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Cooperativismo tropical e a crise conceitual da atual campanha http://shar.es/11ODfi Nem socialismo ou capitalismo, cooperativismo!

A atual eleição no Brasil é a mais importante para a América Latina.

Hoje, o continente, com a sua tremenda desigualdade social, ainda vive com o sonho da esquerda de solução simplista dos problemas da humanidade.

Onde houver miséria e desigualdade, pode ter certeza que haverá alguém propondo uma saída fácil e com gente disposta a ouvir.

Empacota um inimigo comum, cria uma realidade preto e branca e bola para frente.

Nada mais fácil de que espelhar pelos quatro cantos do mundo que todos os problemas da humanidade são por causa do rico, que não quer dividir com o pobre e que se acabar com o rico o pobre vai ficar menos pobre e talvez mais rico.

Nada como atacar organizações, como se pudéssemos viver sem elas;
Os bancos, como se pudéssemos viver sem eles;
O dinheiro, como se ele tenha sido inventado pelos capitalistas e não no século VII A. C

Assim, o primeiro grave problema que o Brasil e a América Latina enfrentam é de como vai resolver a questão da desigualdade dentro de um ambiente democrático sem concentrar o poder na mão dos que vendem sonhos fáceis.

O que não é fácil.

A República quando foi inventada partiu de um princípio básico.

Vamos dar poder às pontas para que possamos de quando em quando trocar os “nobres”.

Antes, os nobres, de fato, eram escolhidos pelo rei, através de fatores hereditários e fixos, que não permitiam grande mudanças.

Era o poder do sangue, que incluía, antes de tudo, o rei e o papa, que controlavam tudo na sociedade, incluindo a produção.

A República e o capitalismo foram uma resposta da descentralização do poder do rei para lidar com cidades cada vez mais complexas, em função do aumento populacional.

O rei estava cada vez mais incompetente para lidar com a complexidade crescente (leiam “Senso Comum” de Thomas Paine).

Nosso drama é que a desigualdade pede saídas urgentes, mas não fáceis, porém complexas.

E a que melhor tem se apresentado em vários países, incluindo o Brasil, é a da briga entre ricos e pobres.

É muito difícil, e eu vivi isso e Marina também, para alguém de esquerda superar a questão da luta de classes e compreender que o atual sistema econômico é o melhor para lidar com a complexidade do mundo, apesar de todas as suas injustiças.

Note que o tamanho do Estado é uma discussão visível, mas a invisível está mais funda do que isso.

A ideologia da esquerda atual, sem reflexão, é simplesmente que o capitalismo é algo que tem que ser extinto. Não se diz isso na sala, mas se conversa na cozinha.

Não se vê que o capitalismo (gosto de chamar de empresismo) foi uma resposta sistêmica, via papel impresso, para lidar com o aumento da complexidade pós Idade Média?

E a nova resposta que temos que dar é descentralizar ainda mais o poder, através da quebra de barreiras que o mundo digital permite. A centralização impede que lidemos melhor com a complexidade, vide restaurantes a quilos, em que cada consumidor ganha um prato para se virar.

Ou seja, é do capitalismo e da república para frente e não para trás!!!

(No programa dela, que está passando batido na campanha, há a criação de uma secretaria para implantar projetos de Comunicação de Massa e democracia digital.)

Isso exige muito tempo de reflexão, conceitos, uma nova narrativa, que não aparece em nenhum dos partidos, mas que está presente, ainda não de forma totalmente explícita, nos conceitos da Marina e alguns membros da Rede Sustentabilidade.

Não é o eixo do movimento, mas uma parte dele. Há uma simpatia maior pelo tema ali, nada além disso, pois a coisa é bem recente.

O Brasil, como a América Latina, está procurando uma saída que seja algo que fuja do movimento do povo sem elite e da elite sem povo.

As duas saídas do século passado não nos tiram da rua sem saída.

A candidatura Marina procura uma alternativa nessa direção, em que mais do que sair da briga entre PT e PSDB nos leva a uma alternativa digital, para onde caminha o futuro.

Não é uma social-democracia mais uma digital-democracia, algo novo no horizonte de quem só consegue ver o mundo pelo retrovisor.

É muito mais difícil e ainda complexo de perceber que estamos no final da etapa da concentração do atual sistema econômico e nos abrindo para uma nova possibilidade que chamo de cooperativismo, graças ao potencial que a Internet oferece.

No qual, iremos mudar o sistema político e econômico, via digital, para lidarmos com mais complexidade, com mais diversidade, de uma forma sustentável.

Mais difícil ainda é compreender – já que o cooperativismo digital – é um fenômeno mundial, como vamos lidar com ele aqui nos trópicos, em especial no Brasil.

Um país que pensa pouco, se emociona muito, cercado de dogmas e preconceitos por todos os lados?

É triste, mas é assim que é.

Não vamos conseguir escapar de conviver bastante tempo com figuras míticas, que consigam motivar o voto das pessoas e torcer, desesperadamente, que estas pessoas consigam ter essa clareza para onde o mundo vai e ajudar nessa direção.

E ir transformando a visão de uma pessoa e de um grupo pequeno em um grande projeto político (e não partidário) com possibilidade real de mudar aos poucos o país.

Hoje, estamos vivendo uma eleição de hiper-vanguarda, pois Marina tem essa consciência, mas diria que apenas ela, e talvez um grupo muito pequeno em torno dela.

A população percebe que ela sugere um novo, nem “A” e nem “b”, mas estamos MUITO longe de compreender o que ela tem na cabeça dela, em termos de futuro.

Mostrei um pouco isso aqui no texto Marina 3.0, a partir do prefácio para o livro do Rifkin.

http://nepo.com.br/2014/08/15/o-lado-3-0-de-marina-silva/

Independente do resultado das eleições, precisamos construir um movimento de debate e capacitação para a discussão do Cooperativismo Digital, que foge da briga elite e povo e propõe uma saída moderna para um problema passado.

Quebrar a desigualdade, sem centralizar o poder.

Isso que agora tangencia a campanha, de forma obscura, tem que ser o eixo central do movimento.

É isso, que dizes?

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