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Todas tecno-espécie consegue aumentar a população.

Se encontrarmos outra pelo Universo veremos isso.

Nós, por desenvolver novas tecnologias, conseguimos superar as barreiras demográficas.

E se continuamos a crescer, como tem sido feito ao longo dos últimos cinco séculos, necessariamente temos que inovar de forma obrigatória.

 

Existe na sociedade o que vou chamar de Pêndulo Civilizacional.

(Já chamei de Cognitivo, mas acho Civilizacional mais adequado).

Pêndulo na definição corrente é “dispositivo que oscila em torno de  ponto fixo”.

Podemos dizer que a demanda de sobrevivência do Sapiens é o nosso ponto fixo, como de todas as outras espécies no planeta.

Não existe prioridade maior para qualquer pessoa, grupo, país e sociedade do que sobreviver e – se possível – viver melhor.

O Sapiens tem na sua essência a luta pela sobrevivência e – diferente das outras espécies –  capacidade de se reinventar de forma incremental ou disruptiva ao longo da macro-história.

Há dois movimentos pendulares, que nos levam a dois pólos distintos:

  • Aumentos demográficos SEM mídias descentralizadoras – que nos levam à centralização social, política e econômica;
  • Aumentos demográficos COM mídias descentralizadoras – que nos levam à descentralização social, política e econômica.

Nos últimos cinco séculos vivemos sob a égide da massificação da escrita, através da prensa.

A partir dela, tivemos a seguinte reação em cadeia:

  •  surgimento de sociedade mais descentralizada e inovadora (no modelo republicano e de livre mercado);
  • a hiper-globalização;
  • e o hiper-aumento demográfico de um para sete bilhões de habitantes em 200 anos.

Neste período de cinco séculos depois de iniciado o processo, podemos dizer que tivemos o seguinte ciclo:

  • 1450 – 1800 – massificação da nova mídia descentralizadora da escrita impressa e preparação das revoluções liberais, aumentando o poder das pontas;
  • 1800-1900 – consolidação e ápice dos movimentos liberais, iniciando processo de macro-crescimento demográfico;
  • 1900-2000 – centralização de poder, com o surgimento dos regimes totalitários, como reflexo do aumento demográfico sem mídias descentralizadoras;
  • 2000em diante – surgimento de nova mídia descentralizadora.

Veremos que quanto maior é a complexidade demográfica de determinada sociedade,  há apenas duas formas de lidar com ela:

  • ou há a centralização de poder, o que acaba por gerar soluções de curto prazo, pois o centro se vê, ao longo do tempo,  incapaz de lidar com a complexidade crescente;
  • ou a descentralização dos problemas, solução de médio e longo prazo, compartilhando-os com as pontas.

Vivemos hoje fenômeno similar a 1450,  com a chegada de mídia descentralizadora, iniciando processo em direção à descentralização de poder.

Após cinco séculos regidos pelo impacto da escrita impressa, teremos mais alguns séculos sob a influência da chegada do digital.

Todo o debate filosófico sobre essência e substância precisa levar em conta nossa tecno-especificidade.

O Sapiens é a única tecno-espécie do planeta.

Uma tecno-espécie tem a capacidade de se reinventar, ao longo da sua trajetória.

Já tivemos época que éramos espécie não voadora, não navegadora. Tivemos fases que não conseguíamos olhar para as estrelas, para os micróbios ou conhecer os átomos e suas partículas. Tudo isso foi se modificando e nos modificando no tempo.

Ninguém pode afirmar, com os avanços da engenharia genética, da capacidade que teremos mais adiante de alterar nosso DNA, de que continuaremos a nos alimentar, reproduzir ou mesmo morrer.

Ninguém pode afirmar que continuaremos a precisar de água e comida para sobreviver no futuro.

Vai depender das tecnologias e como vamos decidir utilizá-las, a cada momento, em função dos problemas que teremos,  já que continuamos a crescer demograficamente.

O que hoje é uma essência básica do Sapiens, pode não ser amanhã.

Assim, se temos, diferente dos outros animais, a capacidade de alterar o que neles é definitivo, não podemos dizer que nossa essência é fixa.

O que podemos dizer sobre o Sapiens é que temos a essência aberta, passível de mutação, a partir da nossa capacidade de alterar a natureza e a nós mesmos.

As opções da substância disponível –  aquilo que podemo ser a cada momento da macro-história – depende das possibilidades que temos no tecno-planeta que reinventamos.

Já disse aqui que o Sapiens não vive NO planeta, como os outros animais, mais num tecno-planeta, que é mutante, conforme as tecnologias disponíveis.

Somos aquilos que as tecnologias nos permitem ser. E tecnologias são sempre passíveis de alterações. Isso é a base da nossa essência.

É isso, que dizes?

 

Tenho defendido que,  por crescer demograficamente sem limites, o  Sapiens precisa criar linguagens e modelos de administração cada vez mais sofisticados.

Nossa espécie vive sob a égide da Complexidade Demográfica Progressiva.

Mudanças na comunicação e na administração, assim, não são opcionais, mas obrigatórias.

O processo irá surgir naturalmente, após saltos demográficos, primeiro com a chegada e massificação de novas mídias e depois com mudanças administrativas, na direção da descentralização das decisões – única forma viável no tempo de lidar com o aumento progressivo da complexidade.

Nessa trajetória, podemos dizer que tivemos as seguintes Linguagens de Comunicação na Macro-História: os gestos, a oralidade, a escrita e agora os cliques (linguagem binária).

Demorei bastante tempo para considerar, como faço agora, os cliques como nova linguagem humana de comunicação.

Linguagens de Comunicação são ferramentas produtoras de cultura que permitem trocas de todos os tipos e, respectiva, tomada de decisão.

Os cliques, quando olhamos a sua aplicação, permitem que decisões sejam tomadas por cada vez mais gente, tal como a criação da reputação de pessoas, objetos, registros informacionais e lugares.

Deixa-se rastro dos cliques passados que é utilizado por todos que vem a seguir, permitindo que se tenha processo de tomada de decisões mais eficaz, barato e meritocrático.

A novidade da Linguagem da Comunicação dos Cliques, diferente das passadas, é que nunca tivemos um mix tão intenso entre a linguagem de comunicação social (responsável pelas trocas humanas) e a matemática (responsável pela medição e cálculo).

Eram dua categorias de linguagens distintas que andaram separadas por milênios –  cada uma com função específica – que agora se juntam para criar a Civilização 3.0.

Algoritmos em processos de Comunicação Social passam a fazer parte da interação entre as pessoas, que se comunicam cada vez mais por telas e plataformas participativas.

São os algoritmos que já estão definindo os artigos que você recebe, quais amigos verás com mais intensidade no Facebook e que tipo de resultado de busca terá no Google.

Muitos dirão que preferiam que nada disso ocorresse.

Têm vontade de voltar para o mato, mas isso é o que chamo de pensamento melancólico em ação.

A complexidade de 7 bilhões de Sapiens está dada e respectivas demandas, agora é resolver o problema da oferta, através destas novas alternativas de comunicação e administração.

Como?

  • Assumir que teremos novos modelos de comunicação e administração obrigatórios para resolver problemas e que não há saída nos modelos antigos;
  • Que estes novos modelos serão cada vez mais matemáticos para resolver os problemas cada vez mais complexos;
  • Que será preciso compreender melhor o papel dos algoritmos, torná-los cada vez mais transparentes e passíveis de edição;
  • E, por fim, a possibilidade, via concorrência, para que se aperfeiçoem sempre a favor dos consumidores e cidadãos.

É neste novo ambiente comunicacional-matemático que o Sapiens 3.0 terá que saber conviver e modificar – da melhor forma possível – neste novo milênio.

É isso, que dizes?

 

Quando começamos a falar há cerca de 70 mil anos, podíamos dizer que tínhamos certa simplicidade cognitiva, pois havia apenas uma forma de comunicação entre todas as tribos e entre-tribos.

A oralidade se manteve como única forma de comunicação humana durante, pelo menos, 2/3 da nossa existência no planeta.

Criamos a escrita, há cerca de 5 mil anos,  para poder lidar com  aumento da taxa de Complexidade Demográfica.

O Sapiens –  tenho repetido isso aqui à exaustão – é a única espécie que cresce demograficamente e, por causa disso, precisa promover, de tempos em tempos, inovações na comunicação e na administração da espécie.

A escrita quebrou a barreira da oralidade do tempo e lugar e permitiu, além da construção da memória humana, que se pudesse criar novos modelos de administração mais complexos.

Não haveria Império Romano, por exemplo, sem a escrita manuscrita!

A chegada da escrita (primeiro a manuscrita e depois a impressa) sofisticou o ambiente, pois passamos a ter que lidar com duas linguagens em paralelo na sociedade:

  • Pessoas analfabetas, que não sabiam ler em sociedades que já dominavam a leitura;
  • E povos ágrafos que não dominavam a escrita e eram basicamente orais.

Quando refizermos a história, a partir dos novos conceitos da Antropologia Cognitiva (que considera a chegada das novas mídias e aumentos demográficos como eixo central das macro-mudanças humanas) precisaremos rever a história das religiões e dos modelos de governo.

Por exemplo, veremos que o Cristianismo se expandiu justamente pela difusão da Escrita Manuscrita, que permitiu o surgimento do grande Império Romano.

Roma aderiu ao Cristianismo, pois não haveria chance de haver  imperador politeísta. Era necessária a tríade: escrita  – monoteísmo – império.

E ainda que a invasão dos “bárbaros” que decreta o fim do Império Romano Ocidental (476 DC) é feita justamente por tribos ágrafas, numa luta entre duas civilizações: uma que só falava e outra que falava e escrevia.

Hoje, temos algo ainda mais complexo.

Temos duas antigas  linguagens (Oral e Escrita – vou descartar os gestos como relevante) que estão se reposicionando no novo milênio.

E ainda uma terceira, a dos cliques (binária) que está surgindo, permitindo novo modelo de administração e de sociedade.

Há uma democratização da oralidade e da escrita e, ao mesmo tempo, o uso inicial da linguagem digital dos cliques (binária), já sendo adaptada para novo modelo de administração (a Curadoria).

O nível de complexidade é muito maior, pois não temos mais penas dois mundos em paralelo (o da escrita e da oralidade) se revezando, mas agora um terceiro, dos cliques.

E mais: a oralidade e a escrita se democratizaram e isso tem forte impacto na sociedade.

O quadro é muito mais complexo do que sempre foi, compatível com  mundo de 7 bilhões de habitantes e sua imensa diversidade.

Viveremos no novo milênio com três ambientes cognitivos distintos em muitas vezes em paralelo, duelando entre si, com seus diversos representantes, com seus projetos específicos.

(O  totalitarismo islâmico e o bolivarianismo, por exemplo, são representantes típicos do pensamento oral/escrito manuscrito.)

Qualquer estudo estratégico mais eficaz do novo milênio terá  que saber analisar estas três dimensões, em separado e como se potencializam em direção à grande macrotendência do milênio: a descentralização inevitável, como detalhei aqui.

É isso, que dizes?

 

 

As linguagens são as ferramentas de construção da cultura do Sapiens.

Precisamos rever a trajetória humana, a partir do  novo olhar da Antropologia Cognitiva, que incorpora o fundamental papel das mudanças das mídias na história.

Temos, com a chegada da Internet, alterações no tabuleiro desse jogo macro-midiático, que contava até agora apenas com três linguagens: a gestual, a oral e a escrita.

A principal novidade do digital é a chegada da nova linguagem – a dos Cliques.

A linguagem dos cliques permite que haja tomada de decisão com muito mais participação  – como temos visto no Uber, Airbnb, Mercado Livre, etc.

A Linguagem dos Cliques viabiliza a criação de novo modelo administrativo, impensável até aqui, superando a Gestão e introduzindo a Curadoria.

Os Cliques e a Curadoria são as “grandes vedetes” do novo milênio e vêm atender à demanda da civilização que chegou rapidamente ao patamar de complexidade de 7 bilhões de Sapiens.

Porém, como vimos no passado, novas mídias, quando chegam, promovem rearranjo em todas as linguagens pré-existentes.

A escrita e a oralidade, que eram a base do modelo administrativo que tínhamos, sofrem agora processo de secundarização por um lado e relevância, ou movimento de renascimento, por outro.

As antigas linguagens estão se descentralizando e se massificando por causa da redução de custos da produção e distribuição das informações.

A descentralização das mídias – vindas do digital –  traz mudanças sociais, políticas e econômicas, pois muita mais gente tem acesso à informação e passa a exigir organizações compatíveis com esse novo esclarecimento.

As antigas linguagens aceleram a demanda por nova sociedade, que não tem mais saída com as antigas linguagens e o velho método administrativo.

