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Gostei muito do vídeo do Cortella em que defende a tese da Era da Curadoria. Vejam aqui:

Posso dizer que Cortella é culturalmente eficaz, mas está tecno culturalmente equivocado.

E isso nos remete a um debate muito rico.

Se a atual Revolução Cognitiva fosse como a da Prensa, ocorrida em 1450, por exemplo, Cortella daria um show.

Porém, a atual Revolução Cognitiva não é igual a da Prensa. Não é de continuidade, mas de descontinuidade, pois introduz nova forma de comunicação, a dos rastros digitais, usados originalmente pelas formigas e insetos.

A Internet, percebo, tem duas fases:

  • A descentralização, na qual se abre a mídia conhecida para muito mais gente poder usar, acessar, comentar e produzir. E isso gera forte descentralização de ideias;
  • E a robotização, ou o uso intenso no cotidiano da Inteligência Artificial, que permite organizar o que é produzido e gerar novo modelo de Administração para o Sapiens.

A Revolução Digital tem isso de diferente: introduz TAMBÉM novo modelo de comunicação por rastros, que não é continuidade, mas de ruptura, pois altera o modelo de administração da espécie.

Ganhamos nova foram de tomar decisões com mais participação da sociedade e isso é o que vai mudar a Macro-História!

O que Cortella diz na palestra ao falar em “Era da Curadoria” é basicamente, tradução minha,  “Era da Curadoria Analógica“, que é a visão de quem considera de que o  principal aspecto da atual Revolução Cognitiva é a descentralização.

Se fosse assim, nem o Google, o Youtube, o Uber, o AirBnb e tantos outros projetos seriam possíveis, pois é um novo modelo de administração, que prescinde de gestores sem provocar o caos..

A Curadoria Analógica não é o futuro, questiona sim o presente, mas não resolve as questões complexas que temos pela frente em nenhuma área, muito menos da educação.

A descentralização vem para questionar o atual modelo, mas não tem resposta eficaz para o que vai ser colocado no lugar.

Como diz Ronaldo Mota, reitor da Estácio de Sá, inovação educacional é algo que permite qualidade na quantidade. 

O que atende a esse paradoxo (qualidade versus quantidade) é a Curadoria Digital, que incorpora novo modelo de comunicação, fortemente baseado em Inteligência Artificial, que gerencia os rastros digitais dentro de Plataformas Digitais Participativas.

O coração da Curadoria Digital é o Karma Digital, que permite que muita gente possa ensinar o caminho para muita gente, como é o caso do Waze.

Quando falo Curadoria é diferente do que o Cortella está dizendo.

A dele é a Analógica, não tem Inteligência Artificial embutida, a minha incorpora esse fator. E aí está a diferença.

Vivemos hoje, é verdade, um forte problema filosófico-teórico para interpretar a sociedade e o futuro e por isso entendo o equívoco de Cortella.

  • Não é possível entender o que ocorre na sociedade hoje se não tivermos uma visão macro-histórica;
  • E dentro da macro-histórica proceder revisão filosófica, na qual é preciso pensar de outra maneira o papel das tecnologias na cultura, em especial as de trocas e destas com a demografia.

A análise de Cortella é muito feliz e eficaz, mas carece justamente de perceber a chegada da Curadoria Digital, que permite alterar o modelo administrativo.

Não estamos hoje diante de uma brecha tecnológica que permite mudanças culturais em que os professores, por exemplo, podem, se quiserem e por vontade própria, proceder algumas mudanças e passarem a ser curadores no atual modelo de ensino.

O modelo da escola baseado na escrita, material didático, currículo centralizado pede um gestor e não um curador.

Pode haver professores gestores com uma pegada mais de curadoria, seria bom que ocorresse, mas isso não vai sair disso.

Será algo pontual. É bom refletir sobre isso:

O modelo de ensino de uma sociedade será o espelho do modelo de administração. E o modelo de administração terá a “cara” das tecnologias de trocas disponíveis.

Não é, assim, a Internet que vai entrar na escola, mas justamente o contrário.

A mudança que estamos passando, portanto, é Tecnocultural e não cultural. Não estamos mudando a mídia, mas o modelo de administração da sociedade que é filho das mídias e não o contrário.

Há uma confusão de quem é filho de quem.

A chegada da Inteligência Artificial na Administração permite, pela primeira vez, a Participação de Massa, como é feito no Google, ao se definir que pesquisa fica no topo. Ou no Waze, quando motorista ensina para motorista o melhor caminho.

Tal modelo não condiz mais com o atual professor como o conhecemos, nem, escola, nem educador, ou grade curricular.

É Curadoria, mas não analógica, digital!

Isso só é mais visível  quando passamos a nos ver como Tecnoespécie (revisitando e reinaugurando o campo da Filosofia da Tecnologia) e o papel das Revoluções Cognitivas na Macro-História (revisitando e reinaugurando também o campo da Antropologia Cognitiva).

Fiz esse vídeo complementar:

 

 

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