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A nossa relação com a Internet, ao contrário do que achamos, pode nos levar a um mundo de muito mais dominação do que o da Idade Mídia – Nepô –  da minha coleção de frases;

O grande problema dos tecno-otimistas é atribuir a tecnologia um juízo moral.

“A Internet é uma coisa boa”.

Não existe nem tecnologia boa, nem ruim, mas adequada à determinada demanda humana.

Um site de comércio eletrônico pode democratizar o consumo ou servir para fulano roubar o número de cartão de crédito da  fulana.

  • Quando aproximam pessoas, está adequada para uma demanda existente;
  • Quando não cria instrumentos de proteção à privacidade alheia, precisa ser adequada.

Qualquer conceito de bom ou ruim a dada tecnologia nos tira a possibilidade de um julgamento frio de sua adequação a determinado contexto.

Cria uma cortina de fumaça, nubla os olhos e faz com que surjam os fãs clubes ou o movimento de defender:

“Quanto mais Internet, melhor será a raça humana”.

Falso.

Pode ser até o contrário, cuidado!!!

O centro desse debate torto é a confusão básica entre dois conceitos: conhecimento e sabedoria.

O conhecimento, apesar do blá-blá-blá de plantão, é uma ferramenta de sobrevivência humana, portanto uma tecnologia cognitiva, como também são a fala e o gesto.

Sem conhecimento, qualquer ameba é mais preparada que o humano para sobreviver.

Assim, vamos nos informando, aprendendo aqui e ali, como chegamos em casa, que roupa vestir, como ligar um computador.

É um movimento humano básico para existir, por tendência, vamos em frente sem grandes questionamentos, mas só aprendendo as ferramentas cognitivas da vez.

Preciso conhecer para viver.

Preciso conhecer, se quero sobreviver.

E qualquer coisa que me ajude nesse processo, estou dentro!

E, ainda:

Quanto mais civilização, em quantidade e qualidade, mais demanda de conhecimento.

Assim, o conhecimento, como parte integrante de nosso meio, tal como respirar, comer, beber,  por si só, não nos leva nada além de resolver problemas de cada dia.

É acordar no dia seguinte e recomeçar.

É uma atividade natural do nosso instinto de sobrevivência.

Ligamos o piloto automático e vamos embora.

Ou seja, o conhecimento não muda relações humanas, nem com o planeta, nem do humano com ele mesmo.

  • Pode em alguns momentos ajudar.
  • E em outros atrapalhar.

Já tivemos a ideia de que quanto mais conhecimento, mais perto a pessoa pode estar da sabedoria.

Mas a história mostra que estávamos errados.

É bom lembrar que Hitler tinha uma biblioteca de 36 mil livros e lia muito toda noite, porém…

E que o holocausto nasceu na Alemanha, um país completamente alfabetizado.

Não foi por falta de livros que a coisa desandou!

O conhecimento é um instrumento a serviço da relação que estabelecemos com o mundo.

Se formos violentos, vamos usar tudo que sabemos a serviço disso.

E o contrário, idem.

O conhecimento é, portanto, elemento neutro do ponto de vista da qualidade das relações.

Porém, importante para que se defina e se consiga manter as pessoas – cada vez em maior número – vivas.

(Uma tribo pode não ter lido um livro e ser mais harmônica entre eles e o planeta do que uma reunião de pós-doutorers discutindo se vão ou não colocar um bebedouro no laboratório.) 😉

A forma de nos relacionar com o que nos cerca é a variável.

E aí entra a sabedoria.

Não no quê, mas no como.

Não no objeto na causa, no fim, mas na relação, na forma, no meio.

A sabedoria, assim, é um movimento não automático dentro da sobrevivência humana.

Digamos, até, não natural.

Não é resultado da rotina, mas de um esforço para sair da rotina.

É supérflua, dispensável, não prática.

Exige reflexão, mudança.

Sair do fluxo irresistível da boiada.

Uma revisão e monitoramento constante da forma que interagimos com os demais.

A sabedoria procura meios não o fim, pois os meios são o próprio fim.

O importante aqui são as relações e não as concretizações, que são, no fundo, o resultado das relações.

(Tem-se seguidores por consequência e não como causa. Tem-se consumidores fiéis como consequência e não como causa.)

Aposta-se nas pessoas e no todo.

É um item, portanto, de qualidade, de superação da quebra do piloto automático do conhecimento.

Imaginar que a Internet vai nos levar naturalmente à sabedoria, portanto, é uma insanidade.

É uma confusão de conceitos.

Digo mais: pelo que vejo com tantos olhos, todos os tempos ligados em telinhas, mais e mais a Internet está nos colocando no piloto automático, ao invés de nos tirar de lá.

Ou seja, em nome do conhecimento insano, estamos cada vez menos sábios!!!

Ao contrário, quanto mais conhecimento circulando, mais temos tendência a nos perder no piloto automático.

