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 Basicamente, a eficácia de uma teoria é perceber as forças relevantes de uma dado fenômeno que alteram o ambiente e como elas se relacionam entre si e dentro de cada contexto.

Versão 1.0 – 04 de abril de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Sem teorias eficazes, construímos metodologias, ações ineficazes e levamos grupos humanos (incluindo organizações) para caminhos tortuosos, que geram pouco valor para a sociedade.

Num mundo que não quer parar para pensar, a discussão teórica relevante e eficaz é bastante prática.

Tenho usado o exemplo Dengue para facilitar a visualização de uma teoria eficaz e sua respectiva metodologia.

Uma teoria eficaz precisa, antes de tudo, decupar seus elementos.

Vamos analisar a Dengue.

(Já fiz um post usando a mesma metáfora, aqui.)

Podemos dizer que a Dengue tem como causa principal a falta de cidadania, um pacote que envolve: educação, saúde, higiene, saneamento para a formação de poças d´águas paradas.

Esse conjunto de fatores podemos destacar como a causa principal, que não é visível e perceptível em  uma primeira observação leiga, do senso comum.

(O interessante é que: o que não causa sofrimento imediato não é algo que nos mobiliza.)

Tais fatores nos levam para a causa secundária: as poças d’água.

As poças, assim, são a causa secundária para a proliferação de mosquitos. Podemos dizer que são invisíveis, pois também não causam sofrimento imediato.

Ninguém, a princípio, reclama dela, pois não causam dor, revolta, protesto.

Estão lá criando larvas de mosquito para saírem por aí voando e picando as pessoas, porém não são ainda nada que assuste as pessoas, pois elas simplesmente não conseguem enxergar a larva ali dentro.

Depois, temos o mosquito voando e a picada que ele promove, que é o mosquito em ação.

A picada seria, digamos, a causa terciária de um processo que começou com a falta de cidadania lá atrás.

Com educação, sem poça; sem poça, sem mosquito; sem mosquito, sem picada.

E quem é picado sofre a inoculação do vírus, que começa, então, a ter reações diversas e adversas.

A picada é a consequência primária, pois já causa algum desconforto.

Estando o mosquito infectado, ele provoca a Dengue, que causa sofrimento e é visível pelas pessoas, pois há que se tomar atitudes diante do fato.

A Dengue é a consequência secundária do problema, porém é completamente visível.

Podemos, assim, descrever uma teoria como o detalhamento de um processo, com diferentes elementos, que causam consequências variadas para as pessoas.

  • Causas principais e secundárias;
  • Consequências principais e secundárias.

Digamos que não houvesse estudos sobre a Dengue em um povo desinformado poderiam considerar que aquelas reações eram provocadas pelo sol, pela lua, por ter misturado manga com leite.

A teoria, portanto, é fundamental para que possamos compreender causas e consequências para poder atuar sobre dado fenômeno com mais ou menos eficácia, criando um método de ação, que procura resolver o problema e reduzir sofrimento.

Assim, a ética de uma teoria eficaz é reduzir sofrimentos humanos, através de ações que possam compreender a relação de fatos e atuar de forma mais madura sobre um dado fenômeno.

Se conseguimos entender as causas e consequências principais e secundárias, podemos criar uma metodologia. Se não temos essa teoria, improvisamos, quase com certeza com maior custo e menos eficácia.

Não tem lógica?

(A gestão do conhecimento, como disse aqui, é uma metodologia com uma teoria não eficaz. Por quê?Por que o aumento de conhecimento, ou a dependência maior dele, não é hoje mais o elemento principal para fazer a diferença na sociedade. Acredito que a passagem das redes mais para menos centralizadas hoje tem exercido um impacto maior nos negócios – é um elemento que deve ser visto e analisado para depois se atuar sobre ele.)

Uma metodologia é, portanto, conjunto de ações que tentam atuar, a partir da análise de um dado fenômeno, no curto, médio e longo prazo.

Note que se a teoria não estiver analisando as causas e consequências de forma adequada, a metodologia adotada será pouco eficaz, pois não compreenderá de forma completa o que de fato precisa ser combatido, controlado, evitado, estimulado.

Como disse aqui, nossa visão sobre a megatendência da chegada de redes sociais mais descentralizadas, impulsionadas por tecnologias cognitivas têm uma série de consequências, na qual o digital é apenas o mosquito.

Estamos tentando evitar os mosquitos, ou tentando que eles não piquem as organizações, quando é algo inevitável, com doenças inevitáveis, se medidas de médio e longo prazo não forem tomadas.

Sair por aí tentando matá-lo ou domesticá-lo está muito longe da melhor forma de lidar com o problema.

Uma teoria eficaz é aquela, portanto, que nos ajuda a compreender de forma mais holística um dado fenômeno e dá ferramentas cognitivas para escolher (ou desenvolver) a melhora metodologia para atuar diante dele no curto, médio e longo prazo.

Nossa aversão à teorias nos leva a adotar métodos ineficazes e perda de valor.

Nada mais valoroso, portanto, para uma organização do que contar com estrategistas que trabalhem com teorias consistentes.

O futuro estará menos incerto.

Que dizes?

PS- ver mais sobre alinhamento filosofia, teoria e metodologia aqui.

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