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A meu ver ignorar a Força Autônoma das Tecnologias é o grande erro filosófico-teórico do século XX e que precisará ser revisto se quisermos entender o novo século.

Podeira dizer que o ponto de virada para compreender o século XXI é uma mudança na maneira que pensamos o ser humano e a sua relação com as tecnologias.

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Mas, às vezes, é difícil identificar exatamente o ponto do que era e o que deve passar a ser.

Vejamos o que diz mais ou menos um amigo sobre o tema em recente debate:

“Tecnologia na sociedade; depende de quem a usa e como a usa”.

Note que esta é a maneira padrão, clássica, de encarar a tecnologia  adotada pela maioria das ciências humanas. Nela, se coloca o humano com super-poderes de definir como a tecnologia será usada, não atribuindo nenhuma força autônoma a própria tecnologia.

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A tecnologia, sob esse prisma, é algo de fora do ser humano e cabe a nós definir como usá-la para o bem ou para o mal.

Sob esse ponto de vista, no Cálculo do Futuro que precisará ser feito nas organizações para se montar estratégias vamos atribuir nota zero a qualquer força autônoma das tecnologias e iremos nos concentrar em como será utilizada. O que é um erro gritante, pois não conseguiremos entender alguns fatos que são provocados pelo próprio movimento independente da tecnologia, atuando de forma subliminar na tecno-cultura, no corpo ou mesmo na plástica cerebral.

Toda as teorias se debruçarão sobre os conceitos sociais, políticos e econômicos e as ciências que os estudam.

A meu ver ignorar a Força Autônoma das Tecnologias é o grande erro filosófico-teórico do século XX e que precisará ser revisto se quisermos entender o novo século.

Marshall McLuhan, teórico da comunicação,  defendeu nas décadas de 60 e 70  esta outra vertente que abracei sobre tecnologia, que gerou muita polêmica, na famosa frase: “o meio é a mensagem”.

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Explicando o conceito ele afirmou que INDEPENDENTE de como você vê a televisão, quantas horas, que programas, sentado ou deitado, a televisão sozinha faz a sua cabeça.

Ou seja, ele foi o primeiro que eu tenho conhecimento a definir, com destaque, de que existe uma Força Autônoma da Tecnologia, independente o como se usa, o que vai contra o senso comum.

McLuhan, na verdade, pertence à Escola de Toronto, que parte da premissa de que as mudanças nas tecnologias de comunicação (que eu chamo de cognitivas) alteram a sociedade em determinados aspectos INDEPENDENTE o uso que façamos dela.

(Eric Havelock diz, por exemplo, que o surto grego filosófico e democrático teve origem na mudança cerebral que a chegada do alfabeto grego teve décadas antes.)

A Escola de Toronto era um grupo teórico que não se dedicou à filosofia, mas tal premissa da relação entre tecnologia e sociedade abre uma revisão muito mais filosófica do que teórica sobre a espécie humana.

Que acabou me obrigando a criar o conceito da Filosofia Tecno-Cognitiva, na qual faço uma revisão da nossa espécie não mais como uma espécie natural que usa tecnologia, mas uma tecno-espécie, na qual a tecnologia é uma prótese integrante do nosso ser, gerando mutações radicais ou incrementais.

Quando vamos criando tecnologias vamos mutando (neologismo nosso), em maior ou menor grau.

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Isso tem um impacto profundo na maneira de pensar o novo século, pois as tecnologias sempre fizeram parte da nossa história, mas agora temos:

  • – uma quantidade cada vez maior de tecnologias;
  • – uma mudança cada vez mais rápida de atualização;
  • – e, por consequência, mudança sociais que não se encaixam nos conceitos do século passado das ciências sociais, políticas e econômicas.

As ciências sociais do século passado são filhas de uma visão filosófica que vê a tecnologia, como o meu amigo mais acima, sem força autônoma, o que os impede de entender alguns fatos que já acontecem e terão mais dificuldade mais adiante, pois mais e mais esta força autônoma aumentará sua taxa de influência.

A defesa do conceito da Tecno-espécie e da Força Autônoma da tecnologia fazendo o contraponto ao meu amigo, seria:

Independente de como se usa, existem algumas mudanças (não todas obviamente) trazidas pelas tecnologias que são autônomas que acontecem na sociedade criando mutações na espécie, que precisam ser consideradas como forças relevantes para se compreender determinados fatos históricos passados, presentes e futuros.

Assim, seria preciso revisar as ciências sociais para se pensar, dessa maneira, em tecno-economia, tecno-política e tecno-sociedade, colocando essa força autônoma como mais um elemento, em alguns casos, como elemento central nas análises.

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O exemplo típico da Força Autônoma da Tecnologia são as manifestações da última década, com o slogan: “Ninguém me representa”, revoltas típicas de Revoluções Cognitivas em sua fase inicial.

Arrisco a dizer que a plástica cerebral daquela rapaziada é completamente diferente de quem não usa intensamente os aparelhos digitais em canais horizontais de troca.

Obviamente, que em alguns casos a taxa de força autônoma vai ser uma, como é o caso de tecnologias periféricas e maiores quando se trata de tecnologias centrais, como as cognitivas, que expandem nosso cérebro.

É isso, que dizes?

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