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Inovação 2.0

 Na visão do pai do termo inovação moderna (Schumpeter), o capitalismo é um processo, as empresas são produtoras de soluções que se tornam obsoletas, pois quando se estabelece, passam a repetir mais do mesmo, se embriagam com o sucesso, lucro e vão ficando cada vez mais conservadoras e cegas para as mudanças à sua volta.

Versão 1.0 – 24 de maio de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

O termo inovação caiu na boca do povo.

Inovação vira clichê no dicionário empresarial, Valor, 26/05/2012, ou seja, se tudo é inovação nada é inovação.

Citando o artigo:

Para Christensen, há três tipos de inovação: a inovação na eficiência, pela qual o mesmo produto é feito a um custo menor, como a automatização da consulta ao cadastro de crédito de alguém; a inovação sustentadora, que converte um produto já bom em algo ainda melhor, como o carro híbrido; e a inovação de ruptura, que transforma coisas caras e complexas em algo simples e mais acessível, como a migração do mainframe – os grandes computadores centrais – para o microcomputador.

Segundo ele:

Para a empresa, o maior potencial de crescimento reside na inovação de ruptura, diz. Christensen observa que as demais modalidades poderiam muito bem ser chamadas de progresso comum – e normalmente não criam mais empregos nem negócios. Como a inovação de ruptura pode levar de cinco a oito anos para dar frutos, diz ele, muita empresa perde a paciência. Para a empresa é bem mais fácil, acrescenta o autor, apenas dizer que está inovando. “Todo mundo está inovando, pois qualquer mudança virou inovação”.

Na verdade, se formos por Schumpeter que foi o divisor de águas nessa discussão, ele defende que o capitalismo vai para frente da seguinte maneira.

  • Um empreendedor tem uma visão nova para um antigo ou novo problema;
  • Consegue capital de risco;
  • Inova e consegue tornar obsoleta as empresas que não inovaram.
(Note que as ideias dele são iguais de Thomas Kuhn quando fala sobre como a ciência muda, através de ideias de “empreendedores intelectuais” que questionam de frente o modelo vigente.)

Portanto, na visão do pai do termo inovação moderna, o capitalismo é um processo, as empresas são produtoras de soluções que se tornam obsoletas, pois quando se estabelece, passam a repetir mais do mesmo, se embriagam com o sucesso, lucro e vão ficando cada vez mais conservadoras e cegas para as mudanças à sua volta.

O que está se discutindo, então, é a capacidade das empresas se manterem saudáveis, criando ela mesmo um ritmo contínuo de projetos inovadores, através de um empreendedorismo permanente.

É disso que estamos falando e é isso que faltou para todos que estão aí perdendo valor no mercado.

Faltou investir em projetos de ruptura que pudessem, a médio prazo, crescer e até comprar a antiga empresa!

Acredito que é humano não querer mudar e isso explica muito a nossa sociedade e a relação com o poder.

Se o ambiente em volta, permite que o conservadorismo econômico, social, cognitivo e político permaneça as organizações conseguem se manter por mais tempo sem mudar radicalmente, pois conseguem evitar a concorrência dos novos empreendedores.

Abafam o novo.

Porém, para abafar o novo as condições externas de pressão e temperatura devem ser as mesmas!!!!

Os instrumentos de manutenção do status-quo são conhecidos: cartéis, departamentos imensos de comunicação vertical para gerenciar crises, articulações nem sempre transparentes com governos –  tudo para que o mundo continue o mesmo – sem grandes marolas.

Tais calmarias vão criando uma falsa impressão de que tudo está e sempre pode estar parado, até que vem uma grande tsunami, de algum lado varrendo tudo!

Porém. se o ambiente interno, tem uma mola inovadora interna,  é propício a novos projetos fica mais capacitada para mudar, conforme micro ou macro mudanças, sejam demográficas, ecológicas, econômicas, políticas, sociais ou cognitivas, como a que vivemos agora).

A prática da inovação de ruptura é sempre a de sobrevivência – e cada vez mais necessária em momentos de macro mudanças.

Podemos dizer que o mundo hoje tem 7 bilhões de habitantes, problemas sérios de escassez e mau uso dos recursos ambientais, gerencia suas organizações com a cabeça da era cognitiva passada, sofre a competição de bilhões de chineses mais baratos e eficientes, criando um ambiente cada vez mais complexo e competitivo.

