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Versão 1.0 – 05/08/13

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Outro dia me convidaram para falar sobre os protestos do Brasil, via Skype.

Aceitei, pois era uma debate aberto, gratuito e com objetivo de aprofundar a questão.

Porém, ao detalhar com os organizadores me falaram que eu tinha de 5 a 7 minutos para falar.

Declinei do convite, pois não consigo apresentar a minha teoria sobre o tema em espaço tão curto e não acho que é possível discutir problemas complexos como este em tão pouco tempo.

Há uma incompatibilidade entre a complexidade do tema e a topologia/plasticidade da concepção do encontro, vou tentar explicar isso neste texto.

Este post, aliás, servirá como referência para todas as negativas que vou dar daqui por diante para esse tipo de debate. Vejamos, então.

Existem dois tipos de problemas:

  • Os mais simples e conhecidos – que todos podem opinar, a partir de sua vivência e experiência, que há uma maior horizontalidade social, pois há mais especialistas com algo a acrescentar. Aqui a sensação é muito importante, pois é algo que se domina;
  • E os problemas complexos – novos e profundos, que exigem uma dedicação maior para se debruçar sobre ele. que há uma maior verticalidade social, pois há menos especialistas com algo a acrescentar. Aqui é preciso um trabalho de maior racionalidade, pesquisa, pois é algo que está se entrando agora.

A discussão de ter ou não ter roleta no ônibus exemplifica o primeiro.

Uma pandemia  nova ou a chegada da Internet caracterizam o segundo.

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Assim, é um equívoco considerar que um debate sobre temas complexos pode ser organizado, tanto no perfil dos participantes, bem como do tempo de cada um, igual ao mesmo molde de debates que discutem questões menos complexas. 

Um será mais bem aproveitado se for mais vertical, tendo na mesa especialistas com tempo iguais de discussão sobre o tema e outro mais horizontal, com uma roda de conversa mais clara, dispensando praticamente especialistas.

Não quer dizer que vai ser totalmente um nem totalmente outro, mas vai variar conforme os desníveis.

A topologia/plasticidade dos encontros mais ou menos verticais vai depender do grau de novidade e tempo de reflexão que cada pessoa tem sobre o assunto. Em um tema complexo e novo é importante que as pessoas que tenham mais experiência acumulada e uma visão nova sobre o tema tenha mais tempo, pois vai ser mais eficaz para o coletivo a sua intervenção.

Ou seja, a topologia de rede, ou sua plasticidade, não pode ser uma ideologia fechada e dogmática, mas a cada momento variar conforme a experiência dos presentes no encontro ou na rede que está sendo montada.

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Em temas mais simples e conhecidos, no qual não há diferença entre a percepção do problema, será mais eficaz se houver horizontalidade.

  • – Em menos tempo possível;
  • – De forma mais clara possível;
  • – Quem tenha mais experiência acumulada sobre um dado problema;
  • – Possa compartilhar com os outros a sua experiência. 

O que tem mais experiência acumulada pode, assim:

  • Resumir o que vários outros já pensaram;
  • Compartilhar seus sentimentos e amadurecimentos;
  • E trazer algo mais adiante em termos daquela questão do que os demais.

Obviamente, que não estamos falando de assuntos, mas de problemas.

E estamos partindo do princípio de que estamos falando de abordagens abertas e não dogmáticas, a partir da troca e da complementaridade de quem discutiu menos de quem discutiu mais, com um ganho de vivência para ambos os lados.

Imaginei até que em um futuro próximo alguém que vai falar teria um tempo específico e a platéia poderia ter uma ferramenta que lhe daria mais tempo, se achasse que o que ele está dizendo está agregando, através de um algoritmo online que alteraria o tempo do relógio em frente ao que fala.

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Ou seja, longe de mim defender autoridades vazias, mas não podemos cair para o modelo inverso, no qual não há mais autoridades, elas vão existir mais desde que tenham algo a acrescentar na rede que participam e continuarão a ter mais tempo, até que a horizontalidade se restabeleça pelo movimento da rede e não por uma topologia/plasticidade artificial.

Os encontros para debater qualquer tema não pode ser rígido, pois a plasticidade do encontro pede modelos diferentes, conforme as pessoas que vão falar e ouvir. Ou seja, uma topologia/plasticidade é artificial toda vez que não atende à demanda de quem participa, seja em que formato for, mais horizontal ou vertical.

Por aí…

Que dizes?

One Response to “Topologia de rede não pode ser uma ideologia!”

  1. Paulo Chagas disse:

    “uma topologia/plasticidade é artificial toda vez que não atende à demanda de quem participa”.
    Aquele que pretende aprender já sai perdendo na origem, e isso também é não atender à demanda do publico alvo.

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