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Versão 1.02 – 08.07.09 (sujeita à alteração)

Veja o roteiro.

Por que as redes de conhecimento mudam de forma?

(ainda está longo, estou trabalhando nessa parte…)

É fundamental, portanto, que possamos entender a lógica que nos leva a realizar estas mudanças, pois não só poderemos compreender melhor o presente com as mudanças advindas da Internet, como também, conseguir prever melhor o futuro, com o surgimento de outras redes.

De tudo que tenho lido ao longo dos meus últimos 15 anos estudando o tema, posso afirmar, ainda em fase exploratória que:

1-    As necessidades humanas (da comida à pintar um quadro) geram demandas de consumo (é interessante ver os estudos de Maslow sobre as necessidades humanas.);

2-    O consumo gera múltiplas necessidades de informações, cada vez maiores, conforme aumenta a população;

3-    Portanto, quanto mais habitante tivermos no planeta, mais consumo teremos e mais informações serão necessárias para manter o sistema equilibrado;

4-    Quanto mais informações, mas rápidos e sofisticados terão que ser os ambientes de conhecimento, com o surgimento de novas tecnologias informacionais que nos permitam continuar a consumir e, em última instância, sobreviver.

Nessa lógica, há uma relação visível entre o tamanho da população e a chegada da fala, da escrita, do livro manuscrito e impresso, das mídias de massa, do computador e da Internet.

Todas permitindo que cada civilização passada, presente e futura pudessem ir adiante na sua escala de desenvolvimento social e econômico.

(Volto a repetir: não quer dizer que somos melhores, apenas mais eficientes.)

Assim, na escalada humana de milhares de anos, da África à Globalização, do Ártico à Marte, podemos perceber a nossa busca pelo aumento de velocidade na troca de idéias, a partir da sofisticação gradual dos ambientes do conhecimento.

Quanto mais habitantes tivermos, mais competentes teremos que ser para circular  informações no planeta!

Faça o cálculo.

Hoje, no Brasil, são colocados à mesa, por dia, quase 600 milhões de pratos de comida.

Isso mesmo 600 milhões de pratos de comida para alimentar quase 200 milhões de habitantes três vezes ao dia, fora os lanchinhos e bolos de aniversário. :)

Quanto de volume de informação precisamos gerar para realizar a logística dessa hercúlea tarefa?

Se pensarmos a mesma lógica em todo o planeta, basta multiplicar os 7 bilhões por três,  o que nos dará 21 bilhões de pratos de comida por dia!!!

Sem falar, que quanto mais gente, mais diferenças, mais complexidade, trazendo além da quantidade evidente o aumento da  qualidade, das necessidades únicas e diferenciadas, complexificando cada vez mais o ambiente.

Uma questão imediata é: mas esse crescimento é igual em todos os cantos do planeta?

Não, a história tem demonstrado que existem centros desenvolvidos, nos quais estão concentrados as inovações do planeta.

Estes centros pode ser as empresas do Vale do Silício, um centro de pesquisa indiano, ou a Embraer no Brasil.

Estão dispersos com um volume mais concentrado nas regiões, que concentram o desenvolvimento do planeta.

Foi assim no passado e é assim atualmente.

Nestes centros inovadores, a demanda pelo aumento da velocidade informacional é maior. São eles os primeiros a perceberem o potencial das novas tecnologias e a os benefícios do novo fluxo.

Ao aderirem, como uma pedra que cai no lago, as ondas vão se espalhando com intensidades diferentes nas “praias mais calmas e remotas”  em todos os recantos no planeta.

(Veja que no Irã, no Brasil, na África e na Noruega o uso é distinto e ainda diferenciado em cada uma das regiões em cada um destes países.)

Estes centros inovadores, cada vez mais globalizados, sentem de diferentes maneiras o novo ritmo do aumento desse volume informacional planetário e, para se manterem competitivos, estão mais abertos para adotar estas novas tecnologias.

A partir daí, aderem, alteram e passam a emanar, como um farol, uma luz que passa a ser observada pelos demais recantos.

Não é necessariamente nessas regiões que as novas tecnologias são desenvolvidas.

O Linux, por exemplo, é filandês; o ICQ, israelense.

(É interessante que o livro impresso foi fruto de um sonho empreendedor de Gutenberg, que apenas queria vender bíblica na porta da igreja.)

