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A Ciência precisa de uma estrutura, de um arcabouço de leis e princípios para funcionar – Marcelo Gleiser – da coleção;

Estava lendo o Demétrio Magnoli no texto “O país dos impuros“.

Gosto muito da maneira dele pensar e da forma de escrever, porém lá pelas tantas ele sapeca no texto acima:

“Não acredite em acadêmicos que têm uma causa: eles mentem em nome dela.”

Fiquei a pensar.

Quem não tem suas causas?

O próprio Demétrio tem as suas que defende no artigo, que não há como se definir as pessoas por raças e tendo a concordar com ele.

Porém, acho que essa ideia do acadêmico sem causa, ou do jornalista sem causa, ou do ser humano sem ela é algo difícil.

Obviamente, que podemos acreditar que ele está usando o conceito causa como dogmatismo, fechamento das ideias para os fatos.

Algo como:

Os fatos são relevantes e bons, desde que se encaixem na minha teoria. 🙂

Não há como sermos pessoas apartidárias, ou sem causas.

Nos envolvemos nos projetos geralmente por querermos mudar algo do “A” para “B” (tirando os picaretas que querem se mudar da casa pequena para uma mansão).

Ou seja, todos nos envolvemos e temos nossas causas.

Quanto mais as causas estão ligadas à nossa sobrevivência, talvez mais nos agarremos a elas.

Ou quanto mais estamos embolados com nosso ego – achando que nossos conceitos e o e ego são as mesma pessoas, mais difícil será entrar em um debate honesto.

Os conceitos, assim,  são interessados.

Eu conceituo, convenço e passo a ter o direito de praticar aquilo que conceituei e convenci.

Por isso é na briga dos conceitos, em uma sociedade em que não se disputa no tapa, mas nas ideias passam a ser o ambiente de disputa de tudo, inclusive do poder.

Uma  sociedade mais harmônica tenta evitar que se digam coisas, se defendam ideias sem a possibilidade de questionamento.

Quanto mais tivermos espaços de debates honestos e mais a lógica prevalecer, mais aquela sociedade é democrática e menos autoritária!

Ou seja, as pessoas vão precisar ser menos defensoras de suas causas e conseguir ser mais cuidadosas com o que pensam e dizem, a partir de suas paixões, desde que possamos criar um ambiente de diálogo, no qual os absurdos serão questionados.

É aquela mudança da maneira de pensar entre:

O ser humano é bom, mas pode tomar o caminho “errado”, do mal – um pensamento bem cristão.

Para:

O cidadão nasce para viver suas paixões e impulsos, mas precisa ser modelado pela sociedade para evitar que isso ocorra – na linha de Freud (vai-se encontrar isso no livro “Mal Estar da Civilização”);

O que faz o humano melhor não é a sua maturidade, ou a sua honestidade, ou a sua intenção, mas o ambiente que o posiciona e não deixa que suas “viagens” e seus interesses passem a ser os conceitos.

Onde a neutralidade passa a ser questionada, pois entende-se os interesses, mas procura-se ver o que é mais lógico.

E – no melhor dos mundos – o que é mais eficaz em nome de um bem maior.

Obviamente, que existem pessoas mais ou menos equilibradas nesse quesito, que aceitam as regras e os que sempre as ignoram, precisando, então, de regras, punições, censuras, multas, etc.

Assim, acreditar na academia pura e sem causa é algo que não condiz com o que vejo na realidade.

Somos nossos defeitos e a interação nos possibilita percebê-los e – quem sabe – mudá-los.

Que dizes?

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