Temos aí dois movimentos, em paralelo, que vão se encontrar mais adiante: cada vez mais gente pedindo mudanças empoderados pelas velhas mídias renovadas pelo digital.

E novos modelos administrativos de solução dos problemas, via linguagem dos cliques e Curadoria, que permitem saídas para os impasse civilizacional que nos metemos.

É isso, que dizes?

 

Detalhei aqui como há ao longo da história humana  jogo de linguagens muito pouco estudado pelos historiadores.

A oralidade é a forma mais antiga e democrática de comunicação, pois se aprende a falar em casa, sem necessidade de escola.

Todos os povos e pessoas sabem o idioma, porém nem todas ler e escrever.

A oralidade tem uma trajetória interessante, vejamos:

  • oralidade pré-escrita – que permitiu o surgimento das aldeias, o fim do nomadismo, a domesticação de animais e plantas. O politeísmo primitivo é filho da oralidade;
  • oralidade pós-escrita – a escrita complementa a oralidade, tornando-se a peça fundamental para lidar com novos patamares de complexidade. A escrita manuscrita e depois impressa nos permitiram quebrar as barreiras de tempo e lugar e criar  a memória humana. O monoteísmo mais ou menos totalitário é filho da escrita;
  •  oralidade nos meios eletrônicos – com o aumento demográfico dos últimos 200 anos, a oralidade volta com toda força, mas agora de forma fortemente centralizada e vertical. Há, em alguma medida, um retorno do uso da oralidade pelos centros de poder, reduzindo a capacidade de produção de informação das pontas, a não ser que seja local e presencial;
  • oralidade no digital – com a chegada do computador e depois da Internet, acrescida de equipamentos móveis, a oralidade está tendo espécie de renascimento, pois se consegue superar – pela primeira vez – as barreiras de tempo e lugar de forma descentralizada.

(De certa forma, o mesmo ocorre com a escrita, mas depois falamos mais disso.)

Note que o renascimento da oralidade distribuída será algo fundamental para o novo milênio, pois temos:

  • grandes déficits educacionais de uma população que cresceu demais (principalmente fora dos grandes centros mais desenvolvidos economicamente) e não há recursos, com o velho modelo educacional, de fornecer educação de qualidade. Hoje, está se recuperando tais déficits, mesmo sem projeto educacional explícito, através de áudios e vídeos disponíveis na rede;
  • grandes déficits republicanos de uma população que cresceu demais e não há maturidade política para tomada de decisões com mais autonomia e eficácia (baseada em domínio do idioma, da matemática e de experiências históricas). Isto também está sendo feito sem que haja um projeto intencional nessa direção.

Note que a escrita foi utilizada como a grande ferramenta educacional durante vários séculos, por total incapacidade de transmissão oral descentralizada de conhecimento.

Hoje, a grande barreira que tínhamos para a difusão da oralidade descentralizada foi superada.

A grande oportunidade que temos no novo milênio não é continuar a apostar apenas na escrita.

A grande oportunidade que temos pela frente, pois atinge a qualquer um, é incentivar o uso intensivo da oralidade distribuída a distância para que se possa promover – de forma barata, massiva e eficaz – novo ciclo educacional e republicano, que a Civilização 3.0 demanda.

 

É isso, que dizes?

Existem vários tipos de inteligência, mas vou seguir o raciocínio digital e ficar com apenas três:

  • O HD  – onde armazenamos o que sabemos;
  • O processador – que utilizamos para tomar decisões;
  • E a memória RAM – espaço que utilizamos para revisar todo o processo.

A Inteligência Criativa é feita no espaço da memória RAM.

Está justamente na capacidade que temos de criar espaço próprio para rever processos.

Perceber como percebemos.

Ou melhor.

A Inteligência Criativa é a capacidade que temos, o espaço interno criado, para refletir sobre os nossos próprios pensamentos e ações.

A Inteligência Criativa é a capacidade humana de se reinventar.

Mas para isso precisa ter um espaço interno para que possa observar tudo que chega, como agimos, como pensamos e o que armazenar na memória e as decisões que serão tomadas.

Quanto maior a “memória RAM”de cada um, maior será a possibilidade da Inteligência Criativa e, por consequência da inovação.

De maneira geral, nossas vidas são feitas de forma mais automatizada , através de processos de tomada de decisão e memórias recorrentes, sobre as quais não temos muito espaço interno para reflexão

Somos mais autômatos, com baixa capacidade de criação e inovação.

É no desenvolvimento da inteligência criativa, de rever como pensamos e agimos, que está o segredo da inovação e criatividade.

Isso é mais desenvolvido quando temos exercícios diários, espaços de anotação/reflexão, experimentação de novas formas de ação e revisão sobre tudo isso.

Assim, se expande, gradualmente, a capacidade criativa, através de alargamento da Memória RAM e, por consequência, da criatividade e da inovação.

É isso, que dizes?

Nenhum pensador do passado, já falecido, pode ser avaliado pela maneira de pensar de hoje.

Todo pensador recebe herança sobre a qual se debruça, vê inconsistências e colabora para melhorar, a partir da sua capacidade de refletir de forma mais eficaz sobre os problemas escolhidos.

Um pensador pratica a oposição ao pensamento dominante da sua época.

A avaliação do trabalho de qualquer pensador se inicia, portanto, no legado que recebeu e aquilo que conseguiu agregar a este em perspectiva.

É importante considerar que pensamentos criam hábitos sobre os quais se alicerçam interesses de vários tipos pela continuidade dos mesmos e pela não mudança.

Pensadores que questionam a forma de pensar e agir, necessariamente irão contra o poder da mentalidade reativa de plantão e contra a que foi educado.

É uma batalha interna e externa para conseguir criar novo patamar de pensamento.

O Sapiens tem basicamente dois métodos para analisar um problema: a indução e a dedução.

  • A indução parte do conteúdo (dados, fatos) para o mais geral – é método mais indicado para ambientes estáveis e processos conhecidos;
  • A dedução parte da forma (filosofia, teoria, metodologia) para o mais específico – é método mais mais indicado para ambientes instáveis e processos desconhecidos.

Na filosofia, podemos dizer que tal embate separa idealistas (mais ligados à forma) dos empiristas (mais ligados ao conteúdo).

Na verdade não se pode encarar o estudo e análise de problemas na base da paixão por métodos.

Métodos são ferramentas a serem utilizadas, conforme cada contexto.

Ora temos que que ser mais pragmáticos e conteudistas e ora mais filosóficos e formalistas.

Há determinados problemas “mais cabeludos”, que exigem revisão em questões mais amplas na forma como vemos determinado cenário ou ambiente.

Podemos dizer assim, que:

  • Quando lidamos com ESTABILIDADE temos melhores resultados quando somos mais conteudistas, mais indutivos, mais pragmáticos.

E vice-versa.

  • quando lidamos com INSTABILIDADE e MAIS DESCONHECIMENTO teremos melhores resultados quando somos mais dedutivos, mais filosóficos, mais teóricos e metodológicos.

Não se pode tentar resolver um novo problema, com as velhas ferramentas.

Instabilidades nos processos denotam que os conteúdos (fatos) não estão se encaixando nas formas (teorias). É preciso revisar as teorias para reencaixar os fatos.

Quando isso não é feito, temos um problema de insistir com um martelo, quando se pede chave de fenda.

Hoje, com a chegada do Digital estamos insistindo nos métodos indutivos sem nos preocupar com os dedutivos. É preciso rever as formas para, só então reencaixar o conteúdo.

É isso, que dizes?

Tenho insistido em dizer que o Sapiens caminha para o Descentralismo ao longo da macro-história.

Podemos entender descentralismo como o aumento gradual da capacidade de cada indivíduo  tomar decisões ao longo da vida.

O descentralismo é algo que caracteriza a essência humana, como defendi aqui. 

Faz parte do que é natural da nossa espécie.

Podemos dizer que o Sapiens 3.0, filho do digital, toma e tomará cada vez mais decisões, do que o Sapiens 2.0, filho da escrita e o 1.0, da oralidade.

Por sermos espécie tecno-cultural não temos limites demográficos, mas precisaremos necessariamente alterar a forma como nos relacionamos e nos organizamos ao longo do tempo para lidar melhor com novo patamar de complexidade.

O Sapiens 1.0,  Oral,  por exemplo, tinha  teto demográfico intransponível, pois a oralidade era incapaz de permitir o aumento da participação de cada indivíduo nas decisões.

Sociedades Orais tinham necessariamente que viver sob determinado tipo de centralização. A complexidade não podia ser distribuída por falta de tecnologias cognitivas e, portanto, havia  limite de crescimento demográfico.

Quando estudarmos – sob esta nova ótica – antigas civilizações que entraram em colapso, veremos sempre os efeitos destes dois fatores em relação:

  • o aumento da complexidade demográfica;
  • que acaba por bater na capacidade de descentralização de decisões, por falta de mídias adequadas.

A passagem de ambiente organizacional mais centralizado para mais descentralizado demanda, assim, sempre mudanças cognitivas individuais para permitir descentralização.

Cada individuo terá que ter mais capacidade de decisão –  a única forma que permite lidar com a Complexidade Demográfica no longo prazo.

O cérebro precisa ser mais bem preparado para tomar decisões mais lógicas (educação) e ter melhor ferramenta de apoio (tecnologia cognitiva).

Quando uma sociedade aumenta a complexidade necessariamente vai precisar –  para não entrar em colapso –  de nova educação, novas mídias e, por fim, novo modelo de organização, que permita a descentralização das decisões.

Quando isso não é possível, tende à centralização e crises cíclicas e permanentes.

É isso, que dizes?

 

Podemos dizer que temos dois tipos de tecnologias na sociedade humana.

  • As cognitivas – que empoderam diretamente nosso cérebro;
  • As não cognitivas – que empoderam principalmente nossas habilidades físicas.

O cérebro humano é o que nos diferencia basicamente de todas as outras espécies.

Temos, na verdade,  um tecno-cérebro.

Este tecno-cérebro sempre foi auxiliado por determinada prótese para poder operar, aprender, se relacionar com as outras pessoas e o mundo.

Um avião (Tecnologia Não-Cognitiva) nos permite viajar com mais rapidez para lugares mais distantes, mas um computador (Tecnologia Cognitiva) nos permite que possamos projetar aviões cada vez melhores, naves espaciais, que antes era impossível com as Tecnologias Cognitivas anteriores.

Assim, Tecnologias Cognitivas são as que mais afetam nossa macro-história, pois são ferramentas que permitem que o cérebro possa fazer coisas que não podia antes.

Além disso, Tecnologias Cognitivas, pelo uso massificado, se tornam, com o tempo, cada vez mais baratas e permitem que mais e mais pessoas possam utilizar.

O uso do avião, portanto, não é necessariamente fenômeno de massa, tecnologias cognitivas, podem demorar a se massificar, mas um dia o fazem.

Há, com a massificação de novas Tecnologias Cognitivas, empoderamento do cérebro de cada Sapiens, que se utiliza da nova tecnologia, de forma muito rápida.

Há aumento radical da capacidade de informar e se informar.

E, além disso, uma órtese cognitiva vai, aos poucos, alterando determinadas configurações do cérebro, criando um tipo de mutação biológica da espécie.

Por isso, a chegada de novas mídias, principalmente, as descentralizadoras são tão impactantes na nossa macro-história.

Há um empoderamento individual e coletivo muito rápido na capacidade de processar informações, que altera a sociedade de fora para dentro, sem um grupo regulador.

É algo que quebra todos os conceitos que temos da caminhada humana.

É fundamental para compreender o novo século perceber que vivemos hoje uma Revolução Cognitiva, que significa massificação acelerada de novas mídias descentralizadoras, que inauguram nova etapa da Civilização Humana.

Muito do que tínhamos certeza sobre o Sapiens, podemos começar a duvidar.

É isso, que dizes?

 

São mudanças históricas que alteram profundamente a vida do planeta no geral ou do Sapiens em particular, de forma profunda e, muitas vezes,  irreversível.

Podemos dizer que existem dois tipos de fenômenos macro-históricos:

  • Macro-fenômenos históricos planetários – que afetam o planeta como um todo, tal como a queda do meteoro que acabou com os dinossauros há cerca de 66 milhões de anos;
  • Macro-fenômenos históricos humanos – que afetam a sociedade, mas não o planeta como um todo. Tal como guerras mundiais ou grandes epidemias.

