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Bom, pessoal.

Todas as reflexões abaixo são a partir do filme Lutero e a comparação com o mundo de hoje da Web 2.0.

Eis aí o que anotamos coletivamente.

Teria várias coisas a falar sobre o quadro abaixo, mas vou começar a aula de terça que vem por ele.

anotacoes_coletivas

Abaixo, primeira tentativa de colocar em desenho a lógica de funcionamento social em relação às tecnologias de comunicação e informação:

DSCN3986

Elementos do quadro:

  • Monopólio – um grupo, ou vários, se estabelecem no poder e colocam suas “verdades” em determinado “Banco de Dados” de conhecimento. Dificultam o acesso a eles, embaralham os códigos. Esse grupo é, por razões óbvias, conservador, não adepto às mudanças;
  • Insider/mente independente – que consegue dar uma nova interpretação à verdade oficial, geralmente tem acesso ao banco de dados oficial e constrói, a luz da razão e da consciência uma nova lógica, que se alinha a uma latência e demanda das pessoas que estão sem acesso àquela base de dados;
  • Latência/Inquietação/desconforto –  sentimentos ocultos na sociedade que estão oprimidos pela “verdade oficial”, dominados cognitivamente por ela, e que passam, a partir do insider a ver outra forma de articular os dados antigos e novos disponíveis;
  • Canal/Voz – a mente indendente divulga sua nova interpretação “da verdade”, através de um novo canal, mais horizontal, que permite que um conjunto de novos “interpretadores” do banco de dados possa dar uma nova versão para a sociedade, iniciando um processo de ruptura social;
  • Canal multiplicador – a mente inteligente conta com um conjunto de multiplicadores, que se identificam primeiro com suas novas ideias e passa a circulá-las  na sociedade, nem sempre, interpretando da maneira original. Retuitando com alterações;
  • Paitrocínio – a mente independente recebe apoio em dois níveis. Um primeiro, que o percebe diferente entre outros, antes de iniciar o seu questionamento. E outra, depois, que o protege contra aqueles que não querem que suas ideias circulem;
  • Os empreendedores tecnológicos – o novo canal cria uma nova indústria que se alinha com a mente inteligente e reduz o custo mais e mais do canal, expandindo a possibilidade dos multiplicadores espalharem as ideias da (s) mente (s) inteligente (s);
  • Nova Era – este conjunto de fatores, impulsionados pelo “timing” do surgimento do novo canal de divulgação + latência + mente inteligente + desgaste do monopólio, permitem o surgimento de uma nova era, moldando novas mentes e criando novas estruturas sociais.

Complementariam algo?

Comentários serão bem-vindos!

PS – Não precisa ser aluno para opinar.

15 Responses to “Aula 3: Lutero – quadros da sala de aula”

  1. Nepo,

    fico feliz em ter contribuído, junto com a nossa muito boa turma da #posmktdig4, para a construção desse quadro. Sem falsa demagogia, quero te dizer que me sinto honrado em ser teu aluno, ter a chance de “parar para entender” as mudanças que estão acontecendo e perceber a criação da nova era em que vivemos. É realmente um privilégio.

    O entendimento dessa lógica é fundamental e se torna muito mais importante quando o transportamos para nosso trabalho e nossas vidas. A história mostra que o caminho. Nós só temos que olhar para trás.

    Grande abraço,
    FC.

  2. cnepomuceno disse:

    Fábio,

    eu é que me sinto feliz de estar entre um pessoa tão esperto, podendo ajudar a fazer a galera a subir na laje e ver mais de cima.;)

    Valeu a visita

    Nepô.

  3. Simone disse:

    Nepo,

    Senti falta de algum elemento que representasse as 95 teses… Foi o que tentei expressar na aula como sendo a “idéia” (talvez tenha me expressado mal…).

    Ou seja: A concretização de um novo pensamento a partir desta latência, da inquietação, quando fica resolvido na cabeça o que se pretende, qual o caminho que ser quer tomar, com essa “Nova Era” .

    Me enrolei de novo?

    Beijo!

  4. Não sei extamente onde encaixaria isso no quadro, mas pelo pouco que observo, vejo que as ferramentas que dão certo não possuem necessariamente um plano de negócios definido.
    Geralmente alguém tem a idéia e a executa da melhor forma possível, e depois é que vem o investidor, melhorando a estrutura para que a idéia se desenvolva ainda mais.

    Não estou dizendo que sejam pessoas altruístas, mas sim que desejam inovar de alguma forma, trazer alguma mudança e não esperam um retorno financeiro (no primeiro momento, pelo menos).

    Pode ser que eu esteja romantizando demais as coisas, mas ainda creio em idéias transformadoras. Tem uma frase que nunca sai da minha cabeça: “Construa e eles virão”, daquele filme ‘Campo dos Sonhos’… É claro que não basta ter uma idéia, executá-la e cruzar os braços esperando reconhecimento, mas acho que o retorno financeiro é sempre consequência e não deveria ser o objetivo.

    Agora é hora de começar a esvaziar a mente para a aula de hoje 🙂

  5. cnepomuceno disse:

    Simone,

    sim, há o que podemos chamar de “Novo Olhar”, que é o que foi expresso nas 95 teses. Uma jeito diferente de olhar para a mesma coisa, difundido em um novo canal, faz sentido.

