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Versão 1.0 – 14/08/13

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A construção de conhecimento atual é compatível com o ambiente cognitivo em que vivemos.

A produção é vertical e todo a certificação social daquilo que você conhece algo é dada por uma dada autoridade dentro de uma dada organização, através de um dado documento. Muitos dirão que é assim que deve funcionar, mas desde que tais instrumentos não sejam bloqueadoras da criatividade como têm se prestado.

Você pode estudar por fora, criar coisas, mas não terá certificação.

A certificação é uma forma de controle e de manutenção de um dado “status quo” das organizações produtoras de conhecimento e isso é um processo dialético, pois tanto precisamos de autoridades para regular/facilitar nossas vidas, desde que elas funcionem e preservem a meritocracia. Ou seja, precisamos de regras e autoridades, desde que elas funcionem em prol da redução de sofrimento da sociedade.

O problema, como tenho dito aqui no blog, é que as organizações e as autoridades passam dois momentos distintos ao longo da história, variando conforme o momento da ecologia cognitiva:

  • – o de reconstrução do modelo – quando temos um novo ambiente cognitivo;
  • – de consolidação do modelo – quando mantemos por um longo período um mesmo ambiente cognitivo.

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Vivemos, no atual momento, o fim da consolidação de um dado modelo de produção de conhecimento, que começa com o iluminismo/renascimento, a partir da tecno-ecologia do papel impresso, que cria a ciência moderna, mas que depois vai gerando uma burocratização normativa,  que acaba  transformando o fazer científico em algo cada vez menos meritocrático. Começa seu questionamento e a procura de um novo modelo, a partir da chegada da Internet.

Não é responsabilidade das pessoas que lá estão, mas de todo o ambiente, que foi envelhecendo ao longo do tempo. É uma crise tecno-cognitiva da própria governança da produção científica.

Toda vez que tivermos uma  longa continuidade de um dado ambiente cognitivo teremos uma situação similar a atual.

Assim, as organizações/autoridades envelhecidas pelo mesmo ambiente procuram ao longo do tempo criar regras e formas de avaliar o mérito que acabam favorecendo a conservação das ideias existentes e não a inovação das mesmas.

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Bom, isso é cíclico e nos momentos de reconstrução temos, na verdade, movimentos de questionamento das regras das autoridades vigentes para a produção de um conhecimento renovado e inovador.

Por outro lado, podemos observar também que nos momentos de consolidação, em função da tendência a conversação, o mérito vai caminhando para a forma, para a quantidade e não a qualidade do que se produz e um reforço de trabalhos incrementais.

Reforça-se uma tendência humana a lidar com assuntos, valorizar o saber enciclopedista e não um saber problematizante.

Por quê?

O saber enciclopedista é algo que valoriza o modelo vertical das autoridades, pois passa a se criar sumidades em determinados assuntos, mesmo que estas sumidades não colaborem em nada para ajudar a resolver os problemas relevantes da sociedade. Nada contra sumidades em assunto, mas isso não pode ser a regra, apenas a exceção.

Há assim, depois da chegada do novo ambiente cognitivo, uma guinada contra essa tendência.

Há uma procura de um modelo de produção de conhecimento mais colaborativa do que a anterior e novas formas de diálogo para que as novas desautoridades (aqueles que não são certificados pelo velho modelo) possam produzir um conhecimento novo em direção a uma autorização social, a despeito dos velhos métodos.

Nestes momentos é natural que acha uma tendência a um auto-didatismo e a procura de romper barreiras entre desconhecidos, que antes não se falavam, criação de ambientes de diálogo, para construir uma nova forma de conhecimento.

Obviamente, que tal produção irá se focar mais em problemas e menos em assuntos, se abraçará na sociedade para se validar, procurando quebrar a barreira das antigas autoridades.  Problemas relevantes servirão de guia principal para a eficácia do seu trabalho, pois o guia deixa de ser a autoridade/organização e passa a ser o problema e as pessoas que precisam de sua minimização.

Tal produção será “costuradora” de conhecimentos passados, que estão jogados e sem uma articulação em torno de problemas relevantes.

É algo bem interessante e definirá os rumos da academia nas próximas décadas.

O que dizes?

4 Responses to “A produção de conhecimento 3.0”

  1. Luciana disse:

    Vejo assim: problema tem níveis de abordagem que equivalem mais ou menos às palavras “o que/onde”, “como” e “por que”. Cada um tem seu delta T (de tempo) de resposta. Todas as abordagens devem considerar a rede complexa que estrutura o problemas. Só muda analítica: descritiva, diagnóstica e prognóstica. É bom que tenha gente trabalhando em cada nível.

  2. Paulo Mello disse:

    Com a quantidade de conhecimento disponível na internet, principalmente em vídeo (Youtube etc) as pessoas adquirem conhecimentos de forma muito mais dinâmica que em uma sala de aula 1.0, e a autoridade – ou guru – passa a não ser mais uma autoridade, nem mesmo uma entidade unificada, mas uma miríade de fontes e estas são frequentemente “discretas” e não autoridades constituídas.
    Este é um modelo a ser incentivado e não combatido, as “Autoridades” já começaram a correr atrás do prejuízo quando incorporaram os cursos online, mas mesmo assim elas estão bem atrás nesta corrida.

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