Entre os macro-históricos humanos temos de dois tipos:

  • Macro-fenômenos históricos humanos impositivos – tais como conquistas de impérios, revoluções sociais totalitárias, no qual existe centro incentivador das mudanças, em que há necessidade de continuado uso da força física ou doutrinação para continuidade do processo. Aqui, há uma forte imposição dos centros para as pontas;
  • Macro-fenômeno históricos humanos não impositivos – aumentos demográficos, tais como difusão de novas mídias, massificação de novas tecnologias, de doutrinas políticas e econômicas, no qual NÃO há necessidade de continuado uso da força física ou doutrinação para a continuidade do processo. Aqui, há uma forte movimento das pontas, independente dos centros.

Vivemos hoje a consequência de dois fenômenos históricos humanos não impositivos: o salto demográfico, que nos obriga a lidar com outro patamar de complexidade.

Ninguém projetou 7 bilhões de pessoas no mundo para criar uma demanda de forte mudança social. Isso ocorreu como movimento distribuído e não intencional da espécie.

E tal latência por mudanças – para lidar com o novo patamar de complexidade – nos leva à massificação de nova mídia, o que também é um movimento espontâneo, não impositivo, que altera a vida da sociedade para sempre.

É isso, que dizes?

Novas mídias descentralizadoras vêm viabilizar a necessária distribuição de poder.

Já disse aqui que a distribuição de poder, ao longo do tempo, faz parte do que podemos chamar de essência humana.

O Sapiens quando aumenta a Complexidade Demográfica precisa fazer com que cada vez mais gente participe de forma melhor das decisões.

É como se houvesse uma pulverização obrigatória do poder para muito mais gente ajudar nas decisões.

Muitos dirão que nem todas as regiões do planeta fazem isso, é fato, mas todas que não aderem a esse comportamento, entram em processo de crise.

Nestes momentos de descentralização de mídia um grupo que detinha o controle das verdades circulantes perde espaço para nova leva de autores que irão oxigenar a sociedade de novas verdades.

É um movimento cíclico, obrigatório, cotidiano de qualquer tecno-espécie do Universo. Como somos a única conhecida, não temos termos de comparação, mas assim que somos.

Aumentos demográficos necessariamente obrigam a espécie a mudar, através da descentralização de poder.

Muitos dirão que há uma perda qualitativa, sim há, pois os antigos “produtores da verdade” perdem espaço. Mas há, ao mesmo tempo, ganho quantitativo, pois cada vez mais gente ganha mais capacidade de decisão.

Mais gente vai tomar decisões melhores e vai desbancar o antigo centro de poder de circulação das verdades.

O antigo centro tem uma verdade que perdeu o contato com os problemas da maioria. Uma verdade eunuca, sem problemas vindo das pontas.

Verdade  que acaba se tornando cada vez mais voltada para o interesse e reforço do próprio grupo – corporativa e dogmática.

Foi o que ocorreu no fim da Idade Média com a chegada da prensa, que desbancou o poderio da Igreja, criando novas alternativas religiosas e um ambiente mais científico.

O mesmo ocorre agora com a chegada da Internet.

Neste momento, haverá crescente demanda pela difusão e massificação de macro-cosmovisões descentralizadoras, que defendem um ser humano sem propósito.

E vice-versa.

Haverá crescente redução de macro-cosmovisões centralizadoras, que defendem ser humano com propósito, do qual o antigo grupo de poder sabia o caminho.

É isso, que dizes?

 

 

 

 

Várias vezes ouço discursos melancólicos de pessoas diante das mudanças no novo milênio.

A melancolia é estágio emocional-cognitivo que vai muito além da nostalgia.

A nostalgia é apego ao passado, mas não coloca a pessoa paralisada como a melancolia.

Se existe algo que aprendi nestes vinte anos de estudo sobre o Digital foi que a principal força de mudança do Sapiens é a Complexidade Demográfica Progressiva – característica única de tecno-espécies.

Aumentos demográficos geram novo patamar de complexidade demográfica e estes demandas por mudanças obrigatórias, que ficam latentes até surgir nova mídia descentralizadora.

Tudo que ocorre numa cidade de 300 mil habitantes será diferente quando a população saltar para 3 milhões.

Problemas serão mais complexos, demandarão soluções mais matemáticas,  mais sofisticadas, mais tecnológicas, mais científicas – e menos românticas,

Uma forma de se viver terá que dar – necessariamente –  lugar à outra.

Todos os dias os 3 milhões de habitantes naquela cidade, ou os 210 milhões de brasileiros ou os 7 bilhões de Sapiens vão acordar com fome –  querendo comida na mesa.

Contra essa força da sobrevivência nada, absolutamente nada, nenhum tipo de sentimento, nostalgia, melancolia será capaz de impedir que os processos se alterem.

O grande erro que temos neste novo milênio – que nos leva à esta melancolia crônica –  é o que definimos filosoficamente no século passado como essência humana.

Nosso conceito sobre a essência do Sapiens está equivocado: quando crescemos demograficamente, necessariamente precisamos mudar a sociedade.

A essência do Sapiens, aquilo que podemos ser – é  e sempre será algo em aberto, pois não sabemos exatamente o que teremos que fazer para comportar  7, 8 ou 15 bilhões de habitantes no planeta.

Tem-se a fantasia de que vamos aumentar a população indefinidamente, mas a vida não vai se alterar por causa disso. Isso é completamente falso!

Há esse sentimento no ar de paralisia, pois nos agarramos a um tipo de sociedade que não tem mais como voltar para trás.

Não há há nada que nenhuma pessoa, grupo, país, organização transnacional possa fazer.

O melancólico não tem ferramentas para voltar ao mundo que um dia amou e não consegue perceber por que tudo está se alterando.

A pessoa mais do que nostálgica, se transforma em melancólica.

A melancolia é, assim, sentimento que paralisa e não leva a lugar nenhum.

Nada vai impedir que 7 bilhões de Sapiens tenham respectivas demandas e queiram construir  sociedade que lhes apresente as melhores ofertas possíveis.

Agora, com o digital, as portas das mudanças se abriram. Virão cada vez mais rápidas para desespero dos melancólicos de plantão.

É isso, que dizes?

 

História 3.0

Temos hoje espécie de historicismo de poucos critérios, que perdeu a validade depois da chegada da Internet.

Vejamos.

Admite-se que o fim da pré-história ocorre com a chegada da escrita manuscrita há cerca de 5 mil anos.

Porém, mais para trás o critério é outro.

Considera-seque a mudança da pré-história para a história foi provocada por outras mudanças tecnológicas: o período paleolítico (mais antigo/pedra lascada rústicas) para o neolítico (mais novo/pedra polida).

São critérios diferentes.

  • Ora a era se alterou por mudança da mídia de plantão – escrita, que inaugura novo ciclo.
  • Ora foi a mudança das tecnologias usada – pedras.

No livro “Sapiens – uma breve história do homem”, Youval Harari defende que mais do que a chegada da pedra polida, a grande mudança humana que nos tirou da pré-pré-história foi a chegada da oralidade.

De novo, voltamos com o impacto das mídias, porém, na sequência, Harari não continua na mesma linha, ignora a escrita, a escrita impressa e o restante.

Por fim, quando chegamos em 1450, início praticamente unânime pelos historiadores da sociedade moderna, se atribui a nova fase à queda de Constantinopla, que encerra o ciclo do Império Romano e não a chegada da prensa, em 1450, que teve impacto muito maior.

As mudanças que estamos vivendo com a chegada da Internet demonstra que toda vez que a sociedade massifica novas mídias descentralizadoras passa a sofrer o impacto de mudanças de fora para dentro.

E mudamos eras.

Mídias criam novos hábitos, novos hábitos criam novas formas de pensar e agir.

A história, assim, precisa refazer seus critérios de macro-mudanças do passado para:

  • Gestos – pré-história;
  • Oralidade – história sem registro;
  • Escrita – história com registro.

E uma revisão profunda da relação das mudanças de mídia como indutoras de alterações do passado, incluindo depois, a complexidade demográfica progressiva.

É isso, que dizes?

 

O que um sapiens tem de comum com outro que nasceu há dez mil anos?

E com o vizinho?

Ou com aquele que tem a mesma ideologia ou oposta?

  • O que seria sempre comum podemos chamar de essência?
  • O que seria incomum em cada pessoa definimos como substância?

A substância é a essência em ação, de forma particular, cultural e pessoal.

Podemos, por exemplo, dizer que nosso lado animal é da nossa essência: precisamos comer, beber, ter aonde dormir, se reproduzir.

Isso é algo que temos em comum com as outras espécies vivas. Toda espécie viva, podemos dizer, tem algum tipo de demanda de sobrevivência para se manter viva.

Todas precisam disso.

O Sapiens, entretanto, diferente das outras espécies conseguiu transformar a natureza e se recriar ao longo da história.

Diferente das outras espécies, podemos dizer que nós somos culturais e mais do que isso, somos tecno-culturais, pois somos os únicos que podemos alterar a forma como vivemos, alterando o ambiente tecno-cultural.

Podemos alterar a forma como nos comunicamos e como administramos as sociedades, diferentes das outras espécies. E, por causa disso, podemos crescer demograficamente, como nenhuma outra espécie.

Assim, o Sapiens na sua essência além de precisar viver é uma espécie inovadora, mutante, tecnológica, midiática, que vai alterando a forma de viver, conforme as necessidades objetivas e subjetivas da espécie.

Diria mais.

Diria que a análise da macro-história nos coloca como uma espécie que, por crescer demograficamente, precisa descentralizar o poder.

Sim, apesar das recaídas centralizadoras, a tendência do Sapiens para lidar com a complexidade demográfica progressiva é, no longo prazo, capacitar pessoas, através de mídias (tecnologia) e educação (cultura) para decidir cada vez melhor.

Isso, a meu ver, faz parte da nossa essência.

Não é o que normalmente se pensa sobre ela e é totalmente inverso do que se imaginava no século passado, mas se refizermos a nossa essência tendo como base:

  • nossas demandas animais;
  • a complexidade demográfica progressiva;
  • e a inovação obrigatória como fator de sobrevivência.

Veremos que a única forma possível de nos manter com melhor qualidade é a descentralização de poder.

Neste artigo apresento meu diagnóstico da Crise das Ciências Sociais.

Se partirmos do princípio que ganhamos mais do que perdemos com tal revisão e que a mídia passa a ser um  elemento principal da essência humana.

Vamos ter que marcar eras humanas, a partir das mídias, como, aliás, sugere Pierre Lévy.

Teríamos, então, quatro etapas: antes de falarmos, depois, quando passamos a escrever (com a prensa no meio) e agora o digital.

Tivemos quatro etapas, imaginando que a primeira era uma espécie de pré-homo e que só viramos Sapiens, quando introduzimos as primeiras tecnologias midiáticas, como a linguagem.

A linguagem oral podemos dizer que foi a primeira e única tecnologia biológica, 100% cultural que inventamos, que não dependia de nenhuma prótese externa para ser produzida. Foram alterações biológicas que nos permitiram falar e ouvir.

O que ocorreria como questões abertas na maneira de pensar o ser humano se adotássemos a proposta da Ciência Social 3.0, filha de McLuhan?

Algumas pesquisas que seriam demandadas:

Religiões e mídias:

  • Teríamos que rever o surgimento das religiões monoteístas e relacionar as mesmas com o surgimento da escrita.
  • Teríamos que relacionar a topologia da mídia vertical a demanda de deuses verticais.
  • Teríamos que imaginar que se as mídias influenciam as religiões, como seria um conceito de religião distribuída no novo milênio: politeísmo?

História e mídia:

  • Necessário rever o marco histórico da sociedade moderna, que é caraterizada com a queda de Constantinopla, e analisar a chegada da prensa no mesmo período (década de 1450-1460);
  • Os efeitos da escrita para a criação do império romano;
  • Os ciclos que nos levam ao retorno da oralidade quando há colapsos da nova mídia, tal como a crise da escrita no império romano e o retorno da oralidade no feudalismo e ainda a crise da escrita impressa no século XX e o retorno a oralidade das mídias eletrônicas.

Filosofia e mídia:

  • A relação entre o surgimento e o renascimento de movimentos filosóficos, a partir da centralização e descentralização de mídias;

Economia e mídia:

  • A relação das mídias e da demografia, antecedendo movimentos de mudanças nos ambientes econômicos e de negócios;

Administração e mídia:

  • Como se alteram os modelos de administração da sociedade, a partir da relação entre mídias e demografia;

Antropologia e mídia:

  • A aplicação deste fenômeno (mídia/demografia) em sociedades passadas, incluindo o colapso de várias delas.

 

As Ciências Sociais estão em profunda crise.

Ciências Sociais são filhas das correntes filosóficas disponíveis. E as correntes filosóficas hegemônicas disponíveis não estão dão conta do novo milênio.

Até o século passado, vivíamos a ilusão da espécie essencialmente cultural.

A cultura era algo de completo domínio humano, que só poderia ser modificada de dentro para fora por um grupo de pessoas, com determinada intenção.

