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O livro apresenta o contra-ponto entre duas formas de estar no mundo.

Keating – um arquiteto do esquema, marqueteiro, que consegue estar nos holofotes, do seu tempo, mente medíocre e incremental, voltada para o sucesso de fora para dentro, sem preocupação com conceitos, disposto a tudo para aparecer, invejoso.

Roark – um arquiteto fora do esquema, nada marqueteiro, que foge dos holofotes, de todos os tempos, mente disruptiva e diferenciada, voltada para o sucesso de dentro para dentro, fortemente conceitual, que não abre mão de suas convicções.

Mostra como a vida de Keating é cercada de sucessos vazios e de falta de inteireza interior.

Pessoa sem propósito diferenciado, que quer ser aceito e faz de tudo para se integrar, abrindo mão da própria diversidade não explorada.

Contrapõe a isso a vida de Roark cercada de insucessos sociais, mas de inteireza interior.

Uma pessoa que escolheu propósito diferenciado, que não faz questão de ser aceito ou se integrar, não abrindo mão da própria diversidade desenvolvida ao extremo.

O herói aqui é Roark, pois é justamente o tipo de pessoa que é confundido com o “perdedor”.

Roark seria um “Van Gogh”, mente brilhante e disruptiva, que passa despercebida no seu tempo, mas seu trabalho, em função da capacidade de ler e criar o disruptivo, se estende a outros tempos.

Rand quer, com o livro, criticar a desatenção, desprezo e combate que a sociedade tem por mentes disruptivas.

Chama atenção para excessiva valorização às mentes incrementais e o sucesso de curto prazo e o descaso com a disrupção.

Rand quer estimular a disrupção, como algo importante para a sociedade.

Forçar que pessoas mais incrementais possam ousar mais na vida e reconhecer o esforço e a importância vital dos mais disruptivos para a sociedade.

O livro se propõe ainda a ser incentivo para quem trilha o caminho de Roark.

E abre debate mais geral sobre porque afinal estamos aqui na vida, questionando aqueles que não ousam lutar pela própria felicidade.

Lança ao ar:

O que, de fato, vale à pena nesta vida tão curta? E diz na introdução:

“Não importa que apenas alguns em cada geração entendam e alcancem a realidade total da estatura apropriada ao Homem – e que o resto a traia. São estes poucos que movem o mundo e dão à vida seu significado – e é a estes poucos que eu sempre procuro me dirigir. O restante não me diz respeito; não é a mim ou a Nascente que eles traem: e às suas próprias almas.”

Rand faz, assim, apologia à criatividade conceitual como meta da vida de cada um.

No volume 2, na página 219, Roark diz: “Nunca me preocupo com meus clientes, apenas com as necessidades arquitetônicas”.

Cena do este tema aqui.

No volume 1, página 345, ela diz: ” integridade é a habilidade de ser leal a uma ideia”.

Do ponto de vista individual de cada leitor, a disrupção de Roark como normal de vida, a meu ver, pede perfil específico – e até raro.

É tipo de temperamento particular de poucos.

Mas nada como ministrar alguma dose de disrupção, como exceção aos incrementais.

Do ponto de vista coletivo, disrupção para Rand – e concordo com ela – é algo fundamental numa tecnoespécie que vive sob a égide da complexidade demográfica progressiva, que precisa se recriar no tempo.

Riqueza, assim, é filha da disrupção.

Ainda mais agora nas fases iniciais da Revolução Civilizacional Digital, em que a inovação sai do armário de forma definitiva.

O livro é, assim, atual, pois chama a atenção de quanto somos radicalmente incrementais e quanto isso é anti-humano e pouco produtivo.

Além disso, denuncia espécie de “disrupçãofobia“, que a sociedade precisa superar se quer aumentar a taxa de felicidade.

Nascente é a primeira pedra do Objetivismo, corrente filosófica criada por Rand, que acredita que o papel de cada indivíduo é criar e se comprometer com seu próprio conceito de felicidade, a despeito do que recomenda o senso comum e projetos coletivistas.

Depois, ela escreve a “Revolta de Atlas” (obra mais badalada) e vários livros filosóficos não-ficcionais..

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