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Não conseguiremos compreender o quebra-cabeças da Internet sem a peça-chave dos fenômenos da macro-história –Nepô da safra 2011;

Não adianta rebolar em cima da mesa.

Não vamos compreender a Internet com o ferramental que temos sobre a história.

É algo novo e precisamos rever como pensamos a história do ser humano, senão vamos ficar na fumaça tossindo, cof, cof, cof.

Seremos incapazes de entender a lógica da maré e ficaremos vendo a espuma.

Por isso, precisamos de uma nova teoria (lógica) que explique fatos sociais, como macromudanças que consigam fazer uma relação entre movimentos como o aumento da população, o surgimento da Internet e as consequências que isso traz para a sociedade.

Neste post vou tentar começar a desenvolver de forma mais efetiva, ainda provisória, como um bom blog deve fazer, que crescimento de população (é macro-história), o surgimento da Internet (é média-história) e as mudanças que ocorrem na sociedade por causa das duas fazer parte da (micro-história).

Todas relacionadas, sendo que temos menos possibilidade de atuação, conforme o tamanho do movimento, na macro-história quase nenhum, pois a demanda provocada pelo aumento da população é irreversível, depois que se estabelece.

Todos querem comer, se vestir, etc, etc, etc…

Que gera demandas que precisam ser atendidas, criando uma tensão para épocas futuras, que eclodem em movimentos de massa como a adesão a meios novos de comunicação e informação para os quais também podemos mudar algo na oferta, mas não na demanda.

E, por fim, ações na micro-história na qual podemos interferir, desde que possamos compreender que existem fatos que são irreversíveis.

Em resumo seria isso.

Vamos lá.

Há teorias que já trabalham  aqui e ali, com fenômenos macro e micros, a Economia, a Ecologia, Medicina (com epidemologia) já tratam destas questões com certa desenvoltura.

Trabalhei um pouco com isso na minha tese de doutorado.

Pois bem.

A macro-história seria formada de fatos marcantes que alteram fortemente nossa maneira de sobrevivência no planeta, a média entraria em fenômenos intermediários de massa que são consequências dessa mudança e a micro no dia-a-dia.

Em resumo:

  • Diria que tudo que altera substancialmente a sobrevivência e o cumprimento de nossas necessidades básicas afetam a macro-história: aumento da população, grandes fenômenos naturais, como a queda de um meteorito ou algumas bombas atômicas, ou mudanças radicais no clima, a visita de ETs, destruindo o planeta;
  • Fatos que acontecem de forma coletiva, impulsionados por consequências macro-históricas, principalmente o novo cenário e demandas,  criam uma média-história. Sobre tais acontecimentos  temos parcialmente controle, tais como epidemias, grandes migrações, difusão de uma nova mídia como a Internet, porém eles vêm atender a movimentos para os quais não temos como evitá-lo, mas apenas fazer pequenos ajustes, pois são consequências de fatores externos à sociedade (muita gente, por exemplo, cria demandas irreversíveis, que passam a ser independente de nossa vontade);
  • A micro-história se relaciona a fatores condicionados por estes de cima, que nós temos mais possibilidade de controle, de intervenção, tanto para evitar como, de forma consciente ou inconsciente promover. Porém, são condicionadas por aqueles.

O problema é que achamos que podemos alterar tudo e mexer com tudo e não conseguimos analisar que o ser humano tem seus limites e têm que aprender a lidar com eles.

Isso é algo que a Internet está aí para demonstrar.

Ou seja, somos impotentes diante das consequências da macro-história, ou parcialmente impotentes e mais potentes diante da média e com capacidade de influenciar mais na micro-história.

Somos sujeitados pela primeira e mais sujeitos da última, obviamente havendo troca constante entre as duas, com a média-história no meio, pois uma bomba atômica é algo que o ser humano pode lançar, mas não pode controlar o que virá depois, por exemplo como consequência desta.

Os movimentos macros criam demandas, tendências, para a média e micro-história resolverem com ações individuais e coletivas.

