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Quando temos um problema de volume/velocidade em larga escala é preciso descentralizar a governança!

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Tenho estudado, a fundo, os grupos de anônimos (AA, NA, etc), como uma das primeiras redes colaborativas presenciais da história. E tem algo interessante naquela história para pensar Internet, nossa espécie e novos modelos de governança.

Um livro que recomendo para quem quer começar o estudo é o livro “Levar adiante” de Bill Wilson, um dos fundadores do AA na década de 30. Outro livro que faz a junção AA e rede, é o “Quem está no comando?”.

QUEM-ESTA-NO-COMANDO

O AA surge em função da crise do alcoolismo, que não tinha tratamento pela sociedade oficial, que considerava um problema moral e não uma doença.

O primeiro modelo de governança do AA é feita, através da intermediação de curadores não alcoólatras, mas que se tornou insustentável quando o projeto cresceu e saiu em um jornal de circulação nacional.

Ou seja, eles trabalhavam em um espécie de pirâmide e tiveram que criar um modelo de rede descentralizada/distribuída.

Sem líderes.

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Bill Wilson – um dos pais do AA.

O problema foi: com os primeiros resultados positivos, foram forçados a criar grupos em todos os EUA rapidamente.

(abre parenteses)

E isso tem algo bem interessante, pois podemos analisar o seguinte, que é o que vou chamar de descentralização emergente, que é uma regra seguinte:

Quando temos um problema de volume/velocidade em larga escala é preciso descentralizar a governança!

Isso se aplica no caso do AA e também de toda a espécie, com o salto de 1 para 7 bilhões de habitantes nos últimos 200 anos.

No caso do AA, entretanto, eles conseguiram criar um novo modelo de governança descentralizada presencial, apenas com a tecnologia da palavra. No caso da Internet, a descentralização é possibilitada pela tecnologia.

(fecha parenteses)

O que podemos aprender da experiência do AA e suas redes descentralizadas?

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Para que uma governança descentralizada seja possível, é preciso duas pré-condições.

  • Definir claramente os propósitos – qual é o problema a ser atacado e como será atacado?
  • Definir as regras de como se vai organizar os nós da rede – de que forma serão coordenados, por quem e como se mudam pessoas e regras?

Assim, apenas com a intuição o AA criou as 12 tradições (como organizar um grupo)  e 12 passos (metodologia para parar de beber). Ou seja, todos os grupos podem ser criados, desde que sigam estas duas regras básicas.

E há um eixo estruturante, que é a cereja do bolo filosófica, que acredito ser a base fundamental para um modelo descentralizado, como lidar com o dilema onipotência e impotência.

Todo início e final de grupos de anônimos começam com um mantra da serenidade, ou oração:

Que eu tenha serenidade para o que não posso modificar;
Coragem para o que eu posso:
Sabedoria para perceber a diferença.

Isso é a base para a inovação e a filosofia mestra para se criar uma rede descentralizada ou distribuída, como vou explicar no próximo post sobre o dilema da potência.

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