(Acrescentaria ainda uma variante que não aparece quando se discute inovação, que é importada de Malthus, que introduz a variante demografia. Considero que quanto mais gente tivermos no mundo mais inovador ele tem que ser para atender à demanda cada vez maior e mais complexa – bnão é a toa que o termo inovação está bombando!)

Assim, o crescimento da população nos leva à uma crise produtiva, a uma de inovação, a outra de informação/conhecimento (ferramenta fundamental para inovar) e, por fim, a uma crise de gestão/governança/representação.

Quando presidentes de empresas apontam os principais problemas do horizonte dois são recorrentes: mudanças cada vez mais rápidas em um mundo cada vez mais complexo – como causa podemos apontar, embaixo de tudo, o invisível crescimento populacional.

Nos estudos que temos feito, analisamos que a atual mudança de Era Cognitivas (da impressa/eletrônica) para a digital temos um novo ambiente para que novas ideias circulem de forma mais fácil e barata na sociedade.

Se Schumpeter estivesse vivo, se interessaria pelo tema, pois perceberia que em momentos desse tipo (em uma grande ruptura cognitiva)  há uma grande onda que se abre para a inovação radical, pois barreiras informativas/articulação se abrem, permitindo um forte empoderamento dos empreendedores em todo o mundo, que procuram o capital de risco tradicional, por um lado. E, por outro, quando não conseguem, inovam com a chegada de modelos de crowdfunding.

Estamos com o suporte da rede social digital vivendo o boom da inovação sem limites e freios, que vai nos levar a outro paradigma de sociedade, muito diferente da que temos hoje.

Arrisco dizer que a Internet e a adesão em massa provêm dessa necessidade latente de querer inovar de forma radical para resolver de novas maneiras (via redes digitais e seu potencial) para resolver novos e velhos problemas.

Gostei bastante da proposta de Geoff Tuff e Bansi Nagji, quando apontam uma saída bem prática para administrar uma possível carteira de inovação, (na qual vou procurar melhorar mais adiante).

Criar uma carteira que possa inovar SEMPRE em três níveis em produtos e processos:

  • – Fazer melhor o de sempre (70%);
  • – Fazer o de sempre de forma nova (20%);
  • – E fazer algo completamente novo, fora de tudo que é feito (10%).

Na verdade, o percentual é de tempo e recursos para cada tipo de investimento em mudanças de processos e produtos.

Os 10%, que seriam atividades transformadoras, implicam em procurar o estado da arte na governança e gestão, já incorporando para resolver novos e velhos problemas o modelo mais aberto, colaborativo e participativo das redes sociais digitais.

Ou seja, dentro da carteira de inovação se coloca a ideia de atividades transformadoras, tendo como eixo central as redes sociais, isso sim faz sentido!

Por aí, as organizações conseguiriam nessas “ilhas de transformação” evitar que a cultura intoxicada atual “polua” projetos transformadores, seja criando essa ilha dentro da organização (com muros bem definidos), ou através da criação de startups, ou um misto entre essas duas coisas.

Podendo, inclusive, recorrer à capital de risco externo!

Tenho tido (ver mais aqui) que a cultura da rede digital é antagônica á das redes impressas e eletrônicas, estamos trabalhando em outra sintonia e que será muito mais caro e demorado, tentar mudar o que já existe, do que começar tudo do zero.

Ou seja, colocar projetos de redes sociais nos 90% de inovação é muito mais caro do que colocar nos 10%, é disso que estamos falando.

Ou seja, projetos de redes sociais devem entrar na carteira dos 10% de inovação transformadora, deixando o resto do jeito que está, migrando ao longo do tempo para esse novo ambiente mais dinâmico, que seria uma ponte para ir se alargando e sendo a nova cultura majoritária para o novo que chega e não o contrário.

Seria o caminho mais fácil para convencimento dos líderes, com resultados mais rápido, lucrativos e menor custo. Profissionais 2.0 deveriam despertar para essa alternativa!

E, a meu ver, esse deve ser o primeiro passo para a construção de uma metodologia que consiga alinhar velhas organizações do ambiente cognitivo impresso eletrônico para a nova era cognitiva das redes digitais.

É isso,

Que dizes?

 

 

One Response to “Inovação 2.0”

  1. Bruno disse:

    É, realmente. Todos estão “inovando” na maneira de se equivocar!

    Modificar o que já existe não é um trabalho completo, o melhor seria a “destruição criativa”.

    Demolir e começar tudo de novo.

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