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Muita gente em sala de aula ou para escrever um blog, me confessa: não falo mais ou não escrevo, pois tenho vergonha.

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“Vergonha: confusão que se apodera do nosso espírito pelo receio de desonra; pejo; desonra; opróbio; rubor nas faces; timidez; acanhamento; ato indecoroso; coisa mal feita; coisa mal acabada”.

Temos medo de não falar a coisa certa, de estarmos errados.

Fomos educados para sermos aprovados por alguém que está hierarquicamente acima de nós, por uma “autoridade da certeza”. Isso vale para maioria dos países e MUITO para o Brasil, um país que ainda tem o problema da autoridade vinda do exterior.

Isso vem da ideia de que existe uma verdade lá fora e que alguém está mais perto daquela verdade e nós mais longe e precisamos perguntar para a “autoridade da certeza”.

“Papai, posso ir? Quantos passos?”

Na verdade, há uma mudança radical na forma de pensarmos:

  • – realidade (não existe realidade lá fora)
  • – conhecimento (não é mais sólido, mas líquido);
  • – autoridades do conhecimento (quem tem problema e não mais quem detém a chave dos diplomas).

Tudo isso nos faz lutar pela superação da vergonha tóxica.

A vergonha é algo natural e até saudável em uma pessoa, desde que não se torne tóxica.

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Qual seria a diferença?

Uma vergonha nos dá um senso para que possamos sentir o ambiente primeiro e poder entender qual é o contexto.  Nos posiciona internamente para não sermos inadequados, de forma que possamos estar adequados conforme internamente achamos.

Entendido o contexto, podemos nos expressar.

A vergonha tóxica não supera a fase do reconhecimento de terreno, pois sempre vai considerar, em qualquer circunstância que não é adequado se expressar.

Temos uma guinada no mundo hoje, pois estamos quebrando o modelo de produção de conhecimento analógico e indo para o digital.

A diferença é que o analógico é feito de hierarquias verticais, em que há uma forte presença de um líder-alfa, regulador do conhecimento e detentor da chave do cofre de quem pode e quem não pode ter direito a voz na sociedade.

Isso manteve um controle das ideias circulantes, pois foi necessário para criar um precioso filtro, mas que com o tempo foi ficando cada vez mais envenenado.

As “autoridades da verdade” começaram a usar a verdade a seu bel prazer e passou a impedir que novas verdades pudessem ser construídas, desincentivando que as pessoas pensassem com a sua própria cabeça.

Assim, esse desincentivo à própria voz tem como um dos sintomas a vergonha tóxica, pois há uma inadequação do conhecimento diante de uma “autoridade da verdade” que sabe muito mais do que nós e está, do ponto de vista físico, muito mais próximo da verdade do que nós.

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Porém, estamos vivendo uma quebra da ideia de conhecimento sólido e vertical. E caminhando para um modelo de conhecimento líquido e horizontal.

Não há uma realidade lá fora e todos nós somos míopes diante do conhecimento que muda a cada instante.

A única forma de ver um pouco melhor é trocar impressões, sem vergonha, e poder dizer com nossas palavras o que estamos vendo lá fora para que possamos errar menos.

Isso nos coloca em uma posição de sair da passividade diante das autoridades do saber para uma posição de micro-autoridades do saber provisório, que devem dizer o que estão vendo, mas não de forma fechada, mas aberta.

Estou vendo agora isso, isso e isso – e vocês o que estão vendo? E o que acham dessa minha percepção?

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Combater a vergonha tóxica é fundamental para um mundo que precisa de cabeças pensando de forma independente e construindo conhecimento líquidos de forma colaborativa.

Adelante!

Que dizem?

 

 

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