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 Desenvolvo este texto a partir dos comentários do  Kaléu feitos no artigo “Otários ou colaboradores?“.

É interessante isso, pois toda vez que participo de algum debate, curso, palestra…sempre aprendo algo na interação.

Antigamente, tínhamos uma realidade diferente.

Quem detinha a informação, tinha o poder e não compartilhando aumentava o seu domínio sobre determinada área ou assunto.

A informação, de certa forma, não circulava e você passava a ter um valor acumulado, colocando-a dentro de uma gaveta, da qual você tinha a chave bem guardada no fundo do bolso.

Hoje, há um ambiente distinto.

A informação deixou de estar trancada. Há um fluxo constante e cada vez mais rápido.

O problema se inverteu.

Não é mais o fato de se ter a informação que traz o poder, mas como eu consigo com o que sei, “pescar” o que existe na rede, juntar com o que tenho e transformar aquilo em algo útil para o que está a meu redor.

Ou seja, a visão antiga de colocar na gaveta, pelo contrário, ao invés de ser um símbolo de poder, é uma perda de status, pois rapidamente aquela informação tende a perder cada vez mais o valor.

Compartilhar e estar no centro do compartilhamento, nos leva não mais a perder, mas ganhar o tempo todo, no ritmo que a rede exige, ou seja, up-to-date com o processo, se me permitem usar o inglês.

Dessa maneira, a questão sobre otário ou calaborador, se aprofunda aqui do artigo passado. Pois, na verdade, o colaborador inteligente é aquele que está o tempo todo colocando o seu conhecimento à prova e evoluindo-o com o que há de mais novo naquele campo, não deixando que aquilo que ele sabe perca o valor.

No ato de compartilhar, percebo algumas vantagens, que vou listar aqui e pode ser complementado pelos comentários.

1) saber o que as pessoas que estão tomando contato com o tema abordado pela primeira vez pensam sobre o assunto, o que poderia nos mostrar um certo senso comum, o que nos ajuda nas próximas vezes a calibrar o discurso;

2) as pessoas trazem problemas novos, questões que a inquietam sobre aquele tema que não tínhamos, a princípio, pensando que nos obriga a ver a questão sobre um outro ponto de necessidade;

3) novas informações e dados sobre algo que ainda não sabemos;

4) pontos de vista distintos sobre a maneira de abordar o problema;

5) poder de articulação de idéias e de novos pensadores que nos tiram do nosso eixo.

Portanto, quando você traz uma idéia, você compartilha, na verdade, você soma, como estamos fazendo aqui agora. Não é 1 – 1, mas 1 + 1. Por isso, que estou convencido que a idéia antiga de que eu não devo compartilhar ou colaborar, pois estarei perdendo poder, se inverteu hoje.

Poderia responder agora ao Henrique Antoun de forma mais contundente a questão do artigo passado: colaborador ou otário?.

No fundo, o otário é quem tem uma visão antiga sobre o guardar para si a informação.

Diria que existem, talvez, dois tipos de colaboradores. O ingênuo que percebe a necessidade de colaborar, mas ainda não encontrou o lugar certo. E o mais malandro que já passou pelas duas fases e encontro a sua turma e está fortalecido pela inteligência coletiva.

Que acham?

5 Responses to “Compartilhar é perder poder?”

  1. […] quais você pode  te um retorno melhor no seu compartilhamento, como discutimos no artigo “Compartilhar é perder poder?” podemos dizer que é possível se fazer uma […]

  2. Kaléu disse:

    Perfeito Nepomucemo.

    Estava comparando o seu artigo com a fala do meu coordenador em um projeto de pesquisa que diz que a essência da ciência é a divulgação dos trabalhos e as análises feitas pelos pares, pelos outros pesquisadores.

    E isso existe á décadas.

    Acho interessente pensar que essa onda toda de colaboração é algo muito antigo, que surgiu com certa sistematização junto com a ciência, nos congressos, eventos, universidades, nas praças.

    Durante algum tempo não percenia essa relação..e pensava “nossa, a Web 2.0 vai revolucionar o mundo” e agora vejo que ela apenas potencializa o que já existe.

    O que apenas confirma a necessidade de compartilhar (claro, somente para quem quer aprender.)

  3. cnepomuceno disse:

    Kaléu, na verdade, gosto de pensar no processo todo em camadas…..de evolução do ser humano de compartilhamentos cada vez mais sofisticados e inteligentes…

    Muito boa esta sua frase:

    “nossa, a Web 2.0 vai revolucionar o mundo” e agora vejo que ela apenas potencializa o que já existe.

    Concordo, e dou mais alguns pontos…

    Ela vai potencializar o que já existe e mudar o que já existe.

    Veja as mudanças que o livro trouxe à Europa. Não foi o livro que revolucionou a Europa, mas a Europa que, com o livro, pode revolucionar-se…foi a porta que muitos visionários precisavam para entrar e dizer aos outros o que pensavam….

    Tem muitos livros interessantes sobre esse assunto…

    abraços,

    Nepomuceno

  4. A palavra de Deus afirma, no livro de daniel, que nos últimos tempos “o saber se multiplicará”.

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