Por que escrevemos?
Artigos, teses, opiniões?
Basicamente, por dois motivos encadeados: vemos um problema na sociedade e queremos minimizá-lo.
(Muitos dizem que querem resolvê-lo, mas nada se resolve no mundo tudo apenas se reequilibra.)
Ninguém foge dessa regra:
problema -> minimização.
Melhor, até fogem, mas quando o fazem o texto se torna chato, pois simplesmente não acrescenta nada.
São os chamados falso-textos, que não apresentam problemas ou minimizações.
Ou aqueles que apresentam falsos-problemas (discussões longas que não nos levam a lugar nenhum).
(Obviamente, está de fora toda a intenção da arte, pois ela visa apenas alargar sentimentos e percepções. Por isso, nela tudo vale, mas note que ela é mais forte quando trabalha com os dramas humanos/problemas.)
Pode se argumentar que há textos que não vêm apresentar uma nova minimização de um dado problema, mas apenas reforçar uma já apresentada, defendendo novos argumentos.
Reforça a tese.
Há sempre:
Problema –> minimização do dito cujo.
ou
Desequilíbrio –> reequilíbrio
Ao escrever/ler é preciso identificar, portanto, o fator motivador da escrita (problema) e sua variante (minimização).
Qual o problema que vemos e como achamos que podemos enfrentá-lo de forma diferente?
Isso numa tese ou texto acadêmico simplifica muito o trabalho do pesquisador de pensar seu “tema”.
Procure encontrar nos textos que você lê essa lógica e verás quanto se torna mais simples (por esse ângulo) compreender o autor e ter uma opinião melhor sobre ele, incluindo a sua capacidade de expor um problema relevante, definir seus contornos e proposta para minimizá-lo.
E aí podemos analisar variantes:
- a) há um problema apresentado?
- b) apresenta-se minimização para ele?
- c) o problema é relevante para mim e/ou para a sociedade?
- d) está bem apresentado?
- e) a minimização proposta está bem embasada?
Depois dessa etapa, podemos ainda pensar sobre textos em dois níveis.
Aqueles que questionam práticas vigentes (intra-paradigmáticos) ou modelos mentais (paradigmáticos).
(Paradigma é um conjunto de pensamentos organizados, que formam um modelo mental e é com ele que olhamos o mundo.)
Questionamento de práticas vigentes trabalham com a perspectiva de que apenas pequenos ajustes no dia a dia podem ajudar a minimizar o problema e aceitam determinado paradigma.
Já, os textos que questionam modelos mentais, sugerem que se deve ter uma visão muito diferente de abordar o problema, propondo um novo paradigma.
Os primeiros são textos que trabalham e aceitam um dado paradigma vigente.
Os outros propõem um novo paradigma e, só nele, as práticas poderão ser alteradas.
Uma matriz em cima disso, é interessante:
- Problema –> minimização;
- Desequilíbrio –> Reequilíbrio;
- Mudanças práticas –> Mudanças de modelos mentais.
Tal síntese, acredito, nos ajuda a ler e a escrever, sobre os problemas da sociedade de maneira mais clara.
(No caso da Internet, temos hoje esse dilema, a maioria das pessoas está trabalhando com ela no intra-paradigma passado. E alguns estão questionando a maneira que compreendemos informação/comunicação/tecnologia da informação/rupturas informacionais e defendem que só é possível minimizar e atuar na rede se olharmos tudo isso de uma nova forma. )
Que dizes?
Boa argumentação. Ultimamente tenho lido muitas matérias na web totalmente vazias; sem começo, meio e fim. Tenho feito um filtro maior em relação. Muitas vezes a criatividade está apenas no tema e não se desenvolve no conteúdo. O seu blog foge deste “meio” que estamos. Abs!!!
Renata, qualquer incentivo nesse mar de desincentivo, que é o Brasil, sempre é bem-vindo, grato pela visita, comentário e apoio,
Nepô.
Acrescentaria a essa discussão, o seguinte, qualquer texto, ao apresentar um problema, aborda-o, em dois níveis: causas para que o problema esteja daquele jeito e consequências…
Estou lendo um texto sobre Informação, no qual o autor, Marcondes, diz o seguinte sobre como vemos a informação:
Causa para vermos a informação de forma equivocada:
Consequências por termos esse tipo de cenário:
Acredito que complementa o post.
Parece que encontrei a luz no fim do túnel. Infelizmente sou um péssimo escritor, não sei se é por falta de prática ou um pobre conhecimento, mas me sinto frustrado quando passo horas na frente de uma folha em branco.
Com a descoberta do seu blog espero estruturar mais meus pensamentos, e quem sabe assim conseguir tirar algum conteudo de sua escuridão.
Obrigado.
Nepô, problemas mesmo são poucos – conforme comentamos ontem em aula. Acho que esse “modismo” de encarar qualquer situação desconfortável como problema é uma forma de auto-sabotagem. É a criação de justificativas para não resolver o que realmente deve ser resolvido. Mais uma oportunidade para se trabalhar a quebra de barreiras cognitivas/afetivas, né!? Abs.
Allan, o desconforto é o que nos move.
O que nos motiva a dizer..ops,. tenho que mudar isso.
Dor, fome, sono, sede, frio…
São pré-sinais de mudança.
E ainda os mais profundos,
depressão, euforia excessiva, compulsão, etc…o que nos obriga a parar para rever comportamenos.
O modismo seriam justamente os falsos-desconfortos, como o que não estou precisando, mas vi na propaganda, gasto rios de dinheiro em livros que não tenho tempo de ler, etc…
Somos estimulados a esse falso-desconforto e aí já temos um novo post surgindo rs
valeu visita e comentário,
Nepô.