E mais movimentos devemos fazer – de métodos conscientes de conscientização – para ampliar a sabedoria e forçar que o conhecimento por si só não predomine como se fosse ele o centro e o salvador do Universo.

Desconfie, portanto, de um geração que se auto-denomina a sociedade do conhecimento!

Avisa-se:

  • Podemos viver sem sabedoria, mas não sem conhecimento.
  • Entretanto, só a sabedoria pode nos tirar de becos sem saída que o conhecimento insano nos coloca.

Por outro lado, só podemos ser sábios , no momento.

A sabedoria é relação e não conceituação.

Aqui e agora.

Não pode haver separação entre o que eu penso e o que eu faço.

Saltamos, diariamente, com ela,  do universo do quê para o do como.

Como diz Gandhi, sabiamente:

“Temos que ser a mudança que queremos para o mundo”.

Na forma e no conteúdo.

É disso que se trata.

Portanto, a meu ver, só podemos sair das nossas caixas fechadas de conhecimento, com sabedoria.

Revendo relações, na prática, agora com o conhecimento que nos domina.

E não teorizando sobre a prática.

Coisas do tipo:

Diz-se “A”, mas faz-se “B”.

Sabe tudo, mas não é sábio.

Só nesse processo de olhar interno – à procura da qualidade humana – podemos  separar conhecimento sem sabedoria de outro com a dita cuja.

Pelo que vejo, quanto mais Internet sem sabedoria, mais estamos entrando em Matrix, do que saindo de lá.

Antes, pelo menos, desligávamos a Tevê, agora levamos a Tevê para passear na coleira dos headfones. Cuidado!

Por fim, é fato nessa nossa modernidade só de fachada,  que posso arriscar a dizer:

” Ao contrário do que achamos, a princípio, nosso uso da Internet pode nos levar a um mundo de muito mais dominação do que o da Idade Mídia, não por falta de opções de canais ou de conhecimento, mas pela incapacidade que esse novo “modus-operandi”  de conexão total sem comunicação real, pode causar na nossa relação pouco sábia com os demais e com o planeta.

É fato: a insconsciência nos leva a dominação e a opressão.

Portanto, se quer que o mundo de fato mude aposte na sua sabedoria e na dos demais, dentro ou fora da Internet.

Que dizes?

22 Responses to “A sabedoria não cresce em árvore”

  1. Salve Nepô,

    É claro que entendo a importância científica e acadêmica de buscar um posicionamento imparcial (embora isso seja claramente uma utopia).
    Mas, como respondi nos tweets, acho que seu ponto de partida está errado.
    Não é a tecnologia (dominante ou dominada), tampouco o conhecimento, os agentes multiplicadores do otimismo que nasce numa estrutura de redes descentralizadas, como a Internet.
    Mas sim os fluxos. Estes sim dão espaço a pluralidade de opiniões que moldam o espaço público no seu aspecto mais democrático.
    Os fluxos de informação caracterizam a mudança e o otimismo. Diferente da tecnologia (dinâmica) e do conhecimento (subjetivo), os fluxos são tangíveis e estruturantes.
    Abraços,

  2. Não sei se já vistes, mas presumo que vais gostar desta ted talk.
    Kevin Kelly mostra uma visão sobre a tecnologia parecida com o que escreves no começo deste post.

    Abraço.

  3. Carlos Nepomuceno disse:

    Leandro,

    “Os fluxos de informação caracterizam a mudança e o otimismo”.

    Concordo com você.

    Há uma mudança nos fluxos. O mundo pede mais fluxos, pois a falta de fluxos é, por si só, o que nos tem estagnado na prisão de poucas ideias da Idade Mídia.

    Há, como você diz,

    “(..) espaço a pluralidade de opiniões que moldam o espaço público no seu aspecto mais democrático”.

    Desenvolvi um pouco essa visão aqui:
    http://nepo.com.br/2010/02/23/o-meritocracimetrometro/

    Ou seja, volto a repetir, estamos indo em direção a uma nova civilização que, em muitos aspectos, terá mudanças em relação a atual, o que estamos chamando “mais democráticos”.

    A rede está na sua fase inicial e quem detém o poder ainda não conseguiu estabelecer parâmetros de controle.

    Aliás, vão descobrir que o total descontrole é a melhor forma de controle.

    Deixem as pessoas compulsivamente consumindo informação e falando de superficialidades e está dado o novo controle.

    Nossa fase atual é de revisão.

    Uma civilização que nessa fase precisa de oxigênio para revisar a passada.

    A Internet abre estes novos canais e faremos – com certeza – várias revisões no mundo atual.

    Mas isso – mesmo com os novos fluxos – não vai nos garantir uma humanidade mais sábia, pois o processo de mudança nestes fluxos contínuos, precisa ser quebrada e não continuada – o que estou chamando sabedoria.

    A fase que passo agora diria é a do pós-otimismo, tanto com a Internet como do conhecimento.