O que, por exemplo, se reflete na máxima de Marx sobre a caminhada humana: “é a luta de classes que move a história”.

Estudar a história era basicamente analisar os movimentos culturais, das intenções, dos interesses, dos diferentes grupos para poder entender o seu motor – isso é falso!

O novo milênio tem trazido mudanças inusitadas, pois há alterações em praticamente em todas as áreas sociais que não estão sendo provocadas por centro pensante de forma intencional..

O diagnóstico da crise filosófica atual é o seguinte: as mídias foram mal encaixadas na forma como pensávamos a essência humana.

A crise das Ciências Sociais tem, portanto, antes de tudo, raiz filosófica: somos  midiática-espécie cultural e não apenas espécie cultural.

As mídias são a principal ferramenta de construção da cultura, aquilo que nos permite nos relacionar, nos expressar e nos conhecer.

A cultura é feita com as ferramentas midiáticas disponíveis e, se modificará profundamente quando estas forem alteradas!

As mídias, assim, não são apenas produtos da cultura – são também –  mas são principalmente as ferramentas que permitem que a cultura seja produzida.

Quando mudam as mídias, muda a cultura!

O efeito das mídias na sociedade é algo que o gênio Marshal MacLuhan e seus contemporâneos canadense nos legaram, desde o século passado.

Mas que – até agora – não caiu na graça dos perdidos cientistas sociais de plantão.

Assim, temos hoje evidente bifurcação para as ciências sociais no novo século :

  • ou incorporamos McLuhan, que foi, antes de tudo um filósofo, ao questionar a essência humana;
  • ou continuamos sem compreender o que ocorre e o que irá ocorrer no novo milênio.

A Ciência Social 3.0 começa com McLuhan, numa ampla revisão filosófica da essência midiática-cultural do Sapiens.

Cosmovisão podemos definir como corrente de pensamento criada por alguém ou algum grupo, que ganha adesão das crenças individuais.

Cada pessoa tem uma crença individual que está inserida em uma ou mais cosmovisões.

Quanto mais reflexão cada pessoa tem sobre o mundo à sua volta, mais particularizada e  criteriosa será a escolha da cosmovisão.

O cristianismo é exemplo de cosmovisão, assim como o islamismo, o marxismo, o mundo vegetariano.

São opções de formas de agir e pensar que agregam pessoas, que podem, a partir de opções individuais, mixar diferentes cosmovisões, no que podemos chamar de crença individuais.

Assim, quando ouvimos a expressão “sair da caixa” estamos falando que a caixa é um mix de várias cosmovisões. na qual estamos inseridos, muitas vezes por formação familiar, educacional, cultural sem grandes reflexões.

Sair da caixa, assim, seria tomar consciência do mix de cosmovisões que estamos inseridos ´para iniciar processo de mudança, alterando-as, a partir da nossa capacidade de refletir.

Refletir mais sobre elas, adaptando-as para nossas crenças individuais, ou mesmo abandonando uma para aderir a outra.

E, quando estamos diante de determinadas pessoas criativas, a criação de novas cosmovisões.

Ninguém vive sem uma caixa (cosmovisão). O que ocorre, muitas vezes, é a total falta de consciência da caixa.

A pessoa não percebe que a cosmovisão a está levando e não ela está conscientemente dentro daquela, adaptando-a para a sua diversidade.

(Uma espécie de jeito Zeca Pagodinho, de “deixa a vida me levar”. O que seria as cosmovisões que eu fui criado e não refleti sobre elas.)

Porém, cosmovisões são criadas e podemos dizer que, antes delas, temos uma instância anterior, que vou chamar de Macro-cosmovisões.

Macro-cosmovisões seriam o que antecede a todas as cosmovisões da sociedade.

Macro-cosmovisões não são criadas por pessoas ou grupos de pessoas. São movimento estruturais da espécie coletivos e não coordenados do Sapiens.

São fenômenos maiores influenciados por dois fatores: a demografia e as mídias de plantão.

Assim, saltos demográficos e novas mídias fortalecem as macro-cosmovisões centralizadoras ou descentralizadoras e tornam propícias cosmovisões numa ou noutra direção.

Quando aumentamos a população de forma local ou global, aumentamos a complexidade e demandamos novas mídias.

E tais mídias influenciam determinados macro-ciclos na direção da centralização ou descentralização.

Macro-cosmovisões centralizadoras –  tende a fortalecer cosmovisões que acreditam que o ser humano tem propósito, missão na terra. Geram cosmovisões que fortalecem a verticalização social;

Macro-cosmovisões descentralizadoras – tende a fortalecer cosmovisões que acreditam que o ser humano NÃO tem propósito, missão na terra. Geram cosmovisões que fortalecem a horizontalização social.

É isso, que dizes?

 

Já disse aqui neste canal que a grande divisão do pensar e agir humano está na resposta da seguinte pergunta:

“Por que estamos aqui?”.

Se há para esta resposta um propósito geral da espécie, necessariamente, alguém sabe qual é o melhor caminho.

Há um centro que se aproxima mais daquela verdade, ou daquele propósito.

O resto das pessoas que não sabem  precisam saber, através de quem sabe.

E este alguém – que sabe – se sente com vontade de criar correntes políticas ou doutrina religiosa – ou ambos – para que o Sapiens vá naquela direção.

É, a meu ver, a origem dos pensamentos autoritários, dogmáticos. totalitários, que podemos chamar de base filosófica centralizadora.

Existe uma separação entre quem sabe e quem não sabe o caminho.

E o mundo será separado entre aqueles que mais sabem e aqueles que ainda não sabem e deveriam saber.

É um pensamento filosófico intermediador, centralizador.

Por outro lado, se não há propósito geral da espécie, ninguém sabe qual é o caminho.

E o objetivo do Sapiens será apenas viver como as demais espécies.

Esse pensamento admite que o ser humano é capaz de refletir sobre a sua vida de forma mais consciente  que outras espécies, mas isso não nós dá o direito de achar que temos algo de muito especial.

Simplesmente, nossos conflitos existenciais existem, mas não precisamos criar algo para preencher esse vazio.

Esta é a base do pensamento filosófico libertário, do conceito de ordem espontânea, inteligência coletiva ou cultura de participação.

E do que podemos chamar de filosofia descentralizadora.

Cada pessoa sabe alguma coisa na sua luta diária pela sobrevivência e é o somatório dessa sabedoria distribuída que nos permite avançar de forma descentralizada como espécie sem nenhum propósito.

Não há um guia ou centro, mas caminho que é construído de baixo para cima e de forma horizontal.

É um pensamento filosófico não-intermediador.

A base do Descentralismo 3.0, que também chamo de quando em vez de Liberalismo 3.0.

Podemos dizer, ainda, para concluir, que:

  • Quando temos eras de mídias centralizadoras, a tendência é que o pensamento filosófico intermediador, centralizador, ganhe escala como ocorreu no século passado.

E vice-versa.

  • Quando temos eras de mídias descentralizadoras, a tendência é que o pensamento filosófico desintermediador, descentralizador, ganhe escala, como assistiremos neste novo milênio.

 

É isso, que dizes?

Dois fatores provocam grandes apagões filosóficos:

Centralização de mídias;

Que é provocada por saltos demográficos.

O Sapiens passa a operar nas hiper micro história sem capacidade de revisões de pensamento mais amplas.

Quando falamos em empoderamento das pessoas, estamos dizendo que pessoas precisam de mais autonomia para resolver problemas diante da complexidade progressiva.

O Sapiens aumenta a complexidade demográfica e a única saída, a longo prazo, é descentralização é fatiamento da solução dos problemas.

Para isso, é preciso, como início do processo,  de mídias mais descentralizadas que vão permitir, de forma massificada, que problemas sejam fatiados.

Depois das mídias, segue demanda por nova educação, que visa o resgate de antigas propostas de “educar para problemas”.

O destino humano, conforme aumenta a complexidade demográfica, é a, médio e longo prazo, a descentralização dos problemas.

Existe o que vou chamar de taxa de capacidade de reflexão.

Refletimos sobre o que vivenciamos.

Só é possível refletir sobre o próprio pensamento.

Tudo que pensamos sobre o mundo é passível de revisão.

Para isso, é preciso criar um espaço de percepção sobre a própria percepção.

Há alguns macetes:

1) escolher um problema para chamar de seu, no qual tenha autonomia para testar novas formas de solução;

2) avaliar com pessoas interessadas nas soluções propostas a eficácia dos resultados;

3) criar  espaço de registro (áudio, vídeo ou texto) para narrar a experiência, de preferência, público.

 Com isso, a taxa de reflexão tende a subir.

No futuro, teremos líderes, porém com muito mais meritocracia.

Hoje, temos autoridades que se tornaram líderes por falta de mobilidade e transparência social.

São mais autoridades do que líderes.

Numa sociedade mais informada, teremos líderes mais contextuais, por menos tempo.

Lideranças mais permanentes terão que ter algo muito relevante a dizer para muita gente. 

Uma mente empreendedora escolhe problemas que geram desconforto.

Uma mente empreendedora visa reduzir o desconforto na sociedade.

Uma mente empreendedora aprende a melhorar a forma de pensar e agir diante dos problemas dos clientes.

Uma mente empreendedora caça pessoas que possam ajudar a pensar e agir melhor.

Uma mente empreendedora aprende principalmente com seu cliente, que o guia na melhor direção.
Uma mente empreendedora não tem preconceitos, desde que pensamentos e ações melhorem a vida dos clientes.

Uma mente empreendedora sabe que problemas são mutantes e isso exige mente aberta para o novo.

Uma mente empreendedora sabe que boa parte do fracasso está em não saber ouvir o cliente e mudar, quando necessário.
Uma mente empreendedora é aquela que faz da redução do desconforto do cliente uma missão de vida.
Uma mente empreendedora é aquela que não perde o foco no desconforto do cliente.

O gato de Platão (se é que ele teve um) é muito parecido com o o da vizinha, pois a essência felina se manteve no tempo, com poucas variações naquilo que vemos, as substâncias.

Do ponto de vista da essência do ser humano na Grécia, estávamos já lá, mesmo sem saber, impactados pela demografia, pelas tecnologias, pelas mídias e pela cultura.

Éramos os mesmos nestes aspectos.

Porém, a substância, aquilo que podemos – e não podemos ser hoje – se alterou bastante, no tempo, pois é assim que essencialmente somos.

Analisar uma pessoa grega a um contemporâneo nos mostra que há mudanças que não são apenas culturais.

Podemos dizer, se quisermos, que existe, assim, algo que é mutante no Sapiens, que estamos chamando de essência, que não é essência, mas substância, os aspectos tecnológicos, midiáticos e demográficos de cada época.

E isso nos coloca nova questão: na nossa caminhada mutante é possível falar em essência e substância? Papo para o outro post.

Podemos dizer que há reflexão filosófica importante sobre o Sapiens no novo milênio, fundamental para poder entender nosso destino.

Se inicia pela distinção entre dois conceitos filosóficos relevantes para esse caso: essência e substância. Comecemos com essa premissa:

A espécie humana é a essência do que podemos ser. E cada ser humano é a substância daquilo que conseguimos ser.

A essência é a potência e os limites da espécies, até aqui: começamos aqui e daqui não passamos.

E a substância a capacidade individual de cada um de viver dentro destes imagináveis limites abstratos, a serem comprovados no concreto.

Os limites são dados por projeções filosóficas de até onde podemos ir e aonde não.

As  mudanças que estão ocorrendo no novo milênio questionam nossa percepção do que, de fato, é a nossa essência –  o que inaugura crise filosófica essencial.

A questão-mãe da filosofia precisa ser refeita:

Quem realmente somos? Qual é a nossa essência para que as pessoas possam pensar e agir dentro das respectivas substâncias?

Para ser bem mais pragmático.

A essência filosófica que um diretor de cooperativa de táxi tinha sobre a espécie (contida no senso comum) não permitiria que aparecesse um Uber.

O diretor da cooperativa de táxi achava que a espécie era muito menos mutante do que realmente é!

Assim, como ainda acham os políticos em Brasília.

Não se esperava que mudanças de mídia pudessem provocar determinadas alterações tão disruptivas no ambiente político ou nos negócios.

Isso é contra-senso daquilo que imaginávamos que era a nossa essência.

A ideia da essência do Sapiens – digamos a base de toda a cadeia de pensamento que se desdobra em questões filosóficas, teóricas, metodológicas, nos negócios, organizações, cosmovisões, crenças individuais – entra em processo de questionamento e dúvidas.

Definimos, no senso comum, a essência do Sapiens, antes da chegada do Digital, como: espécie cultural e que, em algum momento, se utiliza de tecnologias como sub-produto da cultura.

