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O destino apenas suscita o incidente; a nós é que cabe determinar a qualidade de seus efeitos – Montaigne da minha coleção de frases.

A meu ver há uma certa confusão quando falamos a palavra: REDE.

Nos referimos a ela como se fosse um elemento único e indivisível.

Não é, como jesus, ali estão contidos o pai (conexão), o filho (informação) e o espírito santo (comunicação)  no mesmo corpo. 🙂

Veja mesmo que na entrevista do Castells esta semana para o “El Pais”, ele diz, veja marcas em vermelho:

La gente que utiliza Internet tiene más amigos, sale más frecuentemente, participa más políticamente, tiene mayores intereses y actividades culturales… Internet expande el mundo.

Apesar de concordar com ele na mesma entrevista, quando diz que a Internet não elegeu o Obama, mas sem ela não teria sido eleito, (como coloquei na minha coleção de frases) Castells, me parece que cai na casca de banana de ver a Rede como um bloco.

O fato de usar a rede não quer dizer que a pessoa vai ter mais amigos ou expandir seu mundo.

Pelo contrário, as salas dos viciados anônimos da Internet mostram justamente o contrário.

Há o risco do vício sim e do fechamento de espaços.

Ou seja, depende do uso que cada um fará da rede de conexão e informação, colocando elementos de comunicação sobre estes dois!!!

Assim, é necessário que possamos analisar as três camadas distintas de rede, que formam um bloco único de um grande ambiente de conhecimento, necessário para a manutenção e evolução da espécie humana no planeta:

Qualquer sociedade  têm estes três elementos para sobreviver e é a harmonia entre eles e a motivação para que o fluxo seja cada vez melhor que fará a diferença no final. Vamos detalhar:

  • A Rede de Conexão são os códigos básicos, a linguagem, o idioma, os suportes informacionais, tais como a fala, os livros, os rádios e a televisão, mas não o seu conteúdo, apenas a maquinaria necessária para que as pessoas possam se comunicar entre elas, dentro desta rede conectada. A Internet é o que é, pois estabeleceu um mesmo idioma, o (TCP/IP) para a “conversa” entre as máquinas, todo o resto aconteceu a partir dessa linguagem única. Ou seja, ter o telefone de alguém é o primeiro passo para falar com alguém. A linha tem que funcionar, você tem que ter dinheiro para pagar a chamada e, por fim, a pessoa do outro lado, deve querer falar com você.

(Aí, concordo com Castells na mesma entrevistas, quando diz que: Vivimos con Internet, no en Internet)


  • A Rede de Informação – todo o conteúdo gerado pela comunicação humana, que é depositado em determinados suportes, registros, que ficam armazenados em algum lugar para os quais precisamos de ferramentas de recuperação, de busca, para que possam ser úteis. Hoje, estamos manipulando mais este registro, permitindo que os usuários possam alterá-los, abrindo os “bancos de dados” para ganhar velocidade e relevância, vide enciclopédia coletiva, tipo Wikipedia, comentários em matérias de jornais, etc.
  • E, por fim, a Rede de Comunicação, a mais nobre entre elas, pois é formada por pessoas e depende da disposição destas para que haja a troca e o uso das outras duas.

(Note que há inovações em cada uma delas. Hoje, o usuário cria APIs para as redes de conexão 2.0. Temos a inclusão de dados nestas bases direto pelo usuário na rede de informação 2.0. E um novo tipo de rede de comunicação, que seriam as redes sociais, redes de comunicação 2.0. É muita novidade para uma geração só, né verdade?).

Obviamente, que para haver um bom ambiente de conhecimento é necessário haver uma harmonia entre estas redes. Ou melhor, que tudo seja feito, de tal forma, a não prejudicar o fluxo do aprendizado.

(Sob este ponto de vista, nota-se que não fazemos gestão de conhecimento, mas gestão de ambientes de redes. E que esse trabalho é um processo dinâmico para mantê-las harmônicas, visando produzir inovação.)

O aprendizado é necessário para que a espécie continue a sobreviver diante de cada novo desafio: do clima, da superpopulação, das crises, etc.

E, em última instância, como sugere Maslow, o principal objetivo humano é  a realização de cada pessoa. Eu acrescento: sentir que está colaborando de alguma maneira para a melhoria do mundo em que vive, sempre o aperfeiçoando.

Tudo que atrapalha este objetivo deve ser eliminado para que ele atinja sua meta principal.

Quando isso não ocorre, há a desmotivação, a procura de atividades que aplaquem esse desejo não realizado.

(A sociedade de consumo, na verdade, está estruturada em não deixar que essa realização ocorra, oferecendo em troca algo para ficar no lugar, transformando o que deveria ser resolver necessidades, em consumismo, aplacando frustrações.)

As redes devem ser estruturadas para que todos – como em uma utopia – consigam atingir estas metas.

Muitas vezes nos envolvemos em projetos que nos pareciam ou parecem significar este tipo de melhoria.

(É o caso do Wikipedia, Linux, Youtube, projetos dentro das nossas empresas, do governo, etc…)

E é este espírito holístico de melhoria geral que nos faz querer participar e colaborar.

E é este o papel de quem quer incentivar a saúde do ambiente de conhecimento.

Manter a harmonia sobre tudo, mas tendo como perspectiva principal de que o propósito maior é a ilusão manipuladora (que tende a ser passageira) ou a realização (de fato, que tende ao longo prazo) de que seus elementos acreditem que estão construindo algo maior do que os benefícios práticos que a participação ali oferece: salário, posição, etc. Ou a melhoria de produtos, no caso das redes de consumidores.

Esta é a meta a ser alcançada, fazer que o humano chegue a este propósito de melhoria do planeta, através dos ambientes de conhecimento, fortemente centrados na comunicação, em um processo de aprendizado dos erros cometidos, visando a melhoria contínua.

Como detalhei aqui.

O que nos leva a nossa sentença:

Chapar a Rede como uma só é escolher um caminho pouco eficiente de lidar com o problema, que tem derrubado muita gente boa numa casca de banana teórica, colocada no meio da calçada.

Cuidado!

É isso, concordas?

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