    Tá tudo muito bem, mas as coisas não estão indo do jeito que imaginávamos.

    Mesmo os fluxos novos tem nos deixado, muitas vezes, cada vez mais isolados.

    Ou seja, é preciso rever o tecno-otimismo diante de tudo que a Internet – por si só – pode trazer e até mesmo o que você inaugura aqui de fluxo-otimismo .;)

    A mudança, a meu ver, é de um questionamento nos nossos fluxos, em direção a uma humanidade perdida e ainda não resgatada.

    O movimento que não parta de um repensar de cada pessoa com suas caixas é um prato cheio para quem quer manter as coisas superficialmente diferentes, mas profundamente iguais.

    Mas vamos em frente.

    Andre, vou dar uma olhada no Kelly, vi aqui que tenho um livro dele sobre nova economia….

    Valeram as visitas e comentários,

    Nepô.

  4. Leo Bragança disse:

    Comentei sobre isso recentemente no Twitter, por conta de uma matéria que sugeria que a internet nos deixaria mais inteligentes em dois mil e alguma coisa. Mentira! A internet é um martelo. A internet é grama. Mato. É possível sim fazer um ótimo uso, mas daí a nos fazer mais inteligentes, mais sábios… Pelo amor de Deus.

    Eu entro com o pé logo na primeira imagem que você colocou. Na jaca: Pedofilia. A internet revolucionou a pedofilia. Grande sabedoria a internet nos traz. Traumatizando crianças para uma vida toda.

    A internet pode ser bacana naquilo que é bacana fazermos na nossa própria rua, no nosso próprio bairro, na nossa própria cidade: compartilhar. Tenho meu site, o cara me lê no mundo todo, posso traduzir meu trabalho para outros idiomas, transmitir um evento, uma fala, um pensamento… Isso vale. Isso é legal. E também estar aberto a absorver conhecimento de outros lugares. Eu adoro o pensamento francês sobre comunicação e marketing para o funcionário. O que seria de mim aqui sem a internet?

    Eu, pelo menos, a utilizo pra isso. Também me divirto, tá cada vez mais difícil ligar a TV. Mas o ponto é: Achar que isso aqui vai trazer sabedoria a alguém, realmente é uma insanidade. Abraço.

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Leo, o grande desafio é como transformar esse pseudo-potencial em uma força alavancadora da sabedoria.

    Sugiro ler o livro “Presença” – de Peter Senge e outros.

    abraços,

    Nepô.

  6. Tesla Coutinho disse:

    Oi Nepô!
    Acho que olhar a internet como vilã ou como salvadora é limitador em ambos os casos e não estimula o engajamento que vc busca. O uso que fazemos das tecnologias é um reflexo do que somos. Produzimos obras-primas, homens e mulheres geniais e também produzimos armas químicas, genocídios e devastação da vida no planeta. A internet não mudará nossa essência. É uma experiência nova, ainda em desenvolvimento, onde esses tais seres humanos não só têm acesso à informação como nunca antes (neste planeta) como se manifestam e compartilham dados, opiniões etc. Apostar num cenário otimista como resultado da nova civilização que surge é acreditar que o homem tem futuro… E estamos aí, há 2.500 anos produzindo idéias para tentar traduzir esse enigma!

  7. Acho que é um pouco daquele lance: “Dê poder infinito a um gato e ele comerá o rato”, aliás se me lembro bem, esse assunto rendeu bastante durante a aula na #dig4 🙂

    Cada vez mais acho que a internet é a grande inimiga mesmo, mas não a internet em si (como você bem colocou, não há como definir uma tecnologia como boa ou má, afinal não é ela que escolhe seu uso), mas o seu uso desenfreado e inconsequente. Eu mesmo sou assim, dependente da tecnologia para me comunicar, me organizar, interagir… Aos poucos tento melhorar isso, as é difícil.
    Às vezes percebo que eu mesmo não quero lutar contra isso, e me utilizo das mais esfarrapadas desculpas.

    Será que podemos fazer a comparação entre ler e interpretar? Saber juntar as letras é relativamente fácil, mas compreender o significado daquelas palavras é bem mais complexo, não?

  8. Carlos Nepomuceno disse:

    Tesla,

    concordo exatamente nisso que estamos diante de um enigma.

    O Leandro falou também em otimismo.

    E acho, até, que eu deveria ter respondido a ele de outra forma, mas o faço agora, já dialogando com você.

    Veja o que diz a Wikipedia:

    “Otimismo é a disposição para encarar as coisas pelo seu lado positivo e esperar sempre por um desfecho favorável, mesmo em situações muito difíceis”.

    O problema tanto do otimismo, quanto do pessimismo é chegar a uma dada situação com uma determinada disposição para ver pontos “positivos” ou “negativos”.

    No fundo, o marketing é a tentativa de trabalhar sempre com o lado otimista das pessoas.

    O problema da “disposição para encarar” é que já chegamos com um discurso pronto, uma pré-disposição para ver as coisas de um ponto de partida, no caso, otimista.

