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 As trocas entre pessoas distantes dependem fortemente da característica do ambiente cognitivo de plantão. Quanto mais difícil for essa articulação para trocar, mais difícil será criar novas organizações e modelos, dentro do mesmo ambiente cognitivo e vice-versa. 

Versão 1.0 – 13 de agosto de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Digamos que qualquer sociedade tem um conjunto de mídias hegemônicas, que vamos chamar de ambiente cognitivo.

(Não podemos dizer que existe uma mídia única, mas um conjunto, que forma a base pela qual as ideias circulam.)

Em torno desse conjunto de mídias, estabelece-se o modelo de gestão social e organizacional.

Por quê?

Só conseguimos fazer trocas com quem nos comunicamos antes, durante e depois. Se não consigo fazer essa comunicação, a troca fica inviável.

Há, assim, um limite entre as trocas sociais, diante dos limites da capacidade de comunicação.

Trocamos com quem conseguimos falar.

Dessa maneira, o aparato econômico é formado por instituições sociais (privadas e públicas) que fazem as coisas funcionarem, tendo como base um ambiente cognitivo, que podemos chamar de cognitivo-econômico.

Tais organizações se estruturam, através de um ambiente cognitivo local e global e das possibilidades que as mídias de plantão oferecem.

Há, assim, uma relação entre o ambiente cognitivo e as organizações.

Um dentista do interior do Piauí dificilmente fará qualquer articulação com outro do interior do Rio Grande do Sul sem uma mídia que facilite essa ação.

Não formarão uma empresa, ou mesmo uma entidade de classe, ou serão consumidores de um dado serviço, se não for criada uma ponte cognitiva entre eles de baixo custo e fácil acesso.

Caso isso não seja feito, a comunicação será tão precária (ou cara) que fará muito oneroso tal empreendimento. Viverão como se morassem em mundos distintos.

Ou seja, ambos ficarão isolados e, no máximo, poderão realizar articulações locais. Dependerão de intermediários, de organizações nacionais, que já se estabeleceram para apenas poder consumir produtos muito bem empacotados, que consigam chegar até as suas cidades.

Assim, as articulações entre pessoas distantes dependem fortemente da característica do ambiente cognitivo de plantão. Quanto mais difícil e caro for o custo para se realizar essa articulação, mais difícil será criar novas organizações e modelos, dentro do mesmo ambiente cognitivo, restando, então, o trabalho, através dos intermediários existentes.

As organizações sociais que temos na sociedade, portanto, são viáveis dentro dos limites do ambiente cognitivo que vivemos.

Um condiciona o outro.

Mudanças em um impactará no outro, quanto maior maior será o impacto.

Há exceções, mas a regra para a maioria é essa.

Se mantivermos o ambiente cognitivo do jeito que está teremos mais ou menos o mesmo tipo de organização, pois novas iniciativas serão limitadas pelo custo das articulações possíveis.

As organizações de plantão passam a fazer, assim, a mediação de troca entre as pessoas, tendo como a base o ambiente cognitivo e sobre ele recursos físicos, tais como transportes, rede de lojas, canais de distribuição, etc…

A margem de inovação, conforme o ambiente cognitivo se consolida, mais e mais, é pequena, pois os intermediadores de ideias e de produtos já dominam o mercado, em função da dificuldade de troca entre as pontas, que necessita de uma dada intermediação. O mercado, assim, se estrutura pela necessidade de intermediação que a mídia de plantão condiciona!

Porém, se mudamos esse ambiente cognitivo por outro que permita novas articulações entre pessoas distantes veremos naturalmente surgir novas organizações, que virão das novas possibilidades que surgem quando as pontas incomunicáveis passam a conversar,  o que abre uma porta de oportunidade para a inovação: basta que haja o casamento entre empreendedor e capital de risco.

Abre-se uma porta de oportunidade inovadora no mundo, que é a possibilidade, a baixo custo, de juntar o que antes era pelo custo “injutável” .

Quando o livro impresso chegou em 1450, por exemplo, autores que não se conheciam passaram a se conhecer e, muitas vezes, a trocar ideias, impressões e articular encontros, criar novas instituições.

Empreendedores começaram a montar negócios globais e a criar, a partir dessa nova estrutura, uma nova ordem, a partir de novas ideias, facilitados por um novo ambiente mais oxigenado, que permitia que pessoas que antes não tinham condições operacionais de se comunicar e trocar agora pudessem fazê-lo com custo reduzido.

Toda nova globalização econômica se inicia com uma articulação cognitiva, a partir da possibilidade das pontas antes incomunicáveis passarem a se comunicar!

Ou seja, a intermediação de ideias de um determinado ambiente cognitivo condiciona as organizações que nele existem pela incapacidade de pessoas poderem criar ambientes novos, devido às limitações das mídias disponíveis.

Portanto, uma revolução cognitiva marca a chegada de novas mídias que não só criam novas fontes, mas permitem que pessoas, antes isoladas, comecem a conversar, a trocar e a criar projetos coletivamente, que eram impraticáveis no ambiente passado.

  • A Estante Virtual e o Mercado Livre são exemplos claros dessa agregação na área de negócios, unindo vendedores e compradores em um ambiente digital, antes impraticável;
  • O Wikipédia é outro modelo de produção coletiva por pessoas distantes, na área do conhecimento;
  • O Linux, comunidade de desenvolvedores de todo o mundo, na área de software;
  • O Facebook como a base de um novo ambiente de relacionamento, criando novas e solidificando velhas conexões;
  • Diversos projetos de inovação aberta, tendo como canal a Internet, passam a ser utilizados por grandes organizações.

O que ocorreu com a chegada do livro impresso, portanto, foram novas organizações, articuladas por pessoas que antes não trocavam, que foram a base estruturante do emergente capitalismo, da república, das novas religiões (Luteranas), nova escola, nova academia, etc.

Portanto, o lado mais inovador de uma revolução cognitiva é justamente permitir que pessoas que não podiam trocar passem a fazê-lo sem a intermediação passada, criando uma nova ordem cognitiva, inicialmente, depois social, política e econômica, como vimos na revolução do papel impresso.

Esse é o grande fato novo.

O poder de articulação a distância entre novos atores, empoderados pela nova mídia, através da possibilidade de novas organizações, com novas lógicas de forma e conteúdo.

Não é que vai acontecer, mas que abre-se potencialmente a possibilidade, que antes não havia. E não falta gente disposta a procurar alternativas.

Essa é a base da sociedade futura e o epicentro da revolução em curso, de forma inevitável e implacável para com a velha ordem, que só se mantinha operacional por falta de alternativa cognitiva, que agora existe.

As atuais organizações todas resistirão, como têm feito, mas acabarão por se render a esse novo modelo, que é mais compatível e mais eficaz para resolver os problemas de um mundo mais complexo, principalmente pelo novo tamanho de sua população.

Questão de tempo….(e esforço).

É isso.

Que dizes?

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