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Não existe conhecimento que não tenha consequências práticas, a não ser que se defina claramente que determinadas verdades ou conhecimentos ou produção intelectual não visam a tomada de decisão.

Um poema, por exemplo, não visa nenhuma tomada de decisões, não é mais ou menos eficaz, pois não teremos decisões baseadas neles.

 

Qualquer espécie, sapiens inclusive, usa o cérebro para sobreviver da melhor forma possível.

Conhecer, assim, é algo que está ligado à vida.

Conhecemos para viver, se possível melhor.

Precisamos de verdades melhores para decidir de forma mais eficaz. Existem, assim, verdades melhores e verdades piores, a saber:

  • Verdades melhores – permitem que possamos tomar decisões melhores e mais eficazes;
  • Verdades piores – permitem que possamos tomar decisões piores e menos eficazes. Ou não tomar decisão nenhuma, o que mostra a inutilidade daquela verdade. Ou uma verdade não voltada para a tomada de decisão.

Muitos dirão que verdades melhores e piores são subjetivas e sim são critérios éticos, que sempre nos levarão ao debate sobre a verdade.

Não podemos separar epistemologia pura de ética pura ou vice-versa, sempre haverá critérios éticos quando falamos de verdades. E sempre haverá critérios epistemológicos quando falamos de ética.

A junção é proposital.

Conhecer é uma ferramenta importante para sobrevivência e deve estar cercada de preocupações.

Assim, antes do debate “o que é a verdade” vem antes: “para que a verdade?”.

É um divisor de águas entre correntes filosóficas, antes ética do que epistemológica. A verdade que interessa é aquela que vai servir de base para a decisão das pessoas.

E podemos aferir a qualidade da verdade que as pessoas tomam decisões: baixa ou alta qualidade.

 

Não devem guiar metodologias, ações operacionais, ou mesmo ações políticas.

 

Verdades não passíveis de aferição são de baixa qualidade.

Existem conhecimentos que são feitos para o entretenimento, que não têm a intenção de tomada de decisões.

Existem, entretanto, conhecimentos que são feitos com ferramentas de entretenimento, que não admitem aferição, mas se arvoram no direito de serem conhecimento para a tomada de decisões.

São verdades não aferíveis com pretensão de se tornarem “científicos”. São os mais perigosos, pois estão sugerindo que decisões sejam tomadas a partir deles.

Podemos definir como falsas verdades arrogantes. Que querem ser o que não são.

Existem, por fim, as verdades que procuram lógica e aferição, mas são de baixa qualidade.

Há, sem dúvida, espaço para o conhecimento não aferível.

Mas são outros campos de expressão e não de definição,  o papel da ciência, sobre o qual a filosofia deve ser preocupar.

Conhecer, sem  objetivo funcional, assim, passa a ser  atividade de entretenimento, forma de se passar o tempo.

Não cabe debate lógico, pois são ocupações não-científicas.

A ciência foi feita, e tem um custo social, pasta ajudar as pessoas a viver melhor.

Ao aliar o conhecer como elemento fundamental à procura da vida de melhor qualidade, condicionamos o conhecer necessariamente a propósito e a algum tipo de aferição.

Conhecemos para viver melhor. E o conhecimento ganha norte ético: conhecer visa atuar sobre a realidade.

Dividimos a procura do conhecimento, por questão de ética, e eliminamos as tentativas de verdade sem objetivo prático, que não tem aferição possível.

É como se disséssemos que existem dois espaços: um para debater a verdade verificável e outro para brincar de pensar.

Brincar de pensar não está dentro do espaço da filosofia, mas de tudo que possamos chamar de lazer, de metafísica, de mitos.

No brincar de pensar não é necessário lógica, coerência e aferições.

Assim, nem todo mundo tem a sua verdade, mas o seu passatempo intelectual. É apenas brincadeira intelectual. É opção de quem quer usar seu tempo para divagar.

A procura da verdade necessariamente precisa de aferição.

Pensadores, digamos pragmáticos, defendem a verdade com propósito. Por causa disso, tendem a gerar conhecimentos mais relevantes para a sociedade.

E você pode me perguntar: e a ciência pura? Papo para outro artigo.

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