    Tanto o otimismo, quanto o pessimismo, a meu ver, são “coisificantes” das pessoas e reforçam cada um ficar na sua própria caixa.

    O futuro que teremos não esta dado, mas vai depender de como vamos atuar na Internet e fora dela para fazer com que as pessoas deixem de estar “coisificadas”.

    A Internet, por si só, ajuda na descoisificação das pessoas?

    O Leandro falou em fluxos, gostaria de entender melhor estes fluxos, Leandro pergunto:

    1- o que seriam os fluxos?
    2- quando na história um movimento similar destes fluxos ajudou a humanidade a dar um passo adiante?
    3- por fim, que exemplos podemos ter hoje na rede, através de novos fluxos que podemos apontar como uma atividade contínua, não como uma avanço na civilização, mas na nossa humanidade?

    Fiquei curioso e achei que minha resposta passou por cima de uma compreensão melhor do seu ponto de vista,

    é isso,

    abraços,

    Valeram os comentários,

    Nepô.

  9. Carlos Nepomuceno disse:

    Vinicius, gostei desta frase que li no livro “Presença”, indicado mais acima:

    “Não há nada mais difícil do que mudar a si mesmo” – ditado budista.

    O problema é justamente este.

    O conhecimento é rotina. Sabedoria: olhar a rotina e sair dela, a partir de um bem comum.

    Sugiro a todos ler o livro: “Levar Adiante” do Bill Wilson, que é a história do pessoal do AA, mostrando como eles conseguiram construir um movimento internacional – em rede aberta – numa luta constante contra as compulsões, a sociedade de consumo.

    Notem, Leandro, que não foi no fluxo, mas no contra-fluxo…

    Suspeito que precisamos de um movimento geral similar e aberto – para olhar os nossos egos – para as pessoas que não são vítimas de compulsões tão graves., um método de contra-fluxo.

    Algo a La Paulo Freire + AA para repensarmos nossa relação com o planeta. E tem que ser uma prática diária e comunal.

    Por fim, nesse livro sobre o B.Wilson se verá que a partilha – troca entre as pessoas – já foi uma prática cristã – de discussão coletiva de pecados – substituída pelo confessionário, saindo do muito para muitos (conversa) do um para muitos (o padre administra), aumentando assim o grau de loucura das pessoas, pois:

    “A loucura é viver no vazio dos outros, numa ordem que ninguém compartilha” – Rosa Montero;

    Quando se compartilha as doenças do ego, se sai, ou pelo menos, se reconhece e se minimiza a loucura.

    Por isso, que os AAs e afins dão tão certo.

    Que dizem?

  10. O caldo engrossou. Legal.

    Tesla, Vinicius, Leo e demais, eu prefiro refletir sobre o composto tecnologia + sociedade como algo indissociável. Não vejo muito sentido em tentar entender a complexidade da relação homem-máquina, ou ainda, em tentar buscar uma fórmula cartesiana de separação e entendimento destas partes. Onde termina o homem, onde começa a máquina? Não sei. O homem é melhor ou pior com a máquina? É impossível responder tal questão distanciando-se da fé. O homem mais máquina transforma-se num novo composto. Ou como Latour defende, este desejo de purificação dos significados do homem e da máquina, para então compreender tal relação é uma obsessão do pensamento Moderno. Assim como ele acho que não temos, na ciência, categorias suficientes para desenvolver tal raciocínio. Melhor estudar o composto e deixar Descartes em paz.

    Nepô, agradeço pelo segundo comentário, nele você me dá a oportunidade de esclarecer meu argumento.
    1- o que seriam os fluxos?

    Minha resposta: Mais simples do que parece. Façamos a simples comparação da internet com outras mídias ou a não-mídia. Os pensadores dos anos 90 fizeram toda a trilha para nós. A internet é a primeira “plataforma” muitos-para-muitos.

    2- quando na história um movimento similar destes fluxos ajudou a humanidade a dar um passo adiante?

    Minha resposta: Para ser mais objetivo, vou usar a citação como recurso. Habermas já nos conta toda a história no livro Mudança Estrutural na Esfera Pública. Estamos vivendo a pura continuação da mesma história.
    Neste livro Habermas explica que o advento das mídias e da propaganda (jornal) provocou uma enorme mudança na estrutura da esfera pública, pois os espaços (plurais) antes ocupados pelos assuntos relacionados à família, foram tomados pela fabricação de consenso, produto da propaganda.
    As praças e os cafés públicos, antigos espaços de discussão da família burguesa e de formação da opinião pública, foram então tolhidos.
    Com o advento da web, já percebemos um movimento de retomada destes espaços públicos, agora interconectados. Os blogs, por exemplo, seriam as novas praças públicas, onde os debates e a formação de opinião podem ocorrer com menos influência da propaganda. Pois a facilidade de criar novos espaços e a dinâmica multilateral dos fluxos (comentários) permite o surgimento de tal dinâmica.

