Basicamente, a eficácia de uma teoria é perceber as forças relevantes de uma dado fenômeno que alteram o ambiente e como elas se relacionam entre si e dentro de cada contexto.
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Sem teorias eficazes, construÃmos metodologias, ações ineficazes e levamos grupos humanos (incluindo organizações) para caminhos tortuosos, que geram pouco valor para a sociedade.
Num mundo que não quer parar para pensar, a discussão teórica relevante e eficaz é bastante prática.
Tenho usado o exemplo Dengue para facilitar a visualização de uma teoria eficaz e sua respectiva metodologia.
Uma teoria eficaz precisa, antes de tudo, decupar seus elementos.
Vamos analisar a Dengue.
(Já fiz um post usando a mesma metáfora, aqui.)
Podemos dizer que a Dengue tem como causa principal a falta de cidadania, um pacote que envolve: educação, saúde, higiene, saneamento para a formação de poças d´águas paradas.
Esse conjunto de fatores podemos destacar como a causa principal, que não é visÃvel e perceptÃvel em  uma primeira observação leiga, do senso comum.
(O interessante é que: o que não causa sofrimento imediato não é algo que nos mobiliza.)
Tais fatores nos levam para a causa secundária: as poças d’água.
As poças, assim, são a causa secundária para a proliferação de mosquitos. Podemos dizer que são invisÃveis, pois também não causam sofrimento imediato.
Ninguém, a princÃpio, reclama dela, pois não causam dor, revolta, protesto.
Estão lá criando larvas de mosquito para saÃrem por aà voando e picando as pessoas, porém não são ainda nada que assuste as pessoas, pois elas simplesmente não conseguem enxergar a larva ali dentro.
Depois, temos o mosquito voando e a picada que ele promove, que é o mosquito em ação.
A picada seria, digamos, a causa terciária de um processo que começou com a falta de cidadania lá atrás.
Com educação, sem poça; sem poça, sem mosquito; sem mosquito, sem picada.
E quem é picado sofre a inoculação do vÃrus, que começa, então, a ter reações diversas e adversas.
A picada é a consequência primária, pois já causa algum desconforto.
Estando o mosquito infectado, ele provoca a Dengue, que causa sofrimento e é visÃvel pelas pessoas, pois há que se tomar atitudes diante do fato.
A Dengue é a consequência secundária do problema, porém é completamente visÃvel.
Podemos, assim, descrever uma teoria como o detalhamento de um processo, com diferentes elementos, que causam consequências variadas para as pessoas.
- Causas principais e secundárias;
- Consequências principais e secundárias.
Digamos que não houvesse estudos sobre a Dengue em um povo desinformado poderiam considerar que aquelas reações eram provocadas pelo sol, pela lua, por ter misturado manga com leite.
A teoria, portanto, é fundamental para que possamos compreender causas e consequências para poder atuar sobre dado fenômeno com mais ou menos eficácia, criando um método de ação, que procura resolver o problema e reduzir sofrimento.
Assim, a ética de uma teoria eficaz é reduzir sofrimentos humanos, através de ações que possam compreender a relação de fatos e atuar de forma mais madura sobre um dado fenômeno.
Se conseguimos entender as causas e consequências principais e secundárias, podemos criar uma metodologia. Se não temos essa teoria, improvisamos, quase com certeza com maior custo e menos eficácia.
Não tem lógica?
(A gestão do conhecimento, como disse aqui, é uma metodologia com uma teoria não eficaz. Por quê?Por que o aumento de conhecimento, ou a dependência maior dele, não é hoje mais o elemento principal para fazer a diferença na sociedade. Acredito que a passagem das redes mais para menos centralizadas hoje tem exercido um impacto maior nos negócios – é um elemento que deve ser visto e analisado para depois se atuar sobre ele.)
Uma metodologia é, portanto, conjunto de ações que tentam atuar, a partir da análise de um dado fenômeno, no curto, médio e longo prazo.
Note que se a teoria não estiver analisando as causas e consequências de forma adequada, a metodologia adotada será pouco eficaz, pois não compreenderá de forma completa o que de fato precisa ser combatido, controlado, evitado, estimulado.
Como disse aqui, nossa visão sobre a megatendência da chegada de redes sociais mais descentralizadas, impulsionadas por tecnologias cognitivas têm uma série de consequências, na qual o digital é apenas o mosquito.
Estamos tentando evitar os mosquitos, ou tentando que eles não piquem as organizações, quando é algo inevitável, com doenças inevitáveis, se medidas de médio e longo prazo não forem tomadas.
Sair por aà tentando matá-lo ou domesticá-lo está muito longe da melhor forma de lidar com o problema.
Uma teoria eficaz é aquela, portanto, que nos ajuda a compreender de forma mais holÃstica um dado fenômeno e dá ferramentas cognitivas para escolher (ou desenvolver) a melhora metodologia para atuar diante dele no curto, médio e longo prazo.
Nossa aversão à teorias nos leva a adotar métodos ineficazes e perda de valor.
Nada mais valoroso, portanto, para uma organização do que contar com estrategistas que trabalhem com teorias consistentes.
O futuro estará menos incerto.
Que dizes?
PS- ver mais sobre alinhamento filosofia, teoria e metodologia aqui.