado dos populistas, mas também pelo lado dos que querem combater o populismo com fundamentalismo, pois não apresentam uma nova solução para o futuro.

Temos que entender que a dicotomia capitalismo x comunismo se deu dentro de um marco do Ambiente Cognitivo Impresso, com suas limitações políticas e econômicas.

Nem o capitalismo ou o comunismo conseguiram resolver determinadas questões.

Obviamente, que a livre iniciativa se mostrou mais eficaz do que o controle estatal comunista, mas houve, em função da centralização do aparato de ideias, forte concentração das organizações, criando um tipo de capitalismo financeiro, no qual o rabo passou a balançar cada vez mais o cachorro.

Muita gente confunde hoje a luta contra a concentração do capital financeiro como uma luta anti-capitalista, mas que são coisas diferentes.

A concentração do capital financeiro se deu no marco da concentração de ideias, de um longo ciclo que se inicia com o papel impresso em 1450 e chega ao fim em 2004, com a chegada da banda larga, que abre uma nova Era Cognitiva.

Eu, por exemplo, sou contra a concentração do capital financeiro, mas não contra a livre iniciativa, que é fundamental para lidar com a cada vez mais galopante crise da complexidade.

Tal proposta só será obtida com forte inovação, com redes descentralizadas, que permitam-nos ir onde ainda não pudemos no passado!

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Será preciso, então, trabalharmos com novos patamares:

  • a defesa e a descentralização cada vez mais da  da livre iniciativa, propondo descentralização ainda maior, através de Plataformas Digitais Colaborativas, o que seria no fundo um novo neo-tecno-liberalismo, mas não motivado e a favor da concentração do setor financeiro, mas por um ambiente mais inovador e com muito mais capilaridade;
  • a defesa do aprofundamento democrático, com mais participação popular, através não de representantes do movimento social, mas de um novo tecno-modelo de representação, com a experiência do uso de equipamentos digitais para ampliar essa co-criação coletiva, através da colaboração de massa, com uso intenso de comunicação matemática e do reputacionismo digital.

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O problema é que ambos os lados defendem projetos fundamentalistas baseado no passado e na falsa dicotomia esquerda e direita, que se fez algum sentido no passado, cada vez mais não se encaixa em um mundo que tem novas fronteiras.

Uma Revolução Cognitiva permite que as fronteiras se expandam e o que não era mais possível no passado passe a ser.

O problema é que os inimigos do sistema e os inimigos de quem é anti-sistema continuam propondo o mesmo cenário do passado, sem incorporar a inovação do futuro.

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Os futuristas têm, assim, como bandeiras:

  • A república digital – mais poder direto para as pontas;
  • O colaboracionismo – descentralização ainda maior da livre iniciativa.

Precismos colocar futuro e mais futuro para combater todos os fundamentalistas do passado! Ou seja, o que quero dizer é que a terceira via é tecno!

 

Naisbitt disse uma vez que o futuro não é temporal, mas regional.

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Ou seja, há no mundo hoje diferentes estágios para lidar com a complexidade galopante.

Nada mais simbólico para o século XXI do que a queda das Torres Gêmeas, que marca claramente a luta do passado com o futuro. O fundamentalismo deveria ser uma preocupação vital dos futuristas, mas não é.

O mundo vive em condomínios, como se não fosse uma bola.

Bolsões de miséria serão geradores de fundamentalismos (religiosos, ideológicos e raciais).Deveríamos fazer um esforço para levar futuro para o passado.

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Para tirar o passado do passado e ajudá-lo a enxergar e defender o futuro e não ir contra ele.

O fundamentalismo nada mais é do que a tentativa de mantermos o passado no presente, o que acaba sendo algo incapaz para lidar com as crises contemporâneas. É uma forma de um conjunto da população se sentir, aparentemente, segura.

Onde houver miséria, haverá dois fundamentalismos:

  • – um não militante, passivo, que é a gasolina;
  • – um líder militante ou um grupo, que vai acionar o não militante – que é o fósforo.

O descaso de quem quer o futuro com o passado leva necessariamente para o crescimento do fundamentalismo, que vai crescendo na invisibilidade da sociedade.

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Quando vem à tona em forma de poder, é que nos damos conta o quanto existe:

  • – de latência por mudanças acumuladas;
  • – o quanto está enraizado o pensamento fundamentalista;
  • – e a passagem do fundamentalismo passivo para o militante.

Os projetos de futuro devem ser inclusivos, pois verão, ao invés de futuro, uma ida maior para o passado.

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O movimento de futuro, assim, é político e deve ser militante.

Criando núcleos de futuro.

Falei mais sobre estes núcleos aqui:

 

O pensamento fundamentalista precisa escolher pessoas para serem inimigos e odiar para construir os elementos de adesão para a chegada ao poder, mas depois que chega lá não tem ferramentas suficientes para lidar com a complexidade.

 

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O mundo é complexo.

E há sempre um grupo de pessoas, que representa uma sociedade para lidar com essa complexidade, que seria a classe dirigente, responsável por manter aquele grupo vivo e operante da melhor maneira possível. A ideia da democracia é a escolha sistemática do melhor grupo a cada cenário específico para lidar melhor com a complexidade.

O grande problema humano é lidar com essa complexidade, que vai ficando mais e mais difícil, conforme aumentamos o número de pessoas.

O pensamento fundamentalista (religioso, racial ou ideológico) é basicamente aquele que tem dificuldade de lidar com a complexidade humana. E considera que todos os problemas do mundo é da classe dirigente e não da luta de todos contra a complexidade.

O fundamentalismo não consegue lidar com ideias e conceitos abstratos, precisa colocar em pessoas a sua raiva diante dos sempre e eternos problemas do mundo. Seu foco para conseguir lidar melhor com o mundo complexo serão pessoas de carne e osso e nunca questões abstratas.

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Assim, todo o fundamentalista torna o desafio da complexidade invisível para atacar uma dada classe dirigente. criando a fantasia de que se sairá melhor do que ela. O grande problema é que a complexidade exige a montagem de uma cada vez mais sofisticada rede logística para lidar com ela e um pensamento mais complexo, que é completamente inacessível ao fundamentalista.

A rede logística criada para lidar com a complexidade é invisível para o fundamentalista, que acha que tudo é fácil, pois não consegue ver o desafio complexo que a classe dirigente tem de gerar, bem ou mal, a sobrevivência de um dado grupo.

O pensamento fundamentalista é de baixa sofisticação e incapaz de lidar com a complexidade.

No momento em que o fundamentalismo vira classe dirigente se torna incapaz de criar uma rede logística para lidar com a complexidade. O fundamentalista tem ferramentas para chegar ao poder, pois explora as contradições da classe dirigente, mas não se preparou para lidar com a complexidade.  

Assim, em um governo fundamentalista,  a sociedade entra em um processo contínuo de crise, pois mais e mais as decisões tomadas serão simplistas, de curto prazo, incapazes de lidar com a complexidade.

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Todo país em que um governo fundamentalista chega ao poder viverá gradualmente de decisões cada vez mais de curto prazo e simplistas, gerando crises cada vez maiores.

As crises teriam que, teoricamente, obrigar os fundamentalistas a rever sua prática, porém não há no fundamentalista um arcabouço psicológico em que um age e outro observa, algo fundamental na subjetividade humana para proceder auto-críticas mais profundas.

Há no fundamentalista identidade embolada em que o pensamento e a ação não são dois momentos separados, mas um só, o que dificuldade qualquer capacidade de superação de um pensamento e uma ação.

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Um fundamentalista tem a objetividade e a subjetividade misturadas em um corpo só, que torna incapaz de proceder qualquer auto-crítica de maior envergadura.

É algo que o identifica como pessoa e seu pertencimento a um dado grupo.

Diria que o ego está embolado com a realidade em apenas um mesmo corpo.

A percepção e a realidade é um nó compacto.

Assim, não há possibilidade de auto-crítica, pois a certeza faz parte integrante de seu mundo e o constitui enquanto pessoa. O fundamentalismo estaria próximo do pensamento de um serial killer, pois não há simpatia nenhuma por aquele que é escolhido como o “inimigo”, o que justifica a sua eliminação, ou como ideias ou fisicamente, em situações mais radicais.

Tudo que a realidade trouxer de problema ao fundamentalista será interpretado como algo que não o faz rever práticas, mas terá uma resposta simplista explicativa.

Na impossibilidade de lidar com os sinais da realidade e de fazer auto-crítica o fundamentalista procurará, pela ordem:

  • – alterar os indicadores;
  • – impedir que as más notícias se espalhem;
  • – culpar o mensageiro;
  • – e tudo que mantiver seu senso de baixo significado intocável.

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Um governo fundamentalista será basicamente  controlador das ideias e das pessoas, pois  tem dificuldade de lidar com o contraditório.

Não há diálogo possível com fundamentalistas, apenas a organização da sociedade para deixá-los em um espaço limitado  e nunca como classe dirigente, pois quando temos a complexidade tratada de forma simplista e com um pensamento sempre não dialógico, mais e mais teremos crises correlatas, mais e mais controle, com a possibilidade forte da violência contra o que lhe é contraditório.

É isso, que dizes?

 

O grande inimigo humano é a complexidade.

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Diante dela, temos que nos organizar para sobreviver.

Um pensamento simplista e fundamentalista coloca na classe dirigente todo os problemas do mundo, mas é justamente a classe dirigente que é a escolhida para lidar com a complexidade.

Não haverá sociedade no mundo que não tenha classes dirigentes.

E, ao longo do tempo, a classe dirigente sempre será aquela que conseguirá lidar melhor com a complexidade.

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O rei, por exemplo, na monarquia vivia uma grande aprendizado ao longo de sua infância para assumir a complexidade do reino.

O filho do rei era preparado para que tivesse capacidade para um dia poder lidar com a complexidade do reino.

O surgimento da República transferiu um pouco a responsabilidade da escolha dos dirigentes para a sociedade, que poderia escolher de tempos em tempos os seus dirigentes, ou aqueles que poderiam lidar melhor com a complexidade.

Na tentativa e erro vamos alternando dirigentes não só em perfis, como em momentos.

Ora uma situação pede um tipo de dirigente, ora pede outro.

Há um aprendizado e uma trajetória em que cada sociedade escolhe o dirigente que ela considera mais capaz para lidar com a complexidade do mundo.

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Pode haver ao longo do tempo a escolha de dirigentes incapazes para lidar com a complexidade e isso leva necessariamente ao aprofundamento das crises provocadas pela falta de capacidade de lidar com a complexidade.

O tempo vai passar e, naturalmente, se houver o sistema democrático e de alternância, teremos sempre aqueles que melhor conseguem lidar com a complexidade exercendo o poder.

Não é à toa que quando líderes de baixa complexidade assumem o poder e têm dificuldade de lidar com a complexidade, procuram minar a democracia para criar um ambiente artificial para se perpetuar no poder. As crises vão sendo escondidas e vai se tentando impedir que pessoas com mais capacidade de lidar com a complexidade assumam.

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A democracia, no fundo, é um jogo dos mais capazes para lidar com a complexidade.

Quando o jogo está viciado os menos capazes se perpetuam, gerando problemas graves para a sociedade que foi incapaz de promover as mudanças.

 

Estamos vivendo um movimento neofundamentalista na América Latina e no Brasil.

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Há uma união de vários elementos:

  • – líderes carismáticos com visão de baixa complexidade;
  • – grandes segmentos sociais de baixa alfabetização;
  • – aumento radical da complexidade diante do aumento populacional;
  • – aumento radical, por consequência, de problemas estruturais;
  • – resgate de ideologias simplificadoras da complexidade, tal como o marxismo;
  • – metodologias de poder, tal como o populismo.

Este conjunto de fatores nos leva a viver uma crise profunda, pois há um apelo para uma solução rápida e simples de problemas cada vez mais complexos.

São alternativas de baixa inovação em um mundo complexo que pede justamente o contrário: alta capacidade de inovação para resolver cada vez mais os problemas complexos.

O que nos leva a uma aparente solução rápida para um problema cada vez mais complexo. Um mundo que pede cada vez mais redes descentralizadas, está assistindo justamente o contrário: a proposta de mais centralização e controle!!!

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Há um crescimento dessa alternativa, em função de um aparente atalho, uma adesão de vários setores de classe média a esta visão simplista, diante de um fenômeno que chamei de fundamentalismo não militante, que passa agora a ser militante.

E temos, então, um ambiente:

  • – de aumento de simplificação diante da complexidade;
  • – abafamento e luta contra os setores mais inovadores;
  • – ampliação das crises complexas, por mais e mais simplificação;
  • – fortalecimento de redes fechadas, quando precisamos de redes cadas vez mais abertas.

Todos os países da AL que têm adotado o neofundamentalismo têm vivido os mesmo problemas:

  • – adesão dos setores cada vez mais fundamentalistas e de baixa complexidade, que fazem uma parceria;
  • – aumento das crises complexas, com falta de alternativa inovadora para os problemas tais como saúde, educação, mobilidade, energia, meio ambiente, alimentação, distribuição, competitividade e produtividade.

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O movimento que deve fazer a a oposição a tudo isso tem que ser um que aponte na direção da inovação e seja capaz de demonstrar o potencial das novas tecnologias como o único caminho que possa:

  • – descentralizar o poder e o capital;
  • – sem perder a dinâmica e a capacidade de inovação.

A terceira via nos leva a um movimento de complexidade para combater a complexidade com redes cada vez mais abertas e capazes de lidar com o aumento da complexidade.

(Em 2008, os dados nos dava cerca de 600 milhões de habitantes, o que nos dá 1,8 bilhões de pratos de comida todos os dias.)

Este movimento, entretanto, é muito incipiente e emergente, diante da capacidade dos fundamentalistas em cumprir a sua metodologia de ficar e se estabelecer no poder.

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A crise é grave e profunda.

 

“Quando uma pessoa aponta o dedo para a lua, o sábio olha para a lua e o tolo para o dedo” – ditado chinês.

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Sempre na vida estaremos diante de um problema complexo, pois todos os problemas são complexos, pois o mundo é uma rede de eventos e agentes que torna tudo complexo. Nossa cabeça precisa simplificar a complexidade para permitir a sua compreensão. E passamos a criar uma facilitação da compreensão, através da simplificação da complexidade.

Porém, a complexidade da vida não termina com a nossa simplificação, pois os fatos ocorrem, independente da nossa simplificação.

Quanto mais temos um pensamento simplista e superficial do mundo, mais incapacitado ficamos para lidar com ele.

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Ou seja, a vida não se rende a nossa simplificação, pois ela é complexa por natureza.

A simplificação denota uma incapacidade humana para lidar com a complexidade, o que nos leva talvez para as grandes crises do século XXI que será a luta da complexidade contra o fundamentalismo. Das redes mais abertas e complexas versus as redes mais fechadas e fundamentalistas.

O pensamento fundamentalista, de zero e um, preto e branco, mau e bom, nós e eles, amigo e inimigo torna a vida mais fácil para uma mente simplista, porém a torna menos capaz para lidar com a complexidade.

Diria que todo o fenômeno fundamentalista do mundo, aquele que se agarra a visão simplista, a valores do passado, é uma tentativa de resolver de forma superficial o problema da complexidade que não se resolve por vontade própria, mas pela capacidade que temos de lidar com ela.

Nossa espécie, note bem, tem um poder que pouco discutimos.

Somos a única espécie animal que não tem limites de crescimento de tamanho de membros.

Por quê?

Quando vamos aumentando o número de membros, sofisticamos a complexidade e, por sua vez, precisamos criar pensamentos filosóficos e redes humanas compatíveis com esse novo cenário. Ou seja, a complexidade humana não é fixa, ela vai se sofisticando, conforme vamos crescendo ao longo do tempo.

O salto de 1 para 7 bilhões nos criou um grande problema.

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Nós aumentamos em muito a complexidade humana dos problemas, mas a nossa capacidade de pensar sobre ela não acompanhou.

Tudo ia mais ou menos controlado, ou melhor com baixa diversidade e qualidade de vida, até a chegada da Internet, que acelerou e começou a promover mudanças sociais, que passam a ser incompreensíveis para a maior parte das pessoas.

O ritmo das mudanças não consegue ser acompanhado por muita gente, que acaba se fechando e agarrando no passado em valores que consideram fundamentais para sua identidade. O fundamentalismo emergente é, no fundo, uma tentativa de colocar um pé no freio no avançar da complexidade e suas alternativas.

É algo tal como:para o mundo que eu quero descer, ou para o mundo que eu quero permanecer nele.

Estamos diante de uma guinada filosófica no mundo, que permitirá as novas gerações tenham um pensamento muito mais complexo do que o nosso.

Porém, a complexidade do mundo gera resistência, pois temos cada vez mais:

  • – um aumento radical da complexidade, em função da demografia;
  • – um acelerado processo de pólos de alta complexidade e outros de baixa complexidade;
  • – o que gera uma demanda por uma compreensão da sociedade.

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Tal cenário é a “gasolina” perfeita para o surgimento do fundamentalismo e seus defensores.

O fundamentalismo é uma resposta simplificada para problemas complexos.

O problema é que a complexidade não se resolve com o fundamentalismo, mas o fundamentalismo passa a ser uma rápida solução para a complexidade.

O que ocorre é que passamos a ter dois tipos de fundamentalismos:

  • o fundamentalismo não militante – que se fecha em pequenas comunidades e cria uma visão estreita do mundo protegida;
  • o fundamentalismo militante – que passa a ser o braço ativo dos fundamentalismo não militante, transformando muitas vezes o não militante em militante, ou, no mínimo, como apoiador do braço militante.

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O fundamentalismo militante recruta as pessoas que já estavam operando no fundamentalismo e passa a ser um fenômeno que surge, como se fosse do nada, um pouco o que acontece no Brasil com o renascer do neopopulismo e do neocomunismo.

Isso falarei depois.

É isso, que dizes?

É preciso criar um movimento forte em defesa da República Digital e do Colaboracionismo, as novas fronteiras humanas, capaz de permitir descentralização sem a perda da competitividade, do dinamismo e da inovação, fundamentais para enfrentarmos os desafios de um mundo que ruma para as 9 bilhões de almas.

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A luta do século XXI é: rede aberta x rede fechada.

Muita gente se diz anti-capitalista.

Mas isso é algo tão genérico e incompleto que merece uma boa discussão.

Existem duas coisas aí:

  • – a invenção da livre iniciativa;
    – e a concentração das iniciativas na sociedade.

Sou radicalmente a favor da primeira e luto contra a segunda.

Existe um problema de primeiro nível em toda a sociedade humana que é a complexidade demográfica. Quanto mais gente tivermos no mundo, mais complexa deve ser a sociedade.

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A ideia do comunismo, inventada por Marx, se baseou nas antigas tribos em que existia pouca gente.

