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Percebo que o pensamento indutivo está hoje disseminado e suponho que seja uma das características marcantes do fim de uma Era Cognitiva marcada pela forte decadência de um rígido controle de circulação de ideias. 

Versão 1.0 – 10 de maio de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Certa vez ouvi uma estória sobre o Darwin.

Que ele foi para uma ilha e lá viu uma flor com um tipo de ponta comprida, bem comprida.

Escreveu em seu diário que lá naquele lugar deveria haver uma borboleta grande, com uma língua comprida, que pudesse chegar até o fundo da ponta daquela flor.

Tempos depois, descobriram a tal borboleta de língua grande.

Pois bem, essa estória é uma ótima representação do pensamento dedutivo.

Há uma teoria que entende que para toda flor tem que existir um inseto/animal que a polenize.

Ou seja, mesmo não se vendo o inseto, parte-se do princípio, pela lógica e associação, que ele existe, pois há uma teoria mais ampla que preenche aquele espaço vazio.

O pensamento dedutivo é mais raro e incomum.

As histórias de Sherlock Holmes são uma defesa desse pensamento, o que House procura imitar.

Pensar, pensar, pensar, associar, associar, associar para se chegar a solução de um crime e/ou diagnóstico.

Normalmente, nós, inclusive por causa da maneira que aprendemos, desenvolvemos muito mais o pensamento indutivo, aquele que é baseado naquilo que vemos, sentimos, tocados, cheiramos.

Gostamos muito mais de conhecer os cases para chegar ás conclusões do que vir das teorias.

Diria até que a indução economiza energia e a dedução gasta mais.

Por isso, economizamos sendo indutivos.

Assim, podemos dizer que:

  • O dedutivo associa o indutivo, geralmente, lembra.
  • Um usa uma parte do cérebro mais ligada à criação, o outro à memória.
  • Problemas mais simples pedem indução e os mais complexos dedução (note que Holmes e House são chamados quando a polícia e outros médicos falham).
(Digo logo isso tudo é baseado no que li por aí, nada científico, antes que me joguem pedra.)

Tenho observado que o pensamento indutivo está hoje disseminado e suponho que seja uma das características marcantes do fim de uma Era Cognitiva marcada pela forte decadência de um rígido controle de circulação de ideias.

Explico.

  • O pensamento indutivo é muito marcado por fatos, datas, dados, memória e é característico de momentos em que a circulação de ideias é mais controlada, pois a criatividade tende a ser mais abafada. Pensamentos indutivos geram teorias indutivas que, por sua vez, geram metodologias indutivas, mas passageiras, que o popular chama de modismo;
  • O pensamento dedutivo é muito marcado por intuições, associações, e é característico de momentos em que a circulação de ideias é menos controlada, deixando a criatividade com mais liberdade. Geram, normalmente, teorias mais consistentes, pois acabam por procurar comparativos históricos, gerando teorias e metodologias que duram mais tempo.

A Web 2.0, a gestão de conhecimento e o marketing digital, por exemplo, são representantes do pensamento indutivo e passageiro.

A Teoria da Evolução, o conceito de consciente do Freud e o estudo dos impactos de Lévy sobre as tecnologias cognitivas são representantes do pensamento dedutivo e de mais longo prazo.

Há, porém, uma variação de taxas dos pensamentos indutivos e dedutivos diante das Revoluções Cognitivas.

Na comparação com outras Revoluções Cognitivas podemos observar que há, ao longo da evolução há um surto de pensamentos dedutivos, criação de novas visões filosóficas do mundo, que, por sua vez, nos fazem rever as teorias de plantação, construindo um “aeroporto” social para a proposta de novas formas de organização decolem e se tornem reais.

  • A dedução nos permite ver coisas que não existem à primeira vista.
  • Prever cenários que não estão colocados.
  • Pensar fora da caixa da indução.

Pensamentos indutivos, é bom que se diga, são interessantes em momentos de continuidade e estabilidade, mas a sua insistência e continuidade trazem crises, pois são incapazes de ver mudanças maiores que se avizinham.

Pensamentos dedutivos são interessantes em momentos de crise e instabilidade, ruptura mas a sua insistência e continuidade trazem também crises, pois são incapazes de alinhar as mudanças maiores  com as menores para comprovar  sua veracidade e pé no chão.

De fato, o ideal é que pessoas com os dois perfis (que são diferentes) possam fazer parte das equipes que trabalham e pensam os problemas para criar uma tensão criativa.

Porém, há algo do contexto histórico desse novo século que deve ser avaliado para fazer o contra-ponto.

No momento atual, diante da alta taxa de intoxicação do pensamento indutivo, que nos cega para o novo e para as rupturas em curso, é bom estimular o pensamento dedutivo, que nos ajudará a subir mais do alto para ver a macro-mudança que se avizinha, com a chegada de um novo ambiente cognitivo que a tudo mudará.

Tal pensamento vale para os processos de capacitação, gestão de mudança e revisão de processos que temos pela frente.

É isso.

Que dizes?

5 Responses to “É tempo de pensamento dedutivo”

  1. Bruno disse:

    Enquanto não temos uma metodologia criada, teremos que partir para o pensamento dedutivo!

  2. […] (Já escrevi aqui mais sobre a necessidade de termos métodos dedutivos para estudar a Internet.) […]

  3. […] como venho defendendo, que há momentos em que uns são mais úteis que outros, dependendo da estabilidade […]

  4. Eric disse:

    Vejo o cenário de domínio do pensamento indutivo, como um grande motivo para não utilização do “talento” de nossos pensadores dedutivos. Espero que seu texto seja um estímulo.

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