Podemos supor,  que o rápido e acelerado crescimento da população de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos é algo que muda bastante o panorama da civilização e eu caracterizaria como fenômeno macro-histórico, pois depois que estamos todos aqui, existem mudanças que vão acontecer independente das nossas vontades.

O fato de sermos 7 bilhões de almas é um fator irreversível, pois elas estão aí com demandas a serem atendidas.

Ponto!

Mesmo com as diferenças regionais e de poder aquisitivo entre as populações, de maneira geral, amplia-se o “problema consumo”, fica mais complexo.

Vide a criação das megacidades e todos os ajustes que estamos fazendo para nos situar com tanta gente.

Não houve um grande cérebro planejando a explosão demográfica, o que não quer dizer que não temos responsabilidade de não assumir um papel nisso, pelo menos, planejando melhor tudo isso.

Ou seja, fomos passivos e agora o fato consumado est.

Certo?

Só teríamos uma forma de interferir nesse processo, que seria através do controle populacional, de forma ativa, o que não foi feito no passado.

Não houve também um macro-planejamento para abrigar essa nova população e agora herdamos um planeta com 7 bilhões de seres humanos demandantes, com fome, querendo melhorar de vida, migrando para lugares mais ricos, etc.

O mundo vai se virando de forma distinta.

Deixa (de forma deliberada, ou não) que uma parcela morra, via fome, doenças, ou mesmo, como ocorreu em tempo recente, com holocaustos planejados.

Loucuras macro-históricas de um macro-louco.

Criamos, enfim, uma demanda a ser resolvida.

Ponto.

Ou seja, a macro-história não faz produtos, revoluções sociais, não é agente ativo, mas é agente demandante, cria necessidades reais e concretas que o mundo não pode simplesmente ignorar. Tem que resolver e o faz em movimentos na média e micro-história.

E o que se constata ainda de forma inconsciente.

Somos uma geração marcada por esse fenômeno macro-histórico (multiplicar 7 vezes a população em 200) que cria demandas para a média e micro-história resolver.

A Internet é um fenômeno que diria médio-histórico.

É uma tecnologia de comunicação e informação que vem resolver uma demanda relativa ao crescimento populacional.

Do ponto de vista da demanda é algo incontrolável, precisamos de um ambiente mais rápido e com mais qualidade de troca de ideias.

Resta as ofertas, que é algo que é produzido e parcialmente guiado ao sabor dos mercados, interesses, disputas típicas da micro-história.

Assim, o ambiente de troca digital em rede de ideias  surge por uma uma latência da macro-histórica: resolver problemas de informação e comunicação de uma superpopulação que precisa de um outro espaço de troca de ideias para inovar e sobreviver com mais conforto na sociedade.

Ou seja, essa demanda é macro-latente e não é micro-planejada.

Pode-se dizer que há também demandas de transporte, de energia, de alimentos, etc…que são motivados por essas macro-demandas.

Porém, o uso da informação e da comunicação é algo estruturante no ser humano, pois todas as outras ofertas e demandas passam pela nossa capacidade de conhecer, trocar, inovar, etc.

É uma alteração numa placa-mãe da sociedade que afetam todas as outras áreas, criando consequências também irreversíveis.

Por isso, situaria como uma média-história, pois é consequência de um movimento maior e fica como um recheio no sanduíche entre os dois movimentos, o macro e o micro.

E quando é alterada a forma como nos informamos e trocamos geramos consequências também para a sociedade, são tendências que estão acima das vontades, pois precisam se ajustar às maiores.

(Isso vale para a Internet como para a prensa de papéis impressos, em 1450)


Ou seja, não podemos dizer que a rede é um fenômeno natural, que surge por si mesmo, mas sim se afirmar que vem atender a uma latência invisível da macro-história, por causa da demanda da nova população.

E depois que se estabelece passa a influenciar fortemente na micro-história, pois abre a possibilidade do ajuste necessário entre um mundo pré-explosão demográfica e outro que vai se adequar a este.

O interessante do fenômeno é que ele nos chama a atenção para os movimentos macro-históricos e para o papel da informação nas mudanças na micro-história.

