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 A escola de Toronto é chave para entender a Internet.

Nunca, na história dessa humanidade (rindo) um grupo de pesquisadores estudou as rupturas das mídias com tanta liberdade intelectual e criatividade.

São meus ídolos e gurus, sugiro que os coloque também em lugar de destaque nos seus pensamentos, pois eles são fundamentais para projetar o futuro.

Incluo entre eles o Pierre Lévy, que não se considera da turma.

Eric_A_Havelock (1)

Eric Havelock

Acabei sem querer entrando dentro de uma escola filosófica.

Sou um brasileiro em um barco canadense.

É chamada Escola de Toronto.

Comecei com Lévy, depois descobri que ele era seguidor de Ong e Havelock.

No mesmo clube estão McLuhan e Innis.

Em comum: todos giram em torno de algo canadense, apesar de nem todos terem nascido ou estudado lá.

É tanta gente que já dá numa Van e se dá na Van já se pode dizer que é o início de um clube.

A base dessa escola é algo que começa suave, mas, ao final, pela lógica, nos leva a algo bem diferente na maneira de pensar o ser humano: e considero chave para ter uma visão mais clara do que acontece e vai acontecer pós-Internet.

Esse clube diz o seguinte.

  • 1- toda vez que chega uma tecnologia cognitiva (tal como a escrita, o alfabeto ou a Internet) o cérebro humano se modifica apenas pelo simples fato de usar;
  • 2- e ao modificar o cérebro, a sociedade muda.

“O meio é a mensagem” de McLuhan é o adesivo da van.:)

Walter Ong

Walter Ong

Dito assim parece fácil, mas isso tem implicações profundas na ciência humana, quando se vai mais fundo nesse conceito, pois o que estão dizendo aqui, e o Ong fala isso no livro dele (Escrita e Oralidade), é que vamos precisar rever como nos vemos como humanos.

A principal implicação é de que a história não seria movida pela economia, política, sociedade. As macro rupturas não são provocadas por uma conscientização da massa que passa a pensar diferente e derruba o imperador do seu castelo.

A coisa ganha algo de biológico, bem de animal dependente das suas órteses tecnológicas.

O humano só empreende macro mudanças na história, na maneira de pensar e agir se as tecnologias que lhe dão suporte para tal se modificam radicalmente. Se tudo ficar igual, ele faz apenas mudanças incrementais, com uma incapacidade de superar as autoridades que conseguem controlá-lo dentro de uma mesma caixa. 

Note bem o termo macro que é fundamental.

Não se pode explicar por estas mudanças revoltas, mudança sociais políticas e econômicas incrementais. O que se está falando aqui é de algo ligado à macro-história, ou seja, grandes mudanças de pensamento que ocorrem de forma radical depois de um determinado ponto.

Notem, por exemplo, que a idade moderna é considerada moderna, da seguinte forma (do Wikipédia):

A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente. Destaca-se das demais por ter sido um período de transição por excelência. Tradicionalmente aceita-se o início estabelecido pelos historiadores franceses, em 29 de maio de 1453 quando ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, e o término com a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789.

Note que o marco é 1453, justamente a chegada da prensa na Europa. O que teve mais peso um novo meio de circulação de ideias ou a queda de Constantinopla?

Procura-se entender o por que ocorrem.

  •  Havelock, não sei se é o primeiro a entrar nessa visão, faz um estudo da influência do alfabeto grego na primavera filosófica grega, que é a base de pensamento do mundo ocidental.
  • Ong já fala mais da escrita de maneira geral versus as tribos orais.
  • MchLuan e Innis se dedicam à televisão.
  • E Lévy traz a van para estudar a Internet.

A escola canadense ganha relevância, pois ela não caiu na armadilha do pragmatismo americano, deixando de estudar a história para entender fatos do presente. Este é o seu grande diferencial.

Há muito que tirar desse clube.

Comentei o livro de Havelock sobre a Revolução do Alfabeto na Grécia aqui.

Que dizes?