Mas, pela sua carência de velocidade do aumento do fluxo, ao perceberem o potencial, as abraçam e passam a criar um novo paradigma, como uma locomotiva, puxando todos os vagões.

E, de uma forma, ao contrário, os sistemas fechados, hierárquicos, como é o caso de Cuba, da China ou Irã, tendem a rejeitar e combater o novo paradigma informacional.

Assim, a Internet, apesar de ter nascido de um projeto americano para evitar ataques nucleares, não se espalhou e teve a adesão do planeta à toa.

Há, antes de mudanças nas redes de conhecimento, uma latência informacional oculta que, como uma barriga que ronca de fome, só pode ser medida depois que o prato está na mesa e se vê a fúria de quem se alimenta.

Ao analisarmos a explosão do Youtube, Flickr, Orkut, blogs podemos constatar como a mídia e a indústria cultural do livro gerava sombras e demandas reprimidas.

O quanto o humano do século XX estava amarrado e faminto com jornais, rádios e tevês que, no máximo, abriam um espaço limitado, amarrado e moderado de carta dos leitores.

A humanidade para sobreviver precisa se expressar, conhecer o que os outros pensam, circular idéias, discutir, denunciar injustiças para manter um grau de inovação que possa atender às nossas demandas cada vez maiores e variadas.

A rede veio, assim, para equilibrar o nosso planeta numeroso!

Do mesmo jeito que a fala veio melhorar o grunhido; a escrita à fala. O livro impresso o livro manuscrito, e deste a mídia de massa e depois o computador.

Cada um cumprindo um papel distindo e criando novas e mais dinâmicas redes de conhecimento para atender às demandas de cada civilização.

vêm para equilibrar essa carga de informação gigantesca direta e indireta, que envolve toda a logística necessária para realizar essa sobrevivência material e cognitiva humana para garantir nossa vida de século XXI, da vestimenta aos deslocamentos; da educação, ao entretenimento.

Que se inicia nos centros dinâmicos e reverbera em toda a humanidade.

Não, não há retorno nessa escalada.

E talvez seja essa a nossa mais difícil tarefa neste momento.

Estamos à beira de uma grande mudança na civilização.

No início dessa passagem e não podemos falar de futuro nem próximo nem distante, sem levarmos em conta as mudanças nas redes de conhecimento.

Que, diferente do passado,  mudavam de forma lenta.

Como tudo, agora estão presentes e passaram até a ser versificadas, como softwares: Web 1.0, 2.0, 3.0, etc…

Não é possível, assim, pensar estrategicamente nossa carreira, nosso futuro enquanto país ou planeta sem nos colocarmos dentro desse processo mutante.

Qualquer possibilidade, aumentará, em muito, a taxa de erro.

Só há uma possibilidade de reduzir esse ciclo voraz e veloz.

Se, como no passado tivermos mega tragédias (gripe Espanhola, grandes guerras. etc) e (vira essa boca para lá) perdemos bilhões de vidas, não voltaremos para trás, mas o ritmo das mudança.

Criei uma lógica matemática para tangibilizar melhor a idéia do que ocorre em cada pequeno ambiente informacional e no mais geral planetário.

Quanto mais informação tivermos (IxQ) mais velocidade precisaremos, da seguinte forma:.

I x Q = V

I= Informação

Q = Quantidade

V= Velocidade (da troca de informações entre os participantes do ambiente.)

Quanto mais quantidade de informação tivermos em um dado ambiente de informação, mais velocidade será necessária para manter o sistema equilibrado.

E o que seria essa velocidade?

A possibilidade de circular com facilidade os dados, com cada vez menos intermediários.

E aí entramos na discussão atual.

Ou seja, precisamos tirar do caminho os intermediários para que o sistema se equilibre.

No campo das suposições, podemos dizer que quanto mais o volume de dados (o que também inclui qualidade e diversidade dos agentes que participam da rede), mais rápido  precisarão circular.