Podemos supor que existe uma regra que é:

Quanto mais gente tivermos, mais a informação tem que ter mais qualidade e velocidade para manter todos vivos.

Isso é algo que regula a média-história, na qual a Internet transita.

E leva para a micro-história mudanças da sociedade, pois com a informação circulando as estruturas sonolentas de poder são despertadas e novos agentes que querem alterá-la ganham instrumentos para isso, tanto para informar, como articular, vide Eleição Obama, Egito e agora Espanha.

Ou seja, só vamos entender diversos fenômenos da micro-história se entendermos o efeito da macro-história no geral, se não ficamos perdidos entre tendências e modismos e essa, a meu ver, é a grande dificuldade de percebermos os fatos atuais.

Querem impedir algo que não temos controle as exigências de uma nova população muito maior.

Não há ingerência, possibilidade, pois se trata de um movimento macro-histórico para o qual somos impotentes, pois já foi criado.

A rede é um movimento médio-histórico que cria um novo patamar das mudanças que vão acontecer daqui por diante em micro-movimentos.

Estamos em outro patamar no caminhar de algo bem maior.

Podemos atuar na micro-história, sim, para regular e conduzir melhor o processo, mas isso exige um grande esforço de compreensão do cenário, que pouca gente tem hoje.

A academia está perdida no seu próprio umbigo e as empresas no afã do lucro e resolver o problema da semana seguinte não conseguem subir adequadamente na montanha.

Escuridão no breu.

Sobram por aí meia dúzia de pensadores independentes ainda sem força na sociedade para trazer mais luz ao cenário.

Bom, é preciso dizer, ainda:

Isso tudo é só treino, pois o jogo não começou (estamos nos primeiros 5 minutos do primeiro tempo no movimento médio-histórico).

 

Por fim, para fechar, no macro, temos “o que” e o “porque”?

  • O que? – mais agilidade, menos burocracia, descentralização, colaboração, velocidade (isso vai acontecer com o tempo, querendo ou não os agentes da micro-história);
  • Por que? – muita gente, problemas de produção, de inovação, de informação e de controle, que precisam se adequar ao novo ritmo.

No micro, temos o “como?”

  • Como? – empresas 2.0, escolas 2.0, governos 2.0, cidades 2.0, etc 2.0, o que não se pode prever é o quando, exatamente como e quem, aonde, etc..isso vai depender de vários fatores ainda não inteiramente conhecidos, vide a explosão na Espanha (juventude bem formada + Internet + desemprego), dentro dos movimentos da micro-história.

É um fenômeno hoje ainda acima de nossa compreensão, pois não vemos a histórica dessa maneira e com esses movimentos – digamos – independentes de nossas vontades.

Quando abordo o assunto com alguns marxistas, por exemplo, o pessoal pula na tamanca, mas relendo Marx tudo se encaixa perfeitamente dentro da ideia do materialismo histórico.

O ser humano é agente daquilo que ele pode mudar, o que não pode ele é objeto. E determinados fatores estão acima das lutas na micro história, tal como aumentar a população de forma vertiginosa.

Temos um certo grau (pequeno) de controle da oferta da Internet, mas não da demanda.

Somos impotentes me relação ao ajuste necessário que ela vem proporcionar com a arrumada da civilização para abrigar a nova população em tamanho.

Há o que pode ser feito, mas há também o que é macro-tendência que temos que nos ajustar.

Essa é a principal dificuldade, pois mexe na nossa onipotência.

E é essa a peça que falta no tabuleiro:

Aceitarmos o macro-movimento inapelável que a tudo arrasta.

E, dentro deste, ter consciência do que é ajuste da vela, para nos ajustarmos ao macro-vento, que sopra.

E o que temos condição de mudar no leme nos micro-ajustes para onde o novo cenário nos leva.

Eis aí o cenário e nossa possibilidade de intervenção nele.

O difícil agora é conseguirmos passar essa visão e agirmos o quanto antes.

Que dizes?

ps- vamos falar mais sobre isso.