O comunismo, sem propriedade privada e iniciativas coletivas o tempo todo, pode ser praticado em pequenos grupos, pois a complexidade demográfica é baixa e pede uma rede de trocas pouco sofisticada.

Quando temos o aumento da complexidade, precisamos criar redes humanas de troca mais sofisticadas, em que o centro não pode exercer tanto poder, pela sua total incapacidade de coordenar as ações.

O comunismo em larga escala bate justamente no problema do planejamento, produção e entrega de produtos e serviços.

A rede de trocas se empobrece e cria um problema FORTE de entrega.

A invenção da livre iniciativa depois da Idade Média permitiu que a sociedade pudesse se desenvolver e dar saltos de produtividade, que nos levou de uma população de 1 para 7 bilhões de pessoas, com diferentes problemas, pois o salto foi muito rápido.

Um modelo em que cada um pode criar a sua unidade produtiva, divide o problema da complexidade demográfica e cria um ambiente mais inovador e dinâmico para solucionar os problemas da primeira ordem.

Para termos uma noção, de forma ideal precisamos hoje:

  • – No mundo produzir 21 bilhões de pratos de comida POR DIA;
  • – E no Brasil 600 milhões também TODOS OS DIAS.

A rede logística que torna isso possível tem que ser muito dinâmica e descentralizada, pois se não faltará comida para alguém.

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Assim, quando se diz que é contra o capitalismo é preciso entender exatamente contra o que é contra, pois capitalismo é um nome genérico e mal dado para o atual sistema econômico, que consegue resolver um problema de abastecimento, mas TEM SÉRIOS PROBLEMAS DE CONCENTRAÇÃO.

O que aconteceu depois de 1800, com a chegada dos meios de comunicação de massa foi uma concentração das ideias na sociedade, em função das limitações tecnológicas e o aproveitamento destes limites pelas organizações de plantão.

Quando há concentração de ideias, ao mesmo tempo temos:

  • – fortalecimento das organizações frente à sociedade;
  • – concentração de iniciativas;
  • – concentração de capital;
  • – concentração de poder.

Hoje, chegamos ao fundo do poço do modelo concentrador de ideias, desde 1800, (a meu ver perversamente e contraditoriamente necessário) em função da falta de ferramentas que tínhamos para promover a descentralização com sustentabilidade. As injustiças sociais se devem, a meu ver, pelo empoderamento que as organizações atuais, todas elas, têm sobre a sociedade, o que faz com que o cidadão e o consumidor sirvam às organizações e não se sirvam delas.

A luta do século XXI é a luta da descentralização das iniciativas, do poder, do capital, porém dentro do ambiente da iniciativa privada, pois sem ela, com o atual aumento de complexidade, teremos um GRAVE problema de desabastecimento.

Os limites tecno-econômicos e tecno-políticos que tínhamos no século passado, sem Internet, agora podem ser superados com as ferramentas de colaboração de massa, que podem permitir que mais gente participe das decisões e possa se criar ambientes produtivos mais colaborativos.

Ou seja, o movimento anti-concentração político e econômico nos leva a aumentar e pulverizar a iniciativa privada e não a restringi-la, pois isso nos levará à crises de abastecimento, tanto em termos de qualidade como em quantidade.

É falsa, assim, a dicotomia capitalismo x comunismo, que se coloca hoje na América Latina.

A luta do século XXI é o da luta de de redes fechadas, como as atuais, e redes mais abertas e mais descentralizadas.

Estamos vivendo no Brasil e na América Latina um debate que está preso nos limites do cenário tecnológico do século passado.

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É preciso criar um movimento forte em defesa da República Digital e do Colaboracionismo, as novas fronteiras humanas, capaz de permitir descentralização sem a perda da competitividade, do dinamismo e da inovação, fundamentais para enfrentarmos os desafios de um mundo que ruma para as 9 bilhões de almas.

É isso, que dizes?

 

A ANATOMIA DO POPULISMO
E/OU O POPULISMO É UM TIPO DE MONARQUIA DENTRO DA REPÚBLICA

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O populismo surge onde há miséria e desigualdade social.

O populismo é quase um pedido de um conjunto da população para que olhe por ela.

Acho que os pesquisadores sociais já deveriam saber que teríamos populismo na América Latina, pois toda vez que tivermos eleições continuadas e miséria, haverá um populismo emergente.

O populismo é caracterizado quando uma figura, pessoa, se destaca em um país e passa a representar ele mesmo, na figura única, uma entidade isolada do resto da sociedade.

Ele passa a ser o “salvador” para o grupo mais carente e passa a ter uma independência acima das instituições, com a capacidade de diálogo direto com as massas, que passa a favorecer e estabelecer um vínculo assistencialista permanente.

Há uma relação direta de troca.

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É um rei sobre os partidos.

O populismo é quase um resgate a uma monarquia.

O populismo seria uma monarquia dentro da república, o que acaba gerando o getulismo, o peronismo e, agora, o Lulismo.

Para dizer que o atual governo é neopopulista, assim, é preciso afirmar que há uma figura central, que é Lula, que tem mais poder do que a instituição PT e, em função disso, as decisões mais importantes a serem tomadas devem passar por ele.

Muita gente dirá que o PT e Lula não são populistas por ser um partido que veio da base, mas não existe nada puro, nem o populismo.

Podemos dizer que a taxa de populismo do Lulopetismo cresceu muito nos últimos anos, com a saída de cada vez mais gente do PT, com capacidade inovadora e em função dos problemas de corrupção, aumentando cada vez mais a taxa de populismo de Lula.

Nesse momento, temos a força de uma pessoa, acima de grupos de pessoas, como está acontecendo em toda a AL, como Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Correia (Equador), Mujica (Uruguai), Casal K (Argentina).

Ao termos a força de uma pessoa acima das instituições, voltamos a um momento similar à monarquia, que a vida de um país, apesar da atual complexidade, passa a depender muito de uma pessoa, que passa a ter muito mais poder.

Defendo a tese de que a República só foi possível com a alfabetização que houve na Europa depois da chegada da prensa e a monarquia é o governo mais compatível com o analfabetismo, pois é mais fácil de ser compreendido e interpretado.

O populismo, assim, é quase como algo natural na sequência das eleições, pois analfabetismo + democracia = populismo.

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Se tivermos a sequência de democracia, que todos esperam, um projeto de médio e longo prazo deve prever a educação para termos uma república mais consistente, como é o caso do Chile, o único país que tem ficado, até o momento, imune ao populismo.

O populismo atual se caracteriza por ser um populismo com forte viés marxista ou comunista, pois há uma antipatia pelos regimes militares e um encantamento de um setor da população, principalmente classe média, pelas ideias marxistas, ou uma social democracia mal elaborada.

Porém, note bem, não é um marxismo com um líder forte, mas um líder forte que vê no marxismo um suporte para seu projeto de poder, o que é bem diferente.

O neopopulismo latino americano é, assim, um populismo, com toques marxistas de controle, de nós contra eles, de luta de classes.

O problema da monarquia, como do neopopulismo, é a força que uma pessoa passa a ter, o que vai criando um semi-poder absoluto, um inchamento do ego, e uma arrogância e uma ganância de se manter no poder pelo poder.

A qualidade dos líderes populistas também conta muito, pois são pessoas com uma visão estreita do mundo, sem amplitude, com baixa capacidade de previsão de médio e longo prazo.

Assim, toda a esperteza que existe deles, e elas existem, é uma esperteza de sobrevivência e de conseguir reunir forças para se manter no poder dentro de um conjunto de ações que consideram estar fazendo o “bem” para os seus súditos.

Sempre com uma visão de curto prazo, cercado de pessoas medíocres, o que acaba gerando crises, pois há ações que precisamos de ações de médio e longo prazo.

(Muitas crises que vão estourar no governo Dilma 2 são efeitos de ações que deveriam ter sido feitas no Lula 1 e 2, Dilma 1, mas não foram).

Mais ainda.

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Aonde o PIB é estatal na América Latina o discurso e prática marxistas avançam e onde o PIB é privado o movimento ficam mais encolhido como no Brasil, algo como Valter Pomar do PT chama de “estratégia defensiva”, diante da defesa aberta do “socialismo do século XXI”.

Diria que o socialismo do século XXI se resumiria a governos semi-monárquicos, baseado em um líder forte, com um viés fortemente assistencialista, muito controle, redução, ao máximo de alternância de poder, com fortalecimento de grandes corporações para produzir um capitalismo de estado.

Nada além disso, com um resultado bastante medíocre em termos dos desafios do século XXI.

Nenhum país da AL resolveu partir para o modelo cubano, apesar da Venezuela estar bem perto. O perfil dos novos regimes se aproxima de um capitalismo de estado Chinês da década passada, mas com uma liberdade muito grande para a corrupção.

O neopopulismo tem um problema sério de entrega pela qualidade mesmo de suas propostas e de seus líderes, que vão afastando as pessoas mais inovadoras e capazes de seu círculo. Cria-se, ao longo do tempo, um círculo de mediocridade, que vai levando o modelo populista a cada vez mais apostar em uma máquina eleitoral eficiente, passando inclusive por sobre as regras do jogo.

O que tem acontecido é que não podendo defender realizações, procura-se apostar na fumaça:

  • – aposta-se cada vez mais no marketing e propaganda em cima do que não existe;
  • – tenta abafar as críticas, controlando canais;
  • – manipular os dados da sociedade;
  • – restringir o contraditório para abafar a sua dificuldade de entrega.

A Venezuela vive isso com forte intensidade. Argentina, idem. E o Brasil pós eleições de 2014 colocou um pé forte nesse caminho.

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O neopopulismo, acho eu, era algo inevitável para a AL, pois não há ainda um setor social-democrata que tenha conseguido resultados ao tempo das urgências.

Estamos pagando o preço, pela ordem:

  • – da ditadura;
  • – do sonho marxista que estava no armário;
  • – das desigualdades sociais e do analfabetismo;
  • – de um sistema produtivo com baixa taxa de inclusão social.

O neopopulismo com viés marxista é um vôo de galinha diante da complexidade brasileira e do século XXI. Nosso problema é o custo que vamos pagar e a alternativa que conseguiremos criar para superar essa difícil etapa, pois não estamos apostando em projetos de longo prazo.

Falta uma visão de país, diante dos grandes desafios do século XXI!

Há que se ter uma oposição muito unida e lúcida, com um projeto consciente dos desafios a serem enfrentados, que deve apontar uma saída que seja mais eficiente para o país, que consiga fazer dos setores mais pobres, uma alavanca de progresso e não massa de manobra.

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Este é o desafio.

Há muito trabalho pela frente.

Quanto mais nos dedicarmos a questionar a prática das pessoas, não as ideias ou os rótulos, mais estaremos contribuindo para a melhoria da qualidade política no país e no mundo.

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Mostre a taxa de rotulação dos discursos políticos e eu te tirei a qualidade da taxa de política praticada.

Marina é evangélica e, por causa disso, não votarei nela.

Rótulo.

A prática da Marina é de defesa das causas evangélicas:

Como foi isso no passado?

Há algo que mostre que ela vai nessa direção?

Nós somos progressistas e queremos sempre o melhor para o povo contra eles “a elite branca” que tem ódio do povo.

Existe alguém que seja só progressista?

E ser progressista é algo que se diz ou se faz?

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As pessoas têm práticas progressistas?

Quantas pessoas dedicam a sua vida a gerar trabalhos significativos na sociedade ou ter ações significativas?

A crise brasileira, como em toda a América Latina, talvez no mundo, é o final de um longo caminho que eu chamo de Contração Cognitiva em que tivemos uma baixa taxa de diálogo.

Desaprendemos a conversar, a dialogar, a ouvir os demais.

Estamos saindo da era da escola em que o professor fala e o aluno que falar com outro aluno é expulso de sala.

Da era em que um aluno que escrever algo na prova diferente do que o professor disse em sala de aula, leva zero, ou perde ponto.

Um mundo em que não fomos estimulado a pensar com a própria cabeça.

A prática educativa, política, de inovação, no trabalho é gerar diálogo.

É evitar que um mar de fumaça, de pré-conceitos, de rótulos fiquem no lugar da capacidade de pensar com a própria cabeça.

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Há movimentos que vão na direção de aumentar a qualidade do debate político.

Não vamos combater a falta de debate político, que incentiva rótulos, com mais rótulos, mas justamente aprofundando os conceitos, quebrando os rótulos e basicamente deixando de olhar a origem da pessoa, o que ela diz, mas nos concentrar basicamente no que ela faz, no que ela fez e possivelmente no que fará, a partir desse histórico.

E movimento que estimulam e se utilizam dessa baixa qualidade do debate político para avançar nos seus projetos políticos.

Quanto mais nos dedicarmos a questionar a prática das pessoas, mas estaremos contribuindo para a melhoria da qualidade política no país e no mundo.

É isso, que dizes?

Existe uma diferença enorme nestas três instâncias.

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  • Pessoas nascem com características físicas e dentro de um ambiente cultural;
  • Dentro deste ambiente cultural existem ideias hegemônicas;
  • E existe a prática da pessoa, a partir destas ideias.

O que define REALMENTE uma pessoa é o que ela faz.

Não é de onde ela vem, ou mesmo que ideias ela professa, ou diz professar, mas objetivamente o que ela consegue transformar as ideias em prática.

A vida recompensa a ação.

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Assim, quando trabalhamos com rótulos, quando transformamos o outro em objeto, estamos combatendo pessoas ou ideias no geral.

Um amadurecimento pessoal e político é quando paramos de questionar pessoas e ideias, mas passamos a questionar as práticas que as pessoas têm e o que elas podem, ou não, gerar de sofrimento na sociedade.

Um debate político mais amadurecido é aquele que analisa sempre a prática das pessoas.

Um ambiente político de baixo amadurecimento sempre vai ser feito em termos de pessoas e sua origem e rótulos.

E não se vai focar naquilo que as pessoas realmente fazem ou fizeram.

Uma sociedade que trabalha com rótulos é uma sociedade que prática uma política de baixa qualidade.

É isso que dizes?

Temos que combater generalizações.

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Temos que combater colocar o outro como objeto e não aceitar que nos transformem em um.

Uma pessoa não pode ser enquadrada em qualquer grupo religioso, de cor, de classe social, dentro de um rótulo genérico, como se todas as pessoas daquele grupo pensassem igual. Quando fazemos isso estamos criando um pré-conceito em que todos a partir de um determinado rótulo são iguais.

Nada mais fácil, ou dogmático, ou cartesiano do que conseguir fazer um bloco só “deles” contra “nós” um outro bloco.

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Isso não é política, mas torcida, fé.

A política se caracteriza justamente por superarmos todos os tipos de rótulos para nos dedicarmos as discussões de conceitos e, a partir deles, de propostas e agendas que em conflito possam se tornar em prática da sociedade.

O atual governo, no movimento neopopulista latino americano, resgatou do fundo do baú uma prática do comunismo ortodoxo de ver a luta política na sociedade como uma luta de classes, na qual um grupo todo que não pertence ao nosso pensamento “é inimigo”.

A “elite branca” que vaia o governo, “eles” que não podem voltar de jeito nenhum ao governo, “os neoliberais” que querem tirar a comida da mesa dos pobres traz oficialmente para a arena política a prática de tornar um grupo grande de pessoas como objetos.

Mesmo que várias destas pessoas, como Marina, Eduardo Jorge, Fernando Henrique Cardosos, por exemplo, tenham origem social e de pensamento bem parecido.

Isso traz para a arena política uma luta de rótulos e se inicia uma guerra cega em que não se vê mais propostas, práticas, pessoas, mas apenas rótulos, rótulos e rótulos.

Nós que queremos combater essa prática não podemos entrar no mesmo jogo.

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A reação a objetivação ao outro desperta na sociedade o seu efeito contrário e similar, a objetivação do governo como um todo, se eles são neoliberais, todo mundo do governo é comunista e está roubando o país.

O que se quer ao final é criar grupos fechados e fundamentalistas que vêem no outro o inimigo. Mesmo que isso seja realidade do lado de lá, eu tenho o livre arbítrio de não aceitar do lado de cá.

É preciso analisar com calma e perceber como cada um pensa e como cada um pode amadurecer o seu discurso político para poder ter opções mais conscientes e menos emocionais. A luta dos rótulos favorece o emocional e quem quer uma política de mais alto nível deve combater o debate emocional, que não leva ninguém a lugar nenhum.

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O que acaba levando a uma briga entre dois grupos que estão querendo que o outro se torne objeto de seu ódio, de sua raiva e, o principal, da sua incapacidade de propor algo para o pais.

No fundo que opta por criar inimigos é por que quer mascarar sua incapacidade e seu vazio de propostas.

Note que muitas guerras começaram justamente por crises internas em que um governante procurou inimigos externos para unir sua população, o exemplo que me vem é o das Malvinas.

Assim, não acho que vamos combater o atual governo criando um grande bolo “deles” contra nós, mas justamente por mostrar que nós não somos um bolo e que há neles muita gente que não concorda com tudo que está sendo feito.

Opto pelo caminho do meio na necessidade de abrir diálogo com quem quer ter diálogo.

Golpe+de+dados.+Poema-Objeto.+1998.

Mas para que o diálogo ocorra não é possível que se continue nem de um lado e nem de outro dizendo que há um inimigo de direita ou de esquerda.

Existe na sociedade práticas que devem ser preservadas e a principal delas em termos políticos é nunca tratar os que pensam diferente como um objeto, um bloco.

Esse tipo de prática nunca deu bons frutos.

Se o governo e seu grupo político tem interesse de jogar esse jogo, eu não quero entrar nessa.

Não se desarma uma bomba como outra bomba, a não ser que queira explodir tudo, virando você o detonador.

É isso, que dizes?

 

 

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Muita gente confunde as duas coisas.

Quem aceita o capitalismo como o sistema econômico e acredita que ele pode ser melhorado, é social democrata.

Quem não acredita no capitalismo como sistema econômico e acredita em outro modelo como o socialismo e/ou comunismo não é social democrata.

O social democrata não acredita na luta de classes.

Ou seja, não acredita que o pobre é pobre por causa do rico. Que é preciso acabar com os ricos para que o pobre deixe de ser pobre.

O discurso socialista ou comunista acredita na luta de classe. É um discurso dito de esquerda, pois, baseado em Marx há os que detêm os meios de produção, que exploram quem não tem.

E a luta política é a dos que não têm os meios de produção contra os que têm.

Esta é a base da discussão direita versus esquerda.

Direita (detém os meios de produção);

Esquerda (não têm os meios de produção).

Quando alguém se diz de esquerda é preciso separar as duas coisas que ficam muitas vezes emboladas.