Na aplicação de um sistema geral da informação, que abrange todo o planeta, podemos dizer que o  aumento da população, gera mais consumo e, por sua vez, mais demanda de informação, com impacto maior nos centros de produção de inovação, expressa na lógica abaixo, na qual a população (P), gera Consumo (C) e, por sua vez, demanda mais informação (I):

P x C = I

P – População

C – Consumo

I – Informação

Assim, teríamos para explicar a explosão da Internet a seguinte lógica:

P (população que cresce cada vez mais e morre menos gente) x C (consumo que se expande na mesma proporção)= I (gera um índice de informação) / I (esta informação) x Q (cada vez maior)= V (demanda a velocidade da troca de informações para sobrevivermos.)

Comecei a desenvolver essa lógica, quando por sugestão do professor da UFRJ/IBICT, Aldo Barreto, cheguei à Galileu, no seu famoso livro “Diálogos”:

”(…)  estruturas de armazenagem tendem a crescer em volume periódico e cumulativamente e terão em um determinado momento que enfrentar um problema de forma e conteúdo. A menos que existam estratégias de adaptação, os estoques tenderão a quebrar por seu próprio peso; transformar-se em agregados inúteis de informação por terem um exagerado excedente de informação não relevante”.

É a teoria da similitude.

Pude observar esse fenômeno, na prática, em função das minhas observações, a partir do projeto da abertura para colaboração das notícias publicadas no Globo On-line – que acompanhei de perto – e, principalmente, em função das conversas com Aloy Jupiara, um dos coordenadores do projeto na época.

Ele me descreveu como foi o processo de permitir comentários naquele veículo.

1)    O Globo viu lá fora nos centros dinâmicos uma mudança com a chegada do “Jornalismo participativo”, “Jornalismo Cidadão”;

2) a partir dessa percepção de fora para dentro, e do sentimento de que para realizar uma cobertura numa cidade de 6 milhões de habitantes, (Rio) cada vez mais difícil – em função de uma quantidade cada vez maior de fatos a serem cobertos – manter a prática do jornalismo tradicional. Precisavam mudar algo;

3)    E perceberam que era necessário – para não perder o bonde da história adotar a nova metodologia de participação.

Abriram as matérias para comentários e mais e mais leitores entravam para opinar, e depois enviar fotos, vídeos e textos, o que os obrigou uma nova forma para gerenciar aquele conjunto de informações, não mais vindo de fora para dentro, mas de fora para dentro também.

Aloy ficava até de madrugada “fiscalizando” os comentários.

Até que um dia não conseguiu mais (faltaram cabeça, troncos e membros) e resolveu “pedir ajuda” para um novo tipo de modelo informacional.

Neste momento, também baseados em experiências externas, resolvera introduzir (como previa Galileu) uma nova forma de gestão do ambiente.

Incorporaram também na fiscalização a participação dos usuários , através de denúncias dos comentários indevidos (racistas, agressivos, mentirosos) e filtros de palavrões, ambos aplicativos desenvolvidos internamente e incorporados ao software do jornal.

Na verdade, ali a teoria de Similitude de Galileu “batia”: quando o volume aumenta, é preciso mudar de forma de gerenciamento.

Saíam de um jornalismo 1.0 (Um-muitos) para o 2.0 (muitos-muitos).

Qual teria sido o fator preponderante nessa mudança?

Intuo que se baseou na necessidade básica de mudar de forma, através do aumento da velocidade da troca de informações, abrindo para comentários, eliminando um intermediário, possibilitando um novo equilíbrio sistêmico.

Assim,  o item mais evidente, a nova forma do novo ambiente (citada por Galileu) necessária para manter o equilíbrio era aumentar mais e mais a velocidade do fluxo interno  para que a informação fluísse.

Esse recurso era a única variável possível para equilibrar o ambiente.

A cidade só cresce, os leitores idem, as demandas também.

Ou se aumentava a velocidade, retirando intermediários, ou o sistema entrava em colapso.

(Obviamente, que existem muitas formas de aumentar a velocidade, mas a mais radical é a de eliminar etapas.)

Algo similar ocorreu com o surgimento do livro impresso, se repete agora com a Internet.

E se verifica em diferentes situações na sociedade como veremos a seguir.

Veja o roteiro.

One Response to “A web não é um disco voador – por que as redes de conhecimento mudam de forma? (4)”

  1. […] em 7 07UTC Julho 07UTC 2009 às 12:24 A web não é um disco voador – por que as redes de conhecimento mudam de forma? (4) « Nepô… […]

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