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Versão 1.0 – 16/09/13

Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

filosofia

Estou quase terminando de escutar uma destas pérolas perdidas no Youtube. Um ciclo de aulas/palestra do prof da USP/Filosofia. Franklin Leopoldo e Silva:  “Filosofia e Intuição Poética na Modernidade”, na qual parte do estudo de Baudelaire e seus conflitos com um mundo fragmentado, no qual o poeta está isolado.

(Quem quiser se aventurar, começa aqui – sugiro baixar para o celular e ouvir como se fosse MP3, veja mais detalhes como se faz isto por aqui)

São, se não me engano,  15 maravilhosas aulas de 45 minutos cada e destaco esta em particular a #14, na qual é discutido a partir da análise de Sarte a condição humana da liberdade de se conhecer ou não.

Note que há uma proposta de que o ser humano, diferente do que é o senso comum:  uma tensão entre aquilo que ele acha que é  ou disseram que ele é (destino fechado) versus aquilo que ele tenta saber e questionar aquilo que disseram dele (destino mais construído ou menos alienado). 

Para Sartre, que representa os existencialistas, que tiveram como pai Martin Heidegger, defendem que nós não somos seres humanos, mas projetos de humanos, que podemos ou não mais ou menos potencializados, a partir da nossa liberdade de ser, ou tentar romper a barreira social.

A atitude filosófica é algo que marca o século passado e o atual e se insere como algo fundamental para esse mundo instável e digital, líquido que estamos entrando com a chegada da Internet.

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O que acrescento ao debate é a visão da Antropologia Cognitiva.

Diria que o exercício de conseguir ser, ou da liberdade de procurar o nosso caminho e poder rejeitar aquilo que a sociedade quer que sejamos, depende TAMBÉM da conjuntura cognitiva. Quanto maior for o controle das ideias, menos temos chance dessa liberdade, pois teremos mais isolamento, o que favorece aquilo que disseram de nós. O espaço do questionamento é menor. Já vimos no blog que o controle das ideias varia de forma macro quando temos novas tecnologias cognitivas mais descentralizadoras disponíveis.

Note que estávamos imersos em um mundo sem espaço para que cada um pudesse ter a sua “trincheira mais aberta de expressão e de contra-submissão”. Uma contra-sujeição era limitada por esforços individuais, sem a possibilidade de viralização, que a Internet permite, através do encontro de pares e reforço de novas imagens, através do curtir ou não curtir.

O existencialismo e a liberdade de “não ser o que me impuseram” ganha ferramentas para expandir a liberdade individual de procurar com menos dificuldade o próprio caminho e poder ser aceito por alguém que se identifica e se vê no outro, tirando-o da solidão da falta de pares.

Podemos observar que muito do sofrimento que temos hoje vem dessa incapacidade monoteísta impressa-eletrônica de impor dificuldade exacerbada na libertação da eterna procura de cada um daquilo que pode ser. Tal busca pode ser facilitada com o descontrole das ideias digital, pois o índice de solidão individual ou da ” prisão solitária”  se reduz.

Diria mais.

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No vídeo, levanta-se a tese de que para que esse ser que procura, é preciso uma indefinição constante.

“Hoje eu sei mais ou menos o que sou, até amanhã, quando farei uma revisão”.

A visão existencialista é uma visão aberta, “sou uma versão permanente em evolução”, que é, no fundo, a base antecipatória do digital, no qual tudo que é hoje pode não ser amanhã, devido à facilidade que temos de alterar registros, o que era muito mais difícil no ambiente impresso-eletrônico.

O existencialismo é o digital sem o digital. É a proposta de ser líquido em um mundo muito mais sólido impresso-eletrônico. Agora, o que era uma proposta filosófica, torna-se algo que é impulsionado, condicionado pela novo ambiente digital politeísta. A atitude existencialista é aquela que antecipa o politeísmo digital, pois permite ter uma atitude mais coerente nesse novo mundo indefinido, não fechado, aberto em que tudo é uma versão que pode ser alterada pela interação.

Um professor que vai para sala de aula (ver a discussão sobre isso de Mosé) não pode conter o conhecimento pronto, mas algo que deve estar em aberto, em relação com ao que virá, pois só assim pode lidar com um aluno que tem um Google nos dedos. E com um conhecimento que hoje é, mas amanhã não é mais seja por uma pesquisa nova, uma nova interpretação.

Tenho trabalhado isso quando defendo um novo tipo de relação com o ego que precisa ser desenvolvida para poder lidar com um mundo mais líquido, na qual as verdades não são construídas de forma rígida e de cima para baixo, como o monoteísmo impresso-eletrônico necessariamente obriga.

Seria um ego existencialista digital politeísta.

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Sartre

 

A base dos meus cursos corporativos, ficou mais claro para mim depois do vídeo, é existencialista e essa visão “não pronta” é a chave para lidar com um mundo instável e inovador que se apresenta com a chegada do politeísmo digital, no qual cada um tem uma verdade, sujeita no “corredor polonês”  dos comentários, das estrelas, das recomendações, do curtir e do não curtir.

Agradeço muito a generosidade do prof. Franklin, que me acompanhou pela cidade do Ri0, via celular, ao longo das últimas semanas.

Que dizes?

 

 

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