O social democrata pode até se dizer uma pessoa “de esquerda”, mas isso caracteriza uma simpatia pelas causas contra as injustiças sociais, um erro de conceito, mas que não implica na luta pelo fim do capitalismo e nem a ideia de que é preciso acabar com outra classe social.

O comunista ou socialista, que seria a esquerda clássica, sempre vai defender a bandeira da luta de classes e considerar que na luta política há inimigos.

Geralmente, para um social democrata a eleição dentro da república e do sistema capitalista é um jogo de  trocas de programas e de alternância de poder entre diferentes visões sobre problemas comuns.

Para o defensor da luta de classes, eleições significam luta política de vida e morte, pois há um inimigo que não pode continuar ou voltar ao poder.

Uma forma ainda possível de você saber melhor a sua posição é a seguinte:

Qual país você admira?

Se disser um país em que o capitalismo é o sistema econômico,  você é social democrata, tal como Estados Unidos, Suécia, Dinamarca.

Se você disser um país em que o socialismo é o sistema econômico, você é socialista ou comunista;

Se disser que você defende as ideias da luta de classes e nenhum país até hoje chegou no verdadeiro socialismo, você é socialista ou comunista.

Na eleição de 2014, o PT mostrou um lado socialista/comunista ao ter uma prática e discurso de luta de classes, contra a alternância de poder e a briga do nós e eles.

O PSDB representou mais uma social democracia, pois admite a alternância de poder dentro do capitalismo.

O PT usa um discurso duplo na sociedade.

Na eleição, ele é mais socialistas/comunista com práticas da esquerda tradicional, inclusive do que é considerado anti-ético dentro de uma eleição social democrata.

Ao longo do mandato, o PT é mais social democrata, apesar de muitas vezes ter um discurso de luta de classes.

Essa dupla mensagem engana os eleitores que têm menos experiência política.

Existem vários tipos de social democracia mais ou menos liberais, mas isso é assunto para outro papo.

O texto esclareceu algo?

Há dúvidas?

Existe a República e a democracia ocidental, baseada na carta dos direitos humanos.

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Quem defende essa democracia é democrático, quem não defende é anti-democrático.

A democracia comunista é diferente.

Todos vivem em um ambiente ideológico único, sem propriedade privada e sem livre iniciativa e existem formas de se tomar decisões, através de encontros, assembleias, etc.

É um tipo de democracia que é feita dentro do mesmo ambiente ideológico.

Como o comunismo não se baseia na livre iniciativa, é preciso mais controle da produção e das ideias, por isso todo o regime comunista é necessariamente totalitário.

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Não vejo como você ter um regime comunista democrático, a não ser que seja uma baixa democracia para decisões pontuais sobre determinados pontos, mas é preciso incentivar a produção, através na crença, ou fé, de que todos produzem para todos.

Não há possibilidade do contraditório.

Assim, quem defende o regime comunista tem uma visão particular de democracia e por mais que se diga democrático, será uma democracia dentro de uma ideologia única.

No capitalismo, há uma necessidade de embates de ideias para estimular a inovação e a rede de empreendedores.

Existem ambientes capitalistas mais ou menos democráticos.

O que se critica é a abertura da oportunidade para que todos possam ter mais possibilidades e a lei atingir a todos de forma igual.

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Isso não é algo pronto, mas a ser construído e batalhado ao longo do tempo.

Todos que acreditam e defendem o aperfeiçoamento da democracia, a partir do espaço de debates é democrático.

Porém, há os que mesmo dentro do capitalismo são fundamentalistas de um determinado ponto de vista, pouco aberto ao diálogo.

Eles são anti-democráticos ou menos democráticos, ou praticam uma baixa taxa de democracia, pois têm dificuldade do diálogo.

Assim, não existe a combinação de comunismo com democracia.

E nem a relação direta de quem defende o capitalismo com um defensor da democracia.

E há ainda os que querem implantar regimes totalitários, que fogem da lógica econômica, como os regimes religiosos totalitários (califados) ou racialmente totalitários (nazismo).

Todo o avançar político vai depender da qualidade dos conceitos que formos empregando.

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Já disse que vivemos hoje em termos políticos no Brasil de rótulos e não de conceitos.

Rótulos demonstram a pobreza do nosso pensamento político.

Só vamos avançar a política quando sairmos dos rótulos, que são pré-conceitos, para conceitos mais consistentes. Todo o avançar político vai depender da qualidade dos conceitos que formos empregando. Conceitos nos ajudam a definir melhor pensamentos e práticas, que são duas coisas diferentes.

Esquerda, direita, conservador, progressista tudo isso são rótulos.

Não aceite um diálogo quando usam estes rótulos, por debaixo deles, com as melhores das intenções não estaremos falando de pessoas, de projetos, de práticas.

Os rótulos são usados justamente para evitar debates mais aprofundados. E acabar enganando as pessoas, que acabam se aproximando de pessoas, ideias e práticas que podem não ser as que realmente gostariam.

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A luta política, no fundo, é a batalha por transformar rótulos em conceitos para fazer com que as pessoas tomem decisões mais conscientes e consistentes.

Se queremos aperfeiçoar a prática política, todo o aperfeiçoamento será feito em dois níveis:

  • como pensamos – que é os conceitos, que se refletem em;
  • como agimos – a partir dos conceitos.

Antes de um debate político, é preciso definir como as pessoas pensam sobre as questões.

Existem apenas dois campos possíveis de discussão hoje na América Latina definidora de debates SEM RÓTULOS!

  • Capitalistas – aqueles que aceitam o atual sistema econômico e político com mais ou menos críticas e querem aprimorá-lo;
  • Comunistas – aqueles que NÃO aceitam o atual sistema econômico e político e querem modificá-lo radicalmente.

Não existe comunista capitalista e nem capitalista comunista.

O neopopulismo tem usado os dois conceitos em momentos e plateias distintas justamente para confundir. O que é preciso é clarear exatamente o que se está falando, quando se ouve “bolivarianismo”, “socialismo do século XXI”, “socialismo radicalmente democrático”. O que é isso tudo exatamente?

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São dois projetos distintos de resolver problemas, que são definidos basicamente por:

  • capitalismo – iniciativa privada, propriedade privada, alta alternância de poder;
  • comunismo – iniciativa pública, propriedade pública, baixa alternância de poder.

Não existe socialismo, pois o socialismo é um nome elegante para o comunismo. Não aceite quando alguém se define como socialista. Peça um complemento e mais detalhes. Muitas vezes o socialismo é o nome disfarçado e tímido para social democracia. A pessoa não quer assumir o capitalismo e finge que não é capitalista, apesar de ter um prática e desejar profundamente o capitalismo.

Todo mundo se diz socialista para ficar bem na fita, mas é perversa essa definição, pois é algo que fica no rótulo e não na discussão de fundo.

Assim, o conceito esquerda e direita não cabem.

  • Ou é capitalista com várias tonalidades;
  • Ou é comunista, com menos tonalidades.

O outro RÓTULO que engana é o de “progressista” e “conservador”.

  • Pois podemos ter comunistas que são contra o aborto.
  • E podemos ter capitalistas a favor.

Uma coisa é a discussão do melhor modelo econômico e político: comunismo e capitalismo.

O outro são agendas de costumes de cada época:

Ecologia, homossexualidade, aborto, drogas, etc.

Não há coerência entre grupos capitalistas e comunistas nessa direção, podendo haver surpresas de ambos os lados.

Pode haver grupos religiosos que são mais preservadores dos costumes, mas isso não entra no embate político, dos que não são destes grupos.

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Não existe, portanto, forças SÓ progressistas da sociedade, que é o objetivo de criar um marketing em que tudo que é proposto por essa força é coisa boa e tudo que é proposto pelos conservadores é ruim. Isso é um discurso que interessa a quem não quer aprofundar o debate político.

Por fim, outro rótulo é a diferença de totalitarismo e autoritarismo.

  • Eu posso ser autoritário, tomar decisões sem consultar ninguém, ser muito centralizador e não ter um projeto totalitário de que todo mundo pensa igual a mim como um projeto político.
  • O totalitário, que é a mais perversa força na sociedade, é um projeto de poder em que todos devem pensar mais ou menos dentro do mesmo jeito.

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  • O projeto capitalista pode ser autoritário em um dado país, mas não é totalitário, pois precisa das divergências como elemento vital para a sua inovação e sobrevivência.
  • O projeto comunista sempre será totalitário, pois a produção é baseada na ideologia e todo mundo tem que acreditar no sistema para poder produzir.

Vejo que nos debates políticos as pessoas acham que esse tipo de discussão é secundária, mas não é, pois o amadurecimento político é não aceitar que ideias e práticas sejam mascaradas pelos rótulos, que acabam iludindo e dificultando que atuemos e pensemos melhor.

Um agente da democracia deve ser um agente dos conceitos contra os rótulos. Quanto menos rótulos tivermos nos debates políticos e no discurso político, mais profunda será a discussão e mais evidente ficarão pensamentos e práticas.

É isso, que dizes?

O populismo parece ser algo recorrente para a América Latina.

Acredito que a origem vem do seguinte:

  • desigualdade social – o que abre espaço para atalhos inconsistentes;
  • desinformação – o que abre espaço para discursos mágicos;
  • falta de proteção –  o que abre espaço para falsos protetores.

O populismo só se combate com projetos consistentes de:

  • – empoderamento popular empreendedor;
  • – informação, via Internet;
  • – auto-proteção.

É isso.

“A política populista caracteriza-se menos por um conteúdo determinado do que por um “modo” de exercício do poder.”

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Não existe ação possível na vida sem que se tenha um bom diagnóstico do que se está combatendo.

Podemos hoje dizer que a América Latina toda está enfrentando uma onda populista.

A América Latina move-se em bloco ao longo da história.

Há o que podemos chamar de “populismo socialista”, que na Venezuela se chama Chavismo e quando se expande um pouco para o Equador e Bolívia de Bolivarianismo.

E quando vemos o quadro geral, incluindo Uruguai, Argentina, Brasil, Peru e mesmo o Chile podemos chamar de neopopulismo socialista.

Definiria o Neopopulismo socialista da seguinte maneira:

  • Movimento inciado em 1999 na Venezuela por Hugo Chavez, com forte influência de Fidel Castro, chefiado por líderes carismáticos que usam um ideário socialista/comunista de forma grosseira e mal formulada para justificar um projeto de poder com forte apoio de setores mais pobres, desinformados e de classe média, sob o rótulo genérico de “progressista e de esquerda” –  financiado, de forma velada, por grandes conglomerados financeiros e de empresas oligopolistas, interessados em um modelo parecido com o chinês de Capitalismo de Estado.
  • O movimento se aproveita da farta propaganda “de esquerda” pós-ditaduras para criar um ambiente de polarização com os demais setores da sociedade, estabelecendo uma nova ética , em que várias ações, tais como a corrupção, mentira, aparelhamento do estado são justificáveis em nome das lutas contra as desigualdades sociais.
  • O movimento se articula, troca experiências e apoio continentalmente, através da entidade Foro de São Paulo, criado em 1990, o que define a política externa de todos os países de apoio mútuo nas suas arbitrariedades contra os direitos humanos (principalmente em Cuba e Venezuela) e financeiro para projetos de infra-estrutura, principalmente do Brasil para os demais países;
  • Em todos os países o neopopulismo aposta no maior controle do estado de tal forma a garantir a permanência no poder, independente os resultados de seus governantes. Assim, há projetos de controle do estado, da imprensa, da Internet, do judiciário;
  • Quando se estabelecem por mais tempo, procuram manter os líderes carismáticos mais tempo, através de reeleição sem limites, criando uma polarização de vida e morte com as oposições e criando formas, incluindo fraudes eleitorais, para evitar a alternância de poder.

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O Neopopulismo socialista é formado de dois blocos:

  • – um núcleo formado por uma figura carismática, que cria um pólo de poder independente de todos os partidos, com um grupo que define as estratégias conjunturais, a cada conjuntura, por isso que se diz que é um modo de poder e não um projeto;
  • – partidos que se auto-intitulam “de esquerda” e “progressistas” que formam outro bloco, geralmente uma frente que vão desde sociais democratas radicais até comunistas ortodoxos.

As características do Neopopulismo Socialista é uma prática do poder pelo poder, com tudo que isso significa, mas com uma roupagem socialista que o justifica e colhe apoios de setores que se auto-proclamam “progressistas”.

A ideologia “socialismo do século XXI” é vazia, como disse aqui.

É muito mais uma fachada “progressista” para o núcleo populista poder atuar.

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É importante fazer este diagnóstico, pois vai se entender claramente os objetivos, que se desdobrarão em ação e prática desse movimento.

O grave problema que temos é que o movimento populista não tem projeto de país.

Ou seja, não se investe no longo prazo.

Rejeita o capitalismo de maneira genérica, mas não se tem nada para colocar no lugar, criando um semi-capitalismo de estado, que vai gerando crises, ou de descontrole de inflação, abastecimento e, por sua vez, de caos social, como é o caso da Venezuela.

Ou de uma falta gradual de competitividade, inovação e crescimento da região.

De maneira geral, não há projetos inovadores no campo social (saúde, educação, mobilidade, empreendedorismo).

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A incapacidade teórica de formular um projeto viável com a realidade e sustentável faz com que haja uma crise entre o que promete e o que entrega.

Assim, o movimento neopopulista da AL inicia um processo em dois níveis:

  • – uma máquina cada vez mais competente para ganhar eleições criando falsas verdades e trabalhando cada vez mais diretamente com os setores mais empobrecidos da população;
  • – uma máquina de manutenção do poder, gerando mais e mais controle para abafar as críticas da baixa entrega que o neopopulismo é capaz de fazer.

O projeto não tem alternativa.

Tende a recolher ideias do controle para manter o populismo no poder.

Note bem, assim, que não estamos implantando o socialismo na América Latina, pois há um forte interesse de grande empresas no neopopulismo, incluindo bancos, empreiteiras, grandes conglomerados.

Estamos implantando uma espécie de capitalismo de estado com forte controle em países como o Brasil, reduzindo a democracia que temos e tornando cada vez mais difícil a alternância de poder.

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O grande duela entre a realidade e o neopopulismo se dará no Brasil ao longo dos próximos anos, pois o Brasil é o maior, mais habitado, mais complexo e mais capitalista de todos os países latino americano.

O Brasil precisa fortemente da iniciativa privada, diferente da Venezuela e Bolívia, que têm quase 90% do PIB dependente das empresas do estado de Petróleo e Gás. Por isso, lá se pode radicalizar o discurso socialista.

Aqui, entretanto, o governo não controla o PIB do ponto de vista produtivo.

O que veremos nos próximos anos será a tentativa do neopopulismo brasileiro, que podemos chamar de Lulopetismo,  de controlar cada vez mais o estado e a máquina eleitoral para garantir se manter no poder, pois as entregas serão cada vez piores e a tentativa da sociedade brasileira de criar anti-corpos contra esse modelo continental de poder pelo poder.

Depois falo mais sobre isso.

Que dizes?

 

Não há homens bons ou maus, mas humanos em contextos que serão mais ou menos perversos, mais ou menos solidários, conforme a capacidade que a sociedade tenha de produzir e se organizar e principalmente de criar e recriar conceitos para ir se aprimorando.

Rousseau é o pai do comunismo e do socialismo.

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O filósofo defendeu a ideia de que o ser humano, o bom selvagem, nasce bom e é a sociedade que o estraga.

Marx adorou.

Assim, se existe uma alma boa antes do nascimento e se tivermos uma sociedade boa o ser humano será bom.

O que estraga o ser humano é a sociedade ruim.

Note que é uma visão maniqueísta, pois nem o ser humano nasce bom ou a sociedade é ruim, mas a vida é um conjunto de fatores integrados.

Que fazem que tenhamos ações possíveis.

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Esta é a base conceitual do pensamento primitivo dos que se consideram “esquerda”, de que o que estraga a sociedade é alguém que quer manter um sistema “mau” e que, portanto, precisa ser eliminado.

Note que existe em toda sociedade humano uma questão que é FUNDAMENTAL: a sobrevivência.

Todas as sociedades irão tentar se organizar para, antes de qualquer coisa, garantir que ela seja possível para depois lidar gradativamente com outros problemas, dentro de determinados limites.

A ideia de que podemos criar uma sociedade de homens bons na terra é praticamente religiosa e é o que podemos chamar de lado mítico do pensamento que se diz de esquerda.

Que todas as injustiças são feitas por que as pessoas não querem ou que são sovinas, egoístas.

Há, assim, a luta de dois pólos:

  • – os bons que querem acabar com a injustiça;
  • – e os maus provocadores das mesmas.

O problema é que os bons não conseguem enxergar que, além da discussão da justiça ou da injustiça, existe algo maior que a luta da sobrevivência diante da complexidade.

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  • Ou seja, não adianta você procurar apenas por justiça e esquecer da produção;
  • Bom como, não adianta você procurar a produção e esquecer da justiça.

Nesse difícil equilíbrio que está a procura de uma sociedade melhor.

Não há homens bons ou maus, mas humanos em contextos que serão mais ou menos perversos, mais ou menos solidários, conforme a capacidade que a sociedade tenha de produzir e se organizar e principalmente de criar e recriar conceitos para ir se aprimorando.

BEM E MAL

É isso, que dizes?

Não haverá num mundo com 7 bilhões de habitantes nada que vai funcionar se não houver mais e mais descentralização sem a perda de produtividade com uso cada vez maior de tecnologia.

Como disse aqui há um renascer do conceito esquerda e socialismo em toda a América Latina:

http://nepo.com.br/2014/11/10/quando-os-conceitos-saem-do-estagio-passivo-para-ativo/

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O termo “socialismo do século XXI”, conforme o Wikipédia tem pai biológico.

É o pensador alemão Heinz Dieterich, que assessorou Chávez no conceito.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo_do_s%C3%A9culo_XXI

Segundo o Wikipédia o termo tem como premissas:

  • Equivalência econômica, que deverá ser baseado na teoria marxista do valor-trabalho e é determinada democraticamente por aqueles que criam diretamente valores, em vez de os princípios da economia de mercado;
  • A democracia da maioria, que faz uso de plebiscitos para decidir sobre questões importantes que afetam a sociedade como um todo;
  • Democracia de base, com base nas instituições democráticas como representantes legítimos dos interesses comuns da maioria dos cidadãos, com uma protecção adequada dos direitos das minorias;
  • O assunto de forma crítica e responsável, aos cidadãos de forma racional, ética e esteticamente auto-determinada.

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Note que várias propostas do atual governo batem com a premissa desse novo “socialismo”. A aplicação do conceito, entretanto, tem sido adaptada ao gosto do freguês. Existem três governos que aderiram mais ao conceito: Venezuela, Equador e Bolívia. E deixou de ser algo isolado, mas passou a ser uma proposta de atuação em todo o continente, que é aplicada com maior ou menor intensidade.

