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O marco zero

O termo “revolução” serrá utilizado para indicar a velocidade, abrangência e intensidade das mudanças relativas ao fenômeno das mídias sociais – Leonardo Araújo e Rogério Gava;

Gostei muito do artigo da Revista Dom, 13, da Fundação Dom Cabral, de Leonardo Araújo e Rogério Gava com o título “Proatividade de mercado e mídias sociais”.

(Não achei na rede.)

O artigo tem uma boa narrativa sobre a necessidade de mudança nas organizações por causa das redes sociais.

Gostei de alguns termos como passagem do broadcasting para o socialcasting, que ainda não tinha reparado na sonoridade e na força da palavra socialcasting.

E temos dois pontos altos, pois os autores têm o que falta muito hoje em dia, capacidade de síntese, criatividade e coragem para criar termos novos e não ficar repetindo receitas.

O primeiro conceito é o “momentos-zero“, que define situações nas quais uma grande mudança começa, a partir de um novo paradigma.

E citam, no mercado, as situações de mudança em três dimensões:

  • Oferta;
  • Indústria;
  • E Cliente.

E consideram que as mídias sociais alteram a dimensão Cliente, de forma inusitada, envolvente, jamais experimentada,  com novas dinâmica, com grande impacto e amplitude.

O outro ponto de destaque é a orientação das empresas em relação ao mercado e as mudanças, que eles chamam de organizações:

  • Ativadoras;
  • Atentas;
  • Ajustadas;
  • E aflitas.

Pela ordem.

As primeiras promovem a mudança, as atentas seguem rápido, as ajustadas vão se preparando e as aflitas ficam desesperadas. 😉

O artigo ainda fala em co-criação e inovação aberta como grandes tendências e me parece que está tudo lá. Muito bom.

Mandei o seguinte e-mail para os dois, que serve para o comentário final do post, daquilo que problematizaria ao tema (dei uma melhorada por aqui):

Tenho feito a abordagem do mesmo fenômeno do ponto de vista da informação e o impacto dessa na sociedade como ocorreu com a prensa. Tal abordagem permite criar argumentos que reforçam essa visão.

Vocês tocam na questão estratégica mais voltada para a comunicação e do marketing, mas tenho evoluído para o caminho da alteração da própria gestão.

Por quê?

Há uma outra dimensão não estudada de marco-zero, que você colocou no cliente, pois é mais visível nele que eu chamaria para adaptar à sua narrativa o momento-zero de uma revolução da informação, quando há um descontrole informacional, (na dimensão informação) que é uma grande e importante dimensão oculta, na qual o cliente aparece, porém logo vai se refletir também internamente entre os colaboradores da geração Y, problema vivido pela Petrobras, Dataprev, Prodesp e BNDES, Vale, todos meus clientes.

Seria uma dimensão não trabalhada, pois não é todo dia, fazem 500 anos, que tivemos uma coisa parecida.

Tal visão, alarga a dimensão da mudança, pois é o ambiente de produção e consumo da informação que muda, afetando inicialmente a maneira do cliente se relacionar com as empresas e com toda a sociedade.

Esse post me deu vontade de escrever outra sobre co-vencimento 2.0, que seria a capacidade de criar novas narrativas.

Vou preparar.

Que dizem?


7 Responses to “O marco zero”

  1. Leonardo Araújo disse:

    Carlos, as suas considerações e questões sobre o ” momento-zero” são muito oportunas. Nossas pesquisas comprovam que são poucas as empresas que adotam ma postura antecipatoria diante das mudanças no mercado.
    Um aspecto conceitual no seu texto merece um reparo: as empresas “Atentas” não “seguem rápido” a mudança; na verdade, eles antecipam a mudança por meio da captação de sinais tênues emitidos pelo mercado, mas que a maioria das empresas não detecta. A postura de ” seguir a mudança” é típica das empresas “Ajustadas” ( 90% das empresas são ajustadas, segundo nossas pesquisas).
    Assim, enquanto as empresas “Ativadoras” criam deliberadamente a mudança no mercado, visualizando realidades futuras (“antecipação por criação” ), as empresas “Atentas”, por sua vez, captam os primeiros sinais da mudança e respondem antecipadamente (“antecipação por resposta” ), como o fez a Toyota ao apostar no conceito de carro híbrido – Prius – cerca de 10 anos antes da concorrência!
    Leonardo Araújo / Rogério Gava

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Leonardo, Rogério, grato pelo esclarecimento,

    abraços,

    Nepomuceno.

  3. Júlia Linhares disse:

    Taí o hiato que existe dentro dessas empresas citadas… A cultura organizacional X a geração y que trabalha dentro das empresas X e a geração y que está fora das empresas, junto com os outros clientes que estão começando a ter consciência do “poder” que possuem. Por viver este problema no meu dia a dia, é que penso junto que é uma questão de gestão, de mudança de gestão, de mudança da cultura organizacional. Como fazer para mudar a cabeça dos diretores, que tem poder de decisão e impulsionador da mudança… taí uma nova questão que está em movimento na minha cabeça.

  4. Carlos Nepomuceno disse:

    Julia, estou lendo um livro que vc vai gostar e será boa para nosso livro, que achei num sebo, Liderança inovadora, nele se diz que nas mudanças:

    É um erro não definir um real senso de urgência;
    É preciso colaboração agressiva de vários indivíduos;
    Há um menosprezo por parte da direção em achar que é fácil por parte das pessoas de sair da zona de conforto;
    A mudança exige a criação de um novo sistema, que exige liderança;
    A coisa vai melhor quando se tem um novo comandante;
    E, por fim, algo difícil, quando certa de 75% do gerenciamento não está convencida de que se não houver a mudança o negócio vai para o buraco.

    Cabe, assim, um trabalho forte de conscientização em um ambiente que esteja com esse perfil, principalmente, de novas lideranças visionárias.

    Que dizes?

  5. Júlia Linhares disse:

    Com certeza, acho que mudar as lideranças que tem uma visão ultrapassada e limitada é um bom começo, e a partir daí é começar a fazer um trabalho de conscientização dos empregados/ colaboradores, mas acho que tem que se ter em mente, que essas mudanças ocorrem com o tempo… E até lá, paciência! É um trabalho de formiguinha, não?

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Julia,

      acho que é um misto de coisas, que vão ajudar:

      Cases de sucesso;
      Aperfeiçoamento do nosso discurso ( o livro ajuda aqui);
      Crises que não terão solução a não ser com colaboração;
      Formação na pós, nos mbas, mais livros, mais gente falando, HSM, Época Negócios;
      Novos líderes chegando e assumindo funções com outras cabeças;
      Geração Y querendo um ambiente mais aberto para trabalhar.

      Tudo isso vai formar um caldo de cultura que vai facilitar o trabalho, mas vai demorar, sim.

      Ainda mais no Brasil que é um país muito autoritário e avesso à mudança, basta
      lembrar que fomos os últimos a acabar com a escravidão.

      O que já demonstra muita coisa na roda da inovação,

      concordas?

      bjs, valeu comentário;

  6. Júlia Linhares disse:

    Com certeza, existe uma fobia generalizada do que a mudança pode gerar/ causar. Ao invés de verem a mudança como aliada e tentar entender suas causas e consequências, é muito mais fácil tentar aniquilar ela, fingir que não existe, como se fosse algo invisível e que só existe (e dá certo) no vizinho.

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