Sim, nossa essência já era consideradas pelos nossos antepassados como mutante, se comparada com outros animais, a partir da mudanças culturais.

Porém, a mutação humana promovida apenas pela cultura tem se mostrado falsa e nos leva a não compreender o novo milênio!

É preciso dizer que nossa essência é, sim, mutante, mas não é apenas pela cultura que podemos esperar surpresas. De tempos em temos, promovemos ajustes incrementais e/ou disruptivos em tecnologias, principalmente as mídias, que são o suporte aonde o ambiente cultural opera.

A diferença é que ações culturais são geralmente provocadas por pessoas e grupos de forma intencional. Há um movimento deliberado de levar de “a” para “b”, na maior parte dos casos.

Na massificação de tecnologias, principalmente das mídias, temos um caso de não intencionalidade, ou se quiserem um macro-movimento tecno-cultural não intencional.

As mídias, estamos aprendendo, não estão embaixo da cultura, dominadas por elas, mas são ferramentas necessárias para que possamos praticar a cultura.

Não existe, portanto, possibilidade de separar a palavra tecno-midiática-cultural do Sapiens.

Só conseguimos ser uma espécie cultural, pois somos uma espécie midiática, que utiliza tecnologias para produzir cultura.

A cultura e a mídia são duas partes do mesmo coração da espécie, dependentes uma da outra.

Não se pode analisar um coração apenas por uma parte, pois para existir e funcionar, precisa de ambas.

Ao defender que somos tecno-midiáticos-mutantes, defino que nossa essência é sujeita a alterações no tempo também por causa das mídias, que não são itens secundários, mas essenciais de quem somos.

O ser humano vive, assim, dentro de ambiente tecno-midiático-cultural, não apenas cultural. Isso faz parte integrante da nossa essência e não da substância.

A novidade do debate filosófico é admitir que, além das mudanças culturais, já admitidas, há na nossa essência mudanças esperadas nas tecnologias de maneira geral e das mídias em particular.

Na nossa essência somos espécie tecno-midiática-cultural, pois nossa capacidade de mudar nos permite crescer demograficamente e, quanto mais crescemos, mais tecno-midiáticos precisamos ser e inovar.

Se não incorporarmos os fatores tecnologias, mídias e demografia na base da nossa essência nunca conseguiremos definir bem a substância de quem somos e o que está ocorrendo.

Precisamos promover macro-ajustes filosófico. Sem ele,  o novo milênio – afetado por tecnologias, novas mídias e novo patamar demográfico – jamais será compreendido.

É isso, que dizes?

 

Mídias são tecnologias que estão entre as pessoas e estabelecem como  podem se relacionar e trocar.

Mídias são as tecnologias que mais influenciam a tecnoespécie, pois são a base principal para todas as trocas.

Mídias definem hábitos de consumo, de trocas entre amigos, parentes, pessoas próximas e desconhecidas e interferem no ambiente social em todas as áreas.

Mídia é uma espécie de “líquido aminótico” da espécie que estabelece o ambiente sob o qual a cultura poderá se desenvolver.

As mídias, apesar de serem resultado da caminhada cultural, influenciam a espécie alterando a cultura de forma ativa e não passiva ou neutra, como se imaginava no século passado.

As pessoas não mudam a forma de pensar com a chegada das novas mídias, mas mudam hábitos. E é a mudança de hábito, que vai, aos poucos, mudando a forma de pensar.

Mídias centralizadoras levam à espécie a hábitos centralizadores e vice-versa.

Mídias – onde se inclui a linguagem – por sua característica de adesão voluntária,  não são impostas de cima para baixo.

As pessoas aderem a elas de forma espontânea.

(Obviamente, que estabelecem patamares de trocas em que profissionalmente muitas vezes somos obrigados a usar.)

Mídias são ferramentas com as quais a cultura é produzida e, por causa disso, quando se alteram mudam a sociedade.

Não existe contradição entre razão e emoção.

Toda emoção tem uma dose de razão e vice-versa.

Podemos falar, assim, de taxas. E procurar outro nome que reflita melhor esse exercício.

E aí se encaixa o conceito de intuição.

O que temos,portanto, perante a vida e os problemas são intuições, mais ou menos refletidas.

Logo de cara, temos intuições de baixa reflexão, que geralmente incorporam as crenças e cosmovisões de plantão.

É o que podemos chamar de intuições do senso comum.

Conforme, vamos refletindo sobre elas, descobrindo mais e mais pessoas que pensaram sobre aquelas intuições, vamos repensando a intuição original.

E passamos da intuição de baixa reflexão para uma de maior, até mesmo iniciar o processo da criação da personal-intuição, que você pode chamar de sua.

Não quer dizer que quem refletiu mais sobre determinada intuição tem a verdade ou é mais certo. Apenas pode dizer que tem intuição mais trabalhada.

Intuições são feitas, a meu ver, para lidar com problemas.

Intuições mais refletidas tendem a ajudar a resolver melhor os problemas. E é esse o parâmetro a ser seguido: resultados diante do problema a ser enfrentado.

Quanto menor o esforço e melhor o resultado, mais o caminho reflexivo sobre a intuição é adequado e vice-versa.

A ideia de que existe dicotomia entre razão versus emoção é – ela mesma – um exemplo típico de intuição de baixa reflexão.

 

 

Debates humanos de qualquer natureza vão passar pela forma como respondemos a esta questão:”por que estamos aqui?”.

É a ante-sala filosófica que obrigatoriamente temos que passar para adentrar em debates mais abstratos e reflexivos sobre a nossa espécie.

Podemos, em linhas gerais, traçar dois caminhos possíveis a serem escolhidos, a partir dessa bifurcação:

  • estamos aqui com propósito específico de espécie especial, se comparados com as outras?
  • ou estamos aqui sem propósito específico, como todas as outras espécies, querendo apenas viver a vida da melhor forma possível?

Todos pensamentos filosóficos e depois teóricos, incluindo os políticos, serão desdobramentos, a partir desta bifurcação.

Acredito ser opção tão definidora de cada pessoa na sua maneira de pensar e agir, que podemos especular que contém aspectos que vão muito além da razão.

Adentram pelo campo dos temperamentos, tipos de inteligência, maneiras de sentir o mundo. E ainda imersão – muitas vezes definitiva – em determinadas cosmovisões e crenças de todos os tipos.

Algo muitas vezes bem acima de aspectos passíveis de debates racionais.

Sugiro, assim, que antes de qualquer debate mais abstrato, se defina, antes de tudo, a questão-mãe:

“Por que estamos aqui?“.

Tal método explicitará, de forma rápida, como cada um dos debatedores pensa o ser humano no planeta e respectivos desdobramentos.

Com certeza, tal atalho, poderá reduzir em muito o tempo que perdemos em debates infrutíferos.

Temos a fantasia de que apenas algumas decisões na sociedade importam.

Acreditamos que a sociedade vai melhorar se os líderes tomarem decisões melhores.

E, por causa disso, ficamos imaginando colocar “salvadores da pátria” que fantasiamos que vão decidir melhor por todos.

Cada pessoa que vai ao supermercado está tomando decisões que importam para todos os outros.

O problema é que quanto mais centralizada forem as decisões, mais chances teremos de ter problemas. E vice-versa: quanto mais pulverizadas, melhor.

Sim, existem algumas decisões que mudam a vida de mais gente, porém, quanto mais uma sociedade vai se descentralizando, mais as decisões vão se distribuindo.

E as decisões só vão se distribuindo por aumento da taxa de autonomia de tomada de decisões de qualidade por cada pessoa, que ocorrem por dois motivos:

  • pela melhoria da capacidade cultural-educacional, através do discernimento, através do domínio das linguagens (idioma e matemática) e lógica;
  • pela descentralização de mídia, que permite que a informação circule e serve como uma espécie de formação cultural-educacional gratuita.

As pessoas vão, aos poucos, tomando para si as decisões e ações que pediam para que outras pessoas, reintermediando processos.

Antigos intermediadores vão perdendo espaço, pois mais e mais pessoas não veem mais sentido nesta intermediação e vão procurando novas alternativas distribuídas.

A sociedade vai se modificando lentamente de uma taxa de centralização para outra muito mais baixa, num processo de descentralização de processos de tomada de decisão.

Podemos dizer, assim, que existe uma relação verdade individual- problemas individuais. Quanto melhor for a verdade individual de cada um, com mais qualidade vai resolver problemas individuais.

Milhões de problemas individuais sendo tomados com mais qualidade vai fortalecendo um modelo de sociedade mais descentralizado.

Assim, uma sociedade não muda no dia de uma determinada eleição, quando se vota. Ou quando um congresso resolver modificar determinada lei.

Isso é o resultado de bilhões de micro decisões que vão sendo tomadas, que favorece a esse ambiente mais descentralizado.

Assim, é preciso entender que a “verdade” na sociedade, baseada no conhecimento de cada pessoa diante de cada problema é individual.

A melhoria da verdade de cada um vai impactar nas verdades de todos, aperfeiçoando a sociedade de baixo para cima.

Cada pessoa constrói sua própria verdade para lidar com respectivos problemas.

Temos bilhões de decisões sendo tomadas todos os dias.

Países em que temos centralização de poder, monopólios, regras muito definidas o leque de decisões a ser tomada é menor.

As pessoas são direcionadas a um número pequeno de opções e vice-versa. Em países em que temos mais descentralização de poder, o leque de opções é maior.

Um mundo melhor e mais descentralizado se baseia em melhoria gradual e massificada de decisões melhores por cada vez mais gente.

Cada pessoa tem trajetória de conhecimento individual na melhor forma de resolver cada um da dezena de problemas diários.

Não existe, portanto, verdade central, ou a melhor verdade, ou a verdade única, que são característica de regimes mais centralizadores, do autoritarismo ao totalitarismo.

Há um leque enorme de verdades que irá guiar pessoas para  decidir, conforme a sua individualidade seus respectivos problemas.

Assim, temos micro verdades parciais, distribuídas, individuais de cada um diante dos problemas que têm pela frente.

A verdade é individual, pois os problemas são individuais.

É da qualidade dessa relação problema-verdade individual ou verdade-problema que um país se modifica.

O ser humano é a única espécie social do planeta que cresce demograficamente.

Conseguimos tal façanha, pois somos espécie Tecnocultural, que pode alterar de forma incremental, radical ou mesmo disruptiva a sociedade no tempo.

A grande alteração de percepção que temos que promover nas nossas mentalidades no novo milênio é entender a “tabelinha” que existe entre mídias,  demografia e modelos de administração do Sapiens.

Quando aumentamos a população, vamos precisar descentralizar as mídias para permitir que a espécie possa lidar, de forma mais distribuída, com novo patamar de complexidade.

Há matemática simples na “evolução” humana:

Um bilhão de Sapiens em 1800 consumiam 3 bilhões de pratos de comida. E hoje 7 bilhões demandam, 21 bilhões.

Saltos demográficos demandam OBRIGATORIAMENTE primeiro mudanças de mídia e depois no modelo administrativo da espécie.

A massificação das novas mídias – que viabiliza novo modelo administrativo –  é a principal macrotendência do novo milênio.

Assim, caminha (matematicamente) a humanidade!

Os estrategistas estão em crise.

Mais e mais organizações não conseguem ter estratégias adequadas diante da Revolução Digital.

Basta ver a queda constante e gradativa da taxa de competitividade das organizações tradicionais em várias áreas.

Líderes de mercado que eram locomotivas, agora têm aceitado cada vez mais o humilde papel de vagão.

Se colocarmos em números, a crise dos estrategistas já pode ser calculada em bilhões de dólares, sem falar na perda total de várias empresas que fecharam as portas pela dificuldade de entender e agir, a partir de nova visão sobre o amanhã.

O problema principal dos estrategistas está na formação.

Estrategistas foram preparados para projetar cenários em  futuro incremental e não disruptivo.

Num futuro incremental, o trabalho do estrategista é voltado para pesquisas de curto prazo. Procura perceber micro-tendências do consumidor, concorrentes, tecnologias e pequenas mudanças prováveis nas áreas social política e econômica.

Num futuro incremental, estrategistas trabalham com o mesmo paradigma. As bases de pensamento sobre como caminha a vida da sociedade – e por sua vez dos negócios –  permanecem as mesmas.

Num cenário disruptivo, entretanto, é preciso revisão filosófica, teórica e metodológica, pois a sociedade não está mais funcionando do mesmo jeito.

Há evidente crise das ciências sociais, com as quais os estrategistas foram formados, pois novas forças, como as tecnologias de mídia, demonstram que podem muito mais do que se previa.

É preciso, assim,  revisão da forma como pensamos o próprio Sapiens.