Procura-se, assim, resolver os problemas do século passado do capitalismo versus o comunismo com algo no meio.

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A ideia de uma economia regulada democraticamente “por aqueles que criam valor”.

Parte-se do princípio equivocado de que:

– quem não cria o negócio não gera valor;
– que apenas quem trabalha que gera valor;
– que o valor gerado pelo mercado não é democrático;
– de que a intervenção das pessoas para gerar o valor não vai tirar o dinamismo das trocas.

A experiência, digamos, deveria dar super certo na Venezuela que iniciou a experiência, porém não está dando.

  • Houve uma concentração de poder, reduzindo o espaço democrático;
  • Está faltando produto, pois tirou dinamismo das trocas e enfraqueceu a rede produtiva;
  • O modelo da representação direta é ainda menos democrática do que o sistema dos representantes eleitos, por mais problemas que estes tenham.

O problema do “socialismo do século XXI” como também o que podemos chamar de movimento liberal ou neoliberal do novo século é a incompreensão do papel das tecnologias para ampliar os limites que temos como espécie.

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As críticas ao capitalismo sejam feitas de um lado ou de outro trabalham ainda com as limitações das tecnologias cognitivas do século passado, com as redes produtivas, de troca e de conhecimento que tínamos antes e não as novas, que ampliam nossos limites.

Nossa representação hoje pode ser mais descentralizadas, bem como a produção pode ser também descentralizada, sem perder a vitalidade, como ocorre quando se questiona as “leis do mercado”.

Há, assim, um falso embate que continua procurando achar uma junção de duais coisas que já duelaram no século passado e não conseguiram se entender.

Não haverá num mundo com 7 bilhões de habitantes nada que vai funcionar se não houver mais e mais descentralização sem a perda de produtividade com uso cada vez maior de tecnologia.

O socialismo ou o liberalismo do século XXI é um tecno-projeto de inovação que nos leva a procurar novas alternativas, diante de novas fronteiras e não das velhas.

Tanto o socialismo do século XXI como o liberalismo não terão futuro se não compreenderem que o mundo hoje permite novas possibilidades.

É isso, que dizes?

 

Conceitos são programas de softwares que rodam nas nossas vidas.

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Um conjunto de conceitos forma uma teoria. E o que baliza nossas vidas são estes conceitos integrados em teorias. Uma teoria serve para balizar decisões. Há conceitos que são armazenados, que formam  uma maneira de pensar, mas que nem sempre são chamados à vida para uma decisão prática.

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Formam uma maneira de pensar, mas que apenas cria um grupo, mas que não entra no cotidiano.

Podemos dizer que o conceito de esquerda e de socialismo se encaixam nisso.

Pode haver muita gente hoje no mundo que se diz socialista ou de esquerda, mas que estas decisões não fazem parte de mudanças de vida.

Se tiver um comunista nos Estados Unidos ele mantém a sua posição, todo mundo respeita, mas a sua maneira de pensar não afeta o mundo. Como podemos ter também religiosos.

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O problema é que estes conceitos e esse conjunto de pensamento pode, de uma hora para outra, deixar de ser um conceito no estágio passivo para entrar no estágio ativo.

Acredito que na América Latina isso tem acontecido.

Desde que Hugo Chávez, por sugestão de Fidel, lançou o conceito de “Socialismo no século XXI” isso trouxe de volta a possibilidade de um projeto diferente ao que era hegemônico: capitalismo com república.

Independente do que as pessoas podem interpretar o que é “socialismo do século XXI”.

Ou de dizer que aceita ou não o conceito proposto por Chávez, por mais vago e genérico que ele possa parecer, o que existe é um renascimento do conceito “socialismo” no continente.

Há um um renascer do termo “esquerda” como uma proposta anti-cíclica ao capitalismo x república.

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Há, assim, um movimento que estou chamando de passagem de um conceito que estava em estado sólido para um que passa a estar em estado líquido, pronto para ser um fator de tomada de decisões em diversas eleições.

Há um redespertar da possibilidade de um projeto “socialista” ou de “esquerda” no continente para fazer frente ao modelo capitalista republicano atual.

Quando temos esse fenômeno, precisamos, pela ordem:

  • – não fingir que ele não existe, pois é real;
  • – definir o que se entende pelo conceito;
  • – ou como cada um entende o que é o conceito;
  • – quem o defende e como o defende;
  • – e, por fim, como podemos aceitá-lo ou refutá-lo.

Conceitos que passam do estado sólido para o líquido, portanto, deixam de ser um código que não roda em nenhum sistema e passam a rodar em um deles, fazendo com que tenham que ser revisitados.

É isso, que dizes?

Falei mais sobre isso neste vídeo:

 

 

 

Quando criamos a possibilidade de que cada um pode resolver o micro-problema pela sua própria iniciativa, começamos a dividir a complexidade em uma sofisticada rede produtiva em que um planta, o outro colhe, o outro distribui, mais um transforma e todos nós consumimos.

Muita gente acha que a livre iniciativa é algo do demônio.

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Não é.

Quando saímos da Idade Média nossa espécie queria crescer e sair de uma série de limites que tínhamos.

A grande contribuição dos liberais, que queriam a liberdade, era de apontar a iniciativa de cada indivíduo como o grande pilar para resolver nossos problemas de complexidade.

Note que aluta contra a  complexidade humana é diária e, por isso, é tão importante que possamos contar com uma rede produtiva mais ágil possível.

Quando criamos a possibilidade de que cada um pode resolver o micro-problema pela sua própria iniciativa, começamos a dividir a complexidade em uma sofisticada rede produtiva em que um planta, o outro colhe, o outro distribui, mais um transforma e todos nós consumimos.

Obviamente, que essa base gera soluções para a complexidade e injustiças.

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O problema é que a rede distribuída produtiva se mostrou no tempo a melhor saída para lidar com a complexidade, que pode ser melhorada e aperfeiçoada.

Todas as tentativas de abagar a livre iniciativa, que é a melhor saída que tivemos diante da complexidade, nos levou a sérios problemas de abastecimento.

A outra alternativa seria um planejamento central ou seja a iniciativa monitorada por um centro.

Aprendi que quanto mais gente tivermos no planeta, mais complexo tem que ser o sistema produtivo e mais liberdade é preciso dar para as pontas.

Há desvios na livre iniciativa e isso precisa ser corrigido dentro de um ambiente de tensões e debates, que é a democracia, que deveria dar espaço para que o ambiente produtivo se aprimore e seja um produtor de menos injustiças e sofrimentos.

O problema é que os movimentos anti-sistemas acreditam que o sistema produtivo é algo simples e fácil de ser criado.

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Não é.

Uma rede produtiva demora décadas para se estruturar e quando entra em crise gera crises de entrega, de abastecimento. Uma rede descentralizada precisa ser cada vez mais descentralizada, pois ela é a indutora de complexidade demográfica, pois mais gente pode ser atendida e, ao mesmo tempo, ela é demandante que mais e mais seja complexa e diversificada.

E para isso surgem novas tecnologias que permitem esse desafio, como é o caso das Tecnologias Cognitiva, que permitem novar formas de troca.

Descentralizar sem perder a capacidade de entrega.

Essa é a base do colaboracionismo.

 

Os atalhos são mais fáceis de serem compreendidos, mas sempre vão esbarrar na entrega final dos produtos e serviços diante da complexidade.

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A vida humana na terra não é fácil.

A cada dia temos que produzir 21 bilhões de pratos de comida para 7 bilhões de pessoas.

Para isso, há um gigantesco aparato produtivo, mas que é invisível para a maioria.

O nosso cérebro tem uma capacidade incrível. Tudo que é cotidiano é considerado “natural”, legítimo, estabelecido, como se fosse algo “da natureza”.

Não se vê como um esforço e algo que é construído e elaborado pela sociedade humana que pode ir para frente, melhorar, ou ainda, ir para trás, regredir.

Depois de tantos séculos teríamos que aprender algo, mas essa invisibilidade do esforço humano pela sobrevivência nos traz problemas.

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Pois aliado a esse esforço há os desequilíbrios do caminho, o que faz com que se crie injustiças que são mais visíveis.

Assim, quem luta contra as injustiças do sistema produtivo tem uma vantagem. Pode bater à vontade nas injustiças e apostar que as pessoas não vão ver o mérito do sistema, da entrega já considerada invisível.

Só nós damos conta da invisibilidade quando o sistema produtivo perde seu dinamismo, não consegue mais entregar o que promete.

E aí passamos a ter dois problemas:

  • – da produção;
  • – e das injustiças.

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Esse difícil equilíbrio é o desafio da espécie diante da complexidade.

Os atalhos são mais fáceis de serem compreendidos, mas sempre vão esbarrar na entrega final dos produtos e serviços diante da complexidade.

É isso, que dizes?

 

NUNCA MAIS DIGA QUE VOCÊ É DE ESQUERDA OU DE DIREITA
POIS VOCÊ ESTARÁ ESTIMULANDO O TOTALITARISMO
E/OU O NECESSÁRIO EQUILÍBRIO ENTRE OS MEIOS E OS FINS

(Compartilhe daqui: http://nepo.com.br/2014/10/25/nunca-mais-diga-que-voce-e-de-esquerda-ou-de-direita-pois-voce-estara-estimulando-o-totalitarismo-eou-o-necessario-equilibrio-entre-os-meios-e-os-fins/)

Nunca mais ouvirão da minha boca, como no passado, que eu sou de esquerda.

Ser de esquerda no Brasil é sinônimo de coisa boa, do bem, da justiça social, como ser de direita é tudo ao contrário.

Muita gente diz que é da esquerda democrática, ou da direita democrática, mas aprendi NESTA eleição de que ser de esquerda ou de direita leva necessariamente ao totalitarismo no curto, médio ou longo prazo.

Democracia não pode criar rótulos, apenas agendas propositivas.

Quando se cria rótulos sem agenda, como é o caso de esquerda e direita, começamos a colocar um pé no totalitarismo.

Explico.

Ao afirmar que eu sou de esquerda/direita eu crio um clube de amigos, que gira em torno de um rótulo e não de propostas.

Os amigos para se consolidar precisam definir um inimigo.

E estamos montando uma torcida de futebol.

Política, entretanto, não é igual a futebol.

Futebol não muda a vida de ninguém, a política, muda.

A política é uma ferramenta coletiva para solução de conflitos.

Ao me definir como esquerda ou direita estou criando um clube sem agenda, que se baseia em bandeiras, bonés, palavras de ordens vazias e um inimigo em comum como o qual não posso negociar.

Eu perco a possibilidade do diálogo, pois não tenho mais agenda para debater, apenas algo emocional de camisa de time e aí se inicia a inviabilidade da comunicação e começa o fundamentalismo de ambas as partes.

A guerra sem possibilidade de diálogo pelo poder.

A maior parte das pessoas que conheço e que ainda se dizem de esquerda, não são anti-capitalistas, mas querem um capitalismo mais justo e para avançar temos que sair desse falso duelo e entrar nas agendas.

Ora eu posso negociar com “a” ou “b” sem preconceitos em torno de agendas.

O problema no Brasil é que o conceito de esquerda se embaralhou com humanismo e todos achamos que TODA pessoa que se diz esquerda é humanista e toda pessoa dita de direita, ou taxada de direita, não é humanista.

Erro.

O governo da Venezuela que se diz de esquerda ou Cuba desmentem esse princípio. A Venezuela está prendendo opositores do regime por críticas e Cuba não permite que se saia do país.

Por que isso acontece e se aceita isso como algo possível?

O que acontece é que criado o clube, nós começamos a justificar que alguns meios sejam flexibilizados por algum fim, pois é o pessoal do NOSSO clube.

E nosso clube começa a criar a falsa verdade de que somos melhores do que os outros e isso nos leva a começar a rasgar parte da carta dos direitos humanos, deixando de ser um movimento humanista.

O humanismo tem que ser radical nos seus princípios – o que não é difícil, pois existe um “estatuto”.

Está na carta dos direitos humanos, está na agenda?

Somos a favor.

O que não está na carta ou é contra ela?

Somos contra.

Facilita e passa de oposição a algo para posição a algo.

O meu “novo clube” passa a ser regido por uma carta que defende os direitos básicos da pessoa humana.

A cada momento, quem está no clube é quem defende a carta.

Quem passa a não mais defender a carta, está fora do clube.

É um clube conceitual e não baseado na amizade, em camisa, bandeiras.

É sair da torcida para trazer a filosofia para a vida política, incluindo a ética, baseada numa carta moral que sustenta a civilização moderna, que pode avançar, mas nunca recuar.

O que aconteceu no passado é que quando os meios definidos pela carta não são o tempo todo preservados em função de um dado fim (também definidos na carta), os novos meios deturpados (que rasgam a carta) acabam por se voltar contra todos, mesmo os que iniciaram o movimento.

O que se vê é que se exilam, matam, afastam os velhos moderados e os novos moderados que começam a aparecer depois de eliminado o inimigo “a” passam eles a serem os inimigos “b”.

Criando um caça às bruxas, pois os meios foram rasgados.

Vide o exemplo do stalinismo e a morte de Trotsky, por exemplo.

Por isso, o grande salto político, a meu ver, pós-eleição é passarmos a trabalhar com a ideia do humanismo democrático, no qual fins e meios devem ser sempre baseados na carta dos direitos humanos, sem concessões.

E sem clubismo, pois os inimigos aos direitos humanos podem aparecer de qualquer lado, até entre os atuais amigos e vice-versa.

Sim o humanismo democrático é mais complexo e exige um pensamento não-binário, além do nós e eles.

Mas esse é o caminho mais promissor para sairmos dessa sinuca de bico atual, tão simplista e tão violenta: esquerda e direita.

Que dizes?

Desenvolvi o tema de forma melhor neste áudio:

(PS – hoje defendo um pós-capitalismo, que chamo de colaboracionismo e a democracia digital, que visam empoderar o cidadão com tecnologias para descentralizar o poder e as oportunidades, com uma forte bandeira humanista. Acredito ser essa a base dos novos movimentos políticos do século XXI)

POR QUE NÃO EXISTE NEM ESQUERDA E NEM DIREITA DEMOCRÁTICA E/OU POR QUE PRECISAMOS LEVANTAR A BANDEIRA DO HUMANISMO NO BRASIL!

 

Compartlhe daqui:

 

http://nepo.com.br/2014/10/19/por-que-nao-existe-nem-esquerda-e-nem-direita-democratica-eou-por-que-precisamos-levantar-a-bandeira-do-humanismo-no-brasil/

 

Recebi o texto do manifesto que o pessoal mandou, denominando um novo um novo grupo chamado “Esquerda democrática” para se diferenciar do que seria hoje o PT algo como esquerda menos democrática (ou mais totalitária) a gosto.

 

Veja o site:

 

http://esquerdademocratica.com.br/

 

O problema da vida, como já disse um filósofo, é justamente conceituar as coisas, pois 90% dos problemas são ocasionados justamente por conceitos mal formulados.

 

Conceitos são como um software que rodam na cabeça das pessoas e geram ações. Quando são mal formulados, geram bugs e dos bugs temos problemas sociais.

 

Diria que não haverá NUNCA a possibilidade de existir uma “esquerda democrática”, pois o conceito “esquerda”, por si só, é anti-democrático, como também “direita democrática”.

 

Vamos aprofundar.

 

Esquerda é, do ponto de vista histórico, um movimento dos trabalhadores versus seus patrões e, do ponto de vista comunista, aqueles que detém os meios de produção dos que não tem, ou dos pobres versus os ricos.

 

Quando se define uma “pessoa de esquerda” está se definindo que é contra uma “pessoa de direita”.

 

É um grupo que se estrutura em oposição a algo, ou alguém, e não em cima de uma bandeira, agenda e proposta.

 

Só existe na contra-posição e não na posição.

 

É algo que vai se transformando em uma identidade social e não mais uma proposta política e aí começam os problemas, que se vêem claramente nessa eleição.

 

A pessoa deixa de ir optando por agendas, mas vai criando uma identidade sem grandes reflexões, pois eu “sou de esquerda”.

 

Ser de esquerda marca uma IDENTIDADE pessoal, um posicionamento diante do mundo, próximo à uma religião, um time de futebol, um grupo étnico.

 

O problema, como é pendular, necessita-se para se consolidar o “ser de esquerda” como identidade, é preciso definir “o que é direita”. Também em pessoas.

 

Note que se estimula não mais o pensamento crítico, a união em torno de propostas, de agendas, de problemas a serem superados, mas a criação de grupos em torno de algo que é meio-religião, meio-time, meio-etnia.

 

O ser “de esquerda” e “ser de direita” é algo emburrecedor, pois a pessoa cada vez pensa menos para escolher caminhos, pois os caminhos são fáceis (e cada vez mais dogmáticos.)

 

Nós somos “A” e existe o “B”.

 

O conceito acaba unindo pessoas não mais pelo que elas pensam, ou refletem, mas por uma identidade que vai se consolidando com o tempo, unindo relações pessoais, deixando-se, ao poucos, de pensar em agendas.

 

O grupo acaba por se criar em torno de (nós) amigos e (eles) inimigos.

 

Uma visão bem primitiva de mocinho, bandido, preto e branco, 0 e 1, que é algo cada vez mais simplistas dentro de um mundo cada vez mais complexo.

 

Cria-se uma “igreja”, uma espécie de “corporativismo político” de que, independente as discussões, nós temos a nossa bandeira.

 

Essa é a origem do fundamentalismo de pensamento. E note que isso tudo se dá justamente por criar o conceito “ser de esquerda”, que nos leva ao resto.

 

(Não é à toa que as pessoas hoje que continuam com o PT são, em sua maioria, as que tiveram dificuldade de exercer o espírito crítico e não conseguem abandonar o pensamento dual simplista.)

 

Uma incapacidade de lidar com problemas complexos, caindo sempre para um simples 0 (nós) e 1 (eles) simplificador e paralisante.

 

O problema disso que o espírito de corpo nos leva ao nós e eles, o eles não servem não pelas suas ideias, mas pelo simples fato de não sermos nós.

 

E há, assim, um engessamento de pensamento e o início de um fundamentalismo de identidade, que começa a abrir uma brecha de, em sendo nós contra eles, algumas coisas são possíveis, pois SÃO ELES.

 

Sacou?

 

O que é mais grave é que com a radicalização, como vemos agora, alguns preceitos éticos necessários para o exercício da política começam a ser dispensados, pois passa a ser uma luta contra os inimigos, que vão perdendo, na visão do grupo, a humanidade.

 

Pode-se fazer algumas coisas, pois ELES MERECEM.

 

(Isso vale também para a direita fundamentalista.)