    Deixando a futurologia de lado, a infraestrutura já configurada permite um avanço da sociedade neste sentido. Coisa que mídias anteriores como jornal e televisão impediam por completo. É isto que entendo por fluxo-otimismo, como você chamou. Agora é possível, antes simplesmente não era. Mas isso nem de longe significa alguma certeza. Até porque, embora a plataforma soft apresente ferramentas de uso mais democrático (mais gente participa a um custo zero ou muito baixo), a estrutura física e os códigos das redes ainda são monopolizados. Não é a toa que existem movimentos como o net neutrality etc.

    3- por fim, que exemplos podemos ter hoje na rede, através de novos fluxos que podemos apontar como uma atividade contínua, não como uma avanço na civilização, mas na nossa humanidade?

    Minha resposta: Não sei se entendi bem, e talvez nem possamos refletir – em menos de 20 anos de rede – tal dimensão. Ademais, não sou tão atraído por exercícios de percepção de tendências, mas sim de oportunidades. Estas sim, são bastante claras para mim. Esta aliás, é uma das essências do pensamento emergente, presente inclusive na história dos AA, que você citou. O agir local muitas vezes traz todas as respostas que precisamos para o crescer global.

    Ainda no tema dos AA, recomendo também o livro “Quem está no comando? A estratégia da estrela do mar e da aranha”. Entre o caso dos AA estão muito outros, estudados sobre a perspectiva das dimâmicas emergentes. O livro é puro argumento para a defesa da auto-gestão. De fato, mostra a fragilidade de ambientes completamente centralizados. Mas esta é outra discussão… 😉

  11. Carlos Nepomuceno disse:

    Leandro,

    resumindo do que você disse e eu concordo:

    1- a Internet abre novas possibilidades, há consenso;
    2- ela abre mais espaço de participação que a mídia passada, há consenso;
    3- ela gera oportunidades para mudanças na civilização, há consenso;

    O que não é consenso?

    Ela é uma ferramenta necessária para melhorias na nossa forma de sobreviver. Mas se não houver um movimento pró-sabedoria…no contra-fluxo a rede não sustenta mudanças na humanidade e apenas na civilização.

    Não é um conceito – diria – fácil de chegar.

    Estou começando com ele faz pouco tempo.

    Dê uma olha neste post..e continuamos o papo:
    http://nepo.com.br/2010/02/22/a-humanidade-2-0-e-apenas-uma-utopia/

    PS – já li este livro e achei ótimo. Mostra que redes descentralizadas não foram coisas criadas agora, mas são opções de civilizações humanas, adaptadas às necessidades.

    O exemplo do AA é uma destas redes.

    Valeu a dica!

    E os comentários!

    Nepô.

  12. Formanski disse:

    Amigos,

    A frase:
    “O agir local muitas vezes traz todas as respostas que precisamos para o crescer global” tem relação com “Precisamos ser a mudança que queremos no mundo”, a internet (canal) facilita a troca de significados (fluxo), qual é a essência?

    Felicidades,

    Formanski

  13. Ivan Pereira disse:

    Nepô, boa tarde.

    Vejo que as discussões e reflexões estão enjauladas em conceitos internéticos, como se a humanidade somente chegou aqui depois que instalaram a Interneti. Parece que não vivemos na Terra, mas na Digitália…

    Concordo com Leandro quanto ao conceito de fluxo, porque tudo é, em suma, uma questão de fluxo e, como tal, não há fluxo sem margens e programados ou circunstanciais represamentos. A sabedoria é aproveitar fluxos e represas, assim como conceber pontes ligando as margens delimitadoras.

    Concordo que conhecimento e sabedoria são instrumentos e faculdades necessárias ao “melhor porvir” da espécie humana, e, que a informação circula melhor quando há mais sulcos onde tais fluxos possam escorrer.

    Mas, a Internet é apenas a Interface mais moderna e “fashion” para se filosofar a respeito, através de sua pletora de canais digitais e botequins virtuais, para afluir as informacões que engrossarão os diversos ramais do contínuo aumento de conhecimento humano para, provavelmente, nos levar ao quimérico estado da arte da sabedoria para o bom e bem viver.

    Fluxos são processos como tudo o que se percebe e se sabe. Como tal, estão sujeitos aos vetores processuais — espaço, tempo e energia — para agir sobre elementos sistêmicos naturais ou alocados pelos humanos para resultar em qualquer coisa, o tal “output”. E é aí onde está o busilis da sabedoria, porque as saídas podem oferecer coisas boas ou más.

    Esse blablablá para tentar consistir que a denominada “sociedade do conhecimento ou da informação” vem antes das plaquetas sumerianas, cujos fluxos informacionais e conceituais tinham que percorrer distâncias enormes e encontrar quem as traduzisse para a galera desconectada.