Os estrategistas 3.0 vão ter que primeiro rever conceitos para, só então, voltar às boas e conhecidas pesquisas de campo.

A crise é profunda e precisa ser corrigida rápido.

 

O debate filosófico sobre realidade nos leva para dois extremos:

  • A realidade existe e tem nela uma sabedoria, uma lógica intrínseca e existem pessoas que mais se aproximam dela. Este pensamento é do tipo conservador, religioso e hierárquico. Se existe uma verdade verdadeira determinadas pessoas se aproximam mais dela, havendo, portanto, o certo e o errado e pessoas que estão mais certas do que outras;
  • No outro extremo, temos a visão de que a realidade não existe, mas apenas percepções provisórias humanas sobre ela. Não há nela, lógica intrínseca e não existem pessoas que mais se aproximam dela. Este pensamento é do tipo co liberal, ateu ou agnóstico e não hierárquico, distribuído. Se não existe uma verdade verdadeira, cada pessoa tem a sua capacidade de se aproximar da realidade,  não havendo, portanto, o certo e o errado.

Para esse pensamento da realidade não existente e inatingível, o futuro é sempre aberto e construído pelas pessoas.

Um mundo que passa por Revolução Civilizacional abre as portas para as mudanças em todas as áreas e se abre um macro-ciclo aberto e inovador.

A visão conservadora da “realidade existe lá fora e tem alguém que se aproxima mais dela” tende a perder espaço para a “realidade lá fora é sempre uma percepção histórica, mais ou menos eficaz”.

Saímos de um futuro mais fechado e controlado pelas autoridades do saber. Para um futuro mais aberto, no qual as autoridades do saber se descentralizam.

Nesse mundo mais aberto, a verdade está em cada pessoa diante dos problemas que têm para resolver a sua frente, conceitos como ordem espontânea, inteligência coletiva e cultura da participação tendem a fazer mais sentido.

Temos, na verdade, além das velhas escolas que defende a educação por problemas e a ordem espontânea como motor da sociedade, uma nova escola que começa a surgir da ordem espontânea digital, dentro de nova etapa de participação.

É isso, que dizes?

O conceito de realidade é relevante para projetos de inovação.

Quem tem baixa taxa de criatividade dirá que a realidade é sólida e existe lá fora, independente dos humanos.

E quem alta taxa de criatividade, mente inovadora, dirá que não. Que tudo é sempre uma construção humana, passível de erro e mudança.

A base da inovação é desconfiar do que existe. E imaginar uma forma de alterar o real. Quando mais se desconfia, mais aberta pode ser a inovação.

Quanto mais houver capacidade abstrata de imaginar um novo real, mais disruptiva poderá ser o projeto.

E quanto mais você acreditar que o real é real, mais dificuldade terá de modificá-lo.

Sempre me preocupo em sala de aula a apontar para meus alunos que tenho a minha percepção particular sobre a realidade.

Assim, deixo claro que a verdade, qualquer que seja ela, é sempre parcial, individual, transitória.

Aponto a origem da cosmovisão que abracei e os motivos.

(Cosmovisões são formas de ver o mundo, que estão disponíveis nas prateleiras filosóficas e teóricas no supermercado do conhecimento).

Deixo, assim, os alunos e alunas julgarem os meus argumentos e respectivas escolhas, sabendo que não se está apresentando o real, mas uma interpretação do real.

 

 

Ao saírem de sala, terão possibilidade de optar por seus próprios caminhos.

Novas verdades

Mudanças de mídia afetam a topologia das relações, que serão mais ou menos vertical. Mais ou menos horizontal, conforme a topologia da mídia.

Uma mídia centralizadora fortalece com o tempo a verdade organizacional, pois a produção de conhecimento será feita, através de organizações, que têm recursos para publicar (tornar público).

Assim, as regras de publicação, os interesses e os temperamentos das autoridades de cada organização vão definir boa parte das verdades circulantes, bem como o foco, os problemas que “importam”.

Uma mídia descentralizadora abre novo ciclo que tende a fortalecer, por algum tempo, a verdade individual, pois a produção de conhecimento será feita através de novas organizações, que reduzem o custo da produção, permitindo que novas pessoas e ideias possam publicar.

Um novo ciclo descentralizador se abre de forma definitiva, estrutural, mesmo que haja recaídas centralizadoras.

Assim, as regras de publicação, os interesses e os temperamentos das autoridades de cada antiga organização perdem o poder de definir as verdades circulantes, depois que chegam novas mídias descentralizadoras.

Podemos dizer que se inicia novo ciclo de produção da verdade de determinado filtro para outro.

Problemas não “interessantes” para as antigas organizações passarão a circular.

Temos, assim, a passagem da demanda de produção de verdades mais organizacionais para mais individuais.

E isso vão criar gap cognitivo, pois há costume, hábito, formatação de um modelo de produção da verdade para outro.

O sendo humano

A ideia de um ser humano substantivo é um dos pilares da infelicidade e da verdade de baixa qualidade.

Perceber-se a si mesmo como um verbo, não ser humano, mas sendo humano faz muito bem para a busca da felicidade e da verdade.

Pois tudo passa a ser um processo. E não uma chegada.

É o início do processo de mudança filosófico de se deixar levar para levar-se.

Aprender com o caminho e lutar apenas para que o hoje seja melhor que o ontem.

Nada mais.

Cada um tem a sua, mas é preciso ter cuidado.

A verdade é ferramenta para se obter  felicidade individual e coletiva.

A verdade foi feita para ser testada na vida. 

Não existe portanto verdade definitiva, mas verdade provisória a ser testada.

Temos versões de verdades, como se fossem softwares.

A sociedade é feita do somatório das verdades individuais, que somadas, acabam por definir nossas decisões e, com elas, a qualidade de vida. 

Verdades podem ser de baixa qualidade. 

São aquelas que não mudam, não aprendem, mesmo que não tragam felicidade.

São aquelas que não interagem com outras.

São aquelas de baixa reflexão, que dispensam números, conceitos, o passado, métodos.

São verdades de baixa taxa de razão e alta taxa de emoção.

Uma pessoa que nunca muda cristalizou a verdade, como se fosse a realidade.

Podemos dizer, assim, que existem melhores verdades que são aquelas que facilitam a felicidade.

Verdades, por fim, são realmente testadas ao tentar resolver problemas, a única forma de se analisar a sua validade.

Verdades são individuais, mas a realidade não liga para ela. Quando a pessoa ignora isso diante de problemas, a vida castiga.

Homo Deus #1

(Lendo o livro do Harari)

Há algo no livro Sapiens que me deixou intrigado. E me trouxe para seu segundo livro.

Ele diz lá que ainda não temos, enquanto humanidade um propósito.

Neste segundo livro, Harari se esforça para falar de “agenda da humanidade”.

A questão, antes do debate de qual é a agenda, é se temos agenda. 

Como o sapiens resolveu no passado seus problemas.

Diria que aí há dois tipos de conclusões sobre os problemas humanos gerais e globais.

Os centristas, que acabam por defender debates mundiais, com organizações  planetárias centralizadas. 

E os distributistas, que acreditam que é no somatório descentralizado de micro decisões, sem um poder central, que conseguiríamos avançar.

Sou adepto da segunda cosmovisão. Harari, me parece, da primeira.

Aí se abre um debate enriquecedor.

Os debates intensos sobre filosofia nos levam à equivocada pergunta: “O que é a filosofia?”. Filosofia como algo sem relação ao ser humano e seus problemas.

Prefiro lançar outra pergunta, mais pragmática e empírica: para que serve a filosofia? Por que continuamos precisando dela e de filósofos?

O que nos remete a uma pergunta anterior a esta: Por que precisamos da filosofia nas nossas vidas?

Filosofia tem que ser vista como ferramenta humana para solução de determinado tipo de problemas.

O ser humano, do meu ponto de vista, não tem propósito em si, mas apenas, como todos os outros seres vivos, viver.

(Admito que várias outras cosmovisões pensem diferente disso, mas adotei essa.)

Sendo assim, toda vida, que ainda está viva, precisa resolver problemas para se manter assim.

O principal problema humano para viver é o contínuo resolver problemas todos os dias por todas as pessoas várias vezes ao dia.

  • E existem vários tipos e graus de problemas, desde os mais simples, conhecidos, concretos, sensíveis, indutivos, comuns, conjunturais.
  • Aos mais complexos, desconhecidos, abstratos, reflexivos, dedutivos, incomuns, estruturais.

Podemos dizer que existe espaços humanos para resolver problemas dos dois tipos.

Quanto mais estivermos próximo dos primeiros, menos a filosofia estará presente e vice-versa.

A filosofia, assim, para mim, é o espaço de debate criado e necessário para que possa apoiar os seres humanos nos problemas mais complexos, desconhecidos, abstratos, reflexivos, dedutivos,  incomuns, estruturais.

A Filosofia não é portanto disciplina, apesar de ter continuidade de debates, mas espécie de UTI para resolver problemas, quando várias tentativas de tratamento já foram tentadas em outras instâncias dentro “do hospital do conhecimento”.

Podemos dizer que a caminhada humanase caracteriza pelo aumento demográfico.

Que gera complexidade.

Que cria problemas administrativos.

Que gera demandas de descentralização dos problemas, através do aumento da taxa de liberdade individual.

Quanto mais sapiens houver no planeta, mais liberdade cada indivíduo terá que ter para ajudar a lidar com o aumento de complexidade.

 

Porque conhecemos?

Para resolver problemas de todos os tipos e viver melhor.

Cada humano, mesmo um bebê na barriga da mãe já está vivendo o duelo entre problema/solução.

O conhecimento humano, se pensarmos de forma coletiva, é o conjunto acumulado de problema/solução praticado por sete bilhões de pessoas, milhares de vezes ao dia, todos os dias.

É o somatório de problemas diferentes com pessoas diferentes, que exigem bilhões de soluções diferentes.

Podemos dizer que este macro-mosaico do conhecimento é o que podemos chamar de inteligência coletiva distribuída (ICD). 

Quanto melhor for a relação de custo/benefício desta ICD, de cada pessoa com seus milhares de problemas, melhor será a qualidade de vida e vice-versa.

Tecno-ambiente

O Sapiens não controla tudo.

Assim, estrategistas precisam criar taxas de forças: as mais ou menos controláveis.

Existem entre as forças menos controláveis os movimentos coletivos.

Aumentos demográficos são movimentos coletivos de difícil controle, pois não se pode fazer nada quando homens e mulheres querem procriar.

Aumentos demográficos ampliam as taxas de complexidade com várias consequências no médio e longo prazo para a espécie.

Todos temos alguma percepção sobre o futuro individual ou coletiva, a partir de crenças, cosmovisões, temperamentos, qualidade do debate que temos sobre o que virá.

A percepção sobre o futuro define a tomada de decisão no presente.

O futuro pode ser algo abstrato e intangível, mas a nossa percepção sobre ele, não.

Podemos dizer, assim, que já existe algum futuro hoje na mente das pessoas que guiam várias decisões.

Tal percepção exerce influência no presente, pois decisões são tomadas o tempo todo baseada nesta percepção.

Tal percepção não é problematizada da como se deveria, o que se reflete na qualidade da tomada de decisões.

Um futurólogo/futurista mais do que um “vidente” é especialista sobre a percepção que as pessoas têm sobre o futuro.

Não é algo abstrato, mas concreto, pois decisões poderiam ganhar qualidade. Assim, um futurista atua sobre o presente.

Pessoas que se dedicam ao futurismo procuram:

  • Mapear as diferentes percepções e métodos que temos para perceber e projetar o futuro;
  • Analisar a lógica e a forma de coleta de dados que embasam tal visão.

Um futurista tem como missão melhorar a qualidade da percepção das pessoas sobre o futuro.

A melhoria da qualidade da percepção sobre o futuro tem consequência tomada de decisões melhores.

Num mundo cada vez mais inovador, cada vez mais gente precisa de um futurismo de melhor qualidade.

Os principais interessados num, primeiro momento, de um futurismo de melhor qualidade são os que operam hoje mais diretamente com o futuro, são eles: 

  • Investidores de risco;
  • Estrategistas;
  • Profissionais de inteligência estratégica;
  • Empreendedores, principalmente, os que querem trabalhar com inovação disruptiva.

O futurista pretende que tais profissionais se equívoquem menos nas respectivas decisões.

Além disso, é preciso qualificar o debate sobre o futuro em toda sociedade, pois cada vez mais gente viverá de inovação e precisará de um futurismo melhor.

O futurismo era uma missão dos estrategistas, que desenvolveram métodos, antes da chegada do digital, quando o futuro ainda era incremental.

Vivemos hoje um futuro disruptivo, que demanda futuristas especializados.
 

Ninguém define como pessoas vão usar tecnologias.

