A base da defesa da livre concorrência pela Escola Austríaca de Economia (EAE) é simples.
- Preços são indicadores de decisão;
- Sem a liberdade das trocas, os indicadores são falhos;
- Sem preços confiáveis, os agentes produtivos passam a erra na mão.
- Consequência: mais custo e menos benefício para a sociedade.
Não se defende a liberdade econômica por motivos abstratos, mas pela necessidade de produzir mais e melhor, com resultados melhores para o consumidor/cidadão.
A saber:
- O interessante é que a defesa da proposta dos economistas austríacos é informacional;
- Preços são informações;
- Informações que só são obtidos na realidade das trocas livres entre pessoas no mercado.
O consumidor ao eleger produtos, define o que lhe agrada, no preço que está disposto a pagar.
E vice-versa.
Rejeita produtos quando não estão a seu feitio.
O problema que precisa sofrer um upgrade da Escola Austríaca, a meu ver, que o ambiente de informação não é apenas social. É tecno-social.
Ou seja, vivemos em um tecno-mercado, promovemos tecno-trocas, de tecno-produtos e tecno-serviços.
A cultura humana é completamente tecno, pois se não fosse tecno não seria humana. Quem vive na natureza são os outros animais, nós vivemos em uma tecno-ecologia.
Isso é a peça do quebra cabeças que falta ao movimento liberal para incorporar nas teorias dos austríacos o fenômeno de uma Revolução Cognitiva.
Note que todas as nossas tecno-trocas eram feitas usando as ferramentas disponíveis de coleta de informação, tanto os preços, como pesquisas para tentar predizer para onde o mercado está indo.
O que podemos chamar de preços futuros. Ou demandas futuras.
Uma editora de livros não sabia bem o que publicar, pois o desejo do leitor era muito mais obscuro do que agora. A chegada dos equipamentos digitais e agora em rede foram criando um rastro de dados, que foi reduzindo a imprevisibilidade.
Há, assim, uma redução da taxa de imprevisibilidade ao se lançar um livro se a editora passa a usar todo o volume de dados disponível.
É o que chamo de rastros involuntários, que é onde o Google trabalha e gera MUITO valor.
O Google consegue, via algoritmos, conhecer as demandas ocultas da grande massa de usuários para poder não só (como isca) realizar a busca, que dá de graça, mas principalmente poder predizer tendências (um mercado emergente) e anunciar de forma mais personalizada para cada usuário.
- Assim, o mercado de trocas era feito no ar, antes do digital.
- Hoje esse mercado passou a ser feito mais e mais no digital, desde os cartões de crédito, até as compras on-line, no que é involuntário. Bem como, na indicação voluntária da satisfação de compra, através de estrelas, curtições, etc.
Tudo isso é gerador de informações, que vão além do simples preço.
O preço é passado, a predição é futura.
Ambos, melhora a capacidade produtiva de fazer mais com menos, podendo melhorar a qualidade de consumo, se há livre iniciativa, pois com monopólio público ou privado nada disso é relevante.
- O preço antes era um grande e importante medidor de desejos e continua.
- Mas agora, além do preço, temos um conjunto de dados digitais, que são feitos na troca, que dão base ao que o pessoal tem chamado de Big Data.
- Eu diria que o Big Data começa com o digital.
- O Big Data 3.0 começa com a Colaboração de Massa, que coloca uma nova camada humana ao digital, antes inexistente, por limites tecnológicos.
Antes, no Big Data 2.0 (se quisermos trabalhar assim) o consumidor informava o que queria comprar com meu cartão de crédito. Hoje, além do cartão, eu clico, permaneço tempos em páginas, baixo, compartilho, curto, imprimo, comento.
Somos geradores involuntários e voluntários de uma massa gigantesca de dados, que vão formando a sociedade do século XXI, que pode agora resolver o grande impasse do século passado: podemos saber melhor o que o consumidor quer, aumentando a possibilidade de aumentar a sua diversidade, sem perder eficiência na produção.
Aumenta-se, assim, a relação custo/benefício, o que nos leva a uma possível e viável descentralização de poder social, político e econômico.
Mudou a conjuntura tecno-econômica, pois hoje a informação que vem do consumidor é muito maior, o que reduz o custo das organizações, pois se produz com menos margem de erro.
A descentralização do poder é possível, pois há ferramentas para promover a descentralização econômica, já que se quer ouvir mais e mais o usuário, precisando para isso ajustar as organizações em modelos completamente novos, via Governança 3.0, com Plataformas Digitais Participativas (exemplo: Mercado Livre, AirBnb, Estante Virtual, entre outros.)
Hayek e Mises ficariam malucos com o potencial das Plataformas Digitais Colaborativas em empoderar o consumidor e aumentar, em muito, o espaço da livre concorrência. O surto liberal não será criado, mas oferecerá caminhos políticos para que isso se expanda, fortemente puxado pelas neo-organizações digitais.
É isso, que dizes?