9 Responses to “A diferença entre a macro, média e micro-história”

  1. Lucia disse:

    Sem essa visão, não há planejamento e sem planejamento como vamos sobreviver nessa micro-história? Amir Klink diz que para um dia de viagem é preciso dois de planejamento.

    Bom post, muito para pensar…

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Lucia, isso…essa visão é fundamental para planejamentos estratégicos de longo prazo…

  3. […] A possível queda de um asteróide, a ficcional visita de ETs agressivos, aumento vertiginoso da população ou uma mudança da ecologia informacional são fenômenos macro-históricos, como detalhei aqui. […]

    • Homero Schlichting disse:

      Prezado Nepumoceno. Que tipo de conhecimento estás desejando produzir? Eu gostaria de entender melhor os fundamentos…

      “Podemos supor, que o rápido e acelerado crescimento da população de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos é algo que muda bastante o panorama da civilização e eu caracterizaria como fenômeno macro-histórico, pois depois que estamos todos aqui, existem mudanças que vão acontecer independente das nossas vontades.

      O fato de sermos 7 bilhões de almas é um fator irreversível, pois elas estão aí com demandas a serem atendidas.”

      Como assim “irreversível”? Como algo pode ser independente da vontade de alguém?
      Mais uma vez pergunto: que tipo de conhecimento se consegue com afirmações como estas?
      Penso que este tipo de conhecimento oculta a responsabilidade intrínseca a todo ato humano.
      Se alguém diz que há algo que se diz, ou se faz, etc. que seja independente de alguém, esta supondo que há algo independente do fazer humano.
      No meu entendimento nada é independente do fazer humano. Eu penso que essa seria a base honesta e responsável para produzir conhecimento sobre o fazer e o sentir humano. Obrigado pelo espaço!

  4. […] Mudanças na demografia fazem parte da macro-história e todo o resto da micro. […]

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Homero, acho que é uma boa questão filosófica.

    O ser humano controla tudo?

    Há toda uma corrente que acha que sim, tudo está na nossa capacidade de fazer. E tudo está no nosso controle. Isso se desdobra em diversas teorias e metodologias de ação, incluindo na política- “falta vontade política”.

    Ou seja, basta querer que é possível mudar.

    Acredito que a ciência é justamente a capacidade de lidar com aquilo que temos controle e aquilo que não temos controle. E aquilo que para mudar exige um macro-movimento ou um micro-movimento.

    O aumento da população, independente, de nosso vontade, ou do fazer, nos traz problemas e soluções, que não são mais dependentes de nossa vontade = é um fato a ser administrado, certo?

    É uma força, um problema que passa a ter que ser administrado, com toda a demanda que isso nos traz, ainda mais na falta de planejamento que a gerou.

    Saiba que você tocou no ponto central de muitas divergências que temos hoje…e que vem da discussão de Malthus lá atrás quando ele percebeu que a quantidade de habitantes no mundo traz consequências.

    Uma das questões a serem superadas para compreensão da revolução cognitiva é o condicionamento que uma tecnologia traz, independente a nossa vontade – tal com alterações no cérebro, etc…

    Não que não possamos agir para reverter, mas a ação para reversão exige justamente saber o que podemos e o que não podemos controlar.

    Qual conhecimento se consegue com isso?

    Separa aquilo que temos e aquilo que não temos controle. Ou que o controle exige um esforço muito maior do que o normal.

    É, a meu ver, esse tipo de conhecimento que origina todo o movimento das macro-teorias, sejam elas econômicas, ecológicas e, agora, cognitivas.

    Por aí, o que achas?

  6. Rodrigo disse:

    … São coisas sérias/que merecem ter um planejamento mesmo!
    O crescimento (e desordenado) da população humana gera inúmeras consequencias_principalmente NEGATIVAS.
    Descobri o site pela imagem da tal GATA DANÇANTE – confesso que me VALEU À NOITE; adoro ver coisas do tipo (a vida já é tão complicada_e coisas assim amenizam tal).

    Rodrigo

  7. allan disse:

    eu nao entendi direito sobre macro e micro história

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