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Quando afirmo que o marxismo beira à monarquia, muitos amigos marxistas me xingam.

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Outros dizem que não estou interpretando bem Marx.

Digamos, assim, que existe um marxismo de uso corrente, não os que cada um interpreta, que tem como base:

  • – a luta de classes:
  • – a proposta de implantar um sistema de uma classe só;
  • – a visão do revolucionário honesto e bom, que a luta o humanifica. Ele é honesto por que defende causas que considera justa.

Note que Marx e seus seguidores foram contra os liberais clássicos, que conceberam a república-capitalismo, com um projeto diferente.

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Porém, o projeto republicano levava em conta alguns fatores humanos, tais como:

  • – era preciso construir uma sociedade sem um rei centralizador;
  • – mais descentralizada e mais dinâmica, como mudanças mais permanentes na economia (livre iniciativa) e na política (eleições sistemáticas);
  • – na qual a corrupção, os interesses, as injustiças fazem parte integrante da sociedade e precisam ser administradas e não extirpadas da espécie humana.

O projeto republicano-capitalista foi e é uma ideia que procura atrair pelos resultados e não pela força, como detalhei aqui.

Houve para que chegássemos na república um conjunto de revisões filosóficas sobre o ser humano para construir o modelo republicano, no qual a monarquia estava na berlinda.

Monarquia Absolutista Inglesa

As bases marxistas não passaram por essa revisão à monarquia.

Ou seja, saltaram direto para questionar o modelo republicano, mas não incorporaram os questionamentos feitos ao modelo monárquico-religioso, tornando-se, assim, uma defensora de um modelo filosófico passado e mais primitivo diante de uma complexidade cada vez mais emergente.

O modelo republicano, que começa pelos questionamentos de Lutero, em 1500, na Alemanha, vai questionar o poder da igreja-monarquia, e vai se estendendo até 1800, quando se foi afastando mais e mais Deus da política.

E criando uma sociedade menos centralizada.

Criou-se o conceito de que a liberdade é a eterna vigilância e, diferente de Rousseau, o ser humano nasce para defender seus próprios interesses, seja ele rico ou pobre. O modelo menos ruim de sociedade deve criar instituições, como sugeriu Freud bem depois, que possa conter estes impulsos, que são parte INERENTE do ser humano.

O pensamento marxista acredita que a luta revolucionário é redentora e que a sociedade é que gera estes sentimentos, digamos negativos, nas pessoas.

People Look Over Barb Wire at Berlin Wall

(Note, assim, que há FORTE similaridades da figura dos líderes revolucionários marxistas com santos e dos militantes com padres, todos acima do bem e do mal, escolhidos para trazer o paraíso na terra.)

Segundo os marxistas de plantão, eles têm uma verdade (que é o aspecto religioso e dogmático) que é melhor que todas as outras e deve ser implantada na força e não pela atração e sucesso de suas ideias e práticas.

Note que Cuba está do mesmo jeito há mais 50 anos e as pessoas não vão para lá e nem pode sair. Ou seja, não é um projeto que trabalha na atração dos méritos, mas na imposição, pela força, um modelo de pensamento.

Vivemos, na prática, com a chegada do neo-populismo na América Latina, que não tem uma ideologia marxista pura, mas uma cultura marxista, que traz essa cosmovisão pré-republicana embutida no pensamento e nas ações.

Por isso, não existem adversários políticos, mas inimigos de classe.

É um pensamento que parte dessa cosmovisão monárquica-religiosa, que, na época, chamava isso de heresia e de inimigos de Deus.

As pessoas sentem desse jeito e muitas são incapazes de perceber esse movimento.

Outro ponto que me chama a atenção é a ideia de Marx de que “cabe ao filósofo mudar o mundo e não pensar sobre ele!”. Isso é uma visão extremamente autoritária, como consequências nefastas, pois a filosofia é uma espécie de tribunal superior do pensamento, que serve para refletir cosmovisões.

No momento em que eu elimino o questionamento da minha cosmovisão, eu a transformo em um dogma, ou seja, não há o que questionar, não há recursos, nós estamos com a verdade e pronto.

Abaixo da filosofia dogmática só há a metodologia de ação: implantar essa filosofia no mundo sem aceitar questionamentos.

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O problema que temos é que o modelo republicano-capitalista, que conseguiu a proeza (pouco percebida) de nos permitir saltar de 1 para 7 bilhões a população de humanos na terra, foi concebida em 1800 para um mundo de menor complexidade, dentro da Conjuntura Cognitiva do papel impresso e depois da mídia de massa.

Hoje, a complexidade é outra, bem como o ambiente cognitivo teve suas fronteiras alargadas. Neste contexto, podemos refazer os conceitos republicanos-capitalistas para algo mais sofisticado, em uma pós-república e um pós-capitalismo, que deve aprimorar o que temos, a partir dos conceitos dos liberais clássicos.

E não jogar o bebê fora da bacia junto com a água.

É isso, que dizes?

Falo mais sobre isso neste áudio:

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