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 Não há o que mude, não há quem mude, pois só há o mudar  – I Ching;

Versão 1.0 – 22 de junho de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Ok, sem querer ser piegas:

Estudar é uma estrada.

Em alguns pontos, temos encruzilhadas.

Na verdade, quanto mais fundo se vai em um dado problema, mais se estuda as forças que causam desordem nas forças das ordens que não querem mudar.

A ciência, no fundo, é e sempre será, o estudo das mudanças.

Nessa direção, melhores autores são aqueles que nos apontam não o que está na superfície, aquilo que boia depois do naufrágio. Ou tudo que existe no barco, antes dele. Porém, o que pode causar, ou não, o naufrágio.

Se fosse parafrasear o Brecht diria: estes são os essenciais.

Aliás, no tempo do excesso de informação, precisamos de autores essenciais que nos mostrem de forma sintética os possíveis buracos do navio e como tapá-los.

Se não formos nessa direção, nos perderemos e afundamos.

Quem são eles?

Os que conseguem apontar os pontos de ordem e desordem no ambiente.

Volto ao I Ching:

“A verdade é o que é, naquilo que parece ser”.

E o que é não é, mas está (mudando).

Há forças que não querem que a mudança apareça, ou ocorra e criam a fumaça.

Cabe aos filósofos e aos teóricos apontarem o dedo para as forças da mudança.

As forças da ordem estão aí cantadas aos berros por todos os cantos!

Porém, de nada adianta a um pensador apenas apontar o furo, mas não ajudar a pensar também metodologias para tapar o furo.

Por isso, tenho batido em uma tecla de que bom teórico é aquele que consegue passar pela filosofia, teoria e metodologia, costurando de forma harmônica essa colcha.

Assim, há autores que:

  • – Reforçam nosso caminho, pois vamos procurando as forças e eles nos mostram que estamos pertos;
  • – Outros que nos levam para outros caminhos, pois nos mostram forças desconhecidas.

O aprofundamento sobre determinado problema necessariamente vai nos levando a essas encruzilhadas de conhecer características de velhas e novas forças, ou mesmo, de forças novas.

  • Ora, vemos que os argumentos são frágeis, que precisam ser melhorados;
  • Ora, novos fatos se apresentam que demonstram que precisamos fazer desvios.

Assim, a ciência é feita desses dois marcos, como aliás disse de outra maneira Thomas Kuhn, que a ciência é feita de momentos cotidianos e excepcionais, algo que os chineses estavam carecas de saber na sabedoria de que:

“Não há o que mude, não há quem mude, pois só há o mudar” – I Ching;

Thomas Kuhn

Nem sempre, entretanto, uma bifurcação excepcional de um pensador consegue na sociedade ter impacto, pois nem sempre queremos ver as forças da desordem.

Quando a ordem é muito forte, que consegue esconder as forças da desordem, ou a desordem ainda não ter força para começar a mudar a ordem.

Assim, um pensador visionário – que aponta a força escondida de uma nova desordem – é aquele que escreve para futuras gerações e não para a que ele conhece.

Podemos dizer que Darwin, Freud, Einstein, MchLuhan foram pensadores “encruzilhantes”, que trouxeram ao mundo a invisibilidade de algumas forças, que estavam aí, mas não eram nominadas, pelo menos, por uma parte da civilização.

Uns com mais ou menos aceitação, em função da força apresentada.

  • Pensamentos extraordinários questionam o senso comum;
  • O senso comum é aquele que rege os padrões de um dado setor (ou de toda) a sociedade;
  • Sobre os padrões da sociedade repousa a estrutura de poder.

Assim, questionar o senso comum, apontando a existência de uma nova desordem, questiona  padrões estabelecidos e o próprio poder.

Há a dificuldade humana de parar para pensar, que talvez seja o elemento principal da ordem.

Além de todos interesses envolvidos, quando começam a ganhar escala – outro forte elemento da ordem.

Pensadores extraordinários não têm uma vida fácil, pois apontam forças, que se colocadas em prática vão trazer a desordem.

 

Digo tudo isso, pois estou relendo, depois de muitos anos, McLuhan que tem um papel fundamental na compreensão do momento que vivemos.

(E começando a ler o livro do I Ching o livro das mutações)

A base do pensamento de McLuhan é a revisão do papel das tecnologias no ser humano, não como um elemento neutro, mas um causador de desordem em dos níveis: um mais superficial, visível, que é o uso específico da mesma.

E outro naquilo que ela traz de mudança na maneira de pensarmos, olharmos, nos relacionarmos com o mundo, mas profunda, de longo prazo e potencialmente “desordenante”.

Assim, diferente do senso comum, ele defende que tecnologias, incluindo a das mídias,  não são neutras, pois implicam em mudanças profundas, inconsciente e invisíveis.

Independente o uso que fazemos da tecnologia, ela cria um ambiente cultural em torno dela, exercendo um poder invisível de mudar o ambiente cultura, independente o resultado de suas ações, no caso da mídia, conteúdo.

Obviamente, num jogo de ping-pong, muda o humano, que muda a tecnologia, que muda o humano, etc….

Ele defende que só é possível analisar estes impactos mais profundos, pois não são visíveis a olho nu, por estarmos muito próximos da mudança, ao se analisar um grupo que não a utiliza no mesmo tempo ou irmos a um tempo anterior para que se faça a análise.

Podemos dizer, assim, que a análise dos efeitos das tecnologias é um problema complexo (ver mais sobre problemas complexos aqui.).

E que existe sempre uma análise mais superficial dos seus efeitos imediatos, do que conseguimos ver, mas um lado invisível que não é perceptível.

Perceber esse lado invisível, agora digo eu, é o papel dos teóricos que estudam as tecnologias e seus efeitos, através de:

  • – separar que tipo de tecnologia estamos tratando, pois nem todas tem o mesmo impacto/condicionante;
  • – analisar em que momentos da história surgiram, em que contexto, e que mudanças invisíveis trouxeram ao mundo;
  • – e seus possíveis desdobramentos, analisando aquilo que vai reduzir ou amentar o sofrimento humano para poder intervir com mais propriedade.

Tal visão nos ajuda a analisar o atual caminho que estamos tendo ao pensar e agir diante da chegada da Internet e seus desdobramentos.

A maior parte das ações que temos tido são, a partir da primeira análise dos resultados imediatos, sem perceber os efeitos mais profundos, estes duradouros e de forte mudança cultural na sociedade.

É tempo de McLuhan 2.0.

One Response to “Ordem e desordem nos rumos da ciência e um pouco de McLuhan”

  1. Marla Durden disse:

    Pareço pinto no lixo! #MtoBom!

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