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Versão 1.0 – 16/09/13

Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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Veja o que achas:

  • Acredito que estamos em uma guinada civilizacional.
  • Que a Internet traz uma descentralização das ideias que mudará a forma com as organizações operam.
  • Que haverá mais espaço/liberdade para o cidadão/consumidor nesse novo mundo, até que um novo recontrole seja feito;
  • Que muitos dos problemas que temos hoje serão minimizados, abrindo-se um novo leque de problemas;
  • Por fim, que estamos entrando em uma primavera da espécie com tempo limitado.

E aí você vão me afirmar que eu sou um otimista, certo?

Não me considero, pois sou cético no humano individual: seremos sempre egoístas, viciados em hábitos, loucos para nos acomodar na nossa zona de conforto.

Não seria contraditório?

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Não, pois avalio que somos uma tecno-espécie fortemente condicionada pelas tecnologias e mais ainda pelas tecnologias cognitivas.

  • Quando há um descontrole das ideias entramos em um movimento de expansão.
  • E quando há um controle em um movimento de contração.

Isso se dá diante das complexidades que temos diretamente ligadas ao aumento da população.

Muitos amigos, principalmente, os marxistas criticam o que chamam de “determinismo tecnológico”. Preferem não ir fundo nos argumentos apresentados, pois há se sabe o que é a sociedade e o ser humano. Está tudo em Marx e nas atualizações de seus seguidores.

Olham para o lado e não vêem nada de novo no horizonte e duvidam desse pseudo-otimismo histórico. Por fim, pedem provas.

Do ponto de vista coletivo, não as teremos de forma clara, pois ainda estamos no início de um processo.

Não se afirma aqui que o ambiente social hoje mudou ou está mudando já radicalmente, diz-se que está na primeira etapa de uma larga mudança, com os primeiros traços, assim como ocorreu em momentos similares do passado. Não há mudanças claras, a não ser novos novos e incipientes modelos inusitados de empreendimentos, manifestações políticas, sociais, artísticas, filosóficas.

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Poderia apontar para os estudos da Escola de Toronto que tentou provar que o alfabeto influenciou os gregos (Havelock), a prensa e a tevê a modernidade (McLuhan) e todas as mídias a história humana (Lévy).

Ali só há suspeitas, bem encadeadas para o meu gosto, mas sempre há que se dizer que falta isso ou aquilo. A única possibilidade de comprovar a hipótese de Toronto “O meio é a mensagem” seria via máquinas.Isso pode ser melhor esclarecido seria comparar mudanças cerebrais, através de novas tecnologias do cérebro. 

Ou seja, independente o que você faz com a tecnologia cognitiva, ela está mudando a sua cabeça!

A base de tudo isso é a mudança em algo do cérebro, da mentalidade, do raciocínio, da plástica cerebral que uma nova mídia causa. Se muda a plástica daquele que usa, muda a sua relação com a sociedade, que acho que foi o que ocorreu desde a Grécia, passando pela prensa de Gutemberg e agora com a Internet.

Será preciso, então, pela ordem:

  • – colocar em um dado aparelho que possa “fotografar” dadas sinapses;
  • – colocar diferentes perfis nesse aparelho, quem usa mídias sociais, de quem não usa, quem usa televisão de quem não usa, quem lê de quem não lê;
  • – criar experiências que possam provocar situações comparativas entre estes perfis;
  • – e analisar como respondem a determinados inputs, do tipo recebendo novas informações, mais ou menos rejeitam com mais ou menos intensidade a cada perfil. O mesmo para fotos de autoridades, mais ou menos rejeitam, etc.

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Hoje, poderíamos, se tivermos esse estudo, não sei se já existe –  estou pesquisando, para saber – se há mudanças significativas no cérebro de cada pessoa. E o que esta mudança implica em mudanças do indivíduo, o que nos levaria em um grupo analisar se isso provoca “coisas” até inconscientes, tal como os protestos em Junho do Brasil, basicamente feito por quem usa mídias sociais, que passou a sentir de forma diferente, inspirados pela nova plástica.

Isso tudo nos levaria a algo mais concreto e acho que estamos perto disso.

Ou seja, admiti-se como eu sempre coloquei que é uma hipótese com uma certa consistência e seria precipitado ignorar e não ter até curiosidade.

Muitos mesmo com essas – digamos possível e digamos comprovada-  constatação de mudança cerebral podem permanecer céticos em relação ao futuro, mas teríamos algo bem interessante, pois admitiríamos que tem algo que se altera e que não parte da consciência e nem do otimismo, mas é uma mudança que não tem volta e tem implicações sociais.

Esta é a tese da Escola de Toronto, que acho plausível pelo que tenho estudado de rupturas de mídia, desde 1994, passando por mestrado e doutorado. Digamos que tenho bons argumentos encadeados, mas nada que possa dar uma martelada mais tangível.

Ressonâncias ajudariam nesse caso.

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Independente isso, podemos, por fim, enquanto isso não for feito trabalhar em teorias comparativas.

Se não é uma mudança da plástica cerebral que explica os movimentos de massa em vários países, a partir das mídias sociais, tendo como parâmetro em todos a procura de nova representação, o que seria isso?

E aí – até que as máquinas de ressonância possam nos ajudar – a ir no encadeamento de argumentos mais plausíveis. Posso então até admitir que há um otimismo teórico que está em construção, parecendo ao longo do tempo ter algo que vai nos levando para uma explicação mais razoável do que outras que estão por aí.

Mas qual pesquisador não parte do que gostaria que fosse e tenta provar seus argumentos? A diferença é quando passa a distorcer e não se abre para outras hipóteses mais plausíveis. Quais seriam elas? Como explicar o Linux, por exemplo? Ou o surgimento da própria Internet, de forma colaborativa? Ou a mudança no modelo de táxis do rio que se abre para a meritocracia?

O marxismo nos ajuda, por exemplo, pois ele  o primeiro filósofo que colocou o ser humano como uma animal histórico,  questionando a metafísica como parâmetro para nos conhecer.

O que se procura aqui é analisar mais fundo este animal humano dentro não da natureza, mas de uma tecno-natureza transformada e que há mudanças que só se explicam por debaixo dessa camada. A partir dela, todas as outras mudanças sociais, políticas e econômicas, explorações e contradições voltam a agir, mas condicionadas pela força maior do tecno-ambiente e não o contrário como imaginávamos até agora.

Por aí,

que dizes?

2 Responses to “Otimismo ou Realismo?”

  1. Talvez a pesquisa da Rebecca Saxe: http://bcs.mit.edu/people/saxe.html – possa ser o que procuras.
    Ela é do grupo que inventou o transcranial magnetic stimulation (TMS), que é o aparelho que aquele pesquisador brasileiro usou na pesquisa que tenta identificar a consciência que eu citei na nossa aula.

  2. Vanuza Cavalcanti disse:

    será q questionar a metafísica ajudou a usar mais o lado esquerdo do cérebro e a desenvolver tecnologia para a confirmação de hipóteses e solução de problemas? Em contrapartida, será q toda essa ânsia descartiana aniquilou o lado direito do cérebro? P q será q as técnicas de meditação e o pensamento oriental estão tão em voga no meio científico? Parece q a hipótese metafísica, já pode ser mapeada e comprovada a eficácia… Miguel Nicolelis há algum tempo já fala na substituição da internet pela brainet…
    Como será o papo da van? Será q meditação é considerada tecnologia cognitiva?!
    http://www.youtube.com/watch?v=AGnGRgyLwMs

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