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Quando eu escrevi meus livros, o grande desafio era escolher a forma de dividir os capítulos.

Cheguei no que hoje chamo hoje de Edifício do Pensamento (Filosofia, Teoria, Metodologia, Operacional e Problema).

É preciso organizar o pensamento, colocar todos os fatores a serem abordados em uma forma lógica para que o problema a ser abordado se aproxime dos fatos.

A Ciência tem esse compromisso com os fatos, por isso, há estudos da melhor forma de organizá-los.

Quando fazemos uma obra artística isso não é necessário, pois o artista não quer espelhar a realidade, mas criar em cima dela com diversos propósitos diferentes da ciência.

Eu posso inventar o que quiser, porém quando a ideia é ajudar um mercado já ansioso e confuso a melhorar a sua interpretação dos fatos, a estrutura do livro é fundamental.

Em todos os meus três livros tive o propósito de “ajudar profissionais e organizações a lidar melhor com o digital”.

E para isso eu precisava sugerir uma nova forma de pensar o problema por etapas.

  • Primeiro, rever as bases filosóficas (relação das tecnologias com a espécie) – Filosofia da Tecnologia;
  • Segundo, rever as bases teóricas (relação das mídias com a espécie) – Antropologia Cognitiva;
  • Terceiro, rever as metodologias da Transformação Digital – (a demanda de criar área separada – Metodologia Bimodal Administrativa.

Um autor, assim, tem dois compromissos com o leitor para lidar com Problemas Complexos (o digital é um problema complexo).

Estruturar melhor o pensamento sobre o problema e depois, dentro desta estrutura, desenvolver uma narrativa, procurando dar ordem ao caos.

É a forma (estrutura) e o conteúdo (os detalhes dentro da nova estrutura).

A estrutura do livro do Kelly “Inevitável” foi feito muito mais baseado no modelo artístico do que no científico.

Kelly opta por tentar entender o novo mundo por verbos, que passarão a ser tendências: tornar-se, cognificar, fluir, visualizar, acessar, compartilhar, filtrar, remixar, interagir, rastrear, questionar e começar.

Quando vai se entrando no livro, vai se percebendo que a estrutura é mais do senso artístico (a gosto do autor) do que uma facilitadora de compreensão.

Estou na capítulo “Fluir”, por exemplo, que começa com a seguinte frase

“A Internet é a maior copiadora do mundo”.

Todas as ações que fazemos, as teclas que pressionamos, os pensamentos que temos em seu nível mais fundamental são copiados – diz ele.

Será que são copiados ou são passíveis de rastreamento?

O verbo adequado aqui é o rastrear ou passível de rastreamento, que, na verdade aparece no capítulo 10.

O livro, quanto mais eu leio, me parece um fluxo de pensamentos soltos organizados por uma estrutura aleatória, que – pela intenção (trazer esclarecimento sobre algo tão complexo e vital) acaba atrapalhando o leitor.

É isso, que dizes?

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