A maior parte das tecnologias são abertas em relação à ideia original dos seus criadores.

Assim, tecnologias, em boa medida, têm  vôo próprio entre criação e uso.

As tecnologias cognitivas muito mais, pois são estruturantes da espécie. São utilizadas boa parte do dia, por muita gente.

São, diferentes de outras, o epicentro da espécie.

E estabelecem novo patamar de relacionamento entre os humanos, destes com a vida.

Por isso, que a massificação de novas tecnologias cognitivas são os fenômenos marcantes e disruptivos na história do Sapiens.

Todo o modelo organizativo da sociedade tem base nas tecnologias cognitivas, incluindo a topologia de poder.

Não é, como em outros fenômenos sociais de mudança na estrutura de poder,  premeditado, articulado e pretendido por determinado grupo.

É um movimento sistêmico, de base tecnológica, que dá início a novo ciclo civilizacional pelo simples uso.

A mudança, entretanto, têm o gatilho tecnológico, mas vai depender para seu avanço, aí sim, de movimentos sociais (incluindo religioso, filosófico, teórico, político, administrativo, entre outros), que vão perceber as novas possibilidades e passar a se aproveitar delas para mudar a sociedade ao longo do tempo de forma irreversível.

Toda previsão de futuro é feita por alguém, através de um determinado método.

E aí temos dois tipos de temperamento que podem influenciar as projeções e o uso de qualquer método:

  • O otimista – que tenderá sempre a analisar as forças de forma positiva, na direção de futuro melhor que o presente, apostando na abundância e na redução de crises;
  • O pessimista – que tenderá sempre a analisar as forças de forma negativa, na direção de  futuro pior que o presente, apostando na escassez e no agravamento de crises.

É impossível que um futurista consiga superar seu temperamento. 

Por isso, que as previsões apresentadas, seja por qualquer tipo de temperamento, precisam se basear em projeção, através de determinada lógica.

O que se pode é analisar a lógica da previsão para saber em que medifac determinadas forças foram sub ou super avaliadas.

Antes de querer mudar, influenciar ou prever o futuro, trabalhe a percepção que tem sobre ele.

O futuro é algo abstrato, a percepção que temos sobre ele, nem tanto.

Tudo que pensamos sobre o futuro é apenas percepção, com mais ou menos embasamento futurista.

O método de futurologia de médio e longo prazo que desenvolvi trabalha basicamente com forças.

Um futurólogo de longo prazo será  analista das forças em eterno movimento.

As forças vivas têm demandas e ofertas.

E é nesse conflito permanente entre gurias vivas que se pode projetar o futuro mais distante.

Existem outros métodos de futurologia, baseados em pesquisas de tendências, que são melhor aplicados para tendências de curto prazo.

Quando pensamos no médio e no longo prazo, entretanto, é preciso sofisticar o estudo das forças para ter mais eficácia.

Cisnes negros

O futuro é algo aberto e abstrato.

O papel da futurologia não é prever o futuro, mas reduzir a imprevisibilidade.

Antes de qualquer coisa, é possível sempre supor que algo muito imprevisível, pode acontecer.

O que os futurólogos passaram a chamar de “Cisne Negro”.

Cisnes negros são fatos de baixíssima previsibilidade, que alteram de forma radical o futuro.

No popular, um cisne negro está expresso na frase “se deus quiser”.

Se não houver um cisne negro entre o hoje e o amanhã, tal coisa é possível.

O cisne negro é espécie de pílula de humildade dos futurólogos.

Sempre é bom, fazer essa ressalva, se um cisne negro não aparecer.

Podemos dizer que cada pessoa é, em alguma medida, um futurólogo.

Ninguém decide nada hoje se não tiver algum tipo de previsão futura no curto, médio e longo prazo sobre o amanhã.

Podemos dizer, assim,  que há algum tipo de qualidade de futurologia em qualquer decisão pessoal ou organizacional.

O problema que temos com o futuro, assim, é da qualidade da futurologia empregada.

Uma futurologia de baixa qualidade significa decisões de baixa qualidade.

De maneira geral, os métodos de previsão de futuro, principalmente no Brasil,  são pouco científicos e de baixa qualidade.

Podemos dizer que o Brasil prefere mais videntes do que futurólogos.

Videntes não usam métodos científicos, o que já se exige de um futurólogo.

Não, um método científico não é aquele feito em lugar específico, como nas universidades, apenas por cientistas.

Método científico é prática, que pode ser utilizada por qualquer pessoa ou organização, a partir de algumas premissas.

Método científico é trabalho permanente da reflexão sobre a emoção, a partir de algum problema.

Método científico é testar soluções para problemas e, a partir dos resultados, se aprimorar o método.

Podemos dizer, assim, que a vidência, jogo de Búzios, tarô são métodos de futurologia não científicos, baseados em emoções com baixa taxa der reflexão.

E que se pode trabalhar com métodos de futurologia mais científicos, que serão aplicados e testados na prática, a partir dos resultados.

Uma método de futurologia de melhor qualidade tem taxa mais alta de acerto e vice-versa.

Futuro é o estudo que todos nós fazemos do provavelmente que vai acontecer em diferentes camadas de tempo, em determinadas áreas.

O futuro é sempre previsão mais ou menos precisa feita por alguém (pessoa, grupo ou organização), através de algum método de análise mais ou menos científico.

O futuro é sempre uma hipótese.

Quanto maior a taxa de acerto nas previsões feitas, mais aquele método/pessoa de previsão é mais ou menos eficaz.

Assim, podemos dizer que há métodos melhores e piores de se prever o futuro.

Meu esforço agora, depois de vinte anos trabalhando no e estudando o digital, é o de ajudar pessoas e organizações a conseguir reduzir a imprevisibilidade do futuro, através de método científico.

Marx definiu, baseado muito na cosmovisão católica/monarquista, o mundo entre dois pólos, inferno e céu: proletariado versus empresários.

A base filosófica é essa com variações econômicas. Não é à toa que todo regime baseado em Marx acaba sempre em algum tipo de tirania, império.

Assim, a divisão entre dois pólos na sociedade, é algo que vêm de determinadas cosmovisões religiosas primitivas, que dividem o mundo em apenas duas contra-posições.

Um diabo e um santo em eterna luta, o que é de fácil compreensão para qualquer pessoas com baixa autonomia de pensamento.

A base da cosmovisão marxista, assim, se mantém nos princípios medievais estruturantes da monarquia e do catolicismo.

Quando alguém se diz “de direita”, na verdade, admite que existem dois pólos de poder válidos na sociedade, em contra-posição a alguém que é “de esquerda”.

Tenho insistido que essa narrativa “de direita” é reforçar a cosmovisão primitiva entre nós/eles que precisa ser superada, principalmente na maneira de pensar, que se reflete naquilo que dizemos.

Se olharmos a macro-história vemos que a sociedade humana procura sair ao longo do tempo da visão primitiva de mundo (bom/mau) para uma visão mais científica de diferentes forças em conflito a cada situação, numa complexidade de pensamento mais ampla.

Podemos situar, por exemplo, o catolicismo totalitário medieval,  o totalitarismo marxista, ou a sua variante o nazismo e o fascismo e agora o islamismo como projeto de poder como algo de um passado.

Que tem retornos no presente, pois se alastra em setores da sociedade, nos quais houve forte aumento demográfico e não se acompanhou a autonomia de poder, fundamental para a superação desse tipo de primitivismo de pensamento.

Não consigo me posicionar politicamente ao dizer que sou contra, por exemplo, a uma religião (oficial ou disfarçada) dogmática.

Quando abraço a cosmovisão libertária, de liberdade dos indivíduos, defesa do consumidor (e não de trabalhadores ou empresários) não é uma contra-posição a algo, mas uma projeto de sociedade.

Não sou “de direita”, pois a “esquerda” não é um projeto válido de poder, baseado em cosmovisão aberta, resiliente aos fatos, mas algo que não me serve de referência.

Existem pessoas republicanas e não republicanas (caso dos marxistas). E dentro da república temos diferentes cosmovisões da melhor forma de resolver problemas dentro dela.

Quando aceito me referenciar como pessoa de “direita” estou deixando de observar que o projeto “de esquerda”, na maioria das vezes, é anti-republicano. E, ao invés de ajudar no debate, estou embaralhando o mesmo.

Uma das funções dos liberais, é o discurso mais racional, baseado na experiência do passado menos religioso e dogmático.

É preciso trazer uma narrativa cada vez mais clara e objetiva, colocando cada proposta para a sociedade no seu devido lugar.

Não posso também dizer que sou anti-islâmico, ou anti-nazista, pois isso me tira a possibilidade de afirmação. Passo ser algo em negação a outro, isso é válido, num primeiro momento, mas isso não pode me definir.

Quando alguém se diz “de direita”, ao invés de estar combatendo quem é “de esquerda”, na verdade, está validando algo que não é, mas passa a ser projeto válido de poder.

Se dizer liberal, libertário, contra todas as formas de centralização de poder, de restrição ao direito da livre escolha dos consumidores, me parece algo muito mais profícuo.

Deixando claro que o marxismo e variantes não são projetos válidos de poder, como a história tem insistido em demonstrar.

O que dizes?

 

Podemos dizer que na sociedade temos macro-mentalidades (ver mais no livro Mentalidade 3.0), cosmovisões, crenças e problemas.

Cosmovisões são maneiras de pensar e agir no mundo, que estão em mais ou menos concorrência.

Podemos dizer que existem dois tipos de cosmovisões:

  • as abertas e mutantes, que conseguem dialogar com os problemas e a sociedade. As que duram mais no tempo, pois são mais resilientes;
  • as fechadas e dogmáticas, que não conseguem dialogar com os problemas e a sociedade. Que são conjunturais em determinado momento, mas perdem força ou desaparecem, por falta de resiliência.

De maneira geral, as religiões são cosmovisões fechadas e dogmáticas, pois partem, quase sempre, de  determinado centro, em geral um livro, do qual se extrai ensinamentos fechados.

Religiões já tiveram influência muito maior em problemas da sociedade e quando se arvoram a sair de determinado campo de  cosmovisão passiva para ativa causam crises.

Assim, podemos dizer que há:

  • Cosmovisões passivas – aquelas que as pessoas que a abraçam incorporam a sua visão como  crença individual, que vale para ela própria, não imagina que todos têm que compartilhar da mesma – os vegetarianos é um exemplo bom, como monges budistas. É algo que serve para eles e não querem nem impor aos outros e nem que problemas sejam resolvidos a partir dessa crença;
  • Cosmovisões ativas – aquelas que as pessoas além de incorporar a sua visão como uma crença individual, acreditam que aquelas propostas servem para a solução individual ou coletiva para os problemas de cada pessoa e da própria sociedade.

Cosmovisões fechadas e dogmáticas, passivas, não causam crises sociais, pois a pessoa não demanda que aquilo que ela acredita seja algo que precisa ser generalizado para toda a sociedade.

Cosmovisões fechadas e dogmáticas ativas, estas sim, causam crises sociais, pois a pessoa demanda que aquilo que ela acredita seja algo que precisa ser generalizado para toda a sociedade.

Porém, como é uma cosmovisão fechada e dogmática, mesmo que os problemas sociais ocorram, ela continuará insistindo nos mesmos, pois há uma incapacidade de se aprender com os fatos.

 

O nome é esnobe, mas necessário.

Precisamos entender que temos camada que estava oculta na história humana, que vou chamar de macro-mentalidade, ou mentalidade geral, ou tecno-mentalidade.

É algo que está na camada mais alta da sociedade humana. Vejamos o desenho:

Macro-mentalidades são modificadas apenas por alterações nas Tecnologias Cognitivas.

Pode isso?

Pode, pois o Sapiens é uma tecno-espécie e as tecnologias cognitivas são as mais relevantes para nós, que estabelecem as nossas relações de todos os tipos com o mundo (pessoas, coisas, consumo, aprendizado) etc.

Macro-mentalidades são modificadas com baixa intenção cultural, pois a chegada das tecnologias cognitivas, principalmente as descentralizadoras, alteram a forma como as pessoas se relacionam com a vida.

É uma camada estruturante da espécie, que inicia processo de revisão e alteração das cosmovisões.

Cosmovisão é o conjunto de conceitos, ideias, formas de pensar que agregam crenças individuais. Cosmovisões são filhas das Macro-mentalidades, mas já sofrem forte influência cultural.

Cosmovisões são criadas por mentes brilhantes em várias áreas, que conseguem inaugurar uma cosmovisão e influenciar pessoas a aderir a ela, através de crenças pessoais.

Por fim, as crenças pessoais são  as “caixas” individuais, com as quais caminhamos no mundo e resolvemos nossos problemas.

