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O Brasil é um país oral.

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A maior parte da nossa população tem um modelo mental oralizado e isso cria uma dada cultura. Não é pior e nem melhor do que as outras: escrita ou digital, mas tem mais dificuldade de lidar com a complexidade demográfica que anda a galope.

O mundo oral começou a ser suplantado na Europa com a chegada da prensa e o Modelo Mental Impresso conseguiu imaginar e criar a República.

Só é possível ter uma República plena, aos moldes Europeus, com o avanço das pessoas para um Modelo Mental que possa dar as pessoas a possibilidade de um processamento maior das palavras e números, que lhes permita lidar com o aumento de complexidade.

Assim:

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A oralidade acaba por ficar dependente de alguém que tenha a capacidade de lidar com essa complexidade e procura ou aceita uma representação compatível.

Note bem isso não é uma discriminação social, de raça, cor, gênero, apenas uma constatação para que possamos tirar pessoas da escravidão da Idade Média, pois não estamos falando em qualquer educação, mas uma que consiga dar as pessoas capacidade de lidar com a complexidade contemporânea, sem que isso signifique perder algumas vantagens do mundo oral.

Perceber que vivemos em um mundo de diferentes Modelos Mentais é algo fundamental para mudar esse quadro.

Este é o grande salto de percepção para entender os desafios da humanidade e em especial do Brasil para saber como podemos repensar as estruturas de poder.

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Não iremos descentralizar o poder, se não tivermos a capacidade de poder lidar nas pontas com mais capacidade de decisão. A tendência é não conseguir ver ações mais complexificadas, como detalhe aqui.

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Assim, quem consegue se apoderar das ferramentas – e adapta o cérebro ao novo modelo de complexidade – acaba por ter uma fatia maior de poder.

O Modelo Mental Oral, conforme aumenta-se a complexidade, fica cada vez mais distante da tomada de decisões e passa a ser uma ferramenta para os poderosos de plantão, aumentando a hierarquia e a verticalização.

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Há, assim, uma dupla alienação:

  • – passa-se a trabalhar em postos de baixa complexidade;
  • – quebra-se a relação subjetividade – trabalho.

A pessoa passa a ser uma peça dentro de uma engrenagem da algo maior que não entende, apenas sabe o que tem que fazer para manter a “máquina” funcionando.

No Brasil, há assim por parte de um vasto segmento uma forte perda de significado da vida.

Trabalha-se com o corpo ali, mas com a cabeça em outro lugar.

E isso acaba se transformando em uma cultura geral que abarca mais segmentos da população, inclusive o não oralizado.

Como diz Viktor Frankl o ser humano precisa de um significado para viver.

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Como esse significado não é da ordem dos fatos, pois os fatos não são vividos, há uma inversão entre o pão e o circo.

Eu não consigo compreender o pão, mas apenas o circo. E resolve criar significado onde posso conhecer: o circo!

E, por causa disso, eu vivo o circo como se fosse o pão.

Assim, essa nossa paixão por:

  • no universo fortemente feminino – novelas;
  • no universo fortemente masculino – futebol.

O que deveria ser o mundo B passa a A e o que era A vira B.

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Na atual Copa do Mundo,  cobra-se que a imprensa cubra de uma forma mais racional o futebol. Porém, é justamente isso que não se quer, pois seria tentar dar uma racionalidade para algo completamente surreal.

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Não há ação possível no esporte por parte dos torcedores, ou muito limitada.

Assim, há uma impotência dentro de um mundo já paralelo, fruto da impotência de lidar com o outro mundo fechado à mudanças, onde se podia ser um ator mais ativo.

O ponto da virada é a capacidade que teremos de:

  • – entender os desafios cognitivos do século XXI, diante da nova taxa de complexidade demográfica;
  • Precisamos conseguir traçar um plano para dar saltos ornamentais na autonomia cognitiva da população e não pulos de saci;
  •  tendo como base central a capacitação de todo o país para dar um upgrade na nossa capacidade coletiva, de todos os modelos mentais em direção a lidar melhor com a complexidade, introduzindo nesse caminho o elemento ético de redução de sofrimento.

É isso, que dizes?

 

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