    Vinicius, sim, há os elementos que se aliam ao novo canal e procuram ganhar dinheiro com eles, são pessoas que, no primeiro momento, são visionários e depois se acomodam e passam ao “mainstream”, até que venham outros.

    Depois, vou colocar tudo isso em um PPT para que possamos visualizar com mais clareza.

    Grato pelos comentários,

    Nepô.

  6. Eu acrescentaria que duas coisas levam ao “Paitrocínio”: identificação ideológica e senso de oportunidade comercial.

    Há os que resolvem bancar uma idéia inovadora por uma simples excentricidade, por realmente acreditar nos ideais da mente independente, ter como bancar e querer bancar. Não para ter um lucro, mas para ver o que aquilo pode trazer de mudanças para a sociedade.

    E há o tipo de paitrocinio que, de repente, foram os que estiveram por trás dos garotos que pegaram o manifesto do Lutero na porta da igreja e copiaram – algo que o filme passa de uma forma mais romântica, como se os donos daquela prensa fossem “paitrocinadores ideológicos”, e não com intenção em seus negócios.

    No mais, acho fantástica a idéia de se pegar o panorâma de uma história de ruptura, como foi a reforma luterana, e transportar para a identificação de uma lógica, muito necessária na elaboração de uma estratégia.

    Mas não posso deixar de observar que, no caso de Lutero, por exemplo, as mudanças causadas se encadearam de forma intuitiva, tanto por parte dele quanto por parte daqueles que disseminaram a idéia. Penso que as mudanças de eras ensinaram muito à sociedade, que, nos dias de hoje, é mais consciente do que intuitiva nas mudanças que provoca. Até por ter aprendido com outros exemplos históricos.

  7. Ricardo Pampillón disse:

    Entendo que as “mudanças de era” tenham uma dinâmica similar umas às outras, mas seria interessante traçar um paralelo entre elas mais detalhadamente para entender se o impacto desta mudança de agora terá consequências semelhantes às anteriores.

  8. cnepomuceno disse:

    Raphael,

    lembro que a rede, a Internet, começou como uma brincadeira de acadêmicos e deu no que deu. Será que somos mais conscientes? Não devemos confundir tecnológos e ideólogos.

    Lutero era consciente do que queria. Gutemberg tb. Só que Gutemberg tinha um fim que deu em outra coisa. Já Lutero conseguiu o que ele acabou amadurecendo, ao longo do processo, que era preciso uma nova fé.

    Não deu para ser na Igreja tradicional, fizeram outra.

    O que seria não-intuitivo agora, o marketing seria algo mais claro…queria aprofundar…

    Ricardo,

    esse é o grande pulo do gato.

    O que, de fato, vai se repetir, ou melhor, ser parecido e o que será completamente diferente?

    A ver,

    abraços

    Nepô.

  9. Leandro Dupin disse:

    acho legal o que o Crespo falou, isso sim se aplicaria muito bem em qualquer case empresarial pós muro de Berlim. Se não há espaço para as ideologias no mundo capitalista (e até por isso a URSS acabou), há sim um coração de mãe repleto de espaço para o senso de oportunidade comercial, que eu chamaria de “observação atualizada do cenário”. A quantidade de feedbacks que os canais do mundo moderno propõem, bem como a valorização do consumidor como personagem atuante – que cobra, que reclama, que dá os caminhos a serem seguidos pelas empresas – exemplificam isso: como no mundo da URSS, o bom senso desenhava o capitalismo como o caminho para um mundo mais justo, mesmo que o comunismo trouxesse em sua teoria exatamente o contrário. Hoje, todo mundo é responsável socialmente. Todo mundo é ecologicamente correto. Até que se prove o contrário, ou que se derrube a cortina de ferro que ainda existem nas cabeças de muita gente por aí. Acho que temos aí um bom link com o presente.

  10. cnepomuceno disse:

    Leandro, senso de oportunidade comercial faz parte da natureza humana desde que o mundo é mundo.

    O que ocorre é que explorar escravos um dia ficou politicamente incorreto e aí inventaram o salário.;)

    A pressão sempre houve, hoje parece que se organiza de forma mais fácil, do que antes da Web 2.0 e há uma necessidade de ajuste.

    Vamos aprofundar….

    abraços,

    Nepô.

  11. Leandro Dupin disse:

    Nepo,

    Então, considerando o “politicamente correto” fruto das experiências com mudanças e suas consequencias pelas quais já passamos, podemos considerar que o senso de oportunidade comercial, que sempre existiu, na verdade se molda constantemente com base no que é ou não politicamente correto hoje, como sempre fez (exemplo da escravidão) ?

    É daí então que vem fazer todo o sentido se o joãozinho escolhe a marca A, que planta árvores, e não a marca B, que vende o mesmo produto mas não planta árvore nenhuma? É simplesmente do que é politicamente correto? Não sei dizer se, com a web, fica mais fácil ou difícil determinar o que é politicamente correto ou incorreto.

  12. cnepomuceno disse:

    Leandro, desse ponto de vista podemos pensar que existe uma opinião pública que “olha” e “reclama” do que deve ser correto e “aperta” os produtores para que sigam essa nova norma.

    Acho que tlz por aí,

    Nepô.

  13. […] os ensinamentos do mestre Carlos Nepomuceno das "tais aulas sobre Lutero" (aqui, aqui e aqui) no Twitter. Conversei com alguns desses alunos e aluguei o filme e parti para o estudo e análise […]

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