 

Note que, além disso, o termo “esquerda” abre um leque de opções que vão, desde o que se fez na URSS, China e Cuba, com milhões de mortos ao que se faz hoje na Venezuela e Bolívia, em nome do nós e eles.

 

Por isso, que a ideia de se batizar um movimento de “esquerda democrática” é procurar se manter uma união de um dado grupo, “nós continuamos os mesmos”, mas não estamos concordando com o que o PT está fazendo.

 

O problema é que o conceito se equivoca, pois o que estamos chamando de “esquerda democrática”, o espírito do documento, é justamente o resgaste do humanismo, ou de uma visão humanista.

 

O humanismo, termo que eu prefiro muito mais como definidor de uma corrente política para o século XXI, é aquele que defende a carta dos direitos humanos, como base para a sua atuação.

 

Tudo pela carta e contra tudo e todos aqueles que não a respeitam.

 

Ao me colocar como humanista não sou contra ninguém, não tem um inimigo preferencial, mas uma agenda a ser colocada dentro de um arcabouço ético, que guia minha conduta.

 

Eu deixo de ter como guia pessoas, clubes, times, mas me guio por princípios éticos, que podem servir de base para a minha decisão, inclusive de alianças em dado momento, daqueles que estão respeitando os princípios da carta.

 

Ou os que mais se aproximam dela.

 

O que me obriga a ser mais crítico, mais ativo e exercer mais constantemente o pensamento, pois não tenho um INIMIGO a priori.

 

Ser humanista é algo que exige uma complexidade maior.

 

Não é à toa que a tendência é o humanista ser de centro, mas reflexivo e os extremistas ficarem nas pontas, mais fundamentalistas e com uma visão mais preto e branca do mundo.

 

Como humanista, eu posso criticar a desigualdade no Brasil, sem precisar aceitar o que a Venezuela faz com seus estudantes, internautas e presos políticos.

 

Ou questionar o uso de médicos cubanos, por mais humanitário que seja o propósito, ao saber que eles não podem trazer a família, pedir asilo, ter seu passaporte.

 

E criticar que o Brasil remunere uma ditadura que impede a livre expressão, o exercício político, o ir e vir das pessoas e a opinião contrária.

 

Um humanista é, por natureza, anti-totalitário e aberto a todas as alianças que permitam ajudar a ampliar o uso da carta, tanto nos fins como nos meios.

 

O humanismo ao invés de um esquerdismo e um direitismo, nos abre uma possibilidade de viver com mais harmonia, pois eu tenho metas gerais para reduzir sofrimentos, seja quem esteja aberto a ajudar nessa direção.

 

Não assinei o manifesto acima (apesar de concorda 99% com ele), justamente por acreditar que é URGENTEMENTE necessário no país levantar a bandeira do humanismo, que hoje se confunde com “ser de esquerda”.

 

Parece-me que Marina foi e vai nessa direção e deveria ser esta a base dos movimentos sociais do século XXI para sair do mundo cartesiano que estamos inseridos.

 

(Incluindo as bases para o projeto de partido ou movimento Rede Sustentabilidade)

 

Ou seja, por fim, em nome de ser de esquerda ou de direita, de time, de grupo, se aceita ações anti-éticas e não humanistas,o que é, por si só, é – e será sempre – uma contradição INSUPERÁVEL.

 

Que todo humanista estará ali para lutar contra.

 

Concordas?

A DIFERENÇA ENTRE SER HUMANISTA E DE ESQUERDA
E/OU NEM TODO HUMANISTA É DE ESQUERDA E NEM
TODA PESSOA DE ESQUERDA É HUMANISTA

http://nepo.com.br/2014/10/16/a-diferenca-entre-ser-humanista-e-de-esquerda-eou-nem-todo-humanista-e-de-esquerda-e-nem-toda-pessoa-de-esquerda-e-humanista/

Humanismo é a defesa intransigente da carta de Direitos Humanos, que estabelece os parâmetros morais e éticos para as sociedade moderna.

Faz parte da pauta humanista a luta intransigente contra a injustiça social, por exemplo, pela liberdade de expressão de todos os grupos e pela liberdade de ir e vir das pessoas.

A luta intransigente contra qualquer discriminação de raça, classe social, gênero e opção sexual.

Nem toda pessoa que é humanistas é de esquerda e nem toda pessoa de esquerda é humanista.

Uma pessoa que se diz de esquerda que aceita matar por uma causa, impedir que pessoas tenham expressão, em função de classe social ou de discordância política, ou impedir pessoas deixem um país não é humanista, mesmo que se diga de esquerda.

Ou seja, ser de esquerda não torna uma pessoa humanista, como acabamos achando no Brasil pós-ditadura.

No Brasil, confundimos humanismo com esquerda e esquerda com humanismo e estamos vendo agora nesta eleição que as duas coisas podem ser MUITO incompatíveis.

O que o PT fez com Marina no primeiro turno foi uma ação não humanista, pois tirou dela o direito de expressão, ao distorcer o seu discurso, por considerá-lo inapropriado por ser de outra classe social.

É uma ação não humanista de pessoas que se dizem de esquerda.

Tem gente que diz que é de esquerda e não concorda, pois, apesar de ser de esquerda, se considera humanista.

O humanismo, a meu ver, deve substituir o discurso no Brasil do que hoje é de esquerda. Vamos ampliar o humanismo e não aceitar, de que lado for, que algumas ações possam se perpetuar, seja em nome do que for.

Aceitar fazer negócios e relações com Cuba, um país que não tem imprensa livre, há presos por opinião política e não permite que os cidadãos possam sair do país é algo que vai contra o humanismo.

Mesmos que seja trazer médicos.

E também não é humanista trazer médicos sem passaporte, sem direito à escolha de onde trabalhar, sem família, ganhando menos do que os demais médicos estrangeiros.

Os nobres fins não justificam os hediondos meios.

Ponto, não há nada que justifique essa ação, como não há nada que possa nos alinhar a ações de tortura, de limite de expressão, ou o que quer que seja.

O totalitarismo do século passado cresceu justamente por que grupos em nome de uma causa “mais justa” ou “mais verdadeira” resolveram em nome dos fins transgredir nos meios.

Os resultados foram trágicos.

E foram os humanista, como Hannah Arendt que nos legara, a ideia de que a ética das relações deve ser preservada a despeito de tudo, pois se estivermos ancorados nelas garantimos as bases para avançar com menos violência.

O humanismo é algo abrangente, pois defende uma determinada ética e conduta, acima de tudo.

Não é humanista desviar dinheiro público para uma causa;
Não é humanista defender o ódio de classe;
Não é humanista não lutar pelo fim da desigualdade emancipando as pessoas mas escravizando-as;
Não é humanista mentir conscientemente em nome de uma causa política.

Muitos acreditam, ainda, que ser humanista é ser pacifista, não é.

A luta contra o totalitarismo de Hitler, Stalin, Mao, Fidel eram lutas humanistas de um regime de força contra a sociedade.

Impedir que os direitos humanos deixem de ser praticados e se tornem regra é uma das funções dos humanistas, procurando o caminho do diálogo e da democracia e, quando não é possível, da força, baseado na ética.

Por isso, existe a convenção de Genebra para estabelecer a ética, mesmo na guerra.

Hoje, estamos dando uma guinada, pelo menos eu estou.

Hoje, me considero um humanista e não mais uma pessoa de esquerda.

Um humanista tem uma ética muito mais ampla, do que uma pessoa de esquerda, pois ao dizer que sou de esquerda e luto contra a direita,neste momento, eu deixo de defender a carta dos direitos humanos, pois estou semeando o ódio de classes.

Pois quando me digo de esquerda já digo que tenho um inimigo de direita.

Se proclamar de esquerda ou de direita, a meu ver, fere a carta dos direitos humanos. As pessoas podem ser contra as injustiças sociais e ter maneiras diferentes para combatê-la.

Não são inimigas, mas têm visões distintas de como resolver problemas. Por isso, defendo que os novos partidos e os movimentos sociais se proclamem, antes de tudo, humanistas.

Que o que está na carta seja o código de conduta de todos, e, a partir disso, analisemos as diferenças.

Quando Stédile diz que ele vai fazer uma guerra se Aécio ou Marina ganhar ele não está sendo humanista, mas uma pessoa anti-humanista, totalitária de esquerda.

Fica claro e evidente é só comparar a ação com o que está na carta.

Ser humanista é algo que me protege de cometer ações que não estão na carta dos direitos humanos em nome de uma causa, gerando violência que vai, obviamente, ter violência de volta.

Ao ser humanista eu não deixo de lutar contra as injustiças sociais, mas me protejo dos desvios ou atalhos que essa luta pode vir a trazer, como vemos no Brasil agora.

E um humanista, seja de que partido for, não pode aceitar nada que vá contra, em nenhuma hipótese, ao código de direitos humanos.

Mesmo que isso signifique perder no curto prazo, é uma base ética para que a sociedade possa avançar.

É tempo de levantar a bandeira do humanismo do Brasil, para clarear as ideias.

Essa é a ética que devemos trazer para o país e cobrar de todos aqueles que se dizem “progressistas”, mas que têm rasgado, sem o mínimo pudor, as bases civilizacionais que construímos até aqui.

A luta pelas injustiças sociais têm o seu código de conduta. Sem ele, entraremos nas trevas.

Eu sou humanista. E você é humanista? Tá dentro?

O ser humano é a única tecno-espécie do planeta.

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Somos tecnicamente naturais e naturalmente técnicos. Optamos pela tecnologia como um diferencial competitivo. E somos os únicos que alteramos nossos códigos de comunicação, conforme aumentamos a nossa complexidade demográfica.

A cultura até o século XXI foi marcada pelos códios orais, escritos e eletrônicos.

Eram códigos que, pelas suas características, nos levaram a pratica um tipo de cultura de conhecimento, que podemos dizer que era a de filtrar para publicar.

E hoje, como observa muito bem Clay Shirly, invertemos praticamente o processo de publicar para filtrar.

O código binário digital nos cria um novo modelo de conhecer.

Um software só fica bom quando ele é usado e não escondido, ou protegido.

Quanto mais rápido puder ser usado, em versões betas, mas rapidamente se é capaz de melhorar a sua performance.

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Há bugs que precisam ser conhecidos e quanto mais usados e por mais gente, melhor ele vai ficando.

Muita gente me diz que é preciso estar muito bem preparado para poder publicar o que pensamos, é o modelo do conhecimento pré-digital.

Que era feito para o ambiente de conhecimento analógico.

Hoje, quanto mais rápido o conhecimento se torna público, mais gente é capaz de interagir com ele, através das ferramentas disponíveis e mais ele pode ser alterado mais rapidamente.

O Wikipédia é o exemplo maior da enciclopédia-software.

É tudo meio líquido e meio beta e quase pronto, podendo ser alterado pelo próprio leitor, em um processo de conhecimento co-criado.

A escola do século XXI precisa preparar os estudantes para viver esse novo ambiente!

O problema é que toda a nossa formação, preparação, vergonha, formação, estrutura de preparação de compartilhamento foi pensada para o modelo anterior.

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Hoje, cria um conhecimento líquido é estranho para a maioria, pois parece algo inacabado e, portanto, de menos valor.

E eu acredito que é justamente o contrário, quanto mais gente pode acessar aquele dado conhecimento e interferir nele, analisando seus “bugs” mais sólido ele fica e não o contrário.

Estamos caminhando para o mundo do software aberto e livre, da mesma maneira que vamos criar as teorias abertas, sendo compartilhadas em aulas abertas, como softwares que ao serem submetidos “ao uso” tanto o uso do conhecimento, mas da prática, mais eles ficarão melhores.

Note que na academia o conhecimento era avaliado por quem não precisava dele, ou não iria usá-lo.

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Hoje, ao escrever no blog ou apresentar teorias abertas para quem vai utilizá-la, estou submetendo o conhecimento ao usuário final e não a outro “programador” para fazer a revisão.

É o modelo de conhecimento influenciando a cultura e mudando a maneira de produzi-lo para sempre.

É isso, que dizes?

 

Esse é o tema principal do debate das ciências sociais para entender o século XXI.

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Hoje, o consenso é uma neutralidade tecnológica.

O ser humano, segundo o século XX, estaria acima da tecnologia.

E a usa a seu bel prazer.

Consegui chegar em uma metáfora que tem funcionado melhor sobre esse tema, que é a da ponte.

Imaginem duas cidades separadas por um rio e sem ponte.

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Ponte é tecnologia.

Ou seja, antes da ponte havia uma barreira ecológica intransponível.

Ao se colocar uma ponte entre elas, a vida das cidades mudará radicalmente, pois haverá NOVAS POSSIBILIDADES.

Note bem que a ponte não muda SOZINHA a vida das cidades, mas torna os habitantes daquelas duas cidades mais PODEROSOS e FLEXÍVEIS de ir de um lado para outro.

Ou seja, é possível, em menos tempo, de forma mais rápida, ter contato com um conjunto muito maior de pessoas, aumentando a troca e permitindo que COISAS QUE ERAM MAIS DIFÍCEIS de serem feitas FICASSEM MAIS FÁCEIS.

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O custo da troca ( o esforço)  entre as cidades se reduz com a ponte, o que permite que NOVAS POSSIBILIDADES sejam possíveis, a partir da iniciativa dos inovadores.

A ponte passará a ser a aliada dos inovadores para que possam fazer coisas que não eram antes imaginadas, sem a ponte.

A ponte, assim, é uma VIABILIZADORA de mudanças antes muito caras ou impossíveis de serem realizadas.

Assim, vamos analisar a ponte e perceber que:

  • – ela empodera as cidades;
  • – abre novas possibilidades;
  • – flexibiliza;
  • – torna coisas que eram mais difíceis, mais fáceis.

Nesse momento, há um gap entre dois limites.

  • O limite pré-tecnologia.
  • E o limite pós-tecnologia.

Há uma ampliação de uma dada parede invisível que impedia que determinadas ações fossem feitas.

Podemos chamar isso de Limitação pré-tecnológica.

Veja o quadro:

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  • Há uma limitação x que é difícil de ser ultrapassada;
  • Há uma nova limitação Y que passa a ser possível ultrapassar.

A nova tecnologia cria uma “Zona de experimentação de novos potenciais”.

Que é o vão entre o que estava estabelecido como limites antes da chegada da nova tecnologia e o que é possível com a chegada dela.

O problema das Zona de experimentação de novos potenciais é de que há uma imersão das pessoas no mundo pré-novos potenciais de que esse mundo é “natural”.

Estes limites tecnológicos foram incorporados na vida das pessoas como barreiras socio-ecológicas e não tecnológicas.

E não conseguem ver que a chegada de uma nova tecnologia quebra uma dada barreira.

O que era naturalmente natural se mostra tecnologicamente natural.

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E que pode se criar uma outra “naturalidade” se conseguir superar as limitações das percepções e experimentar o que essa nova possibilidade aponta.

Assim, abre-se uma nova porta de experimentação em uma zona que antes não existia.

E é essa a grande dificuldade da sociedade entender a Internet.

Pois ela altera a tecnologia que é a que forma o epicentro da espécie, a que expande nosso cérebro.

Por isso, é tão poderosa.

Cria uma nova espécie humana que pode muito mais do que a anterior.

A grande barreira que temos é acreditar nisso.

É isso, que dizes?

 

 

Temos diversos perfis em projeto de inovação, sendo um bem comum o cético.

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Há taxas de ceticismo.

Um ceticismo elevado é o que posso chamar de ceticismo tóxico, que é uma incapacidade de acreditar em muita coisa.

O ceticismo tóxico leva a pessoa a uma certa paralisação, pois a pessoa não acredita em nada.

Temos, então:

  • – o ceticismo tóxico passivo – não quer nada com nada;
  • o ceticismo tóxico militante – quer provar ao mundo que nada vai dar certo e começa realmente a atrapalhar projetos de inovação.

Um cético pode ser uma maravilha em um projeto de inovação ou um grande problema, dependendo da condução.

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Note que o problema principal para um projeto de inovação ir adiante é a capacidade que temos de:

  • – estimular que as pessoas tenham liberdade de pensamento;
  • – possam, assim, ver diferente;
  • – assumir a sua própria percepção.

E, a partir disso, começar a necessitar o desenvolvimento de uma melhor comunicação.

Tenho dito que só conseguimos conversar mais e melhor, quando desconfiamos de nossa própria percepção, pois passamos a realmente precisar do outro para assegurar o que estamos vendo.

O problema do cético é que ele acaba desenvolvendo uma baixa capacidade de escuta.

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Ou seja, como ele fica o tempo todo “viciado” a questionar, ele começa a interpretar muito mais do que escutar o que está sendo dito para logo poder rejeitar o conteúdo do outro. Ele se sente bem questionando tudo.

A crítica é boa, pois aprofunda, mas pode levar a um desgaste e perda de tempo, se não for feita dentro do que o outro está REALMENTE falando.

Observo que os céticos têm como característica nunca perguntar e pedir detalhes antes de emitir a sua opinião.

Interpretam a opinião do outro e estão tão viciados a questionar tudo e todos que antes de entender o que está se dizendo, já tem uma opinião formada, geralmente contrária.

Há um certo fechamento para ideias novas.

O trabalho de projetos de inovação trabalham em algumas direções:

Conteúdo explícito de aula:

  • – Conceito de percepção e realidade;
  • – Ética e Moral.

Meta conteúdo:

  • – o tempo todo observando problemas de diálogo e apontando defeitos.

É preciso sempre denunciar as práticas das pessoas que dificultam o diálogo.

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Quando há um excesso de ceticismo é preciso apontar de forma genérica de que é preciso:

  • – ouvir;
  • – esclarecer o que realmente a pessoa está dizendo:
  • – separar o que se concorda e o que não se concorda;
  • – e, por fim, apontar a discordância.

Um ceticismo tóxico ativo sempre interpretará a sua maneira.

É preciso mostrar que perguntar não ofende e encurta o caminho para o diálogo, tornando a crítica super bem vinda, pois sobra mais tempo para o diálogo e menos para a explicação do que realmente o que está se querendo dizer.

É isso, que dizes?

 

 

 

 

 

Faz tempo que diagnostiquei nos meus alunos uma grande dificuldade de:

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  • – pensar com a própria cabeça;
  • – capacidade de conversa.

Muitos dirão que são fenômenos isolados, mas eu diria que são dois lados da mesma moeda.

Se eu não consigo pensar com originalidade, tendo a confundir percepção e realidade.

Ou seja, a realidade é o que eu vejo e isso me dá um senso de dono da verdade.

E seu eu sou dono da verdade, não preciso conversar com as outras pessoas para aprimorar a minha percepção, pois a minha visão de mundo é suficiente.

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O debate com o outro é desnecessário.

Quando eu começo a pensar de forma mais original, consigo ver que há muito de percepção no meu olhar e começo a precisar da conversa para aprimorar a minha percepção.

