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Compreender as causas, as consequências e, principalmente, as ações corretivas que devem ser feitas para lidar com a informação nesse novo século é o grande desafio para o profissional da informação – Nepô – neste post.

 

Versão 1.1 – 21 de março de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode redistribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Vejam vocês este artigo no Valor, de 20 de março de 2012.

Apple enfrenta desafio de vigiar sua loja de aplicativos.

No artigo, é apresentado os atuais problemas da App Store, ambiente informacional virtual, criado em 2008, que reúne milhares de aplicativos, pagos e gratuitos que são oferecidos download e uso para os usuários dos equipamentos da Apple.

A empresa resolveu inovar.

Ao invés dela desenvolver ela própria os softwares, passou a utilizar o esforço de programadores independentes, que mandam seus aplicativos para a empresa, que seleciona e coloca no ar.

Um modelo wiki, de co-criação de produtos, importada conceitualmente do movimento do software livre.

Porém, apesar de trabalhar com o conceito de co-criação, de inovação aberta (open inovation), a Apple está sendo conservadora na hora de lidar com o seu novo ambiente, adotando um modelo de gestão de informação ultrapassado e, por isso, tendo crises de administração do ambiente.

No projeto App Store há ainda um intermediário, um “gate-keeper” que “carimba e aprova” cada produto antes de ser oferecido aos usuários, diferente da tendência geral, a la Youtube, de colocar no ar e depois ser classificado pela comunidade, a partir de critérios algorítmicos.

Há ali um problema de coerência entre os dois métodos: de inovação aberta, co-criação, que pede um tipo de gestão da informação, com o modelo que foi implantado.

É um case interessante para pensarmos o futuro da gestão da informação.

Qual o problema vivido pela Apple?

Os softwares depois que são aprovados entram em uma espécie de jogo meritocrático para estarem no topo das listas de dowloads e, assim, serem mais baixados e, portanto, vendidos.

Quais os problemas de gestão da informação que a Apple vêm tendo ao adotar um modelo híbrido, ou digamos nem 1.0 ou 2.0, mais para 1,5?

1- problemas de tempo/velocidade/custo de aprovação dos novos aplicativos: muita demanda para pouca capacidade de processamento. Tem ficado cada vez mais caro administrar a App Store com resultados cada vez piores;

2- manipulação sistemática de resultados não tão meritocráticos como se gostaria de quem fica ou está no no topo, através de uma série de artifícios técnicos. (Há denúncias de manipulação, através da contratação de mão-de-obra chinesa para ficar baixando aplicativos, até de robôs maliciosos, que fazem o mesmo, além de links fantasmas, em que o usuário clica para uma coisa e, na verdade, está dando pontos para um desenvolvedor da App Store.)

Apesar de ser a Apple sinônimo de inovação e de estarmos falando de alta tecnologia, temos um problema típico da passagem da mentalidade 1.0 da gestão da informação (em que há um gestor controlador e seus métodos obsoletos) para uma nova gestão em que esse controle é repassado para a comunidade, através dealgorítimos inteligentes para dar uma certa liberdade vigiada aos usuários.

O modelo a ser seguido pela Apple (e pelos gestores de informação no Brasil) deveria se espelhar em várias experiências na rede de gestão 2.0 da informação, na qual a comunidade se auto-regula, através de nova forma de se pensar o problema.

Podemos dizer que o Google é um exemplo interessante nessa direção.

Para qualificar uma página no topo do ranking eles têm desenvolvido conceitos, metodologias, tecnologias, capacidade gente e procurado um perfil profissional, capaz de desenvolver um novo ferramental de gestão da informação 2.0, que inclui:

– Qualidade: quem linka quem?

– Quantidade: número de visitantes.

– Qualidade/qualidade:  cruzamento entre os dois: quem é muito visitado indica quem?

Obviamente, que existe uma luta surda entre os que não estão no topo e os que estão, criando uma tensão constante para que o sistema se aperfeiçoe e aprenda com as “malandragens” de quem quer burlá-lo.

Isso, aliás, faz parte da história da gestão da informação: que é a de ajudar a filtrar o que é ruído e destacar o que é relevante.

Do que é teoricamente mais útil do que é teoricamente menos.

O julgamento final será dado por quem usa o ambiente e nas decisões que toma – (falarei amanhã sobre conceitos de qualidade de ambientes de informação.)

Há novas técnicas para melhorar a qualidade da informação do ambiente, identificando usuários que fogem das regras (e até punindo-os com o afastamento) daqueles que estão colaborando de forma saudável.

Quem garante essa qualidade?

A própria comunidade e os algorítimos.

Cabe ao Google – e a todos que querem lidar com informação no novo século – um extenso trabalho de aperfeiçoamento dos métodos e tecnologias para continuar prestando um serviço de informação de qualidade, num mundo que não para de crescer em quantidade de registros e reduzir o tempo para o processamento da mesma.

O modelo do Google, de certa forma, usando novos conceitos, técnicas e metodologias é o que tem sustentado alternativas de serviços que conseguem relativa qualidade, tais como o Wikipédia, a Estante Virtual, o Mercado Livre, Youtube, Facbeook, os comentários em grandes jornais pelos leitores, bem como o envio de fotos e vídeos.

