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 Costumo dizer que radical é a mudança e não a metodologia.

Versão 1.0 – 17 de outubro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.
PALESTRA NA ÍNTEGRA PODE SER VISTA AQUI:

Este é o tema deste evento de hoje à noite, palestra com o patrocínio da e-create. Vou auto-responder algumas auto-perguntas, que servirão para quem vai e quem não vai.

Vamos à elas:

Qual é o futuro das organizações com a chegada das mídias sociais?

Estamos diante de uma Revolução Cognitiva que altera a forma do ser humano se relacionar com a informação e, por sua vez, de como controlamos processos. O que nos leva a uma mudança na forma de se fazer a gestão, pois gerir é controlar e não se controla nada se não temos informação. É um tripé.

Estamos saindo de organizações que definiam o quê e o como para aquelas que definem apenas o quê, deixando o como por conta dos usuários.

Ou seja, de organizações ordenhadoras de vaca à apicultoras.

As novas organizações se transformam em gerentes de plataformas digitais colaborativas, robôs informacionais, que calculam as transações possíveis a serem realizadas, a partir dos custos.

Posso, assim, deixar que meus clientes decidam sozinhos ou coletivamente, que tipo de produto/serviço querem, quando, onde, de que jeito. E até se vão revendê-los no mercado, ou criar os seus próprios, agregando valor para toda a rede, desde que continuem na minha plataforma.

Estamos entrando no mundo em que quem tiver a melhor plataforma para fazer isso, vai gerar mais valor!

Tudo está em aberto, tudo é válido, desde que o cálculo feito na plataforma pelos robôs atenda os interesses, de forma transparente, de todos os envolvidos, incluindo a organização, que é dono da mesma.

Serão grandes plataformas digitais colaborativas que serão criadas para que os clientes se articulem, conversem e imprimam seus desejos, o que é completamente incompatível com o modelo de gestão e como pensamos negócio hoje em dia.

É para tal cenário que estamos indo, que vale para para a escola, para o governo, para o Congresso, para as cidades…questão apenas de tempo e lugar.

Mas como passar das organizações atuais para as novas neste modelo proposto?

No passado, acreditava ser possível fazer a migração das organizações atuais para o novo modelo, através de projetos internos, graduais, começando em um determinado setor e se expandindo.

A prática, o estudo, as observações me mostraram que isso não é viável. São duas culturas diferentes, duas linguagens distintas, tal como o aramaico e o japonês.

Ou seja o tempo e custo para que se entendam  são tão altos, que não me parece a melhor metodologia.

Desenvolvi com meus alunos e clientes um novo modelo de migração, pela ordem:

1) assume-se que o modelo atual de gestão está com seus dias contados em função da Revolução Cognitiva (a parte mais difícil, pois nunca estivemos tão despreparados do ponto de vista cognitivo/emocional para viver uma mudança tão grande);

2) cria-se um processo de passagem, através de uma carteira de inovação planejada;

3) cria-se uma “start-up” totalmente aculturada no mundo 2.0, com plataforma correspondente, para criar uma zona de futuro, no qual problemas serão passados para lá, com iniciativas “aculturadoras” na empresa mãe, que vai migrar gradualmente para a nova.

Esta “start-up” é a nova organização que irá crescer e terá como missão “matar” a antiga, passando os problemas e pessoas para lá e deixando os processos intoxicados pela cultura passada para trás.

Não é uma medida muito radical?

Costumo dizer que radical é a mudança e não a metodologia.

Se um médico observa que seu paciente tem câncer no pulmão e só há uma operação para mantê-lo vivo, podemos dizer que é um método traumático, doloroso, mas inevitável.

Tudo se resume ao diagnóstico e o melhor tratamento.

Não quer dizer que haja um apenas, mas é possível, como em tudo, analisar depois se deu, ou não, resultados.

Se vejo que a gestão atual vai acabar e consigo calcular isso, através de estudos e observações, o que me resta a fazer a não ser comunicar a meu “paciente/cliente”?

Faço e refaço meus cálculos, de forma aberta, em encontros participativos, no blog, nas palestras com bastante discussão. E apresento meus argumentos, como cheguei a essas conclusões.

Deixo que cheguem à essa conclusão pela razão e não pela emoção, como estamos mais acostumados.

Não, não acordei no meio da noite com essa visão.

Foram anos de estudo e prática em cima do mesmo problema: o que a Internet traz para o mundo e como alinhar com o mundo que ela trará?

Você, então, se considera um profeta digital?

Não sou um adivinho e nem tenho bola de cristal.

Não cheguei até aqui sozinho e nem do dia para noite. Tenho um longo tempo, desde 1992, trabalhando e estudando com meus alunos estratégias de como ajudar as organizações com o mundo digital.