Eu vou de encontro ao outro para aprimorar a minha percepção, eu preciso do outro para melhorar e não do outro para convencê-lo ou torná-lo meu objeto.

É uma aposta em uma co-diversidade.

E começo a desenvolver a capacidade de diálogo como uma necessidade de conhecimento, pois o que eu penso sozinho não é mais suficiente para eu poder avançar.

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Conversar é algo vital para quem quer aprofundar o conhecimento de forma original.

Vivemos hoje – em termos mundiais e de forma mais aguda no Brasil – uma profunda crise de pensamento e de diálogo, pois o modelo educacional que estamos saindo, por necessidade, foi abafador da diversidade.

Um conhecimento fechado transmitido de forma massificada.

Muitos dizem que o que assistimo no Facebook é resultado do Facebook, mas eu discordo.O que temos é o resultado de décadas de televisão e escola verticalizadas.

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Criamos uma hipnose coletiva com baixa capacidade de pensamento próprio e de conversa.

O esforço que temos que fazer agora é o de:

– incentivar o exercício lógico do pensamento;
– a criatividade e a originalidade;
– e os espaços de diálogo eficazes.

É isso, que dizes?

Há momentos em que por algum motivo, um ego se sente tocado em sala de aula.

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Um ponto cego de um aluno aparece e ele começa a insistir em algo, que você nota que é apenas por ter o ego de alguma forma ferido.

E começa um ciclo de voltar ao ponto, mas não a partir de um argumento válido, mas mais uma birra.

Neste momento, sugiro pedir argumentos.

Por favor, defenda, então, a sua ideia e apresente argumentos para que possamos trabalhar.

A falta de argumentos deixa mais claro e dissolve a birra.

Tem que haver cuidado para evitar que o ponto cego do aluno bata no ponto cego do professor e vire uma briga de egos.

 

Muita gente tem a ilusão que o Facebook é um ambiente de conhecimento.

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Não é.

O Facebook é uma rede de relacionamento. Vem para resolver a latência de pessoas por proximidade, algo que foi roubado nas grandes cidades. Nada muito além disso.

Quando percebi isso, saí de todos os grupos e isolei todos os pseudo-amigos que querem apenas impor a sua conversa sobre os demais.

No meu bar quero apenas pessoas que eu me sinta bem.

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Para um espaço de conhecimento é preciso:

  • – que todos estejam focados na solução de um dado problema;
  • – que todos queiram, de forma aberta, a procurar soluções para ele;
  • – que todos considerem que os outros possam colaborar, com suas visões, nessa direção;
  • – que haja regras de conversa baseada em argumentos e contra-argumentos.

Um ambiente de conhecimento deve ser um espaço sagrado.

Quando percebi que criar um espaço de conhecimento no Facebook era algo  impossível resolvi criar um sub-Facebook, onde criei o Clube do Nepô, quando consegui juntar pessoas que estejam dispostas a debater as minhas pesquisas.

Ou seja, só existe o diálogo eficaz em lugares preparados para isso. E que precisam ser muito bem conduzidos para poder promover a troca de ideias.

O Facebook é, portanto, uma rede de relacionamento, que tem ta,bém muito de informação, como em qualquer festa quando se fala de um médico ótimo para coluna.

Ali, tem gente com papo mais cabeça, ou uma mesa mais intelectualizada e outra mais da bagunça, dos pets, dos artistas, etc…

Tem de tudo, mas é sempre um bar, em que o papo é solto e descontraído, não se pode esperar nada além disso.

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Ou seja, o relacionamento permite que haja conhecimento, mas este não é o foco principal.

Você tem que se sentir bem no Facebar e não se incomodar nenhum pouco de afastar pessoas com as quais não quer mais tomar uma cerveja.

Ser amigo de alguém é um co-privilégio, com regras mais ou menos claras, se alguém começa a atrapalhar o papo na mesa de bar, não vacile, defenda a sua linha balcão do tempo.

Discretamente coloque-a de conhecido ou desfaza a amizade.

(Hoje, todos os meus posts são feitos apenas para amigos, menos conhecidos. Conhecidos são aqueles que eu não quero ser indelicado, mas não quero mais que frequentem a minha linha do tempo. Ela é minha, eu planto, corto, capino e tenho todo direito de estabelecer quem vem para a festa.)

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É isso, que dizes?

 

O cooperativismo como a saída para a crise política brasileira
http://nepo.com.br/2014/09/22/o-cooperativismo-como-a-saida-para-a-crise-politica-brasileira/

Hoje, estamos nos aproximando de um impasse.

Temos dois movimentos na sociedade que eu resumiria da seguinte forma:

– PT, o povo sem elite;
– PSDB, a elite sem o povo.

Obviamente, que tal visão é grosseira e pega muito as pontas dos dois movimentos, mas resumiria bem os extremos.

Marina ao propor algo no meio procura apontar uma nova saída para resolver o problema da desigualdade, sem perder de vista o problema da complexidade.

Note que quando vamos para soluções simplistas, do tipo:

– elite sem povo perdemos perdemos em diversidade;
– e povo sem elite temos que fingir que não existe complexidade.

(Já disse que no discurso da Luciana Genro, por exemplo, imaginamos que produtos e serviços nascem em árvores.)

Ambos os movimentos precisam de uma nova via.

E a nova via é a tecnologia, que abre novas possibilidades.

Diria que não é o capitalismo que nos levou a atual concentração de poder e renda.

O que nos levou a essa concentração foi:

– o aumento populacional de 1 para 7 bilhões;
– e as impossibilidades tecnológicas para lidar com ele.

Quando temos aumento de complexidade e não temos novas tecnologias de participação, necessariamente teremos concentração.

Temos agora uma nova possibilidade aberta com as inéditas Tecnologias Cognitivas. que é a de lidar com a complexidade com mais diversidade, que pode ser vista nos projetos emergentes participativos.

Quando eu defendo a candidatura Marina sei que ela está com um pé nesse caminho, a partir do prefácio que fez do livro do Rifkin, que detalhei aqui:

http://nepo.com.br/2014/08/15/o-lado-3-0-de-marina-silva/

Ou seja, é utilizar a fundo o digital para romper os impasses do século passado, criando um novo ambiente político e econômico que consiga lidar com a complexidade, garantindo a diversidade.

É o que chamei de cooperativismo, baseado em unidades pequenas de negócios, articuladas em grandes plataformas digitais, que praticam a Colaboração de Massa e o Reputacionismo Digital.

Criando condições de descentralizar o capital, como antes não era possível.

Achei que tais iniciativas iram surgir de países desenvolvidos, mas estava enganado.

Quem mais precisa de algo assim, hoje, de forma urgente, são os países de Terceiro Mundo que ainda vivem o impasse do século passado, capitalismo x socialismo.

Para que tenhamos tranquilidade e paz, e união, precisamos apontar para ambos os lados uma saída sem perdedores ou vencedores de algo que consiga apontar para elite com povo e povo com elite.

É uma tarefa difícil e árdua, mas é a única possível.

Independente o resultado da eleição, urge que novos movimentos políticos tenham como eixo central o Cooperativismo e a República Digital como proposta para sair do impasse do século passado.

Isso nos permite sair do impasse que temos hoje de forma negociada.

Bora?

A única saída para a terceira via é abraçar o mundo 3.0

http://nepo.com.br/2014/09/19/a-narrativa-3-0-da-terceira-via/

Vivemos no Brasil nesta eleição o impasse do século XXI.

a) Um grupo defende o anti-capitalismo;.
b) Um grupo defende o capitalismo.

Marina, intuitivamente, procura uma terceira via, mas é vista pelo grupo “a” como tendo sido vendida para o grupo “b”.

Há no Brasil e na América Latina ainda um forte discurso anti-capitalista que reverbera. E tem suas razões.

Já disse e repito o capitalismo periférico não tem dado bons exemplos.

Uma coisa é um capitalismo onde existe uma certa igualdade, outra é onde existe a desigualdade.

Fica muito difícil defender capitalismo com tamanha disparidade de renda.

O discurso Robin Hood: pobre x rico é muito convincente, cola por mais que não entregue resultados.

Assim, a tendência em todo o continente é algo meio estranho que é um tipo de capitalismo, que visa um socialismo difuso, fisiológico de estado, com variações e problemas.

Precisamos de uma terceira via conceitual, precisamos de uma nova teoria que possa criar um sistema econômico inclusivo, que não descarte o mercado, fundamental para lidar com a complexidade do mundo, nem a desigualdade.

Ou seja, algo que seja mercado com inclusão e inclusão com mercado.

Quem pode ajudar nisso é a tecnologia, somente ela.

Não sabemos, mas havia limites no século passado que nos levavam a um impasse nessa briga capitalismo x anti-capitalismo.

O embate se dava dentro de uma limitação tecnológica, pois tínhamos:

Forte concentração de ideias;
Que nos levava a forte concentração de renda.

Tanto nos países desenvolvidos, mas principalmente nos periféricos.

A democratização dos meios de comunicação, por exemplo, por mais que quisessem ser mais abertos apresentava limitações técnicas evidentes.

Uma televisão é uma televisão, um rádio é um rádio, assim como, uma Internet é uma Internet.

Os primeiros concentram, bem como, a segunda descentraliza.

Não é possível pensar em uma terceira via que não passe por radicalizar o uso das tecnologias para dar poder ao cidadão e criar condições para descentralizar o capital, de forma sustentável.

Imagino que Marina e a Rede, seu futuro partido, devem aprofundar uma visão conceitual do Brasil e do Mundo e abraçar uma proposta que passa por um novo sistema econômico que seria o cooperativismo (um capitalismo mais descentralizado, via Plataformas Digitais Colaborativas) e a República Digital (uma democracia com mais poder para as pontas, via fiscalização e co-criação).

Marina sente isso, muita gente na rede sente isso, mas falta colocar isso do sentimento para a razão, da razão para o programa, do programa para o discurso para a sociedade.

Criar o debate.

Note que, independente o resultado da eleição, todos que estão participando dela continuarão no país, ou no governo ou na oposição.

O novo centro, do qual Marina fundou (e por isso sai vitoriosa do pleito independente resultado) precisa se consolidar enquanto algo que nos tire do beco sem saída do século passado.

Não basta ser algo entre o PT e o PSDB.

Tem que apontar uma saída que possa agregar estes setores com base em uma proposta alternativa econômica e política, para haver uma adesão a uma nova narrativa e não por não querer um ao outro.

Isso dissolve o ódio, nada mais terá a mesma possibilidade.

As tensões só vão acabar quando tivermos uma proposta em que nenhum dos lados se sinta derrotado e ambos atendidos, pois ninguém pode aceitar a desigualdade e nem a possibilidade de se gerar riqueza, via mercado.

Não são coisas incompatíveis.

Eram e muito com uma mídia concentradora, que fazia das organizações – todas elas – algo com muito poder, fazendo com que o rabo balançasse o cachorro.

O cooperativismo com República Digital é uma bandeira que aponta uma saída para o Brasil, para a América Latina e o Terceiro Mundo, inclusão com mercado e mercado com inclusão, via inovação tecnológica.

Ou seja, algo que consiga, via tecnologia, transformar miséria em talento, talento em riqueza e riqueza em distribuição de renda.

Não é fácil, mas não temos outra opção, se não for isso é o caos e a guerra civil.

Que os venezuelanos nos digam.

Bora?

Narrativa e marketing político

http://nepo.com.br/2014/09/17/narrativa-e-marketing-politico/

Todo projeto, seja ele qual for, tem uma narrativa que o defende.

Um a narrativa é o resultado de uma avaliação com a solução de um dado problema.

O marketing trabalha para apresentar e “vender” esta narrativa para a sociedade, podendo fazer alguns ajustes para facilitar a venda, desde que não se altere a base da narrativa.

Ou seja, até aqui é possível “marquetar” e daqui para frente é encarar as dificuldades de vender a narrativa para as pessoas.

Na política, você vê esse problema de forma mais séria, pois política mexe com um dos lados das ambições humanas, o poder (os outros dois são dinheiro e fama).

O binômio é:

o que eu faço para chegar ao poder, sem alterar a minha narrativa original, aquela que me identifica como solucionador de um dado problema?

Um grupo político, assim, é identificado como aquele que resolve um dado problema de uma dada maneira e o seu marketing vai procurar demonstrar que é a melhor saída para um determinado contexto.

Quando um grupo perde a narrativa, ele deixar de ter algo conceitual para propor na sociedade. A taxa de narrativa vai se reduzindo e vai aumentando a taxa de marketing no discurso.

Nas democracias mais consolidadas a alternância de poder, dentro de um mesmo ambiente econômico, pressupõe a mudança de pessoas no poder, justamente para que diferentes abordagens sejam praticadas em diferentes momentos, variando a forma de solucionar problemas.

A crise de um modelo será justamente a possibilidade do momento do outro.

No Brasil, a experiência que estamos tendo de democracia é desvirtuada.

Temos visto que a democracia tem muita dificuldade de conviver com grandes desigualdades sociais.

Há nesse contexto, os seguintes problemas:

– visão de curto prazo muito acentuada;
– facilidade de vender e comprar soluções mágicas;
– fácil manipulação de camadas mais desassistidas.

O que favorece um discurso Robin Hood mais fácil.

Eu vou tirar do rico para dar aos pobres.

Note que os presidentes da América Latina eleitos têm esse perfil.

O PT, por exemplo, perdeu a sua narrativa ao longo dos 12 anos de poder.

Ficou com o marketing, se especializou em ganhar campanhas, indo cada vez mais para um segmento de baixa escolaridade com discursos cada vez mais preto e branco.

Todos os partidos decadentes, como a Arena, por exemplo, acabaram justamente nestes grotões, em que a narrativa não precisa ter muito nexo, apenas a emoções basta.

O marketing passa a ser o substituto da narrativa, pois não há um conceito que precise ser defendido, apenas que nós somos os únicos Robin Hood, contra o xerife do mal.

Estes bolsões de partidos latino americano misturam num liquidificador, populismo, fisiologismo, esquerdismo, salpicado de bons marqueteiros.

Não há futuro nisso, pois o país não vai avançar com esse segmento que tende ao conservadorismo. É preciso criar um modelo social político que consiga transformar miséria em valor, miséria em riqueza.

E isso, infelizmente, não está na narrativa também do PSDB, que também perdeu a sua. Não basta um discurso semi-liberal europeu em um país que metade da população não tem esgoto e 50 mil morrem por ano assassinados.

É preciso algo muito mais sofisticado para que essa população não queira Robin Hoods salvadores.

(Isso, com certeza, não será pensando e resolvido tomando vinho em um restaurante fino de São Paulo).

Marina é um primeiro fiapo de luz numa nova narrativa, que eu chamo de capitalismo tropical, que propõe uma saída da desigualdade pelo empreendedorismo como a Coréia do Sul, por exemplo tentou, investindo fortemente em educação.

Nós temos um forte problema de elite no país, elite como define Marina, que pensa estratégia e o futuro.

Ora queremos um mercado sem igualdade, ora queremos igualdade sem um mercado.

Precisamos achar um meio termo sustentável para criar uma nova narrativa e vivermos um país com mais conceitos inclusivo e menos marketing.

Mais vontade de ter poder para fazer do que ter poder para ter o poder. É ´preciso criar um grupo, uma narrativa e insistir nela.

Bora?

Baixa taxa de democracia e os erros da sociedade
http://nepo.com.br/2014/09/16/baixa-taxa-de-democracia/

Quando milhões de jovens saíram às ruas em 2013 rejeitando nossa democracia, os partidos, a maneira de se fazer política, o Brasil entrava para o clube internacional da Nova Política Digital.

Há nesta eleições duas frentes na campanha de Marina Silva.

A Nova Política no Brasil – que tem aparecido mais na campanha;
A Nova Política Digital – que aparece ainda apenas no programa.

Vivemos, assim, uma crise profunda de representação.

E notem que muitos colunistas críticos ao governo se dizem desanimados com o “voto do povo”.

O povo sempre vota bem, a meu ver, defende o que ele acha melhor para si dentro de sua capacidade de entender o que é melhor para si.

Parece-me que a decisão do voto está bastante prejudicada, pois:

– o tempo de televisão não pode ter tanta disparidade entre candidatos;
– o processo de reeleição com a presidente eleita em campanha é algo que soa absurdo, pois conta duplamente com a máquina e com a imagem de presidente;
– a propaganda de programas de transferência de renda, que passam a ser do candidato e não da sociedade, que paga o imposto para que a renda seja distribuída;
– aceitarmos que a presidência do TSE seja exercida por um juiz que foi funcionário de um dos partidos na disputa. Ele não acha que há incompatibilidade para o cargo.

Tudo isso faz com que o voto do brasileiro seja um tanto distorcido.

Independente do resultado da eleição, a sociedade brasileira – aquela que não está vivendo do governo e, portanto, fica com mais liberdade de agir e pensar – precisa criar uma pauta de prioridades de mudanças estruturais na política do país e bater firme na mesma direção.

Toda lei que é feita tem uma borda de uso anti-ético.

Ou seja, há uma borda que ninguém achava que ia ser usada e acaba sendo, o que cria a necessidade de mudar a lei.

O partido do governo e seus aliados, é fato, estão usando em todas as situações, tudo que é permitido, mesmo que de forma anti-ética aquilo que é legal.

Se houver uma vitória do Governo ela foi feita não pela escolha do povo, mas pelo uso de todos os recursos da beira da lei para que essa vitória pudesse acontecer.

É bom não colocar, assim, a culpa da atual eleição e dos votos no governo, apesar de tudo, nas costas do povo, mas na incapacidade da sociedade se organizar – sair do seu confortável sofá – e fazer valer mais a sua vontade.

Marina deveria ser a candidata do PSB desde o início, por que não foi?

Aécio deveria ter procurado Marina para uma chama de composição, bem antes da eleição, por que não foi?

Marina deveria ter sido mais propositiva e ter apoiado o PSDB na eleição de 2010, por que não foi?

Todos nós estamos pagando o preço de não compreender o que significa a proposta de transformar o Brasil em um Cassino Sindical Populista e da necessária união de forças para impedir isso..

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Ou seja, quando estamos diante de um dado fenômeno que não temos explicação e, portanto, não conseguimos lidar com ele, é preciso rever a nossa percepção.

Normalmente, o que fazemos é negar o fenômeno e dar um rótulo de não-natural, ou de algo que não vai acontecer novamente.

Se acontece, é que faz parte da vida.

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Ao pensar assim, é preciso trazer sempre para nós o problema.

Somos nós que não precisamos rever a maneira que pensamos e não tentar impor à vida nossa maneira. Compreender os fatos é a única maneira de lidar melhor com eles, pois tudo que acontece na vida parte de uma dada latência, que está saindo para fora.