Uma boa tese que aborda o assunto é a da Bia Martins, que analisa essa gestão no SlashDot: Cooperação e Controle na Rede: um estudo de caso do website Slashdot

Veja um vídeo com ela.

Ela tem um blog ativo e simpático.

Qual é a base para essa nova gestão da informação?

1- o gestor de informação 2.0 deixa de lidar diretamente com os registros;

2- ele administra uma comunidade que coloca os registros em seu lugar;

3- o gestor passa a gerenciar o ambiente, através de uma plataforma inteligente, na qual melhora permanentemente os algorítimos (como apoio técnico), cria espaços para a comunidade denunciar abusos;

4- há uma classificação (karma digital) de cada usuário que participa do ambiente, bem como, de cada registro. Ambos são avaliados de forma involuntária pelo uso, através de cliques, downloads acesso; E, de forma voluntária, por comentários, estrelas, curtir, tags, etc;

5- ou seja, faz uma passagem de um “ordenhador de vacas” (que controla os registros diretamente) para um apicultor de abelhas (que passa a controlar os registros indiretamente), definindo normas e padrões para que o usuário o faça em seu lugar.

6 – Por fim, há sim controle, hierárquica e uma melhora de qualidade, mas de outra maneira, diferente daquela que estão nos preceitos básicos das teorias da informação.

A princípio, os atuais gestores de informação torcem o nariz para esse novo mundo, mas é a resposta que a juventude e os novos profissionais 2.0 da informação encontaram para gerenciar um volume cada vez maior de informação, em um ritmo cada vez melhor com uma taxa alta de qualidade necessária para uso, com um orçamento que caiba no bolso das instituições.

O exemplo da Apple demonstra que não basta ser inovador, moderno ou tecnológico para entrar nesse novo mundo. Há uma radical mudança na maneira de pensar e gerir a informação, que pressupõem uma mudança da forma de controle.

Sim, é um controle mais aberto, com suas limitações, qualidades e defeitos, mas não deixa de ser uma nova relação de poder mais aberta, inovadora e meritocrática e que obviamente afeta alguns interesses ligados ao modelo passado.

 

Compreender as causas, as consequências e, principalmente, as ações corretivas que devem ser feitas para lidar com a informação nesse novo século é o grande desafio para o profissional da informação.

Você está preparado?

Estou preparando um curso presencial, em São Paulo, no dia 18/05/12  com o pessoal da Content Mind, se tiver interesse, procure a Renate Landshoff -> renate@contentmind.com.br

Em breve, vamos colocar os detalhes no ar.

5 Responses to “Gestão da Informação por redes (2.0): visão estratégica”

  1. Bia Martins disse:

    Muito interessante o artigo, Nepô.

    Parece que estamos mesmo na passagem entre dois modelos diferentes de gerenciamento de informação, e por isso algumas empresas, mesmo as de ponta, acabam titubeando entre o 1.0 e o 2.0, como você diz.

    No estudo que acabo de fazer sobre a Wikipédia (o grande exemplo de autoria colaborativa na rede), observei que o projeto tem também um pé ainda forte no modelo 1.0. Eles investem numa estrutura hierárquica (formada pelos colaboradores mais atuantes) para fiscalizar as edições na enciclopédia. E são muitas as queixas de colaboradores novatos que têm suas contribuições retiradas por esses administradores, muitas vezes sem maiores explicações.

    Não seria possível assegurar a qualidade da publicação num modelo de supervisão operado pela maioria, senão totalidade, dos colaboradores?

    Por outro lado, a gente vê muitos exemplos de casos que implementaram modelos distribuídos de validação (2.0) e com isso ganharam eficiência e qualidade com grande rapidez. Taí o sucesso do Linux para confirmar essa tese.

    É preciso espalhar essa ideia…

    bjs

    Bia

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Bia, a gestão desse ambiente, como você bem mostrou na tua tese de mestrado, é um caminho longo. Sobre Wikipédia, escrevi este post há algum tempo: nepo.com.br/2009/11/25/o-lado-1-0-do-wikipedia

    beijos, grato pelo comentário e visita.

  3. […] conseguem deixar que a própria comunidade se auto-gerencie, exemplifica esse post que fiz -> http://nepo.com.br/2012/03/21/gestao-da-informacao-2-0-visao-estrategica/) Porém, quando observamos de maneira geral estas empresas podemos ver que elas se utilizam de uma […]

  4. […] (Recentemente, o Groupon se mostrou com práticas ainda pré-2.0 ->  Groupon busca mais qualidade em ofertas. Comentei aqui -> http://nepo.com.br/2012/03/21/gestao-da-informacao-2-0-visao-estrategica/) […]

  5. […] (Recentemente, o Groupon se mostrou com práticas ainda pré-2.0 ->  Groupon busca mais qualidade em ofertas. Comentei aqui -> http://nepo.com.br/2012/03/21/gestao-da-informacao-2-0-visao-estrategica/) […]

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