Gostaria muito, como já achei no passado, que pudéssemos ter algo menos radical, mas a vida tem se mostrado dessa forma e é preciso que olhemos para ela sem intoxicação do paradigma passado e consigamos nos alinhar.

Se alguém me apresentar uma empresa migrante que está conseguindo resultados implantando redes sociais corporativas, através de mudanças pontuais aqui e ali, serei o primeiro a querer  conhecer profundamente os detalhes.

Como já visitei várias e vi que tem muita fumaça e pouco fogo.

Vejo crise na mídia, na indústria da música, nos bancos, nas editoras de livros, no comércio, nas empresas de telecomunicações, de maneira geral. Na área pública, nas estatais, nas agências reguladoras. 

A base da crise é sempre a mesma: aumento de volume de demandas, com o mesmo modelo de gestão, com crises de qualidade de atendimento, aumento de custo e redução de receitas, com um cliente/cidadão cada vez mais exigente e milhares de startups comendo o lucro pela beirada.

Estou mentindo?

Imagina se a Indústria da música criasse há 10 anos um Napster para experimentar, ela mesma, será que estaria na situação que está hoje? E os jornais e as editoras de livro?

Há uma certa lógica no que estou dizendo.

Digo mais, se fosse com o senso comum do mercado hoje teria muito mais clientes do que tenho, porém não teria os que vou ter no futuro. 😉

Tenho que oferecer para meus clientes resultados.

Prefiro ter poucos satisfeito, por agora,  do que diversos, como vejo por aí, sem nem saber que métrica vai adotar para analisar se o seu projeto de rede social corporativa está dando resultados.

É esse vôo cego que estamos procurando combater com estudos participativos, hoje com mais de mil participantes, entre aulas, grupos de estudos e palestras.

O problema, então, é de visão?

Toda crise tem embutida dentro dela um problema de percepção.

Ou seja, toda crise é uma crise também de percepção.

Pensávamos a vida de um jeito e a vida veio  mostrar que havia um equívoco na forma de pensar a vida, o que gerou a crise.

Assim, para não repeti-la precisamos repensar como pensamos. Ver a realidade de forma diferente, pois uma crise mal-vivida é uma crise que volta.

As mídias sociais geram crises de todos os tipos para as organizações.

Destacaria duas: de marca e de competitividade.

No campo das marcas, que envolve filosofia, fica mais claro que as organizações tornaram-se muito mais egoístas do que já foram. O controle das ideias do ambiente cognitivo impresso/eletrônico, que formou a Idade Mídia (de massa), nos levou para organizações voltadas para seu próprio umbigo.

Isso é humano: quanto menos controle social, mais a taxa de egoísmo tende a crescer.

O consumidor/cidadão, entretanto,  está muito mais consciente, articulado e empoderado do que antes, o que nos leva a uma redução da taxa de egoísmo, pois amplia-se à da transparência.

O que era possível de fazer no escuro no passado veio para a luz agora.

E isso gera crises filosóficas da marca, de princípios, constantes, o que leva relevantes pensadores a começar a defender um capitalismo social, que é basicamente empresas voltadas para os clientes e não apenas para o interesse de curto prazo dos acionistas, do lucro como objetivo final e não como algo que se consegue, a partir de uma boa relação com os stakeholders.

Além disso, há um novo modelo de solução de problemas, que gera crises de competitividade, frente a novos modelos de negócio, que aparecem de todos os lados.

Quem adota todo o potencial da rede digital nos negócios consegue de forma mais barata, dinâmica e precisa resolver antigos e novos problemas.

Isso abala a competitividade de quem não adota o novo modelo, tanto na área privada, quanto na pública, que tem a competitividade eleitoral.

Estamos assistindo a um carnaval de startups desfilando na avenida cada vez mais em mais e mais setores. Esse desfile será o grande incentivador das mudanças que as organizações 1.0 relutam em fazer, cada uma no seu tempo, pois quanto mais ligada estiver em bens intangíveis, mais urgente será a premência da mudança.

E uma metodologia como essa aparecerá cada vez mais como uma opção mais barata, gerenciável, sustentável e passível de ser implantada, pois tem por trás dela um diagnóstico mais preciso de onde estamos e para onde vamos.

Simples assim.

Adoraria que alguém, pela lógica e dados, provasse através de argumentos que o que é dito aqui pode ser melhorado e que pontos mereceriam ajustes.

Estamos todos no mesmo barco, querendo mudar para um futuro que gere  valor. Estou tentando desenvolver o que chamo de consultoria orgânica, algo que possa ser construído pela lógica dos fatos e não do que eu gostaria que fosse acontecer, ou que eu quero que aconteça, independente da realidade, o que chamo de agrotóxicos cognitivos.

Ajuda aí.

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