Links relacionados:
http://sis.posugf.com.br/sistema/rota//rotas_1/411/document/04_diagramacao/mod_001/objeto/texto_004.pdf

23 Responses to “A Escola de Toronto”

  1. Tem espaço na Van para mais um?
    Ou melhor, partiu Canadá?

  2. […] Este canal  e este suporte não são fixos e variam na história com a chegada e massificação de uma dada tecnologia cognitiva (fala, escrita, alfabeto, escrita impressa, computador, internet…). Sou um dos seguidores da Escola de Toronto. […]

  3. […] A releitura da epistemologia das ciências | Nepôsts – Rascunhos Compartilhados em A escola filosófica tecno-cognitiva canadense […]

  4. […] (A escola de Toronto pode nos ajudar muito a fazer a conexão enter cérebro e novas tecnologias cognitivas, ver mais aqui.) […]

  5. […] Quem tem acompanhado o blog e minhas reflexões sabe que eu concluí que Pierre Lévy, que baseou minhas teorias sobre as mídias sociais, pertence a Escola de Toronto.  […]

  6. […] livro defende uma tese na linha da Escola de Toronto de que para entender a cultura grega, berço do mundo ocidental é preciso compreender a […]

  7. […] três fundamentos que consigo (e aí falo por mim e não por eles) da Escola de Toronto, que é uma escola de teóricos da comunicação, que não se propuseram a criar correntes […]

  8. […] mundo ocidental, pois consolidou a escrita, que evoluiu para o alfabeto, que influenciou os gregos (veja mais Havelock sobre isso), que desdobrou em Jesus, na Igreja, no modelo hierárquico das organizações, pós-século I, que […]

  9. […] As raízes do monoteísmo impresso-eletrônico | Nepôsts – Rascunhos Compartilhados em A escola filosófica tecno-cognitiva canadense […]

  10. Vanuza Cavalcanti disse:

    Ôpa! Tb quero um lugar nessa van… pra ver se consigo dissociar as outras tecnologias da plasticidade… não haveria reação dos cérebros se todas as outras tecnologias, ou apenas algumas, desaparecessem? Como seria a van sem gasolina?!

  11. […] tive a felicidade de encontrar um grupo que era marginalizado ao longo do tempo, que é o caso a Escola de Toronto que agora se mostra mais eficaz para lidar com rupturas desse […]

  12. […] cognitivas e o estudo das diferentes mudanças cognitivas no passado, como defende Lévy ou a Escola de Toronto, me parece algo bem distante da […]

  13. […] Parto da visão de uma filosofia tecno-cognitivista, extraída das principais ideias da Escola de Toronto. […]

  14. […] e pela chegada do papel impresso (como apontou McLuhan e outros da Escola de Toronto). […]

  15. […] fenômeno podemos constatar pelos estudos da Escola de Toronto que já ocorreu na Grécia Antiga, na Europa, no fim da Idade Média e […]

  16. […] Escola de Toronto, a meu ver, a que mais dedicou seu tempo ao estudo da filosofia tecno-cognitiva, sem dar esse nome, […]

  17. […] Escola de Toronto, a meu ver, a que mais dedicou seu tempo ao estudo da filosofia tecno-cognitiva, sem dar esse nome, […]

  18. […] na verdade, pertence ao grupo da Escola de Toronto, que partem todos dessa premissa de que as mudanças nas tecnologias de comunicação (que eu chamo […]

  19. […] isso, acho que deve haver um retorno ao estudo da Escola de Toronto, que é o pessoal que estudou rupturas como essa no […]

  20. […] seria o sonho de toda a Escola de Toronto e de McLuhan seu principal representante, que afirmou “O Meio é a massagem”, que […]

  21. […] – desenvolver uma nova visão filosófica da tecno-espécie, que chame de filosofia tecno-cognitiva, que é um aprofundamento filosófico das teorias da Escola de Toronto; […]

  22. […] pesquisadores sociais a conseguir enxergar esse fenômeno com a ajuda dos pesquisadores da Escola de Toronto, que conseguiram perceber o quanto as Tecnologias Cognitivas influenciam a nossa […]

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