Ao analisarmos um fato é preciso ver que latência há ali por trás e como ela pode ser canalizada de outra maneira, se, por acaso, cria problemas.

Estudar é compreender que cada latência vem de uma necessidade e se não entendemos a necessidade não vamos entender nunca os fatos gerados por aquela dada latência.

Adaptando um ditado chinês diria:

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É isso, que dizes?

Note bem uma coisa.

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Quando aumentamos a população geramos mais complexidade.

A complexidade tem duas características:

  • quantidade – que gera aumento de necessidades:
  • qualidade – que gera aumento de diversidade.

Quanto mais gente tivermos, mais diferenças teremos, pois o ser humano tem indivíduos mais diferentes entre si do que outras espécies.

Assim, o aumento da complexidade criará um problema produtivo.

As organizações produtivas não terão condições de lidar ao mesmo tempo com o aumento de quantidade, pois sofistica a logística e com o aumento de diversidade, pois precisam ter ferramentas para receber sugestões, processar e atender.

E isso não é fácil.

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O que precisa ser feito é atender a quantidade, mas abafar a diversidade, pois não tem condições de crescer para, ao mesmo tempo, resolver os dois problemas.

Assim, toda vez que tivermos um aumento de Complexidade Demográfica, logo em seguida teremos um movimento de controle das ideias, que nos leva, em seguida, ao maior controle de poder.

O controle de poder permite que a logística seja atendida, porém o preço que pagamos á o abafamento da diversidade humana, pois o ambiente produtivo não têm ferramentas para atender de forma personalizada as demandas crescentes e, por isso, massifica, abafando os indivíduos.

A nossa sociedade atual vive, assim, o fim de um longo período, acredito que o século passado todo, de forte controle das ideias, em função do aumento sistemático da Complexidade Demográfica.

Mesmo as organizações, países, grupos que quiseram abrir um diálogo com seus consumidores/cidadãos esbarram na impossibilidade de ferramentas, pois ou era no papel ou na voz, o que exige um custo altíssimo.

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Revoluções Cognitivas vêm justamente reequilibrar o ambiente, pois conseguem trazer novas Tecnologias Cognitivas que permitem que haja uma nova possibilidade de diálogo entre as organizações produtivas e a sociedade.

Atualmente, vivemos esse momento, pois estamos empoderando os consumidores de canais de expressão e estamos criando, nas novas organizações que surgem:

  • – colaboração de massa, via algorítimos, que é o que chamo de Comunicação Matemática;
  • – criando um Reputacionismo Digital, que nos permite resgatar um mérito perdido, de forma para dentro e não mais, como é hoje, de dentro para dentro das organizações.

 Estas iniciativas vão equilibrar o sistema que vai permitir que tenhamos uma possibilidade de lidar com a atual taxa de complexidade, que não temos controle, mas com um aumento da taxa de diversidade, na qual podemos agir, através das novas ferramentas disponíveis.

É isso, que dizes?

Há um contexto cognitivo na Exosfera Social.

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Estamos mudando a forma de produzir conhecimento.

E isso acontece com um movimento de Expansão Cognitiva.

Quem não tinha canal de expressão passa a ter e isso modifica as fontes de ideias da sociedade.

Saímos de uma fase de FORTE controle para uma de BAIXO controle.

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Isso nos leva a mudar fortemente a organização social, por dois motivos:

  • – a sociedade passa a denunciar sofrimentos e latências que antes eram invisíveis, em função do controle;
  • – há um novo código emergente, o binário, que permite a comunicação matemática;
  • – que por sua vez nos leva ao surgimento da colaboração de massa, que tem como subproduto o Reputacionismo Digital.

O ambiente social passa a se modificar profundamente e o nosso cérebro que foi preparado para um tipo de função, repetir, memorizar dentro de uma baixa taxa de inovação tem que começar a criar, ter autonomia de pensamento em um mundo com alta taxa de inovação.

Isso exige uma mudança na forma que cada um trabalha o processamento de ideias e muda radicalmente a forma de pensar o ensino para o século XXI. E de como as organizações são estruturadas.

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A musculação do cérebro passa por quatro fases separadas:

  • receber – e agora é preciso filtrar de onde e saber dosar para não passar do limite e nem se acomodar em nada relevante;
  • processar – como deglutimos o que recebemos, incluindo ideias próprias e não mais recebendo para repetir;
  • expressar – a partir das novas ideias conseguir criar uma narrativa que é o que você acrescenta de seu as ideias circulantes em um espaço que possa ser criticado, de preferência um blog;
  • praticar – a partir das mudanças de narrativa praticar o que você evoluiu, em um processo e aprendizagem, pois ideias que não são colocadas para endurecem.

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Estamos saindo, assim, de um ambiente de baixa autonomia de pensamento para uma exigência de aumentar essa taxa, pois precisamos em um mundo complexo dar poder às pontas.

É isso, que dizes?

Exosfera Social – mudanças que acontecem, a partir da introdução de Tecnologias Cognitivas, que mudam a forma do ser humano de produzir ideias e, por sua vez, modificam profundamente à sociedade. O termo Exosfera se justifica por ser algo que está acima da possibilidade de intervenção humana, pois acontece de forma massiva e definitiva;

A grande mudança que estamos vivendo no início do século XXI é uma mudança na Exosfera Social.

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O que seria isso?

Normalmente, trabalhamos com níveis mais baixos de mudanças sociais, na ordem social, política e econômica, onde as ciências costuma agir. Aonde, aliás, as Estratégias Indutivas fazem sucesso.

Revoluções Cognitivas não trabalham nessas camadas mais baixas de mudanças, pois fazem alterações em algo maior, que vou chamar de exosfera.

Nosso cérebro é o epicentro da espécie e ele trabalha auxiliado por tecnologias para receber, processar e produzir ideias.

Esse ambiente de produção de ideias molda a nossa Exosfera, que seria uma grande tecno-ecologia onde estamos todos inseridos, pessoas, organizações e sociedade.

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Quando massificamos novas Tecnologias Cognitivas, nosso cérebro passa a receber, processar e produzir ideias de uma outra maneira, alterando a base da Tecno-Ecologia em que vivemos, alterando a Exosfera Social.

Todo o resto que vem abaixo é influenciado por esse novo modelo ao longo do tempo.

Essa nova Exosfera é como se fosse um novo gás que vai se misturando com o anterior e vai alterando, ao longo do tempo, o ambiente social de forma definitiva.

Normalmente, quando fazemos análises sobre o futuro analisamos acontecimentos abaixo da Exosfera Social, contando que ela não está em mutação, mas está.

Nossa Exosfera Social, que forma a Tecno-Ecologia humana se modifica de tempos em tempos e é essa grande novidade no pensamento sobre a sociedade que a Antropologia Cognitiva nos oferece.

Mudanças na Exosfera são provocadas, principalmente por dois fatores combinados:

  • – o aumento da população, ainda mais em picos;
  • – a complexidade que esse aumento provoca, tanto em quantidade como em qualidade.

Isso obriga que haja mudanças mais amplas para poder lidar com esse novo cenário.

A Exosfera emergente vai aos poucos se espalhando e obrigando toda a sociedade interagir com ela, provocando mudanças graduais, mas definitivas.

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Ou seja, a nova Exosfera é uma realidade da qual não podemos alterar, pois é uma camada acima, pois mais gente usando mais e mais as novas Tecnologias Cognitivas provocando novos “gases” que alteram a nossa Tecno-ecologia de forma gradual, mas definitiva.

É isso, que dizes?

Cooperativismo tropical e a crise conceitual da atual campanha http://shar.es/11ODfi Nem socialismo ou capitalismo, cooperativismo!

A atual eleição no Brasil é a mais importante para a América Latina.

Hoje, o continente, com a sua tremenda desigualdade social, ainda vive com o sonho da esquerda de solução simplista dos problemas da humanidade.

Onde houver miséria e desigualdade, pode ter certeza que haverá alguém propondo uma saída fácil e com gente disposta a ouvir.

Empacota um inimigo comum, cria uma realidade preto e branca e bola para frente.

Nada mais fácil de que espelhar pelos quatro cantos do mundo que todos os problemas da humanidade são por causa do rico, que não quer dividir com o pobre e que se acabar com o rico o pobre vai ficar menos pobre e talvez mais rico.

Nada como atacar organizações, como se pudéssemos viver sem elas;
Os bancos, como se pudéssemos viver sem eles;
O dinheiro, como se ele tenha sido inventado pelos capitalistas e não no século VII A. C

Assim, o primeiro grave problema que o Brasil e a América Latina enfrentam é de como vai resolver a questão da desigualdade dentro de um ambiente democrático sem concentrar o poder na mão dos que vendem sonhos fáceis.

O que não é fácil.

A República quando foi inventada partiu de um princípio básico.

Vamos dar poder às pontas para que possamos de quando em quando trocar os “nobres”.

Antes, os nobres, de fato, eram escolhidos pelo rei, através de fatores hereditários e fixos, que não permitiam grande mudanças.

Era o poder do sangue, que incluía, antes de tudo, o rei e o papa, que controlavam tudo na sociedade, incluindo a produção.

A República e o capitalismo foram uma resposta da descentralização do poder do rei para lidar com cidades cada vez mais complexas, em função do aumento populacional.

O rei estava cada vez mais incompetente para lidar com a complexidade crescente (leiam “Senso Comum” de Thomas Paine).

Nosso drama é que a desigualdade pede saídas urgentes, mas não fáceis, porém complexas.

E a que melhor tem se apresentado em vários países, incluindo o Brasil, é a da briga entre ricos e pobres.

É muito difícil, e eu vivi isso e Marina também, para alguém de esquerda superar a questão da luta de classes e compreender que o atual sistema econômico é o melhor para lidar com a complexidade do mundo, apesar de todas as suas injustiças.

Note que o tamanho do Estado é uma discussão visível, mas a invisível está mais funda do que isso.

A ideologia da esquerda atual, sem reflexão, é simplesmente que o capitalismo é algo que tem que ser extinto. Não se diz isso na sala, mas se conversa na cozinha.

Não se vê que o capitalismo (gosto de chamar de empresismo) foi uma resposta sistêmica, via papel impresso, para lidar com o aumento da complexidade pós Idade Média?

E a nova resposta que temos que dar é descentralizar ainda mais o poder, através da quebra de barreiras que o mundo digital permite. A centralização impede que lidemos melhor com a complexidade, vide restaurantes a quilos, em que cada consumidor ganha um prato para se virar.

Ou seja, é do capitalismo e da república para frente e não para trás!!!

(No programa dela, que está passando batido na campanha, há a criação de uma secretaria para implantar projetos de Comunicação de Massa e democracia digital.)

Isso exige muito tempo de reflexão, conceitos, uma nova narrativa, que não aparece em nenhum dos partidos, mas que está presente, ainda não de forma totalmente explícita, nos conceitos da Marina e alguns membros da Rede Sustentabilidade.

Não é o eixo do movimento, mas uma parte dele. Há uma simpatia maior pelo tema ali, nada além disso, pois a coisa é bem recente.

O Brasil, como a América Latina, está procurando uma saída que seja algo que fuja do movimento do povo sem elite e da elite sem povo.

As duas saídas do século passado não nos tiram da rua sem saída.

A candidatura Marina procura uma alternativa nessa direção, em que mais do que sair da briga entre PT e PSDB nos leva a uma alternativa digital, para onde caminha o futuro.

Não é uma social-democracia mais uma digital-democracia, algo novo no horizonte de quem só consegue ver o mundo pelo retrovisor.

É muito mais difícil e ainda complexo de perceber que estamos no final da etapa da concentração do atual sistema econômico e nos abrindo para uma nova possibilidade que chamo de cooperativismo, graças ao potencial que a Internet oferece.

No qual, iremos mudar o sistema político e econômico, via digital, para lidarmos com mais complexidade, com mais diversidade, de uma forma sustentável.

Mais difícil ainda é compreender – já que o cooperativismo digital – é um fenômeno mundial, como vamos lidar com ele aqui nos trópicos, em especial no Brasil.

Um país que pensa pouco, se emociona muito, cercado de dogmas e preconceitos por todos os lados?

É triste, mas é assim que é.

Não vamos conseguir escapar de conviver bastante tempo com figuras míticas, que consigam motivar o voto das pessoas e torcer, desesperadamente, que estas pessoas consigam ter essa clareza para onde o mundo vai e ajudar nessa direção.

E ir transformando a visão de uma pessoa e de um grupo pequeno em um grande projeto político (e não partidário) com possibilidade real de mudar aos poucos o país.

Hoje, estamos vivendo uma eleição de hiper-vanguarda, pois Marina tem essa consciência, mas diria que apenas ela, e talvez um grupo muito pequeno em torno dela.

A população percebe que ela sugere um novo, nem “A” e nem “b”, mas estamos MUITO longe de compreender o que ela tem na cabeça dela, em termos de futuro.

Mostrei um pouco isso aqui no texto Marina 3.0, a partir do prefácio para o livro do Rifkin.

http://nepo.com.br/2014/08/15/o-lado-3-0-de-marina-silva/

Independente do resultado das eleições, precisamos construir um movimento de debate e capacitação para a discussão do Cooperativismo Digital, que foge da briga elite e povo e propõe uma saída moderna para um problema passado.

Quebrar a desigualdade, sem centralizar o poder.

Isso que agora tangencia a campanha, de forma obscura, tem que ser o eixo central do movimento.

É isso, que dizes?

Podemos dizer que nossa espécie vive, pela primeira vez os efeitos radicais, de um pico populacional.

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O salto em 200 anos de 1 para 7 bilhões nos ensina muita coisa.

Mais gente é sinal de mais complexidade, tanto em quantidade como em qualidade.

Só há duas formas de lidar com o aumento de complexidade:

  • – a mais simples – concentrar o poder;
  • o mais sofisticado – desconcentrar o poder.

O poder será concentrado até o momento que tenhamos ferramentas para descentralizá-lo com sustentabilidade.

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Isso só é possível quando criamos novos Ambientes Cognitivos, empoderados por novas Tecnologias Cognitivas.

Neste momento, podemos começar a dar mais poderes para as pontas para tomar decisão.

Todo o movimento que assistiremos no século XXI na sociedade será na direção da descentralização de poder, através das novas ferramentas digitais em rede.

Com elas, é possível liberar a diversidade, pois temos mais elementos para gerenciá-la, através da colaboração de massa.

Não adianta pedir que as pessoas sugiram mudanças, se não há capacidade gerencial de processá-la.

Quando isso não acontece, o que se faz ou é fingir que vai se resolver, ou simplesmente não se pede.

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Novas organizações produtivas que estão surgindo são aquelas que usam o Reputacionismo Digital, que permite criar uma comunicação matemática para que essa conversa seja novamente possível.

Assim, não é a Internet que vai mudar o mundo, mas o potencial que ela abre para que mais gente possa participar com a sua diversidade para que lidemos de forma mais sustentável com o radical aumento da complexidade.

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É isso, que dizes?

Ceticismo é qualquer atitude de questionamento para o conhecimento, fatos, opiniões ou crenças estabelecidas como fatos.

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O ceticismo é ótimo para a inovação em uma dada medida, pois é um questionador de fatos novos e antigos. Ou seja, toda inovação parte do questionamento de uma dada realidade. Porém, tem que haver uma entrada questionamento e uma saída solução para que o ceticismo seja útil à sociedade.

Há, porém, um ceticismo tóxico, que beira a uma sensação de depressão e impotência diante do mundo de pessoas que acreditam que nada vai melhorar.

O ceticismo tem porta de entrada, mas não tem porta de saída.

Tudo é ruim e vai continuar sempre ruim.

A inovação, ao contrário, acha que tem algo ruim, mas que pode melhorar com algum produto ou serviço.

Geralmente, o ceticismo tóxico joga a pessoa para uma inação, para uma atitude de omissão diante do mundo. É algo complicado para a inovação, mas normalmente o cético dorme na sala de aula da inovação, pois para ele o mundo é indiferente.

Ele já desistiu de viver e está apenas cumprindo tabela.

Há, porém, um perfil mais raro, porém existente do ceticismo tóxico militante que é aquele que não acredita em mudanças como o cético, mas em função disso tenta procurar impedir que qualquer coisa aconteça a sua volta para justificar a sua teoria.

Ou seja, não só a pessoa acredita na não-mudança, mas quer impedir que qualquer uma aconteça.

É a mesma diferença entre ambição e inveja:

  • A ambição é querer o que o outro tem;
  • A inveja é não aceitar que o outro tenha.

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Esse perfil é difícil de ser combatido, pois veste-se cores de uma pessoa crítica, consciente, mas que, no fundo, é um forte combatente de qualquer mudança.

Tudo que será proposto será apontado como a volta para o mesmo lugar, pois a mudança tem que ser tão perfeita, tão radical, tão diferente de tudo que está aí, que qualquer pequeno detalhe que aponte que não será assim é um ponto para o ataque da mesma.

O CTM é alguém que tem uma grande dificuldade de frustração e, por causa dela, não quer se engajar em nenhum processo de mudança. É um transtorno emocional, que não pode ser lidado com a razão.

Há apenas uma forma de combater o ceticismo tóxico militante e não pode ser através de argumentos, pois haverá sempre um contra-argumento teórico, muitas vezes sem pé e sem cabeça, mas haverá, pois é preciso manter uma postura crítica acima de tudo que está aí.

A vacina é perguntar qual é a proposta que sugere diante de um dado problema, já que todas as apresentadas não servem. O ceticismo tóxico militante sugere nas entrelinhas um “suicídio” em vida de toda a humanidade, pois tudo que fizermos nos levará ao mesmo ponto que estamos. Se é assim. por que fazer?

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Sugere-se, então, que fiquemos em uma janela jogando pedra na vida,  sendo admirado por alguns pela nossa atitude crítica em relação ao mundo, evitando que as coisas aconteçam.

Identificar esse perfil e confrontá-lo sempre com o que ele sugere de solução tende a esvaziar e denunciar o discurso vazio.

Mas, afirmo, é um perfil que pode detonar um projeto de inovação se não for devidamente trabalhado.

É isso, que dizes?

Há, a meu ver, um equívoco de achar que a chegada da Internet acaba com a liderança. Se fosse assim todo mundo era seguido igualmente no Twitter e isso não é fato.

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Líder é aquele que está a frente.

A frente de que?

Diria que quando entro em sala de aula depois de estudar 20 anos a Revolução Cognitiva, tenho uma bagagem e vários atalhos para passar para os meus alunos.

Naquele momento eu estou a frente no tempo de discussão daquele tempo e será mais proveitoso que eu tenha um tempo maior para falar sobre ele.