Mudanças nas macro-mentalidades modificam as cosmovisões, pois elas são adaptadas às mídias.

Todas as cosmovisões serão alteradas na sociedade quando chegam novas mídias.

Quando temos mídias centralizadoras, haverá uma ascensão de cosmovisões centralizadoras e vice-versa.

Pessoal, continuando perguntas e respostas.

Minha aula NÃO será no sábado que vem no dia 01/07, a coordenação mudou para o dia 15/07, dia todo.

Quem for a aula, fará a auto-avaliação logo pela manhã, já deixando todo mundo mais relaxado para o dia.

Não será feita por e-mail. Por e-mail só para quem FALTAR A AULA DO DIA 15/07.

Dei uma mudada no formulário de avaliação, pois era apenas para um dia e não para o módulo todo, até aqui.

Quem ainda não deu feedback, pode fazer por aqui.
feedback.nepo.com.br

Quem já fez, já tem 1,5 dos pontos e pode colocar isso na auto-avaliação, mesmo que tenha avaliado apenas um dia.

Quem quiser, de forma voluntária e espontânea, avaliar todo o módulo, fica a critério.

Quem faltou a aulas passadas e quer ganhar pontos, tem que fazer um resumo até o dia 15/07, nos links abaixo, conforme o dia que faltou.

Faça o resumo no comentário do próprio Youtube

Os links:

Aula 01 – o que é realidade?
Aula 02 – o que é felicidade?
Aula 03 – o que é inovação?

Qualquer duvida, façam contato, não me incomodo de responder, quero que todo mundo fique seguro.

Peço ao pessoal que está no Whatsapp, na lista da turma, que repasse para todos as mensagens e ajude em quem ainda está com dúvida,

Grato,

Nepô. Estou colocando as informações no link: facha.nepo.com.br

Pessoal, segue por aqui os avisos, já que temos pessoas que não estão recebendo o e-mail.

Como proceder para fazer a auto-avaliação?

Critério 1: número de vezes que foi a aula. Tivemos 4 encontros. Cada encontro vale 1,75. Quem foi aos quatro fica com 7.

Critério 2: 1,5 pela participação em sala de aula. Quem participou ativamente ficam com nota cheia e vai reduzindo, conforme o desempenho.

Critério 3:  1,5 pelo feedback dados das aulas: feedback.nepo.com.br

Vamos fazer um cálculo fictício:

Foi a todos as aulas (7) + participação ativa (1,5) + não deu feedback (0) = 8,5

Quem  faltar no último dia e não fizer a auto-avaliação ANTES DO DIA, ficará sem nota.

Qualquer duvida, façam contato,

Grato,

Nepô.

Filosofia não é uma disciplina.

E nem a história de pessoas que se disseram ou foram consideradas filósofos.

Filosofia é um espaço recorrente de debate de problemas mais abstratos, que exige um tipo de temperamento, perfil e cérebros específicos.

Este espaço precisa de problemas que causem sofrimento das pessoas.

Não se discute um espaço pelo espaço.

Qualquer debate sobre filosofia voltado para os próprios filósofos tende ao corporativismo filosófico e a perder o fio terra com a realidade.

Todos os problemas humanos e crises, em algum momento agudo, vão acabar por recorrer a este espaço, como se fosse uma ala específica de um hospital de problemas.

Podemos dizer, assim, que existe uma ala permanente de debates abstratos, tais como o que é o humano e suas variantes: o que fazemos aqui? O que nos faz feliz? O que é a beleza? Justiça? Etc…

E as filosofias aplicadas a problemas específicos, que definem a essência das forças, um ramo específico da epistemologia, que auxilia pessoas ao definir a essência das forças, algo abstrato.

A filosofia não pode ser uma estatal, na qual se esquece a sua função social: ajudar as pessoas a lidar melhor com suas vidas.

Filósofos que só falam com filósofos, portante, tendem ao corporativismo filosófico, transformando o que deveria ser solução em problema.

A sala da filosofia tem que ser sempre arejada, com janelas e portas abertas para novos problemas, que vem de fora.

 

 

Podemos dizer que as verdades humanas esperam por “messias”, mentes brilhantes, que são capazes de ver mentiras aonde ninguém conseguiu.

Não existe verdade, como vimos, mas verdades melhores.

Não existe realidade, mas tentativas humanas de se aproximar dela.

Não existe, portanto,  “A”  verdade melhor, mas várias verdades melhores, a partir de diferentes pessoas que vivem diferentes problemas.

Verdades melhores ajudam pessoas a ter resultados mais eficazes com menos esforço. 

Cada pessoa, a partir de sua diversidade, o que inclui o cérebro distinto, vai procurar a sua melhor verdade para lidar com os seus problemas da vida.

Verdades melhores são ferramentas individuais para se aumentar a taxa de felicidade.

Quanto mais as verdades individuais forem diversas, mais temos condições de aumentar a taxa de inovação, criatividade e felicidade coletiva de determinada sociedade.

E vice-versa:

Quanto menos as verdades individuais forem diversas, menos temos condições de aumentar a taxa de inovação e criatividade e felicidade coletiva de determinada sociedade.

A verdade coletiva, assim, é o somatório de bilhões de formas que as pessoas resolvem seus problemas.

Criação de novas mentalidades hegemônicas é debate de nível muito abstrato, macro-histórico que exige tipo de cérebro e formação específica, que envolve filosofia e história.

É preciso analisar as bases, raízes, da mentalidade hegemônica anterior para:

  • Separar o que é estrutural e o que era conjuntural;
  • O que se manterá e o que se fará revisão.

Sob as bases da antiga mentalidade hegemônica, se construirá nova mentalidade, que será a ” plataforma” para o surgimento de novas crenças individuais. 

Mentalidade é o coletivo de crença.

Crença é o coletivo de formas de pensar e hábitos individuais.

Crenças produzem verdades para lidarmos com os problemas da vida.

Mentalidades hegemônicas são formadas pelo conjunto de crenças e verdades entre diferentes eras cognitivas.

Novas Tecnologias Cognitivas promovem novas formas humanas de relacionamento, novas formas de validação da verdade.

E nos levam a novas mentalidades hegemônicas.

Vivemos hoje o início de nova mentalidade hegemônica digital 3.0.

Podemos citar:

  • Mentes disruptivas;
  • Acúmulo de mentes disruptivas;
  • Mentes incrementais;
  • Acúmulo de mentes incrementais;
  • Novas tecnologias cognitivas;
  • Novas tecnologias perceptivas e medidoras;
  • Novos fenômenos sociais e ecológicos, que lançam novos problemas, que demandam novas verdades.

No debate sobre “como produzir verdades melhores” temos que entender que cada ser humano tem cérebros distinto dos demais.

Cada cérebro tem dificuldades e habilidades para determinadas funções.

E tal fato nos leva a revisão sobre  alguns problemas:

Moral/ética: a busca da felicidade, desenvolver a habilidade para a qual cada cérebro tem mais facilidade;

Epistemológica: determinados cérebros inauguram novos ciclos de pensamento, como espécie de “messias filosófico”.

Tiranias são criadas por golpes variados, repúblicas, não.

A República é resultado de determinado somatório de autonomia de pensamento, que determina a  topologia de poder mais ou menos vertical.

  • Quanto menos autonomia de pensamento coletivo, maior será a verticalização da topologia.

E vice-versa.

  • Quanto maior for a autonomia de pensamento coletivo, maior será a horizontalização da topologia.

Precisamos rever na ciência política os efeitos que mudanças de mídia e o aumento da complexidade demográfica trazem para a topologia de poder e, portanto, para o fazer político.

Aumentos demográficos elevam à complexidade e forçam para que haja massificação da produção.

Mídias concentradas reforçam essa demanda por massificação.

E a crise da complexidade demográfica progressiva só consegue ter saída mais sustentável com a chegada da nova mídia descentralizadora, que combina dois aspectos: diversidade e produção.

Se olharmos a macro-história do Sapiens caminhos na direção da descentralização de poder, da autonomia de pensamento para que possamos lidar melhor com a complexidade.

Sim, no meio do caminho houve, há e haverá regimes centralizadores, autoritários e mesmo totalitários, mas terão vida curta, pois não conseguirão atender a uma demanda básica da espécie: diversidade na complexidade.

No totalitarismo temos a homogeneidade na complexidade, o que resolve parte do problema e não o todo. Homogeneidade traz problema básico para a espécie: o desejo de cada um ser diferente e colocar a sua diversidade para fora.

 

 

Ciência é um verbo: atividade social, sem paredes, que procura verdades melhores diante de problemas.

Um pensamento científico é a busca permanente por verdades melhores do que as anteriores.

Verdades melhores visam resolver problemas da melhor forma possível.

Verdades que não visam resolver problemas não fazem parte do pensamento científico.

Um poema, por exemplo, não tem intenção de produzir verdades. 

É resultado de expressão de subjetividade verdadeira de alguém sem consequência prática direta.

Toda verdade – que podemos chamar de científica – tem alguma consequência prática.

Assim, todos que lidam com problemas, precisam de verdades melhores. 

Todos nós, portanto, somos cientistas, com diferentes qualidades de verdades e respectivas decisões.

Verdades são criadas para lidar com problemas. 

Verdades melhores restringem, minimizam ou reduzem o esforço para solução de dado problema. 

Produzem relação de custo/benefício melhor e vice-versa.

Verdades piores são, em geral, de baixa taxa de reflexão sobre as emoções, utilizam de pouca lógica.

São avessa aos números, têm linguagem pouco clara, baixo ou nenhum parâmetro compatível com fenômenos históricos similares.

E sem relação nenhuma ou pouco elaborada de causa e consequência.

O debate científico é, assim,  atividade popular, sem parede, criado pelos humanos para produzir verdades melhores.

De fato, cada pessoa tem a sua verdade e respectiva qualidade de decisão diante dos problemas.

Quanto melhor for a qualidade das verdades de cada pessoa, grupo, organização, país, melhor será a qualidade de vida.
 

O ser humano precisará sempre de verdades melhores. Podemos mudar como produzimos verdade, mas não podemos eliminar a necessidade de produzir verdades melhores.

Verdades passam por algum tipo de processos de validação para que possam ajudar no processo de tomada de decisões.

Os processos de validação da verdade são fortemente influenciados pelas mídias de plantão.

Não produzimos verdades no vazio, mas imersos em tecnologias de trocas.

Quando mudamos as tecnologias de trocas passamos a poder validar a verdade de novas formas, com mais eficácia do que anteriormente.

Este é o grande salto disruptivo para todos os que vivem de produzir verdades 2.0, desde as instituições científicas, até as produtoras de conteúdo, como noticiários.

  • A verdade 2.0, baseada na oralidade e escrita, era feita por gestores da verdade, que recebiam dados, avaliavam, criavam critérios, editavam e publicavam o que consideravam verdades melhores em seus respectivos canais, desde revistas científicas, até o Jornal Nacional;
  • A verdade 3.0 será baseada além da oralidade e escrita pela linguagem dos cliques. Será feita por curadores da verdade, que vão organizar grandes plataformas em que pessoas de todos os tipos vão ajudar a produzir as melhores verdades, desde verdades científicas aos noticiários.

Hoje, vivemos o momento de passagem, pois não estamos ainda com projetos consolidados da produção da verdade 3.0 e a verdade 2.0 já entrou em crise.

Momento apenas de passagem.

Quando leio sobre o futuro do jornalismo e da ciência, em que os antigos players vão ainda ter espaço, pois conseguem “ser os autenticadores da verdade” chega a me dar sono.

O que teremos é o fim dos gestores para os curadores de verdades e isso é uma mudança disruptiva.

Sim, se poderá ter colunistas, repórteres, editores, tudo que temos hoje, porém, terão que ser o tempo todo validados pelas diversas plataformas participativas para todo tipo de gosto, assunto, vontade e personalização.

Os atuais gestores da verdade darão lugar a curadores da verdade, que terão a missão de garantir que a vontade que vem de baixo para cima e do lado para o lado seja respeitada.

É outro modelo.

 

Podemos dizer que pessoas podem basear decisões em verdades de baixa ou alta qualidade.

Verdades de baixa qualidade são aquelas que:

  • não tiveram aferição com as experiências;
  • baixa lógica;
  • pouco uso de números.

Grande quantidade de pessoas com crenças de baixa qualidade demandam sociedades mais verticalizadas, pois não terão capacidade de questionar o que vem das autoridades.

Sociedades que têm hegemonia de crenças de baixa qualidade tenderão a ser muito mais verticalizadas do que as que tem a hegemonia de crenças de alta qualidade.

 

Mentalidade é o coletivo de crenças individuais.

Sociedades têm mentalidades, que são formadas pelo conjunto de crenças existentes.

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