    Se hoje temos mais condições conectantes e conseguimos mais rápida e até instantânea interatividade, cabe-nos levar os fluxos ao encontro de outros, integrando-os ou gerando terceiros, mesmo que, por vezes resultem num encontro de águas que perdurem separados por muito tempo ou espaço. Sabedoria seria, também, promover a mescla das cores sem gerar dissensões entre os navegantes nos fluxos.

    Sim, a Internet tem um poder ligante maior do que todas os tradicionais meios de comunicação e informação, mas pode ser remédio ou veneno. Dependerá da dose e do processo de injeção para resultar em benefícios, e não malefícios, na tratativa do conhecimento transformador da civilização, na esperança de resultar em mais sabedoria para uma melhor humanidade.

    Acho complicado pensar em termos de humanidade quando esta somente se compõe dos que são usuários de computadores. Ainda fica como uma discussão elitista. Temos que tentar rearranjar, pelo menos em percepção darwiniana, tais fluxos, ora estancados na desigualdade socioeconômica e na insuficiência educacional.

  14. Carlos Nepomuceno disse:

    Ivan, vc diz:

    “A sabedoria é aproveitar fluxos e represas, assim como conceber pontes ligando as margens delimitadoras”.

    Eu chamaria de inteligência, esperteza, de bom tom, a favor do conhecimento, ligar estes fluxos.

    Sabedoria é algo que está no contra-fluxo, na relação de cada um com cada um.

    Tudo que for dado, vai na linha do conhecimento.

    O texto é justamente para separar as duas coisas e veja, que apesar de toda a discussão, não entramos no âmago da questão.

    Eu concordo com você e com o Leandro, quanto mais fluxo melhor, mas isso não nos leva para a sabedoria, que independe dos fluxos.

    Vamos em frente,

    Nepô.

    PS- Formanski, qual é a essência?

    Diria: “o repensar de um com cada um”, a despeito dos discursos teóricos.

    abraços,

    valeram os comentários.

  15. Ivan Pereira disse:

    Caríssimos,

    Dos Fluxos e Contrafluxos

    Até agora estamos discutindo os fluxos como processos de fluição de informações e não de conhecimento. Ora só se geram novas informações a partir de um acervo de prévio conhecimento, porque é isto que se informa.

    Desculpe-me, mas EMHO, só vejo uma preocupação num movimento contrafluxo para dois objetivos: um epistemológico, subir a corrente para conhecer a nascente que emana o fluxo em causa, numa ação
    “upstream” em modo heurístico, para conhecimento dos elementos sistêmicos envolvidos; o outro, operacional, para agir sobre a própria corrente para impedi-la, uma vez que para dividi-la, não precisa o esforço de um contrafluxo ou para aproveitar a navegabilidade da corrente em sentido “downstream”.

    Também, vejo contrafluxos como corrida ao passado e não ao futuro, quando poderíamos pensar em divisão ou redirecionamento, sendo mais coerente e vantajoso a preocupação com possíveis refluxos. Não devemos esquecer que em vários momentos e locais a humanidade teve os seus fluxos de conhecimento represados, censurados e puníveis.

    Hoje, não temos somente fluxos com leitos abertos, onde as margens são aparentes. Modernamente, as correntes seguem canalizadas, e não marginadas por dois lados, o que produz uma situação de hermetismo como a que fazemos neste território virtual (este blog), pela fluição de conhecimento num contexto dedicado. Talvez seja muito complicado executar um contrafluxo por um canal digitalizado, exigindo que se o faça intervindo por fora, como sói ser feito.

    Por esta razão, trato sempre sob uma visão holística os processos de fluição do conhecimento, para melhor identificar a possibilidade de gerar um ato de sabedoria a partir destas fontes ou seu conjunto. Todo e qualquer fluxo já contém uma forma de energia que pode ser utilizada sinergicamente, seja por intervenção filosófica, teológica ou psicológica,
    porque, qualquer que seja o fluxo, este somente será validado e explicado por seres humanos.

    Compreender os fluxos de conhecer e saber envolve perceber e refletir, em estado decisório e não contemplativo, o leito por onde se escorrem desde o filete original, em sua nascente, e a carga que os tributários contribuem para o volume que se apresenta no estuário contextual e ambiental onde há manifestação de contribuição e replicação dos conteúdos fluídos.

