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Narrativa e marketing político

http://nepo.com.br/2014/09/17/narrativa-e-marketing-politico/

Todo projeto, seja ele qual for, tem uma narrativa que o defende.

Um a narrativa é o resultado de uma avaliação com a solução de um dado problema.

O marketing trabalha para apresentar e “vender” esta narrativa para a sociedade, podendo fazer alguns ajustes para facilitar a venda, desde que não se altere a base da narrativa.

Ou seja, até aqui é possível “marquetar” e daqui para frente é encarar as dificuldades de vender a narrativa para as pessoas.

Na política, você vê esse problema de forma mais séria, pois política mexe com um dos lados das ambições humanas, o poder (os outros dois são dinheiro e fama).

O binômio é:

o que eu faço para chegar ao poder, sem alterar a minha narrativa original, aquela que me identifica como solucionador de um dado problema?

Um grupo político, assim, é identificado como aquele que resolve um dado problema de uma dada maneira e o seu marketing vai procurar demonstrar que é a melhor saída para um determinado contexto.

Quando um grupo perde a narrativa, ele deixar de ter algo conceitual para propor na sociedade. A taxa de narrativa vai se reduzindo e vai aumentando a taxa de marketing no discurso.

Nas democracias mais consolidadas a alternância de poder, dentro de um mesmo ambiente econômico, pressupõe a mudança de pessoas no poder, justamente para que diferentes abordagens sejam praticadas em diferentes momentos, variando a forma de solucionar problemas.

A crise de um modelo será justamente a possibilidade do momento do outro.

No Brasil, a experiência que estamos tendo de democracia é desvirtuada.

Temos visto que a democracia tem muita dificuldade de conviver com grandes desigualdades sociais.

Há nesse contexto, os seguintes problemas:

– visão de curto prazo muito acentuada;
– facilidade de vender e comprar soluções mágicas;
– fácil manipulação de camadas mais desassistidas.

O que favorece um discurso Robin Hood mais fácil.

Eu vou tirar do rico para dar aos pobres.

Note que os presidentes da América Latina eleitos têm esse perfil.

O PT, por exemplo, perdeu a sua narrativa ao longo dos 12 anos de poder.

Ficou com o marketing, se especializou em ganhar campanhas, indo cada vez mais para um segmento de baixa escolaridade com discursos cada vez mais preto e branco.

Todos os partidos decadentes, como a Arena, por exemplo, acabaram justamente nestes grotões, em que a narrativa não precisa ter muito nexo, apenas a emoções basta.

O marketing passa a ser o substituto da narrativa, pois não há um conceito que precise ser defendido, apenas que nós somos os únicos Robin Hood, contra o xerife do mal.

Estes bolsões de partidos latino americano misturam num liquidificador, populismo, fisiologismo, esquerdismo, salpicado de bons marqueteiros.

Não há futuro nisso, pois o país não vai avançar com esse segmento que tende ao conservadorismo. É preciso criar um modelo social político que consiga transformar miséria em valor, miséria em riqueza.

E isso, infelizmente, não está na narrativa também do PSDB, que também perdeu a sua. Não basta um discurso semi-liberal europeu em um país que metade da população não tem esgoto e 50 mil morrem por ano assassinados.

É preciso algo muito mais sofisticado para que essa população não queira Robin Hoods salvadores.

(Isso, com certeza, não será pensando e resolvido tomando vinho em um restaurante fino de São Paulo).

Marina é um primeiro fiapo de luz numa nova narrativa, que eu chamo de capitalismo tropical, que propõe uma saída da desigualdade pelo empreendedorismo como a Coréia do Sul, por exemplo tentou, investindo fortemente em educação.

Nós temos um forte problema de elite no país, elite como define Marina, que pensa estratégia e o futuro.

Ora queremos um mercado sem igualdade, ora queremos igualdade sem um mercado.

Precisamos achar um meio termo sustentável para criar uma nova narrativa e vivermos um país com mais conceitos inclusivo e menos marketing.

Mais vontade de ter poder para fazer do que ter poder para ter o poder. É ´preciso criar um grupo, uma narrativa e insistir nela.

Bora?

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