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 O que conclui, analisando uma Revolução Cognitiva similar (do papel impresso) na minha tese de doutorado, é de que a gestão da sociedade e a sua cultura é mantida e perenizada pelo controle sobre os meios de circulação de ideias. Muda o controle, muda a cultura.

Versão 1.0 – 01 de agosto de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

O primeiro grande problema de percepção que temos diante das mudanças cognitivas da sociedade é de compreensão.

Não faz parte das teorias de plantão que mudanças no ambiente cognitivo provoquem alterações tão profundas na sociedade.

Nosso mapa mental admite que a economia, a política, até o clima, mas não mudanças cognitivas.

Uma Revolução Cognitiva é um fenômeno raro e incomum.

Porém, é real e temos que colocá-lo dentro do tabuleiro, como uma peça importante tentando dar xeque-mate no rei.

Muitos procuram ignorar essa força, que volta em situações cada vez mais contínua.

Portanto, descarto todas as tentativas de analisar a atual mudança como mais uma alteração tecnológica, ou mesmo da comunicação.

Sim, parte da tecnologia, altera a forma de comunicação, mas estes dois movimentos provocam algo maior: que é uma forte mudança cultural de como pensamos e fazemos a gestão de problemas na sociedade, que é a base da gestão das organizações.

Vivemos hoje a mesma passagem que tivemos no século XV com a chegada do papel impresso.

Um modelo de gestão social muito concentrador e controlador se viu obrigado a mudar, ou foi mudado pelas novas forças muito mais dinâmicas.

  • A monarquia que era um processo não meritocrático de escolha do sucessor foi substituída pela república, com a possibilidade de escolha dos representantes.
  • E o feudalismo deu lugar a algo muito mais dinâmico que foi o capitalismo, na resolução dos problemas produtivos cada vez maiores, de uma população, na época, também ascendente.

Podemos dizer que a cultura da gestão pré-Revolução Cognitiva do papel impresso era uma e a cultura do do pós foi outra completamente diferente.

Se formos analisar aquela mudança, veremos que o modelo de gestão feudal e monárquico era incompatível com a dinâmica exigida por uma Europa cada vez mais povoada.

Todas as mudanças que ocorreram, desde a navegação, que iniciou um novo ciclo de globalização, o surgimento das Universidades, da Ciência, das Corporações,  tudo foi moldado e possível pelo surgimento do papel impresso.

O que mudou?

1- O papel impresso era um meio de circulação de ideias muito mais barato do que o do papel manuscrito.

2- O papel impresso era um meio de circulação de ideias que, por causa do seu preço mais barato e características descentralizadas, era muito mais difícil de controlar do que o papel manuscrito.

O que conclui, analisando uma Revolução Cognitiva similar (do papel impresso) na minha tese de doutorado, é de que a gestão da sociedade e a sua cultura é mantida e perenizada pelo controle sobre os meios de circulação de ideias.Muda o controle, muda a cultura.

Quando estes meios sofrem um abalo, uma ruptura, que se dá com a redução e o descontrole do fluxo da circulação de ideias, os valores anteriores, que eram frágeis, do ponto de vista do convencimento social, começam  a ruir.

O nosso parlamento, o modelo das organizações, o governo, a maneira que resolvemos problemas hoje, todos sabemos, que têm sérios problemas para solucionar a contento um conjunto de demandas. Quando não se tem alternativas, todos se conformam, mas quando há, todos tendem, a médio prazo, a se rebelar!

Dito em outras palavras, podemos dizer que o controle da circulação das ideias é de certa forma um poder de força do controle vertical e não do convencimento.

As organizações passam a dominar os fluxos das ideias e o diálogo com o mundo exterior tende a se reduzir. Eis a base da crise e o que a nova cultura tentará dirimir.

Assim, uma Revolução Cognitiva tem como consequência um despertar de latências, propostas, projetos, articulações que não eram possíveis anteriormente, pela dificuldade de que os insatisfeitos pudessem propor novidades e inovações.

Tal movimento, nos leva ao surgimento incipiente de uma nova cultura de gestão social, que vai procurar questionar o modelo passado e construir um novo modelo em todas as esferas da sociedade.

Diante disso, qualquer tentativa de se perpetuar o modelo anterior será incompatível com a latência nova que surgem.

Não podemos precisar exatamente o que sairá desse movimento, mas podemos perceber as latências que precisam ter vazão.

São elas:

  • – mais velocidade na tomada de decisões por parte das organizações;
  • – mais aderência aos desejos do cidadão/consumidor;
  • – organizações voltadas para o social e não para os seus próprios interesses;
  • – diálogos que gerem mudanças concretas;
  • – ampliação da meritocracia;
  • – transparência;
  • – co-criação de produtos e serviços;
  • – por fim, mais capacidade de inovação, através da interação contínua com a sociedade.

Muitos procuram ver tais atributos em projetos pontuais na tentativa de implantar a cultura 2.0 nas organizações tradiconais.

Como veremos mais adiante, não acredito que empresas tradicionais, em função da cultura arraigada, conseguirão migrar de dentro para dentro para o novo modelo.

São duas culturas diferentes, não opostas, mas incompatíveis de serem empregadas no mesmo ambiente. Só isso.

É preciso ver como funcionam as empresas nativas e criar zonas 2.0 de inovação para imitar essa nova cultura, criando muros para que a experiência seja feita sem a intoxicação da cultura passada e estes espaços alargados gradualmente.

É isso,

Que dizes?

5 Responses to “O que é a cultura 2.0?”

  1. dora lima disse:

    a transição de empresa nativa para 2.0 funciona mesmo de forma gradual. o processo de “convencimento” só começa, a meu ver, na vontade de seus dirigentes e é disseminada com mais perguntas do que respostas.ao falar a lingua 2.0 ve-se claramente quem entende o processo colaborativo e os que ainda se sentem ameaçados pela lógica da estrutura vertical vigente. não é facil não. tenho vivido isso na pele e cheguei a conclusão que o melhor é começar pelo discurso, expressando a vontade de pensar de forma diferente e ver quem entende o sinal. a partir daí se constroi uma nova forma de trabalhar, baseada em parceria. o que diz?

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Dora, acho que é por aí, mas depois que “cai a ficha”, me parece, que tentar colocar uma cultura nova, tão diferente, na antiga é algo quase impossível…

    Vamos vendo o que a realidade nos diz,

    beijos,
    N.

  3. dora lima disse:

    será que não depende da escala? grandes empresas provavelmente precisam de um nucleo digamos “blindado” para florescer sem cerceamento e com criatividade. em menor escala acredito na força do discurso que aos poucos atrai os que estão em sintonia e afasta organicamente quem não se identifica com esta nova forma de pensar. a cultura colaborativa é contagiante. depois que se experimenta a força dos unidos, nunca mais se fica “sozinho”. sei lá mil coisas..vamos que vamos. beijo

  4. Rodrigo Palhano disse:

    Em empresas menores, em startups, possivelmente a cultura 2.0 possa ser mais facilmente absorvida e transformada em ativo. Certamente, isto seria um diferencial competitivo considerável no enfrentamento de empresas maiores e com maior poder financeiro, a diferenciação pela cultura e gestão 2.0

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