    A sabedoria, dentro do conceito DICS (dados, informação, conhecimento e sabedoria) está na aplicação inteligente dos fluidos de conhecimentos e de como tal caráter é dito ou pensado reflexivamente (sabiamente), segundo uma conduta orientada de acordo com o que concebe como verdadeiro e justo. É a velha sabedoria dos anciões, cujos conhecimentos se inspiraram nas coisas divinas e humanas, por seus fluxos irrefreáveis e intermináveis, obviamente, considerando uma condição “caeteris paribus”. Afinal, tudo flui… Ou devia fluir…

    Saudações

  16. Carlos Nepomuceno disse:

    Ivan, destaco do seu texto este pedaço:

    “Todo e qualquer fluxo já contém uma forma de energia que —>>>> pode <<<<<---------ser utilizada sinergicamente, seja por intervenção filosófica, teológica ou psicológica, porque, qualquer que seja o fluxo, este somente será validado e explicado por seres humanos." Exatamente este é o ponto. Temos num ambiente de conhecimento: a informação, o conhecimento que fica na cabeça das pessoas, a conexão, que é a possibilidade de troca, os fluxos, a atividade real de troca (emails, twitters, chats, telefones, conversas pessoais). A meu ver, tudo isso forma a planta baixa necessária para sobrevivermos no mundo. Longe de mim questionar a necessidade cada vez maior dos fluxos. O que argumento é que a história mostrou que apostar em qualquer coisa que não seja a sabedoria, um movimento que se insere nesse processo, introduzindo o novo, de forma permanente e cotidiana. Seria o contra-fluxo mental, aquilo que Paulo Freire chamou de cada uma lutar contra o seu hospedeiro implantado na sua cabeça (Pedagogia do Oprimido.) Ou os Alcoólatras compreenderem que quem bebe não é ele, mas alguém dentro dele que foi condicionado. (Levar adiante, biografia do Bill Wilson, fundador do AA, ler mais sobre AA no livro "Quem está no comando".) Por isso o termo contra-fluxo, pois por tendência o que circula nos fluxos acabam por refletir o "status-quo" por tendência. Devemos apostar em mundos nos quais os fluxos não sejam frutos dos pilotos automáticos, mas um processo permanente de construção, a partir da essência das pessoas. Não defender nos "ques", mas nos "comos". É uma visão pós-otimista. Um discurso que tenho que, de fato, tenho que aprimorar mais para não deixar dúvidas ou ficar próximo de qualquer tecnofobismo, algo como a tecnologia com sabedoria. Grato pelo longo comentário, Nepô.

  17. Carlos Nepomuceno disse:

    Ainda sobre o tema, achei essa aqui, perdida:
    http://www.fenacon.org.br/pressclipping/noticiaexterna/ver_noticia_externa.php?xid=2305

    Destaco:

    Valor: O senhor diz que o dinheiro tem um impacto no cérebro parecido com as drogas, o sexo e o jogo.

    Fernández-Aráoz: Existem dois tipos de motivação, em duas partes do cérebro. Uma é altruísta. Você faz o bem e ajuda sem querer nada em troca. Existe outra que é ativada quando você recebe algum tipo de incentivo externo e que funciona de uma forma mais egoísta. É a parte do cérebro que se empolga quando você toma drogas ou está no auge da atividade sexual. O problema é que as dois lados não não conseguem funcionar ao mesmo tempo. Se você colocar muita pressão nos incentivos financeiros pode matar a motivação por altruísmo.

    A parte pragmática é a do conhecimento, do fluxo, do piloto, do condicionamento, da compulsão;

    A segunda, que seria mais holística, é a da sabedoria.

    Os grupos de AA lutam para ativar a segunda, para não se deixar levar pela primeira.

    Vai nessa direção.

    abraços,

    Nepô.

  18. Ivan Pereira disse:

    Caríssimo Nepô, bom dia.

    Não vejo a conclusão de Fernández-Aráoz alusiva à nossa discussão — fluxos de DICS.

    Altruísmo e egoísmo são saídas de um mesmo sistema, mas, quando processados psicológicamente pela energia emocional, apresentam alterações de forma e conteúdo, ou disfunções, fazendo prevalecer o dom maior do indivíduo.

    Ao contrário do que ele (Aróz) aduziu, é possível ver as duas qualidades operando simultâneamente. Trata-se, apenas, de uma situação contextual, isto é, a sua (dele) análise se restringe às círcunstâncias e individuais que são distintamente captadas (compreendidas) diante de um ambiente ou atmosfera humanos.

    A compulsão funciona em ambos os casos. É uma energia surgente por condicionamentos, como a de quem mergulha (não se sabe compelido por quê) para salvar uma pessoa desconhecida que está prestes a se aforgar. Este herói foi altruísta ou egoísta? Por que ele não esperou a ajuda de outros? Por que quis resolver sozinho a parada? Aí o pragmatismo e a sabedoria foram pro espaço, ou melhor pra dentro d’agua, porque, diante do que parece um impulso irracional, por arriscado que é, sobrava um lapso de conhecimento que informava ser possível a salvação, mesmo contando com a sorte… De qualquer maneira, o herói acreditava em sua competência (CHA). Por pragmatismo se garantiria…

    Em casos de programas ou projetos comunitários, vemos disputa e gozo (modo egoísta) na prestação do bem (modo altruísta). Uma forma egoísta de ser altruísta quando a recompensa, independente de ser material ou emocional, é estimuladora ou promotora da autorrealização do egoísta/altruísta.

