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Versão 1.0 – 03/09/13

Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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Comecei neste post e continuo neste a análise do livro “Revolução da escrita na Grécia” de Eric Havelock.

Veja a página 85 do livro (íntegra da página no final do post).

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Destaco o item: “Estava em curso uma revolução tanto psicológica como epistemológica”.

Havelock luta contra os que acreditavam que o alfabeto teve apenas o impacto da mudança da transmissão de conhecimento oral, via poesia, para a prosa, uma mudança estética, mas ele vê impactos mais profundos.

A poesia era necessária, bem como as canções, pois permitiam a fácil memorização. Era difícil memorizar prosa. O que ele defendia é que quando o cérebro está sobrecarregado com tarefas como memorizar tem pouco espaço para outras atividades, tais como criar ou conceituar.

Vejamos o trecho:

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A chegada do alfabeto, que era a possibilidade de uma escrita mais barata, colocou no papel o que era guardado na memória e isso abriu espaço psicológico e epistemológico para que pudéssemos nos dedicar a criar, o que acabou resultando em todo movimento filosófico posterior na Grécia Antiga, tendo como expressão social principal o conceito de democracia.

Ele chama de energia psíquica que era gasta e passou a ser potencializada para a criação.

(Se formos ler Clay Shirky ele fala de excedente cognitivo que foi liberado.)

Por fim, outro ponto interessante é de que há um estímulo para criar o novo quando há a possibilidade de que se possa preservar as ideias para o futuro. Se você pensa apenas para um conjunto de pessoas e não pode ser preservado para o futuro, há a falta de incentivo para se ter ideias novas.

Este é um conceito novo e interessante, vejamos:

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Note que aqui temos dois desdobramentos práticos e atuais:

  • A ideia de liberação do cérebro para não mais memorizar e poder criar é algo que podemos atribuir aos buscadores. Os jovens hoje alegam que não precisam mais de tanto decoreba e nem decorar, mas conseguir juntar os fatos, já que o Dr.Google a tudo responde – pede-se articulação de informações.
  • E acredito que temos uma nova abordagem em relação aos blogs e canais do Youtube, pois podemos imaginar que muitas ideias que estavam aí sem estímulo de expressão agora ganham corpo na vontade de seus autores serem ouvidos e lembrados no futuro (este blog é um bom exemplo disso).

O que podemos analisar lendo Havelock é que quando uma nova mídia chega ela consegue liberar áreas desperdiçadas do cérebro que uma mídia anterior – menos sofisticada não permitiam – e que isso gera um fluxo de inovação de ideias não só por essa liberação (e mudança da plástica cerebral/minha interpretação) bem, como um novo estímulo para a produção de novas ideias.

Se somarmos tudo isso a hipótese que defendo da necessidade de inovar para gerenciar um número maior da espécie vamos juntando peças do quebra-cabeças.

É isso, que dizes?

Segue a página completa:

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