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Sempre fizemos coisas diferentes, desde que saímos das cavernas. Nossa espécie, podemos dizer, que é a Homus Inovatus, muda tudo, incluindo a governança.

(Falei mais sobre isso aqui.)

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Um dia lá atrás em uma caverna, há milhares de anos, em torno da fogueira, alguém decidiu que a nossa espécie precisava ter algo A MAIS para competir na natureza.

Apostou em duas frentes:

  • um cérebro mais potente e criativo;
  • que fosse capaz, a cada novo problema inventar novas tecnologias e metodologias (metodologias, aliás, cheguei a essa conclusão, são tecnologias intangíveis).

Ou seja, somos uma tecno-espécie e resolvemos, diferente dos outros animais, com mais flexibilidade, via órteses, o que os outros animais desenvolveram com parte integrante do seu corpo.

Inventamos nossa tromba (guindaste), asas (avião), cauda (corda), etc.

Assim, não faz sentido pensar o ser humano se não imaginarmos essa eterna luta entre:

  • Problemas – que não consigo resolver ou quero resolvê-los melhor;
  • Pensamento (teoria/filosofia) – que me permite inventar uma solução;
  • Ação – tecnologia/metodologia que me permite ter uma solução.

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Desse ponto de vista, nossa espécie é e sempre viveu da inovação, o que se modifica a meu ver, são as taxas.

  • Quanto temos uma contração de canais cognitivos, a taxa de inovação baixa;
  • Quanto temos uma expansão de canais cognitivos, a taxa de inovação sobe.

Assim, a atual era de inovação ou de aumento de taxa de inovação se deve basicamente a termos mais e mais gente com canais, inundando a sociedade com ideias, novas metodologias e novas tecnologias.

Isso tudo muitas vezes, empacotado dentro de uma nova organização.

Há, porém, que entender que há diferentes tipos de inovação atualmente em desenvolvimento, em produtos (tecnologias) e serviços (metodologias).

  • a inovação incremental – aquela que melhora um pouco que existe;
  • a inovação incremental radical – aquela que melhora bastante o que já existe.

Em ambos os casos, na inovação incremental, o que temos é fruto da observação dos processos atuais e a sua melhoria.

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Quando inventamos um processo completamente novo, estamos falando de algo mais radical, pois há uma ida a raiz de algum pensamento (geralmente teórico ou filosófico) e o retorno de algo completamente diferente, que é:

  • Inovação radical – aquela que muda radicalmente um processo, fazendo algo completamente diferente.

Porém, identifiquei ainda outro processo e esse mais difícil de estar nos mapas de inovação, que chamei de inovação na/da governança.

Já que nossa espécie é a única que pode crescer em número de membros, pois, diferente das outras, quando os problemas de governança começam a ocorrer, nós reinventamos uma nova, através de novas metodologias e tecnologias.

Somos a única que faz isso tão rápido e, em alguma instância, de forma consciente.

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Na governança, assim, podemos também classificar os três tipos de inovação:

  • A inovação da governança incremental – que melhora a governança, mas mantém os mesmos parâmetros anteriores;
  • A inovação da governança incremental radical – que melhora a governança, mas mantém alguns parâmetros anteriores;
  • A inovação da governança radical – que modifica a forma da governança, criando novos parâmetros.

Podemos comparar hoje no Rio três modelos que exemplificam esta classificação, pois há  na cidade três tipos de aplicativos, que estabelecem três tipos de governança no serviço de táxis:

  • Resolve Aí –  inovação da governança incremental – que opera com as próprias cooperativas, melhorando a forma da chamada do passageiro. É um aplicativo que trabalha COM as cooperativas atuais;
  • Easy Taxi inovação da governança incremental radical – pois elimina a cooperativa, mas não estabelece novos critérios de controle da qualidade do serviço, pois o passageiro não escolhe e nem avalia os motoristas, perdendo o grande salto que a Internet traz, que são os rastros digitais para definir um novo modelo de meritocracia;
  • TaxiBeat – inovação da governança radical – que elimina a cooperativa e estabelece novas formas de regulação e controle entre passageiro-taxista.

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Note que o Taxibeat torna sustentável a relação passageiro-motorista, através de uma auto-regulagem, que é bem propícia para lidar boom o aumento de complexidade demográfica.

É sustentável, pois quanto mais passageiros e motoristas estiverem no sistema, fica cada vez melhor, pois a avaliação é constante. Já nos outros dois casos, há um problema de complexidade, pois o risco de haver problemas aumenta.

Arrisco a dizer, assim, que tal modelo, por sua flexibilidade e auto-regulação é o que acabará se tornando padrão ao longo do tempo, pois é o mais adaptado para gerenciar uma não-cooperativa ou estabelecer uma mudança radical no que vamos entender como cooperativa no futuro.

Quando eu, por exemplo, começo um trabalho em uma organização, estou focado na mudança de governança radical, pois ela consegue se utilizar dos novos recursos de forma plena.

Consigo uma relação de custo/benefício melhor, pois esta se antecipa às tendências e, em certa medida, cria o futuro.

É isso,

que dizes?

2 Responses to “Os três tipos de inovação da governança”

  1. Alex Rodrigues disse:

    Perfeito. Foi para o rool de posts referência.

  2. Paulo Roberto disse:

    O texto é muito interessante. Porém no campo das organizações, precisamos estar à frente com propostas inovadoras, mas levando em conta a capacidade dos clientes de absorverem as inovações. Na questão dos táxis citada no post, temos uma questão interessante a enfrentar, o Easy Taxi tal como citado no post como inovação da governança incremental radical teve um crescimento muito grande segundo informações veiculadas na midia. Já o Taxibeat que inclui a questão da colaboração e tratado como inovação da governança radical cresce numa velocidade muito menor. A questão está posta.

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