    Tudo é uma questão de autoposicionamento frente à situações diversas, como no caso dos AA, onde precisa muita Sabedoria para levar adiante o programa um-a-um. Mesmo em programas assim, há competição entre os altruístas, para ganhar destaque… E recompensas (egoísticas) prestigiosas.

  19. Carlos Nepomuceno disse:

    Ivan,
    note bem.
    Você tem razão, mas vamos dizer, que do ponto de vista conceitual, mas não da teoria aplicada a um determinado fim.

    Hoje, o que temos é o esforço da sociedade (da estrutura dominante) para desenvolver o lado egoísta humano, das compulsões para o consumo.

    Não digo que é algo maquiavélico, mas é simplesmente estimular o que interessa para que o carrossel continue girando, as sociedades estão baseadas nesse modelo.

    Mudanças nos modelos, passagem da sociedade capitalista para comunista, por exemplo, foi a inversão dos fluxos, para se estabelecer de novo outro fluxo dominante.

    Sem mudar a perspectiva de um permanente contra-fluxo, possível?

    (Eis aí uma questão filosófica interessante.)

    Concordo que somos às 7:00 da manhã egoístas, 7:03 altruísta, e assim, por diante, é um processo, uma relação, que não está dada.

    A sabedoria é uma prática diária, horária, minutária, secundária. 😉

    Porém, há, e volta o assunto, que haver um contra-fluxo, através de métodos, que se esforcem para destacar, promover, lembrar, conceber o lado altruísta.

    As filosofias antigas – empacotadas nas religões alientantes e sem a presença da razão, pois é preciso ter fé – tinham essa meta, mas foram empasteladas dentro do fluxo geral.

    Voltando ao tema original, defendo que, em função do fluxo sempre ser constante e dominante, a partir dos interesses de quem, de forma desproporcional, influencia os canais, é preciso introduzir nestes canais o estímulo ao altruísmo.

    E isso não se dá apenas com + fluxo, ou troca, mas em um processo consciente de introduzir o contra-fluxo, através do diálogo e da troca da essência entre as pessoas.

    O exemplo dos métodos do Paulo Freire e do AA se aproxima do que considero movimentos nessa direção.

    Talvez o que haja de discordância nos nossos pontos de vista é que eu tento ao mesmo tempo que conceituar, mais do que ficar nisso, procurar aplicar em algo que possa ajudar-nos a sair dos buracos.

    O que seria uma filosofia-da-praxis, a la Gramsci.

    E você, no momento, tem se colocado na procura da verdade do ponto de vista dos conceitos. O que, aliás, tem me ajudado a pensar e reformular. E explicitar melhor o que fica pouco claro.

    Ou seja, concordo que é um processo relacional de cada um com o lado egoísta x altruísta, mas quero introduzir nesse processo elementos para que o lado B seja mais presente do que é hoje nesse mar de lado A.

    Ou seja, do ponto de vista da implantação, os conceitos caminham na direção de uma ação, o que pode torná-los menos puritanos, mas úteis para nos ajudar a mexer no processo.

    Pensando alto.

    Valeu de novo.

    Nepô.

    Te agradeço,

  20. Gostei muito de suas considerações!

    Dentre vários aspectos em seu texto, gostaria de comentar sobre esse trecho: “Desconfie, portanto, de um geração que se auto-denomina a sociedade do conhecimento!”

    Já ouvi (e li) alguns pesquisadores e acadêmicos se referirem a esta sociedade como justamente sendo a do “conhecimento”. E há uma confusão de “rótulos” – sociedade do conhecimento, da informação, do entretenimento, pós-moderna, contemporânea, etc. Até para situar não há ainda uma definição.

    É um período de transição, creio eu. O desafio é construir o conhecimento através deste grande volume de informações disponíveis – e a informação hoje está a um “clique”, muito fácil para se conseguir. O que será feita de posse da mesma para se construir algum conhecimento é ( ou deveria ser) o desafio das escolas que ainda insistem – em grande maioria – com aquilo que Paulo Freire chamava de “educação bancária”.

    E falando em Freire, gosto do que ele dizia sobre tecnologia, alertando para o risco de que ela fosse promovida a “fazedores de nós mesmos”. Ou seja, existe toda a tecnologia disponível, mas há o aspecto humano. E isso “casa” perfeitamente com o que você diz: “Não existe nem tecnologia boa, nem ruim, mas adequada à determinada demanda humana”.

    Divinar ou demonizar a tecnologia – sobretudo as Tecnologias da Informação e Comunicação – é trabalhar com extremos perigosos.

    Mais uma vez, parabéns pelo texto, gostei muito mesmo! Um abraço!

  21. Carlos Nepomuceno disse:

    Jaime, gosto muito também do Paulo Freire e acho que ele tem muito a nos ajudar atualmente.

    forte abraço, grato pela visita,

    Nepomuceno.

  22. […] Temos um debate fundamental, conceitual, filosófica de fundo, que já abordei um pouco aqui. […]

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