Eu exerço uma liderança sobre os alunos, pois estou à frente deles naquele tema e é positivo que apresente o que já pensei, pois vai economizar tempo de todos.

Isso, entretanto, não quer dizer que essa liderança será baseada, como é hoje, em um conhecimento sólido que será repassado e memorizado pelos alunos.

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Isso é o primeiro ponto: vivemos hoje uma fluidez maior do conhecimento, pois temos:

  • – um meio em que é mais fácil alterar o que está registrado, graças ao digital;
  • – e mais formas de criar um conhecimento mais horizontal com várias fontes.

Assim, há uma liderança, pois para aquele grupo é mais rápido, é um atalho, que eu possa apresentar o que foi estudado para que possamos avançar.

Há uma liderança líquida num dado momento que me dará uma autoridade para poder falar sobre aquele tema.

A diferença com o passado é que essa liderança não é baseada em algo sólido e nem impositivo, mas muito mais negociado.

Com o tempo, como tem ocorrido com alunos de mais longa data, como no Clube do Nepô, as pessoas vão ganhando bagagem e vão se aproximando em termos de criação de novas ideias e isso vai horizontalizando a conversa.

O objetivo, assim, é justamente criar um nível de compreensão de narrativas que permita que todos possam trocar mais e mais.

Isso é uma liderança mais líquida.

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Muitos acham que com a chegada das redes vivermos agora o fim da liderança, o que é um equívoco, viveremos o fim de um modelo de liderança.

O Reputacionismo Digital nos ajudará a definir quem está líder e quem não está, através de rastros e algoritmos que nos permitirão nos posicionar melhor na comunidade a cada tempo.

Digo sempre que nossas autoridades tem baixa liderança e as lideranças que estão por aí tem baixa autoridade.

Uma Revolução Cognitiva procura melhorar essa taxa dando mais poder às lideranças sem autoridade e menos poder para as autoridades sem liderança.

É isso, que dizes?

Havia um equívoco no meu conceito sobre Reputacionismo.

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Na verdade, sempre tivemos reputacionismo na sociedade. A reputação é aquilo que garante que haja algum critério de medição do desempenho de pessoas, produtos e serviços.

Hoje, vivemos o reputacionismo analógico, baseado em um modelo de avaliação mais de dentro para dentro do que de fora para dentro.

O consumidor, por exemplo, reclama de uma organização e esta avalia como está a performance de seus colaboradores, através de um gestor responsável.

É o modelo possível dentro das ferramentas analógicas que tínhamos.

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Assim, não posso dizer que estamos criando o critério de reputação em si, pois ele existe para no casso de uma organização:

  • – contratar;
  • – promover ou manter;
  • – demitir, reduzir espaço.

A mudança que estamos fazendo hoje não é de que estamos criando o reputacionismo que já havia, mas é de que estamos criando um novo tipo de reputacionismo mais sofisticado, pois envolve a participação maior da aceitação de pessoas, produtos e serviços pela sociedade, ou se quiser, pelo mercado., através das novas ferramentas de aferição que passamos a ter.

O que precisamos, assim, é colocar um adjetivo.

Vivemos, assim, o reputacionismo digital, que permite que possamos aumentar a qualidade dos serviços e produtos, a partir de mais dados da eficácia de uma organização que passa a ser mais avaliada pela sociedade.

Isso é algo que sofistica o modelo de valor da organização, que pode agregar novas formas de aferir a sua capacidade de bem atender e de fidelizar clientes.

O Reputacionismo Digital é, assim, parte integrante do modelo das novas organizações produtivas, que mudam o modelo passando de uma Governança Analógica, com líderes alfas bem marcados, via liderança mais sólida para um novo modelo de líderes mais líquidos, avaliados e movidos pela interação nas redes digitais.

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Essa correção é necessária, pois estava considerando que a reputação era algo novo e não é.

É uma necessidade humana existente.

O que muda agora é a passagem da reputação produzida de forma analógica e agora passando para a digital.

O reputacionismo digital é a base do novos sistema econômico que estamos criando, que chamo de Cooperativismo, que vem substituir o capitalismo.

É isso, que dizes?

Estamos intoxicados pela Estratégia Indutiva.

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  • A indução parte dos fatos para os conceitos;
  • A dedução parte dos conceitos para os fatos;
  • A indução é boa para mudanças incrementais;
  • A dedução é indicada para mudanças disruptivas.

Hoje, em função da Contração Cognitiva do século passado, as organizações estão intoxicadas pela Estratégia Indutiva, a saber:

  • – visão de curto prazo;
  • – foco nos concorrentes;
  • – mudanças incrementais no mercado;
  • – olha-se para os fatos e não se procura conceitos;
  • – olha-se para as tendências ou modismo e raramente para as latências.

A indução é ótima ferramenta para momentos de continuidade, mas um veneno em tempos de ruptura.

A Estratégia Dedutiva parte de teorias, que formam conceitos.

Por que a dedução permite ver mais longe?

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  • A dedução consegue ver melhor as necessidades humanas e as latências que algo que não está sendo realizado pode ter no futuro.
  • A indução vê apenas aquilo que já saiu da “toca”. Ou seja, o que já está evidente e não por acontecer.

Quando conseguimos perceber latências que ainda não viraram tendências, podemos nos antecipar muito no tempo.

E, com isso, criar estratégias mais eficazes na ruptura, onde latências completamente novas e desconhecidas vão aparecer, a partir de novos produtos e serviços que serão oferecidos, daqueles que enxergam antes.

Podemos dizer, assim, que a indução trabalha com tendências ou modismo que já estão acontecendo e a dedução com latências de algo que vai acontecer.

Em grandes rupturas, não é suficiente olhar para as tendências, pois não sabemos se é um modismo que vai passar ou é algo que vai se perpetuar.

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A dedução permite ir mais longe, pois cria uma teoria, detalha forças e, com isso, permite projetar as latências mais adiante.

No momento atual, com a Revolução Cognitiva Digital o estrategistas dedutivo ganha enorme valor e o indutivo o perde.

É isso, que dizes?

A doença da honestidade

http://nepo.com.br/2014/09/06/a-doenca-da-honestidade/

No dia do lançamento da Rede Sustentabilidade, quando tive a honra de ser um dos que foi convidado para fazer palestra, disse que não acreditava na honestidades dos partidos.

Já tinha aprendido com o PT, do qual fiz parte por muitos anos, que o que garante a redução da corrupção não é a honestidade das pessoas, mas a transparência do ambiente, que inibe o lado perverso corrompido das pessoas de sair para fora.

Entendo a Nova Política como o uso intenso do digital, como a única saída, para aumentar o poder da sociedade sobre todas as organizações, incluindo academia, sindicatos, empresas, e TAMBÉM políticos.

A minha descrença e experiência ao longo do tempo, entretanto, que me faz descrente em instituições e pessoas honestas, me mostrou que existe gente que é doentemente honesto ou honestamente doente.

São pessoas que têm outras ambições na vida, outros sonhos, outros desejos que algumas seduções da corrupção não fazem a cabeça.

São, de certa forma, imunes.

Da lama toda petista, por exemplo, gosto da postura do Olívio Dutra ao voltar, depois de ter governado um estado, a exercer seu papel de escriturário em um banco e sobre ele nunca ter aparecido nada que o desabone.

Acredito que Marina tem essa doença da honestidade, simplesmente por seu viés religioso e por que algumas seduções do poder não lhe fazem a cabeça.

A aposta que faço na Marina, entretanto, e na Rede, não é de que agora chegaram os honestos, pois uma andorinha não faz verão, mas por acreditar que existe ali uma simpatia de implantar a Democracia Digital que poderia REDUZIR  o espaço, via transparência, da taxa de corrupção que temos no país.

Não se pode multiplicar honestidade, pois ela será testada e um ambiente mais ou menos corrupto, que pode acabar por levar, mais dia menos dia, em uma taxa maior ou menor, todos para a mesma posição de pensar em si e não no todo.

A única forma de reduzir a taxa de corrupção, a meu ver,  é abrir cada vez mais poder de mídia e de controle para a sociedade para que essa pressão não deixe que a corrupção avance ainda mais e possa até recuar.

Notem, apenas, reduzir a taxa, pois enquanto houver ser humano, vai haver alguém imaginando como vai conseguir, via um caminho mais curto, viver as suas perversões.

Cabe a nós, com as ferramentas mais eficazes, reduzir o espaço.

É isso, que dizes?

Latência é algo que está escondido e não teve um canal para sair para fora.

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  • As latências são necessidades humanas represadas.
  • Uma latência só consegue vir à tona quando aparece um novo canal que abre uma porta para ela escoar.
  • Esse canal pode ser uma tecnologia, uma mudança política, econômica, um produto, um serviço, que permite que uma dada latência possa virar uma tendência.
  • A tendência é algo que já pode ser vista em alguns lugares, pois é uma latência sendo exercida na vida.

Um bom estrategista, os de longo prazo, que trabalham com Estratégia Dedutiva, trabalham com latências.

Como se faz isso?

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Conhece a natureza humana e percebe o que é algo que acontece sempre nas sociedades e, por algum motivo, agora não está acontecendo.

Isso gera uma latência, que está a espera de um canal para virar tendência.

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Uma tendência, assim, demonstra que uma latência veio à luz e começa a sua prática, o que vai nos levar para modismo, que será a tendência se reciclando.

  • O desejo de expressão é uma necessidade humana;
  • A incapacidade de exercer essa necessidade gera uma latência;
  • Uma Revolução Cognitiva, com a massificação de Tecnologias Cognitivas Reintermediadoras, permite que a latência vire tendência;
  • O Facebook é um modismo, pois atende a tendência geral, até que tenhamos algo ainda melhor;
  • As pessoas posarem sem maquiagem, ou tomarem banho de água gelada é um micro-modismo dentro dessa tendencia geral de expressão no modismo Facebook.

É isso, falei mais sobre isso neste áudio:

Que dizes?

Note bem a diferença.

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Se eu abro um parque perto de um conjunto habitacional, aquilo vai criar uma latência nas pessoas.

Quem vai ao parque, vai precisar de roupa, bola, calçado, beliscar algo, beber algo.

Assim, um parque que abre é uma porta de latência futura e de oportunidades que podem aparecer.

É quase matemático.

O ser humano tem suas necessidades e estas geram latências.

Quem olha para o parque pura e simplesmente, não está vendo o que ele pode provocar como um “abridor de latências”.

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O estrategista está sempre focado nas forças em movimento, mas para isso, no caso da sociedade humana, precisa conhecer as necessidades humanas, como elas estão sendo atendidas e que modificações podem gerar novas latências ou resolver antigas.

Uma latência não é visível, pois está dentro das pessoas e sai para fora muitas vezes sem aviso. O bom estrategista consegue perceber antes que saia para se preparar.

As manifestações de 2013 foram claramente uma latência que saiu para as ruas.

Qual?

Somem:

  • + um país cheio de problemas;
  • + uma nova geração conectada.
  • = pessoal na rua.

O país tem problema há muito tempo, sim, o que muda é a conexão, que permite novas formas de articulação política, dispensando antigos intermediadores que acabaram tornando-se cúmplices dos problemas insolúveis. Um fato dispara algo que já era latente.

Assim, um estrategista percebe que havia uma latência por mudanças, que agora sairão cada vez mais para fora, em função das novas possibilidades do Ambiente Cognitivo, que descontrola ideias.

Da mesma forma, podemos analisar que há uma latência do consumidor por organizações que os trate melhor com mais respeito e diálogo.

Modelos como o TaxiBeat, Estante Virtual ou Mercado Livre, que permitem que os vendedores sejam avaliados e só se compre por quem tem mérito vai um pouco nessa direção.

Assim, não é difícil prever que há uma latência social por uma expansão radical desse modelo que chamo de Reputacionismo pela sociedade.

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Vai no encontro do que o consumidor quer, pois há a Comunicação Matemática, uma nova forma de comunicação, que permite que se possa criar o Reputacionismo, via Colaboração de Massa, em que se pode lidar com mais diversidade para lidar com a complexidade a baixo custo.

Com isso, olha-se para a necessidade humana de viver cada vez com mais qualidade e explorar o máximo os novos potenciais que qualquer tecnologia oferece.

Uma nova tecnologia expande as paredes dos aquários da humanidade nos levando a poder fazer o que antes não era possível e esse gap entre o que era possível e o que é, é justamente o espaço que a latência, que já existia vai ocupar.

O estrategista aponta esse gap e procura criar metodologias para aproveitar essa oportunidade.

É isso, que dizes?

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Playlist com todos os áudios:

https://www.youtube.com/playlist?list=PL7XjPl0uOsj-PN25379VzLA_EiUYsr7bv

Os quatro dogmas brasileiros

(compartilhe daqui)
http://nepo.com.br/2014/09/04/os-quatro-dogmas-brasileiros/

Dogma é algo que você não vai mudar de jeito nenhum, que passa a fazer parte da sua personalidade.

Que o identifica com um grupo.

É uma cláusula pétrea na sua constituição como pessoa. Tem gente que torna-se um dogma e vira um dogmático. Os não dogmáticos, negociam dogmas que seria, talvez, dogmas mais líquidos e menos sólidos.

O Brasil, a meu ver, tem quatro que atrapalham o país, que têm seus representantes bem marcados:

– o dogma da corrupção – que é preciso dar um jeitinho para as coisas funcionarem;
– o dogma de luta de classes – que para o Brasil ter igualdade é preciso tirar a elite e colocar o povo no lugar;
– o dogma dos costumes – que aborto, casamento gay e drogas não podem avançar em termos de legislação;
– o dogma do mercado – que o mercado vai resolver sozinho as desigualdades.

Em uma eleição se escolhe que dogma você quer combater e qual você não vai priorizar no momento para se fazer os blocos.

Diria que o atual Governo abrange três dos quatro. Alianças com quem aceita mais a corrupção e os costumes conservadores, tendo como eixo central a luta de classes (elite x povo) e reduzindo o espaço do dogma do mercado, o que define um grande arco de alianças.

Aécio e o PSDB lutam contra a questão da luta de classes, mas é mais conivente com a corrupção, vide alianças do passado e aceita o dogma dos costumes para se concentrar no dogma do mercado, que para ele é algo fundamental.

A novidade de Marina é tentar avançar no dogma dos costumes, mas não muito, aceita o dogma do mercado, supera a questão da luta de classe (não luto contra a elite), tendo como eixo principal a a briga contra o dogma da corrupção.

A ingenuidade nesta eleição é considerar que um candidato a presidente com chances vai conseguir lutar contra todos estes dogmas ao mesmo tempo. Aqueles que lutam, digamos o PV, me parece, não saem do traço na pesquisa.

São pontos que devem avançar.

A meu ver, Marina consegue dar respostas razoáveis ao dogma do mercado, tentando fazer a inclusão com empreendedorismo, supera a luta de classes, procura avançar no que dá na questão dos costumes e ataca fortemente o dogma da corrupção.

Isso é o novo possível

Muita gente que está contra ela, não está priorizando, talvez por ter se acostumado, com o dogma da corrupção e da luta de classes, que pode, em função da pressão, se acentuar nos próximos anos.

Qual é a prioridade?

Cada eleição nos coloca uma agenda e temos que optar por onde vamos combater.

Os não dogmáticos ou os dogmáticos mais líquidos, que é a maioria devem optar por que dogma é possível combater a cada eleição.

Combater tudo ao mesmo tempo o leva a uma zona de conforto, para posar de pessoa “do bem” mas não elimina a necessidade estratégica de se definir nas urnas para onde o Brasil vai e o que podemos deixar de melhor para nossos filho: um país menos dogmático, superando cada dogma a seu tempo.

Qual o dogma você acha possível combater agora e qual é a prioridade?

Isso vai definir seu voto!

É isso, que dizes?

O Brasil sofre um grave problema de baixa taxa de percepção.

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Todos nós vemos percepções, que são salpicadas de dados, fatos, que nos balizam o que é mais ou menos a vida. Aqui há uma baixa taxa de percepção, pois concluímos percepções com poucos dados, pouca lógica e muita emoção.

Digo isso depois da leitura do Globo e as análises sobre a atual eleição.

O fato mais importante dos dados que temos da pesquisa eleitoral de ontem é o seguinte:

Marina teve um forte crescimento no Rio (8%) e São Paulo (6%). No Rio, os votos foram tirados mais de Dilma e menos de Aécio e em São Paulo mais de Aécio e quase nada de Dilma.

Ou seja, a onda Marina, nestas duas regiões relevantes, o terceiro e primeiro maiores colégios eleitorais do país não reduziram de tamanho, aumentaram.

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Como a pesquisa não deu regiões, para estancar o crescimento Marina alguma outra região disse não, por algum motivo, ao crescimento Marina. Ou seja, não podemos falar que Marina parou de crescer no Brasil, mas que Dilma passou a crescer em alguns lugares relevantes e conseguiu nestes lugares interromper o crescimento nacional de Marina, que continua forte no Nordeste em bolsões eleitorais da maior importância.

As pesquisas atuais mostra claramente que o Brasil não está decidindo o voto de forma homogênea. Esse é o principal resultado da pesquisa que merce uma análise mais detalhada.

Para cariocas e paulistas a candidatura Marina avança e muito bem,.

Aonde Dilma cresceu?

Um dado relevante é a pesquisa no Sul, onde estavam empatadas, veja o resultado de Santa Catarina:

Em Santa Catarina, Ibope aponta: Dilma 34%, Marina 22%, e Aécio 20%http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/eleicoes/2014/noticia/2014/08/em-santa-catarina-ibope-aponta-dilma-34-marina-22-e-aecio-20.html

Ou seja, não é apenas o Nordeste que Dilma está ganhando, mas talvez no Sul ou em Minas, não sei os detalhes ela pode ter avançado, ou talvez em Minas, o segundo maior colégio eleitoral.

Por quê?

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Diferente do Sudeste, o Sul tem uma população mais homogênea em termos de origem e pode ter uma rejeição maior a uma representante do Norte? Poderia haver alguma rejeição de classe social e cor da pele? Algo mais conservador? 

Muitos se apressam em dizer que a questão LBGT afetou Marina.

Para dizer algo assim e se fosse um fenômeno nacional de percepção, ela deveria ou parar de crescer em todas as regiões e ter um movimento igual em todas elas. O voto de um setor da classe média não define nada em termos percentuais.

As classes A e B têm 2 para cada 10 eleitores das classes C, D e E.

No momento atual, o Brasil está, regionalmente, se dividindo na eleição, com Marina forte no Sudeste e com resistências no Nordeste, bastante, e no Sul, aparentemente. Talvez Minas, temos que ver os dados de hoje. Só com mais dados podemo saber o que está acontecendo.

Qualquer achismo sobre os dados da pesquisa no Brasil é, por enquanto, achismo.

Muito achismo.

É isso, que dizes?

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