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Versão 1.0 – 02/08/2013

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Filo – amor / Sofia – sabedoria.

Filosofia = amor à sabedoria.

Sabedoria, conforme sugere Aristóteles: agir da maneira acertada ou adequada.

Mas adequada para quem?

Assim, seria amar as atitudes adequadas, procurar as atitudes adequadas diante de atitudes inadequadas.

Ou seja, filosofar é procurar pensar e agir de forma adequada de acordo com alguns princípios definidos por aquele que filosofa – que deve amar tudo aquilo que é adequado, evitando o inadequado.

É algo aberto e não fechado, pois quem define os princípios é aquele que filosofa, a partir da sua consciência.

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Gosto da oração da serenidade, que é mais conhecida por ser utilizada pelos grupos dos anônimos em todo o mundo, que tem origem indefinida, veja detalhes aqui:

Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos, e sabedoria para distinguir umas das outras.

Note que o Senhor pode ser substituído por “meus botões”, “minha consciência” por “eu” e teríamos:

O individuo – que eu tenha a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras.

A sociedade – que nós tenhamos a serenidade necessária para aceitarmos as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.

Atribui-se essa proposta filosófica (que é muito mais do que uma oração) a corrente denominada “Cristianismo Prático”. E é interessante, pois está contido nessa visão uma síntese e superação difícil entre teologia (verdade que vem de Deus) e  racionalismo (verdade que vem da razão), um duelo filosófico ao longo de toda a Filosofia Moderna (a partir de 1450) se estendendo aos pós modernos (até os dias de hoje), pois procura um equilíbrio entre a impotência e a onipotência da existência humana.

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  • Ao saber que existe coisas que talvez não se possa modificar, coloca o ser humano em um contexto histórico, com suas limitações e condicionamentos, que os filósofos onipotentes preferem omitir. Ex. racionalistas, ideólogos dogmáticos da mudança;
  • Ao saber que existe coisas que se pode modificar, coloca-se o ser humano em um contexto histórico, com suas potências, liberdade e livre-arbítrio, que os filósofos da impotência acabam por restringir. Ex. Teológos, ideólogos dogmáticos da consevação.

O interessante é que na comparação entre impotência e onipotência, pede-se sabedoria, ou seja, filosofia, amor à sabedoria para perceber a diferença de como podemos agir entre estes dois campos, respeitando alguns limites, mas não deixando de procurar caminhos para superá-los quando for possível.

  • A onipotência nos leva a cruzar linhas que não se deveria, naquele dado contexto.
  • E a impotência nos leva a aceitar linhas que poderiam ser superadas naquele contexto.

Há uma arte no viver, que é entender cada situação pela nossa consciência e de mais ninguém.

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O interessante dessa comparação é de que não se coloca no outro, como era o caso da teologia, em Deus, e dos dogmas ideológicos, aquilo que o grupo determina, pois a atitude a ser tomada depende de cada um que deve procurar à filosofia e passar ele a ser seu próprio filósofo.

Nada mais adequado para um mundo “desliderado” como o que estamos entrando à procura de novos valores. Aqui se aponta uma saída: o valor é de cada um que deve procurar seus limites e crescer enquanto pessoa dentro de sua própria sabedoria e de mais ninguém!

Mas avisa-se de que cada decisão deve ser feita com sabedoria, com amor à ela, que é a base da filosofia.

O que não se pode modificar são regras da vida, a lei da gravidade, por exemplo, ou macro movimentos históricos, tal como os movimentos pós-Internet, ou uma prosaica ressaca na praia. Aquilo que podemos compreender, identificar e poder ter discernimento de que devem ser respeitados pela sua força, pois são  maiores do que nós como pessoas ou até sociedade. 

Mas por outro lado pode haver a artificialidade  em cada uma das regras, limites do seu tempo, emocionais, de dominação, que definem “verdades absolutas” que ninguém mexe, ousa questionar, ou que são sujeitas à punição em determinados momentos históricos, que devem ser testadas para saber se são “modificáveis”.

Essa não aceitação do “que não pode ser modificado” não é uma fronteira rígida, mas algo em aberto, a ser avaliado por cada pessoa individualmente ou pelo coletivo e não por alguém acima dela/dele.

Determina-se, assim, uma suspeita constante do que pode ser uma verdade/autoridade artificial que não nos representa e o que é, de fato é algo a ser respeitada, de fato, em um dado momento ou para sempre. Para a qual se exige sabedoria, ou seja o uso intenso da filosofia (de cada um) para balizar a forma que agimos e pensamos diante dos impasses.

É a filosofia e não uma autoridade externa que procura nos guiar, assim, para identificar o que é falso e que pode ser modificado, a despeito da história, do poder, das autoridades, das verdades correntes.

E o que não é talvez por agora em uma dada situação.

Quando alguém disser que é ou não é, pede-se apenas que se tenha sabedoria para se perceber a diferença entre a oni e a impotência. Ou seja, além de pensar, de estudar, de usar a inteligência, o uso da razão + emoção + intuição, o bem viver, para perceber que não se pode modificar, ou nunca, ou talvez em um dado contexto.

Se analisarmos a história, veremos o quanto o humano derrapou entre estes dois pólos individualmente e coletivamente, tanto para a onipotência desvairada, quanto para a impotência imobilizadora.

Essa procura da diferença entre o possível e o impossível, a meu ver é e sempre será o papel restaurador da filosofia de cada um e o resgate do papel da sabedoria no mundo, que é algo acima da razão ou da inteligência ou do conhecimento.

(O que nos leva a ver que uma sociedade do conhecimento pode ser muito pouco sábia.)

Este mantra filosófico me parece muito adequado para este nosso novo mundo que cada um precisa de novos valores que não podem ser impostos por ninguém, mas de cada um, que vai para a rua levantar o seu próprio cartaz, a partir da sabedoria acumulado naquele dado momento.

É um bom mantra para o mundo 3.0.

Por aí, que dizes?

One Response to “Qual é o papel da filosofia?”

  1. […] E, obviamente, podem haver lugares ou funções, ou mesmo a criação da sua própria empresa, organização não governamental,  em que você poderá aumentar a sua taxa de servir para reduzir sofrimento, o que te levará a uma vida ainda mais significativa, desde que haja um equilíbrio nesse processo com a capacidade de continuar gerando recursos para sobreviver – e isso é algo que vai exigir sabedoria. […]

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