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Somos como um peixe que vive aprisionado num aquário; mesmo que o nosso “aquário” cresça sempre (pois é isso o que ocorre com o corpo do conhecimento humano), tal como o peixe, nunca poderemos sair dele e explorar a totalidade do que existe. Haverá sempre um “lado de fora”, além do que podemos explorar – Marcelo Gleiser – da coleção;

Não há como pensar o conhecimento de forma individual sem tê-lo embebido numa rede de relacionamento.

Somos ou nos acomodamos dentro de um “aquário” (na verdade em vários interconectados) cercado de peixes que mais ou menos vêem as mesmas paredes do aquário que nós.

Talvez, por insegurança, acabamos procurando um cardume que pensa como nós para ficarmos ali quietinhos nadando.

(A ideia do aquário do conhecimento é do Gleiser, pode ver mais dele aqui.)

Precisamos dessas referências para gastar menos energia, levar nossa vida, sobreviver, ir tocando.

Criamos, assim, “bolsões” de conhecimento e neles nos acomodamos até que fatos ou ideias nos tirem da zona de conforto.

(Kuhn ao analisar as revoluções científicas for por essa trilha.)

São momentos de crise em que aquele conjunto de ideias de determinado cardume no aquário não é mais suficiente para continuar levando a vida.

Então, os “peixes” têm que parar tudo, procurar novas ideias, compreender os novos fenômenos, rever a maneira de pensar e, de novo, voltar a nadar como se nada tivesse acontecido.

Assim, nada a humanidade. 🙂

Portanto, cada um destes bolsões cria uma “realidade suficiente” que é aquela que lhe permite sobreviver até uma determinada crise ou pode ser abalada por novos peixes, ideias que começam a expandir as paredes do aquário.

Existem milhares de filmes, livros, peças que são baseadas em pessoas que moravam em cidade pequena e têm contato com ideias de outro lugar e querem sair pelo mundo afora bem sozinho…. 🙂

A sociedade é formada por milhares de bolsões, com algumas “verdades preponderantes”, digamos, que abarga e transcede os pequenos aquários,  formam um coletivo de aquários que trocam águas e estabelecem um modus operandi, através dos embates políticos, nas quais as diferentes visões se acomodam.

(O Brasil, por exemplo, é bastante conservador e pouco afeito a mudanças, a repensar seu próprio aquário.)

Essa percepção de que só podemos entender como as pessoas pensam a partir do aquário que ela vêm, do ambiente coletivo no qual ela está inserida nos dá bases para trabalhar e pensar de forma diferente em vários aspectos da realidade.

Por exemplo, em sala de aula, pois não estamos lidando com um paradigma de um aluno, quando trazemos ideias novas, mas de um conjunto que se assemelham embebidos em um senso-comum parecido.

Tendemos a ir, com o tempo, pensando cada vez mais igual e os aquários vão se juntando, pois há um poder central que irradia um tipo de visão ao mundo e os que estão embaixo acabam se dobrando a este de alguma forma.

Um soft-power para manter o controle.

As redes, os aquários, entretanto, funcionam com os peixes líderes, falo isso a seguir. Falei aqui.

Que dizes até aqui?

 

2 Responses to “Redes de Conhecimento”

  1. […] Quando vamos analisar mudanças, temos que partir do princípio que estas latências da nossa espécie criarão, em qualquer situação, um conjunto de ideias e conceitos, um bolsão que podemos chamar de ideologias vigentes dentro de uma rede de conhecimento. […]

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